sábado, 29 de março de 2008

O corte do Ricardinho

Aquilo que ficou nebuloso por muito tempo começa, ao que tudo indica, a se dissipar. 

O corte do Ricardinho na véspera do Pan-2007 é uma daquelas histórias em que parece não haver ninguém inocente (ou pelo menos parecia). 

O segredo guardado pelos jogadores da seleção de vôlei, o apoio incondicional que eles deram ao Bernardinho no episódio, as tentativas do Giba de retomar a amizade com o Ricardinho, as críticas deste ao grupo quando lançou seu livro, o esforço da Globo e do Sportv em apresentar o jogador como vilão e o treinador como mocinho, enfim, tudo parecia enredo de uma dessas histórias misteriosas fora de propósito, já que o vôlei brasileiro é dessas raras unanimidades nacionais que queremos preservar. 

Na coluna do Bruno Voloch ("Passe na mão") no Jornal do Brasil de ontem, o jornalista resume em uma só palavra a razão para o imbroglio todo: traição

A matéria está muito bem escrita, vale a pena ler, mas, resumidamente, diz que havia uma negociação entre os jogadores, a CBV (Confederação Brasileira de Vôlei) e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), sobre prêmios a serem pagos pela participação deles no Pan do Rio, negociações estas que não eram conduzidas pelo Ricardinho, mas por outra estrela da seleção (a matéria não a identifica, mas a maioria imagina quem seja), e isto à revelia da comissão técnica, que, segundo os jogadores pensavam, deveria negociar sua premiação à parte. 

A história terminou vazando (como tudo no Brasil), o Bernardinho pegou o bonde andando, irritou-se profundamente e resolveu descarregar tudo em cima do Ricardinho que, segundo dizem as fontes do jornalista, foi muito humilhado durante a reunião que definiu seu corte, sem ninguém defendê-lo ou pelo menos avisar que, pelo menos daquela vez, ele não tinha nada a ver com o "peixe". 

Ricardinho foi fritado...

Ainda segundo o colunista, só ontem é que o Bernardinho deve ter sabido disso. 

De qualquer maneira, o estrago já está feito. 

O inconsciente do técnico deve ter feito um duplo trabalho: de um lado, descarregou no jogador todas as frustrações de uma vida; de outro, viu na intriga toda uma possibilidade de promover seu filho Bruninho à seleção. 

O recolhimento do Ricardinho, ante principalmente o massacre que a Globo promoveu contra ele, tentando apontá-lo como culpado pela celeuma, hoje parece justificado. 

Resta saber se alguém ainda vai pedir desculpas, nem que seja o jornalista por ter apresentado (mais) uma versão equivocada.


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