quarta-feira, 2 de abril de 2008

Carta aos Romanos - 18

A partir do capítulo 15, Paulo começa a despedir dos seus leitores da capital imperial, não sem antes se justificar por ter escrito uma carta tão dura, dizendo que os romanos estavam "possuídos de bondade", "cheios de conhecimento" e "aptos para admoestarem-se uns aos outros" (v. 14), razão pela qual ele lhes tinha escrito "mais ousadamente", "por causa da graça que lhe fora outorgada por Deus" (v. 15). De fato, o final da carta de Paulo aos romanos começa com a lembrança de que os que são fortes devem ser tolerantes para com os mais fracos, não se preocupando em agradarem a si mesmos (15:1), pois o que importava verdadeiramente era a edificação da igreja, pelo que cada um devia agradar o seu próximo em primeiro lugar (v. 2), assim como Cristo não havia vindo ao mundo para agradar a si mesmo (v. 3). Paulo encontra espaço (e tempo), ainda, para justificar a sua citação tão profunda de textos e passagens do Antigo Testamento, ao dizer que "tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança" (v. 4), que é um dos mais belos versículos de sua carta. Assim remete os seus leitores aos primeiros capítulos da carta, em que havia insistido na questão da paciência e da esperança. Ele sabia dos tremendos desafios que a Igreja de Roma iria enfrentar nos anos seguintes, e era fundamental que os cristãos estivessem unidos, num único pensamento, consolados pelo Deus da paciência, e unânimes na adoração ao Senhor (vv. 5-6). Deviam, portanto, acolher-se uns aos outros (v. 7 – a velha hospitalidade de Romanos 12:13), uma prática que seria fundamental na perseguição de Nero que estava prestes a estourar. Assim, aqueles de origem judaica deveriam acolher os gentios, e vice-versa, pois um só era o mesmo Senhor e Salvador deles todos (vv. 8-12). "Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, ao confiarem nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo" (v. 13). "Esperança" é uma palavra que aparece 13 vezes em toda a carta. Paulo associa novamente a esperança ao Espírito Santo, como já fizera em Romanos 5:5, , ao dizer que "a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado".

Por fim, Paulo comunica aos romanos os seus planos futuros de viagem. Já fazia tempo que queria muito ir visitá-los, mas ainda não havia sido possível (v. 22). O seu trabalho já se esgotara na Ásia Menor (v. 23), já havia cumprido sua missão, e agora importava ir até a Espanha, quando, de passagem, visitaria a igreja de Roma (v. 24). Queria desfrutar "um pouco" da companhia dos irmãos (v. 25), sem saber, talvez, que lá morreria martirizado. Paulo comenta, então, que está retornando à Judéia (v. 25), levando os donativos dos crentes da Macedônia e da Acaia aos irmãos de Jerusalém, que passavam necessidades (v. 26). Isto faziam os crentes de origem grega porque se sentiam devedores aos judeus (v. 27), e queriam agradecer-lhes com seus bens materiais. Obviamente, este era um conselho também aos crentes gentios de Roma, que, mesmo que seus irmãos de origem judaica não precisassem, que se sentissem devedores a eles por todo o passado de eleição de Israel como povo de Deus. Paulo pede, ainda, orações para que seja livre da perseguição dos judeus quando retornasse à Judéia (v. 31), e que fosse bem recebido pelos irmãos cristãos, tudo para que, em seguida, pudesse partir para Roma em paz (v. 32). Mal sabia ele que seria vítima da perseguição e que sua chegada a Roma seria na condição de preso do evangelho. (Efésios 4:1, Filemon 13). Paulo ainda foi avisado pelo profeta Agabo assim que chegou em Cesaréia (Atos 21:11), Lucas tentou dissuadi-lo (Atos 21:12), mas o apóstolo sabia, no seu íntimo, que o único caminho que tinha a seguir era ir até Jerusalém, e de lá até Roma.

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