quinta-feira, 3 de abril de 2008

O ano de Herodes

Algumas igrejas "evangélicas" vivem hoje de pirotecnias marketeiras como estabelecer "anos proféticos", "anos apostólicos", etc., geralmente associados a algum herói bíblico, como Daniel, Josué, Elias, e por aí vai. Não raras vezes, essas "campanhas" anuais estão ligadas à "teologia" da prosperidade, às promessas do paraíso financeiro nesta terra, e coisas afins. Era de se esperar que a influência da igreja de Cristo neste país refletisse, também, uma melhora no padrão moral do seu povo, como aliás aconteceu em todos os países em que os valores do evangelho foram exaltados. Houve até quem profetizasse, alguns anos atrás, que em 2008 o Brasil seria outro, em que esses valores predominariam na nossa sociedade. Entretanto, parece que esta "lógica" está sendo invertida na Terra Brasilis, já que 2008 começou como um ano de terror, e com uma peculiaridade sinistra: as crianças são as grandes vítimas. Elas representam a maioria dos mortos pela atual epidemia de dengue no Rio de Janeiro. Nas estatísticas macabras feitas até o último dia 31, dos 44 mortos por dengue no Rio, 23 eram crianças, bebês, garotos e garotas com uma vida toda pela frente, flores arrancadas dum jardim mal cuidado por autoridades e pela própria população. Para completar este circo de horror, tivemos ainda o caso da garota torturada em Goiânia e a menina de 5 anos arremessada do 6º andar de um prédio em Santana, São Paulo. Os principais suspeitos são o pai, Alexandre Alves Nardoni, e a madastra, Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá. O caso é tão absurdo que eu torço para que seja outro o criminoso e espero que a mídia não esteja fazendo um pré-julgamento do caso. Ainda ontem, como noticiei aqui, o Tribunal de Justiça do Pará considerou que a juíza que cuidou do caso da menina de 15 de Abaetetuba (PA), negociando comida por sexo com 20 homens presos na mesma cela, não cometeu nenhuma irregularidade. E, para completar a morbidez, um menino de 9 anos de idade foi queimado por 2 peões com um ferro de marcar gado, em Aurilândia (GO)

Há algo de podre ameaçando a infância em terras tupiniquins. Olavo Bilac não deve ter pensado nisso quando escreveu "criança, não verás país como este!". Abramos os olhos, então. Já que boa parte dos evangélicos do país não consegue ser fiel a Deus e à Sua Palavra, sejamos pelo menos fiéis aos fatos: talvez tenhamos que declarar 2008 como o ano de Herodes no Brasil.

Um comentário:

  1. Olá, Hélio (ó, descobri seu nome, rs)!

    É realmente lamentável todas essas tragédias que têm acontecido com nossas crianças. Seja pela doença, ou por crimes, dá medo ver tudo isso acontecendo! Fico a pensar em qual seria nossa atitude, como cristãos. E talvez, ao invés dessas igrejas se preocuparem com "ano de prosperidade" deveriam se preocupar em fazer algo pra que o ano de Herodes não seja mais tão trágico. Ou pelo menos de tentar amenizar tantas dores.

    Obrigada por seu comentário no blog do dot, foi totalmente apropriado! =)

    Fique com Deus, até.

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