sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Ecos do Egito

Chega a ser tragicômico o esforço que algumas pessoas fazem na vã tentativa de "desconstruir" o cristianismo. Apesar de alegarem que o cristianismo é uma mitologia destituída de provas, não piscam os olhos quando atacam-no com mitologias destituídas de evidências cabais, nem se dando ao trabalho de apresentar provas irrefutáveis das supostas deficiências que alegam. Atiram-nas ao ventilador como verdades insofismáveis, sem se dar ao trabalho de ler as fontes que invocam em suporte de suas teses mirabolantes, como as comparações que fazem com a mitologia egípcia:

1. "O deus Osíris ressuscitou dos mortos"

O que existe é uma espécie de "fusão" entre Horus e seu pai-deus Osíris, que foi inclusive alterada pelos próprios egípcios ao perceber a confusão que isso causava. Em algumas dessas versões, Osíris é desmembrado pelo deus Set numa batalha, em outras ele é atingido no peito por uma lança e afogado no Nilo. Então a deusa Ísis junta as partes do corpo de Osíris e o reconstrói magicamente para que ele gere nela o filho Hórus. Apesar disso, não se pode dizer que Osíris tecnicamente "ressuscitou", pois ele é impedido de voltar ao mundo dos vivos, e tudo isso acontece no mundo dos mortos.

Fonte: Livro dos Mortos 51:670, v. 1972 em diante (texto em inglês, clique aqui):

2. Imagem de Ísis com o faraó no colo.

Não há figura mais recorrente na história da humanidade do que uma mãe segurando o filho no colo. Até as pinturas rupestres dos homens da caverna registram isso. A maternidade sempre foi algo sagrado, a perpetuação da espécie. Difícil mesmo é um ateu negar o instinto religioso dos primórdios da humanidade que esta imagem demonstra.


3. "Após a morte a alma pode ir para o paraíso e precisará do seu corpo físico para isso, daí os católicos terem sido, por muito tempo, contra a cremação dos mortos".

De fato, sempre houve discussão na Igreja sobre a cremação, mas não porque a alma precisava do corpo para entrar no paraíso, embora houvesse uma ou outra pessoa que defendesse essa ideia ao longo da história da igreja. O motivo pelo qual a cremação foi mal vista por muito tempo se devia, inicialmente, à crença judaica contrária a essa prática. O cristianismo já significava uma ruptura com o judaísmo, o que lhe rendia muitas perseguições, e eles não quiseram abrir mais este front de batalha. Por outro lado, os primeiros cristãos tinham o costume de serem enterrados juntos, nas catacumbas de Roma, por exemplo, simbolizando que continuariam unidos mesmo após a morte. O enterro dos corpos era considerado muito mais digno do que a cremação, até porque eles observavam essa práticas em outras religiões pagãs. Entretanto, muitos mártires da Igreja foram queimados nos postes que iluminavam Roma, outros no Coliseu, mas nunca ninguém disse que eles não poderiam entrar no paraíso. Pelo contrário, sempre tiveram um lugar de honra na cristandade. Hoje, a cremação ainda não é bem vista por muitos cristãos, mas dado o seu caráter ecologicamente correto (e de saúde pública), existe uma tendência em que aumente no meio cristão.

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails