sábado, 1 de agosto de 2009

Caio Fábio e o Vale-Tudo

A seguir, devidamente autorizado pelo meu amigo e irmão Cristiano Martins, reproduzo a entrevista que ele fez (por email) com o Pr. Caio Fábio D'Araújo Filho, para a comunidade Psicóticos por Vale Tudo - MMA do orkut (também disponível no site do Caio Fábio):

Entrevista:

Psicóticos: Pr Caio, o senhor é de Manaus. Pelo que percebemos em seu site o senhor foi praticante de Jiu-jitsu. Qual a sua relação hoje com a arte suave, qual ou quais foram seus mestres na arte suave?

Caio Fabio:

Hoje minha relação é apenas a de um apaixonado que não teve tempo e ocasião de continuar treinando, mas que tem todo interesse em tudo, e, por isto, assino o Primier Combate e veja pelo menos duas a três horas de luta todos os dias, sem falar que não perco nenhum evento de luta no canal, especialmente todos os UFCs, desde o Royce... Meus mestres foram Arthur Virgílio Neto, Rolls Gracie, Rayson Gracie e Carlson Gracie.

Psicóticos: Como é de Manaus o senhor já conheceu algum atleta de renome em alguma modalidade que é Manauara, tipo Wallid Ismail por exemplo?

Caio Fabio: Acompanho o Wallid desde os tempos dele no Carlson, que também foi meu mestre. Depois acompanhei o resto da carreira dele, até que se tornou empresário e agente de atletas. Gostei muito quando ele iniciou o Jungle Fight e espero que não pare... De Manaus, hoje, não conheço a ninguém pessoalmente, embora acompanhe o Jacaré, o José Aldo, e outros muitos. Afinal, Manaus se tornou um dos pólos mais importantes de Jiu-Jitsu e MMA do Brasil.

Psicóticos: Sabemos que o senhor é fã do canal Combate e de alguns nomes do MMA mundial. Quais nomes vem a sua cabeça em relação a lutadores estrangeiros e quais em relação a lutadores nacionais?

Caio Fabio:

Dos brasileiros tenho o Minotauro como o cara mais consistente e sério; vejo o mesmo no Leoto Machida, que é maravilhoso na sua combinação de estilos; aprecio muito a técnica exuberante e bela do Anderson Silva, embora ache que ele anda fazendo muito corpo mole ultimamente; sou fã da valentia do Wanderley Silva; e acho que o Demian Maia uma das melhores promessas brasileiras na atualidade. Entre os estrangeiros gosto do G.S.P., B.J., Randy, Fedor, entre outros...

Psicóticos:O senhor já recebeu em seu gabinete ou mesmo aconselhou algum lutador de MMA ou de alguma arte marcial? Alguém que tenha se envolvido direta ou indiretamente em seu trabalho?

Caio Fabio:

Não! Mas já tive gente do Jiu-Jitsu e também da família Gracie me assistindo sistematicamente nas pregações.

Psicóticos: Há alguns meses atrás foi lançado um tópico na comunidade que deu o que falar, se tratava de um pastor da Igreja Renascer em Cristo que faz um trabalho com jovens e levou um ringue de Vale Tudo ou algo parecido para dentro das dependências da igreja; e após as lutas ele se reunia com essa galera e fazia uma espécie de culto. Diga o que o Senhor pensa a esse respeito. Igreja é lugar para se praticar tal atividade?

Caio Fabio:

Meu conceito de Igreja não tem a ver com um lugar, mas apenas com gente e com atitude... Não gostei do que foi feito porque tratava-se de uma “estratégia de evangelização”; e, para mim, “estratégia de evangelização” sempre é tapeação. Quer ensinar, ensine; é bom e lícito. Mas não precisa ser para “aproximar” a moçada da “igreja”. Aí é manipulação...

Psicóticos: Em setembro desse ano teremos na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente no Estádio do Maracanãzinho, um dos maiores eventos de MMA que o Brasil já produziu: o Bitteti Combat — organizado pelo campeão mundial de Jiu-jitsu Amauri Bitteti, com a presença de Paulão Filho, Ricardo Arona, Rogério Minotouro, Pedro Rizzo..., entre outros. O senhor já ouviu falar no evento? O que acha da iniciativa do Amauri e do governo do Estado do Rio de Janeiro? Pretende vir ao Rio assistir o evento?

Caio Fábio:

Acho que o Amauri tem cacife e história para organizar tal evento. Acho que o Governo do Rio faz bem. Afinal, é uma vergonha que o mundo todo tenha aprendido o Vale Tudo, o MMA, com os Gracie e depois com os que deram seqüência, e, aqui no Brasil, o desconhecimento e a irrelevância do estilo aqui criado e provado como o melhor no mundo, não tenha aqui seu devido lugar. Se puder irei...

Psicóticos: Deixe uma mensagem para a família Psicótica no teor que o senhor achar apropriado...

Desde já agradecemos a atenção.

Caio Fábio:

Fui introduzido ao Jiu-Jitsu pelo meu amigo, hoje Senador, Arthur Virgílio Neto e seu irmão Ricardo. Eles me levaram para os Gracie. Lá fui instruído pelo Rolls, pelo Rayson e pelo Carlson, já em Niterói. Para mim o exemplo de atleta de Jiu-Jitsu, o que mais honrou a filosofia do velho Carlos, foi o Rolls. Nunca vi nenhum lutador de Jiu-Jitsu, até hoje, ter a inteligência criativa que o Rolls possuía. Tornamo-nos bons amigos. Chorei a sua morte.

Gosto do Jiu-Jitsu porque é a arte suave. Sim, justamente por isto. Vi no Jiu-Jitsu uma arte na qual minha inteligência também poderia ter plena expressão. Amei o Jiu-Jitsu pela sua inteligência. Eu jamais gostaria de uma luta burra. E o Jiu-Jitsu é para mim a mais inteligente de todas elas.



4 comentários:

  1. ola irmao helio, desculpe pela quantidade de comentarios que posto aqui enchendo a caixa de entrada! mas fazer o que blog de conteudo e isto ai!!! sempre acompanhei com meu pai lutas do pride e do ufc e outros torneio dos lutadores lyoto machida, mauricio shogun , minotauro, etc... olha nao nego que e forte a maneira que eles lutam, mas é longe de ser violencia. ambos estao cientes , bem preparados, e acima de tudo com respeito uns aos outros. o que acho e que deve ser mais incentivado o jiu -jitsu por ser inteligencia e sem violencia. ja o ufc pode gerar um impacto ruim nas mentes de pessoas violentas, alem disto o ufc ja nao deve ser muito incentivado a ser visto pelo teor de violencia fisica, mas vale lembrar que e luta e nao briga. abraço.

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  2. Fique à vontade para comentar, Lucas! Estou gostando muito da sua contribuição.

    Eu também gosto de jiu-jitsu e MMA. Não tenho nada contra. Apenas não gosto que se misturem as coisas, e de repente comecem a fazer da luta uma espécie de liturgia dentro da igreja.

    Abraço!

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  3. Oi Hélio!
    É a Carol (sobrinha do Marco)... Td bem?
    Li também a postagem "Jiu-jitsu de Jesus" e fiquei pensando... Qual a diferença de fazer um joguinho de futebol na chácara da Igreja pra pregar pros amigos não-cristãos, ou um lanchinho "na faixa" após o culto de jovens sábado à noite (em especial no "dia do amigo", que tem todo mês lá na comunidade que participo, por exemplo)?
    Tudo deve ser feito pra glória do nome de Jesus, certo? Seja fora ou dentro da "igreja"; seja domingo ou segunda-feira. Isso concordamos.
    Parece que a questão colocada é a "isca"... Ora, nós somos enviados como embaixadores de Cristo a este mundo pervertido, e o próprio Senhor cria situações para buscar o perdido.
    Se tem um irmãozinho lutador de jiu-jitsu, ou andador de bicicleta na comunidade, qual o problema de fazer um ring ou passeio ciclístico? Desde que não escandalize as irmãs idosas que por acaso acham que luta não é coisa de Deus, ou que menina não anda de bicicleta...
    Ajude-me a entender seu ponto de vista.
    Um abraço!

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  4. Oi, Carol!

    Tudo bem?!

    Obrigado pela sua visita e pelo seu comentário.

    Primeiramente, quero dizer que não tenho nada contra aquilo que você chama de "isca". A questão é exatamente o local e esta palavra tão mal-amada ultimamente: a "liturgia". Fosse uma luta de jiu-jitsu na chácara ou num salão ao lado do templo, eu não veria isso de maneira negativa. Tenho irmãos muito amados e sinceros que praticam jiu-jitsu, mas nem por isso eles mesmos vestem sungas para lutar DENTRO do templo. Esta é uma questão muito mais abrangente do que parece, mas parece que a nova geração evangélica perdeu qualquer referência de respeito e ordem num culto. É claro que não temos hoje a ritualização judaica do templo como havia no Velho Testamento, mas nem por isso o próprio Jesus permitiu que vendilhões fizessem o que quisessem nas escadarias externas do templo. Me parece, portanto, que muita gente busca um "deus customizado", que se adapte à sua maneira de enxergar o mundo, e não o contrário, um Deus a quem temos prazer em adorar e respeitar. Tenho a impressão, cá entre nós, e sempre sujeita a confirmação, de que essas pessoas "gostam" de Jesus, da igreja e dos irmãos, e - para se sentir menos culpadas - tentam unir o útil ao agradável. Aliás, ontem eu ouvi uma coisa muito interessante: a pregação de Jesus e dos apóstolos não era separada por idade, sexo, esporte preferido, etc. Era toda ela dirigida a um único fim: comunicar o evangelho da cruz. Por isso, acho que todas essas coisas como churrasco, futebol, cantina, jiu-jitsu, etc., são válidas, mas jamais essenciais.

    que o Senhor te abençoe e te guarde, bem como a sua família!

    Abraços!

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