segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Justiça social no Velho Testamento - 6

Parte 6 - A denúncia profética

por Richard Foster

Os profetas não pouparam ninguém ao denunciar o fracasso patente do povo em fazer justiça. As denúncias mordazes de Amós são uma legião. Ecoando por todo o livro está a acusação: “Vendem o justo por dinheiro, e condenam o necessitado por um par de sandálias” (Am 2:6). Ele acusa as mulheres de oprimirem os pobres e esmagarem os necessitados em sua concupiscência por um padrão de vida mais alto (Am 4:1). O povo estava tão cheio de ganância que mal podia esperar pelo fim do sábado para poder negociar “diminuindo o efa, e aumentando o siclo, e procedendo dolosamente com balanças enganadoras” (Am 8:4-6). O suborno era a ordem do dia, e juízes justos que falavam a verdade eram desprezados (Am 5:10,12). É de admirar que Amós tenha clamado: “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como ribeiro perene” (Am 5:24) ?

Enquanto Amós vociferava contra Israel ao norte, Isaías, no reino do sul, lamentava: “Cada um deles ama o suborno e corre atrás de recompensas” (Is 1:23). Isaías retrata uma cena de juízo na qual Deus é o promotor que expõe as práticas injustas dos governantes: “Que há convosco que esmagais o meu povo e moeis a face dos pobres?” (Is 3:13-15).

A opressão de Judá se havia estendido até os decretos oficiais e livros da lei. Da mesma forma que Deus havia institucionalizado um sistema de justiça compassiva, os governantes haviam institucionalizado um sistema de injustiça rígida: “Ai dos que decretam leis injustas, dos que escrevem leis de opressão” (Is 10:1-2). Lemos que Deus aborrecia todos os rituais piedosos de Judá porque faltava-lhes relevância social. A vida que agrada a Deus não é encontrada numa série de deveres religiosos mas na obediência. O jejum que Deus desejava era “que soltes as ligaduras da impiedade” e “deixes livres os oprimidos”. As palavras de Deus para eles foram: “Que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados” (Is 58:5-7).

(FOSTER, Richard. Celebração da Simplicidade. Campinas: United Press, 1999, pp. 40-41)

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