sexta-feira, 6 de maio de 2011

Vizinhos católicos de Bin Laden temem por suas vidas

Um detalhe que passou desapercebido na operação militar que terminou com a morte de Osama Bin Laden em Abbottabad, no Paquistão, foi o fato de que naquela cidade há cerca de 150 paquistaneses que professam a fé católica. Este número reduzido de cristãos em meio a uma multidão de muçulmanos revoltados pela morte de um ícone (ainda que controvertido) do Islã gera temores de retaliação, segundo declarou à UCA News (reproduzida pela Aciprensa, agência católica de notícias em espanhol) o padre Akram Javed Gill, da paróquia local de São Pedro Canisio.

Depois que o presidente norteamericano Barack Obama anunciou ao mundo a morte de Bin Laden, no último domingo à noite, o pároco teve que suspender suas visitas pastorais aos poucos lares católicos de Abbottabad, bem como todos os demais serviços religiosos, inclusive para as próximas festividades do calendário da igreja, na qual quatro policiais paquistaneses estão em alerta máximo para proteger a minoria cristã da cidade.

O padre Akram está a cargo dessa paróquia desde 2007, e vai se reunir com os representantes das outras 4 denominações cristãs presentes naquela região para formularem uma estratégia conjunta de sobrevivência e convivência diante da nova realidade que passaram a enfrentar, agora que Abbottabad ficou mundialmente conhecida como o esconderijo em que morreu o terrorista mais procurado da história. Ainda segundo o sacerdote católico, "é crucial manter a paz para as comunidades minoritárias dispersas nessa zona. Podemos mudar o lugar de reunião no último momento para evitar a filtragem da informação do nosso encontro em um ambiente de tanta tensão".

Padre Akram, que também dirige a única escola católica da cidade, onde estudam cerca de 200 crianças (na maioria, muçulmanos) acrescentou, ainda, que viu o dia do assalto militar ao esconderijo de Bin Laden: "Nunca vi helicópteros voando tão baixo. Ninguém sabia o que estava acontecendo e num primeiro momento pensamos que se tratava de um exercício militar". Falou ainda da necessidade que teve de construir muros altos no complexo paroquial, em 2009, depois que os muçulmanos se opuseram à colocação de uma estátua da Virgem Maria numa gruta do terreno, além de ter sido "convidado" pelas autoridades locais a queimar vários folhetos que promoviam a devoção mariana entre os católicos de Abbottabad.

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