sexta-feira, 15 de julho de 2011

Misticismo não tão moderno assim


A matéria é do site Cracked, foi traduzida por Stephanie D'Ornelas e publicada no HypeScience:


7 formas “antigas” de misticismo que são na verdade invenções recentes

Você quer adicionar um pouco mais de sentido e profundidade na vida? Não está mais encontrando respostas apenas em latinhas de cerveja? Se você está em busca de novas crenças, ou tem apenas curiosidade de conhecê-las, porque não se aprofundar em uma antiga e mística?
Mas tome cuidado quando você está escolhendo, porque algumas dessas “antigas” práticas são tão autênticas quanto uma nota de três reais. Confira abaixo 7 formas de crenças “antigas” que tiveram uma invenção recente:
7 – Ioga

Se você perguntar para qualquer expert em ioga a quanto tempo existe essa atividade, ele possivelmente dirá que ela é praticada há mais ou menos 5 mil anos. Em outras palavras, centenas de anos antes dos aliens construírem as pirâmides egípcias, pessoas já se alongavam e refletiam serenamente.
A realidade: a ioga como conhecemos hoje – um conjunto de posturas combinadas com técnicas de respiração – remontam aos anos 1960. “Mas como assim? Estão me enganando!”, você grita rasgando seu colchonete de ioga em dois. Bem, é que 5 mil anos de idade foi a quando foi encontrada uma imagem no Vale do Indo de um homem sentado de pernas cruzadas. Mas convenhamos, embora essa seja uma das principais posições do ioga, é também uma maneira de se sentar em uma superfície plana.
A palavra ioga também é mencionada em alguns textos religiosos hindus de 2,5 mil anos de idade, mas é provável que tenha sido usada com outro significado, relacionado com cavalos.
Apenas no século 19 um príncipe indiano chamado Krishnaraja Wodeyar III produziu algo parecido com o que chamamos de ioga hoje: um manual chamado Sritattvanidhi, que listou 122 posições inspiradas principalmente na ginástica indiana. O que realmente influenciou o ioga moderno, entretanto, foi o Império Britânico que introduziu aos índios à nova mania de exercícios que varria a Europa no momento.
Depois, um cara chamado B.K.S. Iyengar veio com a ideia de combinar essas técnicas de exercício com alguns dos ensinamentos descritos nos textos antigos hindus, como o Yoga Sutras, na década de 1960. Desde então, os fãs de ioga têm crescido aos milhões, mas poucos percebem que estão praticando uma versão de aula de ginástica do início do século 20.

6 – Tarô

Qualquer coisa relacionada com cartas de tarô provavelmente vai ser descrita como antiga e misteriosa. De acordo com os fãs das cartas, elas têm origem no Egito antigo, e através do tempo, por algum motivo, acabaram relacionadas com cabala e com mitos do Santo Graal.
A realidade: as cartas de tarô foram originalmente concebidas não para serem observadas por pessoas enquanto elas ouvem música de harpa e fazem adivinhações, mas para servirem para um jogo de cartas semelhante a qualquer outro dos dias atuais.
As pessoas só começaram a usar o tarô para descobrir sua fortuna há cerca de 250 anos. Isso representa bons 400 anos depois que as cartas foram importadas do Oriente Médio para as outras partes do mundo. Cartões normais de jogo têm uma história mais longa na Europa do que cartas de tarô, precedendo-as por no mínimo 50 anos.

5 – Satanismo

Se formos ter a cultura popular como base, o satanismo teria existido desde nossos primeiros antepassados. Filmes como A Nona Porta, estrelado por Christopher Lee, retratam satanistas praticamente na Idade Média.
A realidade: o satanismo como conhecemos hoje, com pentagramas, cruzes invertidas e devoção por roupas pretas desbotadas, data do ano de 1966 e foi inventado por um músico chamado Anton LaVey. Isso torna o satanismo mais jovem do que os Rolling Stones. Claro, você pode encontrar descrições de atividades satanistas de vários séculos passados. Mas esse “satanismo” deve ser uma má interpretação de uma prática religiosa obscura e não o que conhecemos hoje.

4 – Tabuleiro Ouija

Há quem ache que o tabuleiro Ouija é um passatempo inofensivo ou um portal para o inferno feito de papelão. Sejam amantes ou inimigos de Ouija, todos concordam com uma coisa: as placas para evocar espírito têm uma história longa e misteriosa, tendo surgido na China antiga ou até mesmo com os romanos.
A realidade: o tabuleiro Ouija é tão místico como uma boneca da Optimus Prime: na verdade, as duas criações são de propriedade da mesma pessoa. O tabuleiro foi inventado por empresários em 1890, e ainda hoje a palavra “Ouija” é uma marca registrada da companhia Parker Brothers.
Os ritos Ouija são confundidos com a prática chinesa “Fuji”, que envolve um método completamente diferente de adivinhação e usa uma vara para escolher os caracteres chineses escritos em areia. Outras culturas antigas podem ter usado métodos vagamente semelhantes para obter conhecimentos ocultos sobre o futuro, através de “espíritos”. Mas dizer que estes ritos eram Ouija é como dizer que as corridas de carruagem romana eram uma antiga forma de Stock Car.

3 – Ninjutsu

A coleção secreta de sabedorias e habilidades ninjas conhecida como “ninjutsu” tem em torno de mil anos, segundo alguns praticantes. Mas você pode aprendê-la ainda hoje! Mesmo que na América atual não exista um sistema de classes rígidas com senhores feudais para lutar contra.
A realidade: ninjas nunca usaram macacões pretos e máscaras, como Hollywood nos ensinou. Mas eles existiram, certo? Sim, provavelmente, mas não antes do século 20. A escola de Stephen Hayes, que popularizou ninjutsu no Ocidente na década de 1970, não foi nem sequer levada a sério pelas tradicionais escolas de artes marciais no Japão. Suas pretensões de legitimidade histórica são baseadas em um monte de antigos pergaminhos que seu líder se recusa a mostrar para qualquer pessoa.

2 – Sexta-feira 13

De acordo com Dan Brown, a má reputação da sexta-feira 13 remonta a 13 de outubro de 1307. Dezenas de cavaleiros templários foram presos pelo rei corrupto da França, enquanto ansiavam pelo fim de semana. Os cavaleiros, cuja missão era proteger os peregrinos na Terra Santa, foram presos e torturados, e seu líder foi queimado na fogueira. Antes de morrer, ele lançou uma maldição sobre os presentes, e muitos morreram dentro de um ano. Os franceses ficaram tão impressionados com isso que obedientemente decidiram não só lembrar da maldição para sempre, mas também maldizer as sextas 13.
A realidade: há abundantes referências históricas para explicar o motivo da sexta-feira 13 e do próprio número ser considerado azarado. Mas, em um exemplo da vida imitando a arte, ninguém ligava em se casar ou não às sextas ou dias 13 até o início do século 20, depois de um romance best-seller com o nome de “Friday the Thirteenth” (Sexta-Feira 13) ter sido lançado.
Esse livro de 1907 conta a história de um empresário desonesto que conspirava para derrubar o mercado de ações. Sim, sem máscaras de hóqueis, apenas negócios. Mas, inexplicavelmente, a partir daí a data ficou marcada negativamente em nosso calendário.

1 – A religião Viking

Vikings são tão impressionantes quanto os mitos da Escandinávia pré-cristã que os acompanham. Há desde martelos gigantes até cavalos de oito patas nas histórias épicas. Mas para muitas pessoas – aqueles que sentem uma profunda ligação com a cultura nórdica e querem se juntar a uma gangue ou apenas estão zangadas por seus pais fazerem elas se levantarem cedo para ir à igreja – o paganismo escandinavo continua vivo. Ele é conhecido como Odinismo ou Asatru por seus seguidores modernos.
A realidade: praticamente tudo que sabemos sobre o paganismo escandinavo vem do Eddas, dois livros compilados no século 13 por um cara hilariante, conhecido como Snorri Sturluson. Mas espere, o século 13 ainda é bastante antigo, certo? Sim, mas há um problema aqui: Snorri escreveu os livros centenas de anos após a Escandinávia ter sido cristianizada. Para muitos estudiosos o Ragnarok – o conhecido fim do mundo viking – é apenas uma releitura do Apocalipse.

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