quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Mórmons novamente criticados por batismo póstumo de vítimas do holocausto

O estranho costume mórmon de fazer com que seus membros se batizem em nome de pessoas já falecidas continua a causar problemas à sua sede em Salt Lake City, Utah (EUA). Eles já haviam arranjado encrenca anteriormente com os judeus por causa dos batismos de judeus como Anne Frank e até os algozes nazistas do holocausto judaico. Isto gerou uma enorme polêmica no passado, com mil pedidos de desculpas das autoridades mórmons e uma promessa de que eles, digamos, ajustariam a sua conduta dali em diante. Pois parece que de nada adiantou, a promessa foi água abaixo. Ontem, 14 de fevereiro de 2012, foi divulgada a informação de que os pais de Simon Wiesenthal, a mãe morta no campo de concentração de Belzec, na Polônia, em 1942, e o pai ainda na Primeira Guerra Mundial, foram batizados por procuração num ritual mórmon. Ocorre que Simon Wiesenthal (1908-2005) foi o maior caçador de nazistas pós-holocausto, e a Fundação que leva seu nome reuniu farta documentação e continuou financiando a busca de nazistas fugitivos pelo mundo décadas depois do fim da Segunda Guerra. Wisenthal foi responsável, entre outros, pela localização do criminoso nazista Adolf Eichmann na Argentina em 1960. Elie Wiesel, hoje com 83 anos de idade, Prêmio Nobel da Paz de 1986, um dos últimos sobreviventes do holocaustos e provavelmente o último caçador de nazistas ainda vivo (já que a maioria dos que ele procurava já estão abraçados com o capeta), veio a público criticar a postura da igreja mórmon: "Eu acho isso escandaloso. Não somente questionável... é escandaloso... eu fico imaginando se o candidato à Presidência Mitt Romney está ciente do que a sua igreja está fazendo. Espero que ele ouça sobre isso e venha a público para comentar". Como se vê, o incidente respingou na candidatura - um tanto quanto cambaleante no últimos dias - do mórmon Mitt Romney à vaga do Partido Republicano na disputa da Casa Branca. A julgar pelo vídeo abaixo, entretanto, ele gaguejará um montão e recomendará a Wiesel que procure a sede da igreja em Salt Lake City para reclamar. Agora não será mais necessário já que, diante da repercussão pra lá de negativa da notícia, a igreja tratou de soltar rapidinho uma nota oficial de desculpas com o seguinte teor:
"Nós sinceramente sentimos muito pelo fato da ação individual de um membro da igreja ter levado à submissão desses nomes. A política da igreja é a de que os membros da igreja podem requisitar esses batismos somente para os seus próprios ancestrais. Batismos por procuração de vítimas do holocausto estão estritamente proibidas"
O rabino Abraham Cooper, do Centro Simon Wiesenthal, que foi um dos participantes das reuniões oficiais entre judeus e mórmons em 1995, realizada com o fim específico de se evitar esses batismos póstumos, comentou que "um pedido sentido de desculpas é certamente apropriado, mas é assustador que isso continue se repetindo indefinidamente". Classificou os novos batismos como "inaceitáveis, acrescentando que as pessoas que perderam tudo e todos, e ainda foram mortas por serem judias durante o holocausto, não deveriam ter as suas almas "sequestradas" por outra religião. E durma-se com um barulho desses em Salt Lake City...



Fontes: Reuters, The Washington Post e Huffington Post.


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