sábado, 31 de março de 2012

Real Madrid tira cruz do escudo

Quando há muito dinheiro na jogada, não há tradição ou paixão clubística que resista, muito menos os pudores religiosos. Nem o sacrossanto escudo do Real Madrid, um dos maiores clubes da Espanha (ao lado do Barcelona) e do mundo, consegue suportar o peso de 1 bilhão de dólares, valor estimado para o projeto da ilha paradisíaca que será construída nos Emirados Árabes Unidos. 

Os sete emirados que compõem o país se preparam para mais um empreendimento imobiliário gigantesco, como foi a construção do Burj Al Arab (برج العرب), um dos mais belos hotéis do mundo e do Burj Khalifa Bin Zayid (برج خليفة), aquele que é atualmente o prédio mais alto do mundo com seus 828 metros de altura, se bem que a ideia do Real Madrid se parece mais com a das ilhas artificiais construídas com o formato de palmeira, chamadas de Palm Islands (جزر النخيل). 

As ilhas artificias que o clube madrilenho planeja construir terão o formato do seu escudo, mas com uma sutil - e altamente significativa - diferença. Ele não terá a cruz que adorna o topo da coroa que encabeça o escudo e justifica o seu adjetivo "Real". O complexo desportivo e turístico que receberá o nome de Real Madrid Resort Island está programado para começar a funcionar em janeiro de 2015 no emirado de Ras Al Khaimah, ao contrário dos três grandes empreendimentos anteriores, que estão localizados no vizinho emirado de Dubai. 

O presidente do clube, Florentino Pérez, imagina que - desta maneira - conseguirá aproximar o Real Madrid daquilo que ele estima em cerca de 150 milhões de torcedores asiáticos. Como se trata de um país essencialmente muçulmano no coração de uma região islâmica, do lado do Irã, Pérez imaginou que não ficaria bem fincar uma cruz nas águas do Golfo Pérsico, ainda mais num momento tão conturbado entre as religiões como o que o mundo passa ultimamente. 

O símbolo cristão está presente na coroa do escudo desde 1920, quando o clube obteve uma concessão especial do então rei espanhol Alfonso XIII para utilizar permanentemente o símbolo monárquico, e a cruz honra a tradição ancestral católica dos reis de Espanha, entre eles aqueles - Fernando de Aragão e Isabel de Castela - que expulsaram os mouros da Espanha no longo processo de Reconquista que terminou em 1492, com o fim da Guerra de Granada. Não é uma boa recordação para os muçulmanos, portanto.

Agora, o que um ser humano não é capaz de fazer por 1 bilhão de dólares? A notícia foi publicada ontem, 30/03/12, pelo jornal Marca da Espanha, mas a versão inglesa do Yahoo sugere que a próxima alteração no escudo do Real Madrid seja a supressão das letras MCF (Madrid Club de Fútbol) do centro do escudo e sua substituição por uma figura do presidente Florentino Pérez segurando turistas de cabeça pra baixo enquanto dinheiro cai dos seus bolsos. O perigo é esta história chegar aos ouvidos de alguns líderes religiosos brasileiros. Vai que eles se inspiram?

o Burj Al Arab

o Burj Khalifa Bin Zayid

Palm Island
o projeto da ilha artificial do Real Madrid




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