segunda-feira, 30 de abril de 2012

Justiça condena casal a indenizar criança adotada e depois devolvida

Artigo publicado no Estadão do último dia 25 de abril, que mostra a que ponto o ser humano pode chegar, infelizmente. Ainda que passe longe de curar ou compensar o abandono sofrido pela criança, é muito bom que a Justiça puna pessoas irresponsáveis que levam a cabo maldades como essa:

Casal terá de pagar pensão para garoto adotado em MG

Adolescente foi devolvido à Instituição Missão Criança após dois anos; ele teria sido agredido e humilhado

Marcelo Portela

BELO HORIZONTE - Um casal de Uberlândia, em Minas Gerais, terá que pagar 15% do salário mínimo de pensão alimentícia, além de R$ 15 mil por danos morais, a um adolescente que foi adotado e, dois anos depois, devolvido à Instituição Missão Criança. Ele teria sido "rejeitado, agredido e humilhado" e "abandonado física, material e moralmente" pelos pais adotivos. A indenização terá de ser paga até o jovem completar 18 anos ou, caso esteja estudando, 24, segundo decisão do Tribunal de Justiça de Minas (TJ-MG). Não cabe mais recurso.

O garoto foi adotado em março de 1999, quando tinha quatro anos, junto com uma irmã. Em julho de 2001, porém, o menino foi devolvido à instituição. Inicialmente, o Judiciário aceitou que o menino voltasse temporariamente para a instituição, mas como forma de "melhorar o relacionamento familiar" devido à "convivência sofrível entre a criança e os pais adotivos". Em depoimento à Justiça, o garoto relatou que pedia para voltar à missão porque "era maltratado" e a mãe adotiva "o xingava, chamando-o de vagabundo e outras coisas".

O Ministério Público Estadual (MPE) entrou com ação contra os pais adotivos porque, para o promotor de Justiça Epaminondas Costa, o casal nunca justificou o motivo da "devolução". Inicialmente, os pais adotivos ainda fizeram visitas à criança. Depoimentos da psicóloga e da assistente social que acompanhavam os encontros - principalmente do pai e da irmã, pois a mãe comparecia menos ao local - mostraram que o menino ficava "extasiado" com as visitas, pois "se sentia valorizado".

Porém, de acordo com a relatora do caso no TJ-MG, desembargadora Teresa Cristina da Cunha Peixoto, ficou comprovado que as visitas, "além de terem sido escassas, impunham sempre mais angústia e humilhação". De acordo com o processo, ficou comprovado que o pai se referia ao garoto como "retardado, burro, moleque e acusava a criança de ter destruído seu casamento" e que em uma ocasião chegou a agredir o menino.

A desembargadora ressaltou que os pais adotivos também foram orientados a consultarem uma psicóloga, "mas eles se recusaram e mostraram desinteresse" e não compareceram a nenhum encontro. Em depoimento à Justiça, a professora Janice Alves Souza, de apoio à Missão Criança, acrescentou ainda que o menor foi "um objeto" nas mãos dos pais adotivos por ter sido "manipulado, rejeitado e agredido em todas as áreas da sua vida".

Diante do caso, Teresa Cristina entendeu que os pais adotivos devem indenizar o jovem por não terem "demonstrado um mínimo sequer de esforço no sentido de reaproximação" e de terem privado o menino "do convívio não só de seus pais, mas, primordialmente, de sua irmã com quem mantém laços afetivos" e que, por decisão da Justiça, não deveriam ser separados na adoção.

Para a magistrada, a forma como o jovem foi tratado "causou profunda dor moral ao adolescente, acarretando-lhe abalo psicológico que, certamente, não será apagado de sua vida", o que levou a desembargadora a manter sentença de primeira instância, da qual os pais haviam recorrido. O menor, hoje com 17 anos, continua vivendo em um abrigo. A reportagem tentou falar com o advogado dos pais adotivos, José Jehovah de Nazareth, mas ninguém atendeu o telefone em seu escritório.



domingo, 29 de abril de 2012

Próxima parada: Macchu Picchu





Comunico os amigos e irmãos que esta noite iniciarei uma pequena aventura há muito desejada. Voo à noite para Cuiabá, onde devo ficar amanhã aproveitando o calor cuiabano, para depois, com meu amigo e irmão Marcos, irmos de carro pela recém-pavimentada Rodovia Interoceânica até Cuzco, aproximadamente 3.000 km depois, onde realizaremos um sonho de infância que é conhecer Macchu Picchu.

Como vocês percebem, será uma aventura e tanto, passando pela Amazônia brasileira e peruana, subindo até 4.750m de altitude na Cordilheira e depois baixando até os 3.600m de Cuzco e 2.600m de Macchu Picchu. Tanto quanto possível, relatarei aqui (e postarei fotos) da viagem. O vídeo abaixo, com o perdão da medonha trilha sonora (que não é a minha - abaixe o volume) dá uma ideia das curvas e paisagens que teremos pela frente.

Enquanto isso, o blog já tem textos programados para serem postados nos próximos 15 dias, e qualquer problema durante esse período o co-editor Gustavo estará de prontidão para resolvê-lo.

Conto, portanto, com a torcida dos amigos e as orações dos irmãos para que possamos ir, ver e vir em paz e segurança.

Até breve, então!




Pesquisa da USP diz que estudantes brasileiros conciliam fé e Darwin

Pesquisa conduzida por professor da Faculdade de Educação da USP, publicada hoje no Estadão, revela resultados interessantes e - pelo menos para alguns - surpreendentes sobre o que pensam os jovens estudantes das escolas brasileiras:

Jovens brasileiros conciliam bem ciência e religião

Pesquisa revela que a maioria dos estudantes do ensino médio não vê a fé como barreira à aceitação da teoria evolutiva de Darwin

HERTON ESCOBAR

A maioria dos jovens brasileiros vive em paz com suas crenças religiosas e a ciência da teoria evolutiva. Tem fé em Deus e, ao mesmo tempo, concorda com as premissas estabelecidas por Charles Darwin mais de 150 anos atrás, de que todas as espécies da Terra - incluindo o homem - evoluíram de um ancestral comum por meio da seleção natural. É o que sugere uma pesquisa realizada com mais de 2,3 mil alunos do ensino médio no País, coordenada pelo professor Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP).

A conclusão flui de um questionário sobre religião e ciência respondido por estudantes de escolas públicas e privadas de todas as regiões do País, com média de 15 anos de idade. A base de dados e a metodologia usadas na pesquisa foram as mesmas do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), segundo Bizzo, para garantir que os resultados fossem estatisticamente representativos da população estudantil brasileira. "É o primeiro dado com representatividade nacional sobre esse assunto para esta faixa etária", diz o educador, que apresentou os dados pela primeira vez neste mês, em uma conferência na Itália.

"Ainda vamos fracionar e analisar mais profundamente as estatísticas, mas já dá para perceber que os alunos religiosos brasileiros são bem menos fundamentalistas do que se esperava", avalia Bizzo, que também é formado em Biologia e tem livros e trabalhos publicados sobre a história da teoria evolutiva. "É surpreendente. Algo que sugere que no futuro teremos uma população com uma interpretação mais elástica das doutrinas religiosas e mais sensível à ciência."

Aos 15 anos, diz Bizzo, os jovens estão passando por uma fase de definição moral, em que consolidam suas opiniões sobre temas fundamentais relacionados à ética e à moralidade. "É um período crucial. Dificilmente os conceitos de certo e errado mudam depois disso."

O questionário apresentava aos alunos 23 perguntas ou afirmações com as quais eles podiam concordar ou discordar em diferentes níveis. Mais de 70% disseram que se consideram pessoas religiosas e acreditam nas doutrinas de sua religião (52% católicos e 29% evangélicos, principalmente, além de 7,5% sem religião). Ao mesmo tempo, mais de 70% disseram que a religião não os impede de aceitar a evolução biológica; e 58%, que sua fé não contradiz as teorias científicas atuais. Cerca de 64% concordaram que "as espécies atuais de animais e plantas se originaram de outras espécies do passado".

Só quando a evolução se aplica ao homem e à origem da vida, as respostas ficam divididas. Há um empate técnico, em 43%, entre aqueles que concordam e discordam que a vida surgiu naturalmente na Terra por meio de "reações químicas que transformaram compostos inorgânicos em orgânicos". E também entre os que concordam (44%) e discordam (45%) que "o ser humano se originou da mesma forma como as demais espécies biológicas".

Sensibilidade. Os pesquisadores chamam atenção para o fato de que nenhuma das respostas que seriam consideradas fundamentalistas, do ponto de vista religioso, ultrapassam a casa dos 29%, porcentagem de entrevistados que se declararam evangélicos (denominação em que a rejeição à teoria evolutiva costuma ser mais forte). Apenas em dois casos elas ultrapassam 20%: entre os alunos que "discordam totalmente" que o ser humano se originou da mesma forma que as outras espécies (24%) e que os primeiros seres humanos viveram no ambiente africano (26%).

"A porcentagem dos que rejeitam completamente a origem biológica do homem é menor que a de evangélicos da amostra, o que é uma surpresa, já que os evangélicos no Brasil costumam ser os mais fundamentalistas na interpretação do relato bíblico", avalia Bizzo. "A teoria evolutiva é talvez a coisa mais difícil de ser aceita do ponto de vista moral pelos religiosos. Mesmo assim, os dados mostram que a juventude brasileira é sensível aos produtos da ciência."

Divulgada em 1859, com a publicação de A Origem das Espécies, a teoria evolutiva de Charles Darwin propõe que todos os seres vivos têm uma ancestralidade comum, e que as espécies evoluem e se diversificam por meio de processos de seleção natural puramente biológicos, sem a necessidade de intervenção divina ou de forças sobrenaturais - um conceito amplamente confirmado pela ciência desde então.

Apesar de ser frequentemente (e erroneamente) resumida como "a lei do mais forte", a teoria evolutiva é muito mais complexa que isso. A Origem das Espécies tinha 500 páginas, e Darwin ainda considerava isso muito pouco para explicá-la. Desde então, com o surgimento da genética e o desenvolvimento de várias outras linhas de pesquisa evolutiva, a complexidade da teoria só aumentou, dificultando ainda mais sua compreensão - e, possivelmente, sua aceitação - pelo público leigo.

"O problema é que a maioria dos estudantes - ainda mais com 15 anos - não tem muita clareza sobre o que está envolvido na teoria darwiniana. Com isso há o potencial de surgirem respostas contraditórias", avalia o físico e teólogo Eduardo Cruz, professor do Departamento de Ciência da Religião da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Isso não tem a ver com a qualidade da pesquisa, mas com a pouca compreensão de temas tanto científicos quanto teológicos. Além do que, quando se trata de perguntas que envolvem a intimidade das pessoas, as respostas nem sempre são confiáveis. É como perguntar a rapazes de 15 anos se ainda são virgens."

Aceitação. Uma pesquisa nacional realizada pelo Datafolha em 2010, com 4.158 pessoas acima de 16 anos, indicou que 59% dos brasileiros acreditam que o homem é fruto de um processo evolutivo que levou milhões de anos, porém guiado por uma divindade inteligente. Só 8% acreditam que o homem evoluiu sem interferência divina. Os dados também mostram que a aceitação da teoria evolutiva cresce de acordo com a renda e a escolaridade das pessoas - o que pode ou não estar relacionado a uma melhor compreensão da teoria.

"Há uma discussão se a aceitação depende do entendimento, e uma análise mais precisa será realizada, mas uma análise superficial dos dados não encontrou essa correlação", afirma Bizzo sobre sua pesquisa, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Faculdade de Educação da USP. "Há indícios de que a compreensão básica seja acessível a todos e que a decisão de concordar que a espécie humana surgiu como todas as demais não depende de estudos aprofundados na escola."

Para a filósofa e educadora Roseli Fischmann, os resultados da pesquisa são "compatíveis com a capacidade dos jovens de viver o mundo de descoberta da ciência sem abalar sua fé".

"A fé, se bem sustentada, não é ameaçada pelo conhecimento científico", diz Roseli, coordenadora da Pós-Graduação em Educação da Universidade Metodista e professora da USP. "Sozinhas, nem a ciência nem a religião garantem que o ser humano seja bom e que o bem comum seja alcançado. É preciso a presença da ética, do respeito a todo ser humano, da consciência da responsabilidade individual na construção do bem comum."



Pat Robertson critica bullying contra alunos gays

Sim, senhoras e senhores, aqui está ele de novo, Pat Robertson, frequentador assíduo deste blog. E desta vez para sair bem na foto. É que durante mais uma rodada de perguntas e respostas nos seu programa Club 700 (vídeo abaixo), numa delas um telespectador de nome Douglas lhe perguntou o que ele que ele diria a uma escola "que tem alunos gays e LGBT sofrendo bullying de crianças cristãs".

Robertson pareceu um pouco chocado com a pergunta mas não se fez de rogado:

- Bem, eu acho que é terrível. Cristãos não deviam fazer isso... quer dizer... lésbicas, gays, transgêneros, blá blá blá, quer dizer... Cristãos não deveriam fazer isso. Eles devem agir em amor".

E concluiu:

- "Você pode discordar, você pode pensar que essas práticas são uma abominação, você pode pensar todo tipo de coisa, mas você precisa amar, e alcançar essas crianças em amor".

Houve tempo ainda para que sua co-apresentadora concordasse: "Absolutamente. Bullying é errado - ponto final", ao que Pat Robertson acrescentou o seu "Amém!".





sábado, 28 de abril de 2012

Cardeal chileno diz que gays são como "uma criança sem braço"

Quanto maior a posição que uma pessoa vai assumindo perante qualquer organização ou sociedade, maior deve ser o seu cuidado com as palavras, exatamente pela exposição pública a que será - inevitavelmente - submetida.

O cardeal chileno Jorge Medina, por exemplo, é hoje prefeito emérito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina do Vaticano, e coube a ele dizer o famoso "Habemus papam!" na sacada da Basílica de São Pedro quando da eleição de Bento XVI em 2005, mas parece que não zela muito pela generosidade e piedade no seu discurso.

Esta semana o cardeal chileno disse - numa entrevista à revista Caras do Chile - que os homossexuais são como "uma criança que nasce sem um braço" ("un niño que nace sin un brazo") e que precisam de ajuda. Acrescentou, ainda, que "é uma desgraça e temos que ajudar a essa criança para que a sua limitação não a impeça de levar uma vida a mais comum possível".

A infeliz comparação entre homossexualidade e deficiência física foi cometida num momento em que o Chile ainda está em estado de choque pela barbárie cometida por quatro jovens neonazistas contra Daniel Zamudio, um homossexual de 24 anos de idade, que passou 6 horas sendo torturado pelo grupo no Parque San Borja, no centro de Santiago, com socos, chutes e pedradas, terminando com parte de uma orelha decepada, queimaduras de pontas de cigarro e cortes de caco de vidro que desenharam duas suásticas no seu corpo, uma no abdômen e outra maior nas costas.

O brutal ataque se deu na madrugada do último dia 3 de março, tendo como única "justificativa" o fato de Zamudio ser homossexual, e o seu corpo foi encontrado na manhã seguinte, tendo sido ainda hospitalizado até que veio a falecer em decorrência dos graves ferimentos no dia 27 seguinte.

Os 24 dias de agonia de Daniel serviram para que a sociedade chilena se levantasse e exigisse que fatos como esse não mais se repetissem, o que levou o Congresso local a aprovar a toque de caixa (no dia 4 de abril) uma lei anti-homofobia que dormia nas gavetas parlamentares havia já sete anos.

A Igreja Católica chilena foi muito criticada por sua reação tímida à barbárie e por se opor à aprovação da lei, que terminou passando no Legislativo por pequena margem de votos.

O cardeal Medina já está afastado de suas funções eclesiásticas por ter hoje 85 anos de idade, o que lhe dá um certo "desconto" na hora de avaliar suas opiniões, mas não deixa de ser estranho o seu silêncio e a ausência de metáforas comparativas, ainda que carregadas de crueldade, quando se trata dos casos de pedofilia dentro do seu clero.



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Partidos islâmicos egípcios podem legalizar pedofilia e necrofilia

O parlamento egípcio recém-eleito é dominado por partidos islâmicos que têm dois polêmicos projetos de lei para decidir, que fazem corar não só as pessoas de outros países e religiões, mas também o Conselho Nacional das Mulheres Egípcias, que tem se movimentado bastante para impedir sua aprovação.

O primeiro projeto de lei contestado é aquele que reduz a idade mínima de consentimento conjugal (para casamento e sexo, obviamente) para 14 anos de idade para as meninas. O segundo é ainda mais bizarro: permite ao marido ter relações sexuais com a sua esposa morta dentro do período de 6 horas após o seu óbito.

Ambos os projetos estão causando repulsa mundial, e a autorização para o - com o perdão da palavra - nojento projeto de lei que legaliza a necrofilia com prazo de validade veio à baila depois que um clérigo muçulmano do Marrocos, Zamzami Abdul Bari, disse em maio de 2011 que o casamento permanece válido mesmo depois da morte, abrindo ainda a possibilidade da mulher ter o mesmo direito necrófilo em relação ao marido morto.

Essa discussão sem sentido se dá no momento em que o país está discutindo a sua nova Constituição, o que faz com que as mulheres egípcias temam por sua sorte diante da força dos partidos islâmicos no parlamento do Egito.

Nuvens negras continuam pairando sobre o Egito, e parece que o luto pelos mortos na recente revolução popular continua ameaçando muita gente no país.

Fonte: Al Arabiya News



O Brasil dos senhores de engenho

Dois fatos aparentemente isolados marcaram esta semana em Brasília. Primeiro, a aprovação do novo Código Florestal que – na prática – protege tudo menos as florestas, e depois a confirmação da política de quotas para afrodescendentes nas universidades pelo Supremo Tribunal Federal.

A rigor, ambos os fatos apontam para uma característica tipicamente brasileira que é seu apego atávico às capitanias hereditárias e aos senhores de engenho, situações em que a vasta propriedade e o interesse de alguns prevalece sobre os anseios da imensa maioria, nem que seja para reduzi-la à escravidão.

O Brasil continua sendo o país em que os senhores de engenho dominam suas capitanias hereditárias, se elegendo às custas da senzala e se dando ao luxo de impor um devastador Código Florestal à população apenas para atender aos seus interesses agrários imediatos. O meio-ambiente que exploda.

Curioso é que, na aprovação do novo Código, muitos parlamentares evangélicos se alinharam com os ruralistas no estupro da natureza brasileira, porque de certa maneira eles também são “senhores de engenho” de um rebanho que vota neles cegamente.

Por isso mesmo, nenhum deles quer ouvir falar em “reforma política”, que permitiria que o povo fosse melhor representado sem os currais eleitorais dominados exatamente por esses senhores da terra e da fé.

Por outro lado, a ratificação - pelo STF – da política de quotas para afrodescendentes dá a esperança de que se reduza um pouco da desigualdade social no país, conforme já dissemos aqui no blog no artigo “Quotas, pra que te quero?” em setembro de 2009.

É claro que essa política, por si só, não resolve o problema e deve ser implementada provisoriamente, enquanto perdurar a dificuldade de acesso da comunidade afrodescendente à educação superior, mas a decisão unânime do STF impõe uma derrota histórica aos senhores de engenho.

Apesar de todo o seu esforço contrário às quotas, a Globo, por exemplo, cujo diretor de jornalismo, Ali Kamel, conseguiu escrever um livro intitulado “Não Somos Racistas”, e a toda hora convocava o sociólogo, geógrafo e “especialista em quotas” Demétrio Magnoli para atacá-las, saiu como uma das grandes derrotadas no caso.

O DEM – partido que promoveu a ação contra as quotas no STF e ao qual Magnoli é ligado – foi o outro grande perdedor, sempre lembrando que em março de 2010 o seu então impoluto senador Demóstenes Torres dizia que “os negros são culpados da escravidão”.

Outro expoente na defesa das capitanias hereditárias, Reinaldo Azevedo, também é um dos que foram derrotados na sua defesa da "meritocracia", justamente ele que tem se tornado o novo paladino das causas evangélicas. Quando alguém precisa recorrer a Reinaldo Azevedo para defender a fé cristã, isto muito provavelmente significa que o seu "deus" é outro.

Apesar de não ser nem um pouco fã dele, o Ministro Marco Aurélio Mello sintetizou numa frase curta - de forma brilhante - do que se tratava o caso das quotas: “A meritocracia sem pontos iniciais igualitários é apenas uma forma de aristocracia”.

Só que, apesar dessa derrota ocasional, é essa mesma aristocracia que continuará devastando as florestas do país a seu bel prazer, a fim de engordar seu gado e alargar seus latifúndios, eventualmente utilizando trabalho escravo aqui ou acolá.

Entretanto, ao menos uma porta – a da educação – se abre àqueles que se esforçarem muito para escapar dessa nefasta dependência dos senhores de engenho.

Que ninguém se iluda, todavia: a Casa Grande continua mandando...

Para saber mais sobre a opinião do blog sobre a questão das quotas, clique aqui.



quinta-feira, 26 de abril de 2012

Deputados religiosos querem poder para reformar decisões do STF

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Deputados aprovou ontem um Projeto de Emenda Constitucional (PEC), o de nº 3/2011, que garante ao Congresso Nacional a faculdade de "rever" atos normativos de outros poderes.

Na prática, entenda-se por "outros poderes" aí o Poder Judiciário, que tem tomado decisões - como no caso da união estável gay e no aborto de anencéfalos - contrárias aos interesses dos deputados católicos e evangélicos.

Desta maneira, eventuais decisões do Supremo Tribunal Federal, por exemplo, que desagradassem uma bancada expressiva do Congresso Nacional, poderiam ser suspensas.

Primeiramente, é estranho que a CCJ deixe passar essa proposta claramente inconstitucional, que ainda terá que ser votada em plenário. Inconstitucional porque significa a extinção da separação clássica entre os Três Poderes que formam a base de qualquer Estado de Direito (aquela do Montesquieu).

Ao avocar a si a prerrogativa de "rever" atos de outros Poderes, o Legislativo assume a função de "ditador" do país, já que tudo poderia ser - eventualmente - decidido ou vetado por ele.

Considerando o nível ético dos senadores e deputados, bem como o poder econômico e midiático que garante a sua eleição e contínua reeleição, mesmo daqueles suspeitos de falcatruas e que votam a favor de catástrofes como o novo Código Florestal, fica fácil imaginar quem mandaria no Brasil.

Aliás, não que eles já não mandem, mas pelo menos por enquanto há algumas formas tímidas de controle, por mais que o Poder Judiciário não faça ninguém se sentir seguro quanto aos seus direitos ou em relação à Justiça propriamente dita.

Quanto aos deputados católicos e evangélicos, é de se perguntar o que eles achariam se o povo se cansar da hipocrisia e das estripulias de algumas igrejas que se dizem "evangélicas", e passarem a votar em candidatos ateus ou de outras religiões.

Recorreriam à Justiça?



quarta-feira, 25 de abril de 2012

Cristãos palestinos estão sendo expulsos por Israel e não pelos muçulmanos

Apesar das juras de amor que muitos evangélicos fazem por Israel, defraudando bandeiras e organizando caravanas para a Terra Santa, tudo em nome de uma aliança política incondicional com o governo israelense, eles estão - contraditoriamente - ajudando a descristianizar a Palestina, com a expulsão dos cristãos de lá.

Enganam-se aqueles que acham que quem fala isso é alguma organização ressentida contra Israel, mas o tema veio à tona com uma reportagem do conceituadíssimo programa 60 Minutes da rede de televisão norteamericana, a insuspeita CBS, que comprou a briga com Israel.

O êxodo cristão de Israel foi tema da coluna de Gustavo Chakra no Estadão:

Cristãos palestinos provocam briga da rede de TV CBS dos EUA com embaixador de Israel

Os cristãos palestinos deixam cada vez em maior número o que hoje Jerusalém, Cisjordânia e Gaza não por causa do extremismo, mas devido à ocupação israelense dos territórios ou por serem alvo de preconceito. É o que já escrevi diversas vezes e foi repetido nesta reportagem do 60 Minutes, programa mais importante da CBS, uma das maiores redes de TV dos EUA.

Eles entrevistaram praticamente todas as autoridades religiosas cristãs da Palestina e também empresários, incluindo o dono da Coca-Cola na Cisjordânia, que é cristão e disse nunca ter escutado uma história de alguém ter deixado o território por ser perseguido por muçulmanos, mas apenas pelos obstáculos impostos pela ocupação israelense.

O embaixador de Israel foi entrevistado e deu a sua versão, imediatamente repudiada por cristãos palestinos e árabe-israelenses. E, em um revés que demonstra o enfraquecimento das relações públicas da administração de Benjamin Netanyahu, foi desafiado no ar pelo âncora do programa, Bob Simon. O apresentador, que é um dos mais respeitados dos EUA, disse na cara do diplomata israelense que nunca havia recebido uma reclamação sobre uma matéria antes de colocá-la no ar. Mas, segundo ele, Michael Oren, o embaixador, ligou mesmo antes de ver o programa para o presidente da CBS reclamando. “Foi a primeira vez que isso aconteceu na minha carreira”, disse Simon.

E, por favor, não venham me dizer que eu nunca falo da perseguição aos cristãos no mundo árabe. Há uma série de posts sobre o assunto neste blog. Já fiz reportagens de Beirute, Damasco, Cairo e Jerusalém sobre a situação do cristianismo na região. Já escrevi que eles passaram a ser alvo de ataques depois da queda de Saddam Hussein no Iraque. Insisto que os coptas são tratados como cidadãos de segunda classe no Egito. Afirmo que eles tem medo da queda de Assad na síria porque temem um regime islâmico no lugar. Apenas no Líbano, eles ainda ocupam uma posição proeminente, com o cargo de presidente e metade do Parlamento apesar de hoje serem uma minoria. Em tempo, sou neto de cristãos árabes libaneses.



terça-feira, 24 de abril de 2012

Furtada cabeça de imagem que "chorava" na divisa MG/SP

A notícia é do G1 e o vídeo da TV Poços:

Polícia abre inquérito para investigar furto e destruição de santa em igreja


Fiéis acreditavam que imagem chorava lágrimas de sangue.

Segundo delegado, ainda não há suspeitos


A Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o furto de uma igreja que terminou com a destruição de uma imagem de Nossa Senhora das Dores no marco divisório entre Poços de Caldas (MG) e Águas da Prata (SP). A imagem, que segundo os fiéis, supostamente chorava lágrimas de sangue, teve a cabeça arrancada.

Segundo o delegado Luciano Pires Galetti, só as investigações vão apontar a real motivação do crime. "Nós ainda não temos suspeitos, mas vamos investigar se a real intenção dos autores foi subtrair o dinheiro do cofre ou se foi danificar a imagem. Ainda é muito cedo para dizer sobre qualquer especulação", disse o delegado. Segundo ele, o caso será tratado como furto qualificado.

O ataque

A invasão aconteceu durante a madrugada deste domingo (22). A suspeita é de que criminosos pularam o muro e invadiram o salão de festas onde teriam conseguido um pedaço de madeira para arrombar a porta lateral. Entre as mais de 15 imagens guardadas dentro da igreja, apenas a de Nossa Senhora das Dores foi encontrada quebrada. A cabeça foi levada junto com o dinheiro de um cofre.

A notícia foi dada momentos antes de uma missa que aconteceria na igreja Nossa Senhora Aparecida e São Roque. Ao receberem a notícia, alguns fiéis passaram mal. Uma menina precisou ser carregada. O pároco da igreja onde a santa estava exposta, padre Celso Lucas da Silva, disse que estava muito abalado com a destruição da imagem, mas mesmo assim decidiu manter a missa, que foi marcada pelas lágrimas dos devotos.

Lágrimas de sangue

Há uma semana, fiéis lotavam uma paróquia que fica na divisa entre Poços de Caldas e Águas da Prata para acompanhar uma imagem de Nossa Senhora das Dores que supostamente chorava lágrimas de sangue. A imagem foi comprada em Aparecida (SP) e já estava na paróquia há cerca de dois anos e meio.

Segundo os devotos, as primeiras lágrimas eram transparentes, mas agora o rosto estava manchado de vermelho com um líquido semelhante a sangue. A imagem estava guardada em uma pequena sala onde esperava para ser devolvida à capela de São Roque da Fartura, distrito de Águas da Prata. Porém, devido ao fenômeno, a imagem permaneceu no altar da igreja de Nossa Senhora Aparecida e São Roque, onde ficou protegida por uma redoma de vidro.

O bispo de São João da Boa Vista (SP), Dom Davi Dias Pimentel, foi comunicado e orientou para que a imagem continuasse exposta para os fiéis. O fenômeno ainda não tinha passado por nenhuma análise científica.





segunda-feira, 23 de abril de 2012

Como juntar música gospel e islâmica

Música gospel, no caso, é aquela autêntica, no melhor estilo norteamericano. Por "música islâmica" aqui se entende o qawwali, ritmo típico da escola sufista do Paquistão e das regiões muçulmanas da Índia. Dessa surpreendente fusão de culturas e religiões surge uma belíssima canção, "Amen-Amin", executada pelo grupo gospel Holy Ecstasy e pelo músico paquistanês Faiz Ali Faiz, que merece ser conferida no vídeo abaixo:



Faiz Ali Faiz é craque em fazer essas fusões inesperadas, como acontece no caso da apresentação abaixo, em que junta qawwali ao flamenco, sempre lembrando que a Península Ibérica foi por muitos séculos território islâmico, com forte influência no ritmo sevilhano. Neste caso, acompanham o músico paquistanês os espanhóis Juan "Duguende" Cortes, Miguel Poveda e Juan "Chicuelo" Gomes, executando "Allah Huu". Delicie-se:





domingo, 22 de abril de 2012

Vaticano tenta enquadrar freiras americanas (de novo)

Não é fácil a vida de quem se senta no trono da Praça de São Pedro quando vê uma freira americana pela frente. Parece que os pedidos de ordenação feminina representam o nervo exposto do Vaticano, e os Estados Unidos, neste particular, são o seu calcanhar de Aquiles, que quer se mostrar invulnerável, mas não há reprimenda que faça as religiosas norteamericanas se calarem.

O papa João Paulo II já havia sentido isso na pele durante sua primeira visita aos Estados Unidos, em 1979, quando - numa reunião com cerca de 5.000 religiosas no Santuário Nacional de Washington - teve que ouvir, visivelmente constrangido e contrariado, o pedido de uma delas (vídeo abaixo).

A freira Theresa Kane, então presidente da Leadership Conference of Women Religious (LCWR - "Conferência de Liderança das Religiosas"), foi corajosa o suficiente para pedir ao papa, no seu discurso de saudação tête-à-tête, que "incluísse as mulheres em todos os ministérios da Igreja" a fim de que elas se tornassem "membros completamente participantes" dela.

Apesar de toda a reação contrária que veio a seguir e que culminou no "não" supostamente definitivo à ordenação feminina, mediante a carta "Ordinatio Sacerdotali" de 1995, o movimento nunca arrefeceu, mesmo à revelia da autoridade papal.

A "Ordinatio Sacerdotali" de João Paulo II teve como pretexto a então recente abertura do sacerdócio anglicano às mulheres, ocorrida em 1992, mas o alvo - na verdade - era outro: matar no ninho os movimentos internos católicos que reforçavam o mesmo pleito.

Bento XVI assumiu o papado em 2005, mantendo a linha conservadora do antecessor, mas também não conseguiu calar as freiras norteamericanas. Não lhe restou outra saída, senão, tentar "enquadrar" de novo a LCWR, que reúne nada mais, nada menos que 80% das religiosas dos Estados Unidos.

Para tanto, entrou em cena a Congregação para a Doutrina da Fé, nome atual aparentemente inofensivo do antigo "Santo Ofício", responsável pela inquisição medieval, atualmente dirigida pelo cardeal norteamericano William Joseph Levada.

Em 2008, o Cardeal Levada tratou de dar um corretivo nas levadas freiras do seu país (com o perdão do péssimo - mas inevitável - trocadilho), indicando o arcebispo de Seattle, Peter Sartain, para investigar e reorganizar a LCWR.

Apontando uma série de divergências com o ensino tradicional católico quanto ao sacerdócio feminino, aborto, sexualidade e temáticas feministas, o relatório do bispo Leonardo Blaire, de Toledo (Ohio), responsável pela "visita apostólica", deu margem à intervenção do Vaticano na LCWR.

Na prática, isto significa que o grupo de freiras norteamericanas estará, a partir de agora, debaixo de estrita vigilância e supervisão das autoridades vaticanas. Resta saber se isto conseguirá calá-las.

Já a Irmã Theresa Kane continua firme, falante e dentro da igreja. A julgar pelo histórico passado, é melhor apostar - sem dinheiro e informalmente - que não conseguirão emudecê-las.




sábado, 21 de abril de 2012

América Latina

Hoje é feriado, dia de festejar Tiradentes, um dos heróis da independência brasileira. Não deixa de ser apropriado, entretanto, alargar a tenda para que caiba na festa toda a América Latina - seu povo sofrido e seus heróis -, ao som de Calle 13 cantando - obviamente - Latinoamérica:





Campinas quer expulsar mendigos das ruas

Enquanto todos os holofotes geralmente se concentram no governo federal, para o bem ou para o mal, as prefeituras e câmaras municipais ficam livres país afora para fazerem suas loucuras a fim de justificar os injustificáveis gastos com salários e mordomias que elas têm. 


Se são tão preocupados assim com o bem comum, os vereadores bem que podiam trabalhar de graça a fim de auxiliar e fiscalizar a administração pública, mas em vez disso preferem fazer leis draconianas para tirar mendigos da rua, desde que - obviamente - não estejam distribuindo folhetos de propaganda que geram taxas para o erário municipal e lucros para as empresas, especialmente as imobiliárias.

A Câmara de Campinas (SP), por exemplo, que já prestou relevantes serviços à humanidade ao instituir o Dia do Samurai, agora quer expulsar os mendigos das ruas, indistintamente. É claro que existem exploradores de mendicância e - pior - de crianças, mas isto é facilmente controlável por uma polícia que queira trabalhar.

Não chega a ser surpresa, entretanto, que partidos que se dizem "socialistas" e "de esquerda" como o PDT e o PCdoB (aquele que virou "ruralista" na questão do novo Código Florestal) estejam à frente de mais essa perseguição aos pobres e desvalidos.

Dois projetos de lei foram aprovados para tolher o direito de ir e vir dos mendigos. O primeiro prevê a colocação de placas nas ruas da cidade com o alerta: "Não dê esmolas". O supra-sumo do cinismo, no caso, é que essas placas poderão ser patrocinadas pela iniciativa privada.

A segunda lei - claramente inconstitucional - transforma numa espécie de "crime municipal" o sujeito que insistir em limpar o pára-brisas do carro enquanto o sinal estiver vermelho. Curioso é saber quem fiscalizaria e executaria isso, já que dificilmente a polícia se prestaria a essa palhaçada. Seria alguma empresa terceirizada naquelas licitações super confiáveis?

Diante disso, ficamos com a impressão de que Campinas deve ser o paraíso na terra, já que seus problemas se resumem a mendigos nos cruzamentos, tanto que os nobres vereadores da cidade não têm problemas mais graves a enfrentar.

A exemplo do que aconteceu com o governo estadual de outro partido "social" - o PSDB - no caso Pinheirinho, em São José dos Campos, o Estado de São Paulo deu o recado: se você for pobre, vaza!

É assim que o fascismo se instala, a não ser que os pobres - que ainda são maioria - passem a votar melhor...


Fonte: Yahoo Putz! do Michel Blanco



sexta-feira, 20 de abril de 2012

Esquilo põe fogo na casa de pastor na Flórida

Acontece cada coisa bizarra no mundo. Desta vez foi a vez do pastor Bob Calvert, da Sunshine Worship Center em Buckingham, Flórida, nos Estados Unidos, que viu a sua casa reduzida a cinzas por causa de um esquilo azarado.

O pobre roedor estava fazendo suas peripécias na rede elétrica de alta voltagem externa à casa do pastor quando, ao saltar de um fio para outro, provocou um curto-circuito que não só o torrou instantaneamente como produziu as fagulhas que se espalharam instantânea e incontrolavelmente.

Autoridades locais atribuem o fato inusitado às condições do clima na região, que está muito seco ultimamente, o que teria transformado o animal num condutor inesperado da faísca que pôs tudo a perder.

Dave, filho do pastor Calvert que tem síndrome de Down, estava falando com a irmã pelo telefone no momento do incidente, acreditou que ainda conseguiria controlar o fogo, mas este fugiu completamente ao controle e não restou outra saída à família senão fugir rapidamente e ver sua casa consumida pelas labaredas.

Apesar do susto e do prejuízo, o pastor Calvert está feliz por ter preservado a sua vida e a de sua família, e os amigos e membros da igreja já se mobilizam para ajudar na reconstrução de sua casa.

Fonte: The Huffington Post



Absolvida mãe acusada de eutanásia em Brasília

Uma história triste sobre a complicada condição humana, noticiada pelo Estadão:

Júri absolve mulher acusada de eutanásia

LEONENCIO NOSSA

Um júri popular em Brasília absolveu uma mulher de 79 anos acusada de tentativa de homicídio, mas que na prática quis fazer eutanásia - ela tentou matar um filho adulto que vivia em estado vegetativo após um acidente. O Plano de Saúde Unimed acusou a mulher, que cuidava do filho em casa, de retirar o balão de oxigênio do rapaz e tentar sufocá-lo com um travesseiro para "libertá-lo".

Depoimentos anexados ao processo indicaram que a mulher, I., tentou sufocar o filho em três dias consecutivos de abril de 2003. Na época, ele tinha 42 anos e morreu em 2007.

Médicos costumam chamar de eutanásia ou morte assistida o uso de medicamentos para provocar a morte, a omissão e a interrupção de tratamento. Embora não especifique o crime de eutanásia, o Código Penal Brasileiro estabelece que os envolvidos em casos de interrupção de tratamento ou a prática simples de homicídio devem responder a crime de homicídio com penas de 12 a 30 anos de prisão.

O ato de deixar de prestar assistência é punido com até 6 meses de detenção e pagamento de multa. Se entender que o homicídio foi privilegiado, isto é, teve um valor moral, o condenado pagaria apenas um terço da pena.

I. foi levada a júri por homicídio. O advogado Aurélio Manso, que participou de sua defesa, disse avaliar que o processo envolvendo I. não é de eutanásia, prática que só ocorreria, na sua visão, quando a vítima solicita as providências para a morte. "Ficou provado nos autos que ela não cometeu crime", disse.

Logo após a absolvição, Manso disse que o "calvário" de sua cliente terminou. Ele destaca que I. cuidou do filho por quatro anos após as supostas tentativas de homicídio. I. deixou o Tribunal do Júri chorando e abraçada a parentes. Ela ajuda a cuidar dos dois netos, filhos do homem que vivia em estado vegetativo.

Na denúncia inicial, o Ministério Público escreveu que I. aproveitava a distração de enfermeiros do plano de saúde para tentar sufocar o filho e os profissionais de saúde a teriam impedido de ela executar o crime. O rapaz foi levado para o hospital para continuar o tratamento e retornou à casa da mãe, onde ficou até morrer. Em juízo, I. disse que os enfermeiros confundiram a situação. Ela estaria ajeitando os travesseiros e mexido no balão de oxigênio para aumentar o fluxo. Um exame feito a pedido da defesa indicou "transtorno depressivo" da mãe.



quinta-feira, 19 de abril de 2012

Fidel discutiu vida extraterrestre com assessores de João Paulo II

Uma notícia curiosa do fim de março, que passou despercebida durante a viagem de Bento XVI a Cuba, mas que envolve o seu antecessor, na versão do Jornal da Tarde:

Fidel, o papa e os extraterrestres

O ex-presidente cubano Fidel Castro, que se reuniu quinta-feira com Bento XVI durante a visita do papa a Cuba, comentou em um artigo o diálogo que manteve, há 14 anos, com dois assessores do falecido João Paulo II, sobre “as estrelas e a vida extraterrestre”.

“Quando o papa visitou nosso país, em 1998, mais de uma vez antes de sua chegada conversei sobre variados temas com alguns de seus enviados. A necessidade de enriquecer nossos conhecimentos”, afirmou o líder.

Fidel comenta a notícia veiculada por um observatório europeu sobre a possibilidade de existirem bilhões de planetas habitáveis em nossa galáxia.

“Recordo a ocasião em que nos sentamos para jantar (…) Perguntei a Navarro Valls (porta-voz do papa): o senhor acha que o imenso céu, com milhões de estrelas, foi feito apenas para o prazer dos habitantes da Terra quando nos dignamos a olhar para cima à noite? ‘Com certeza’, ele me respondeu. ‘É o único planeta habitado no Universo’”.

“Eu me dirigi então para um sacerdote (presente no jantar) e perguntei a ele: O que acha disso? Ele me responde: ‘A meu ver, há 99,9% de possibilidades de que exista vida inteligente em algum outro planeta’”.

“A resposta não violava nenhum princípio religioso. Era a que eu considerava correta e séria”, disse Fidel sem revelar o nome do sacerdote.



quarta-feira, 18 de abril de 2012

Maconheiro achava que era ateu mas vira evangélico quando bate o carro

Esta é provavelmente a matéria mais fake da história do jornalismo paraibano. Cheira a armação por todos os poros. Dramaturgia da pior qualidade. De qualquer maneira, não será surpresa se for reaproveitada em algum programa religioso fake das madrugadas inóspitas da televisão brasileira. Confira no vídeo abaixo:





Escritora moçambicana critica igrejas e novelas brasileiras

Matéria da Agência Brasil:

Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana

Alex Rodrigues

Brasília - "Temos medo do Brasil." Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.

"Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo", criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.

"De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal", sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.

A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. "Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular", detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.

Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.

"Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres", disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.

"Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras", disse Paulina.

"Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas", disse Paulina.

Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.



terça-feira, 17 de abril de 2012

Controle o seu lado primata



Sem essa de se achar um gorila e ficar hiperventilando, ainda mais se você estiver num reality show de ex-futuras-celebridades fracassadas, assim tipo "A Fazenda" da Record. O resultado pode ser desastroso, conforme você perceberá no final do vídeo abaixo:





segunda-feira, 16 de abril de 2012

Holograma "ressuscita" Tupac Shakur em show "ao vivo"

Tupac Shakur foi, segundo o The New York Times, "o maior rapper de todos os tempos", que teve uma vida cheia de confusões e polêmicas até ser assassinado com 4 tiros em setembro de 1996. Inspirador que foi de uma série de rappers que vieram depois, ontem ele foi homenageado no festival Coachella 2012, tendo sido "ressuscitado" para aparecer - em holograma - cantando "Hail Mary" e depois, ao lado de Snoop Dogg, interpretando “2 of Amerika’z Most Wanted”. Ficou show, com um final emocionante e sensacional. Confira no vídeo abaixo:





Abaixo uma sequência mais completa onde se pode ver melhor a reação da plateia ante a surpresa de ver Tupac "vivo" e a transição para o show do Eminem em seguida.






Churrasco na laje vira bronquite gospel


Com tanta gente fazendo música cóspel da pior qualidade, parece que o acaso está cuidando de se vingar. E com fogo, irmão! Sabe-se lá o que Sweet Brown estava fazendo no seu barraco no fim de março, quando um suposto churrasco na laje de algum vizinho descuidado provocou um incêndio no cafofo em que eles moravam em Oklahoma City, nos Estados Unidos. Sweet Brown só teve tempo de sair correndo, invocando "Lord Jesus" sem sapatos, mas a fumaça ainda a alcançou, deixando-a preocupada porque ela tem bronquite.


Deste fato tristemente comum nas grandes cidades, noticiado pela imprensa local (primeiro vídeo abaixo), vendo a "altíssima" espontaneidade de Sweet Brown (além de seu vozeirão funk), alguém aproveitou e fez um remix gospel da melhor qualidade, intitulado "I Got Bronchitis" ("Eu Tenho Bronquite") que já está estourando nas paradas. 


Quanto aos sapatos deixados para trás, "Ain't nobody got time for that!" (algo traduzido como "Ninguém teria tempo pra isso") virou o refrão improvisado. Felizmente ninguém ficou gravemente ferido. Você certamente vai ouvir a bronquite gospel de Sweet Brown, o novo meme viral e passageiro da internet, mas nós já adiantamos para você. Confira no segundo vídeo abaixo:



Agora aumente o volume!





domingo, 15 de abril de 2012

A lista demoníaca de Pat Robertson

Você achou que a gente tinha esquecido dele, né? De fato, já faz um tempinho que ele não aparece por aqui. Mas não, nós não conseguimos nos esquecer de Pat Robertson; aliás, ele é uma figura inolvidável para boa parte da mídia, pelo menos o blog Media Matters for America, que fez uma lista das coisas e situações que o conhecido televangelista norteamericano tem classificado como demoníacas no seu programa 700 Club.

No vídeo abaixo, você encontra boa parte dessa lista, além de outros vídeos que estão linkados no blog Media Matters for America, mas fique sabendo desde já que entre as "obras demoníacas" classificadas por Pat Robertson estão:
  • ter um quadro de Buda pendurado na sala (queima ele!)
  • consultar espíritos e fazer “levitação” em festas do pijama
  • consultar horóscopo
  • feng shui
  • artes marciais (já que alguns lutadores “inalam” demônios para que sua força venha de uma fonte demoníaca...)
  • yoga (tai chi chuan tá liberado)
  • médiuns
  • filmes da série “Crepúsculo” (“Twilight”)
  • adotar crianças de outros países (especialmente africanos) pode trazer “influências demoníacas” para dentro de casa.
  • programas sobre “caçadores de fantasmas”
  • Harry Potter
  • Halloween
É bom lembrar que, dois meses atrás, Pat Robertson já tinha proposto a descriminalização da maconha. E aí, no que você discorda ou concorda com ele?







Pais são pais; amigos são amigos

Um excelente artigo de Giovana Damaceno para o Tramado por Mulheres:

Mãe é mãe; amigo é amigo

Uma senhora me confessou que sente muito por seus filhos não serem seus amigos. Filhos e filhas. Lamentou por ter criado tantos, e no entanto, nenhum lhes devota amizade. Pelo menos não a amizade que ela esperava. Sente mais pelas filhas, com quem para ela seria mais natural desenvolver algo mais além de uma relação filial.

É uma senhora solitária. Parece que a vida não lhe tem sido muito generosa ultimamente. Porém, nada diferente de outras tantas senhoras que também vivem sozinhas em suas casas ou apartamentos, lúcidas, capazes, têm ou não seus namorados, vivem ou não uma dinâmica familiar intensa. Muitas que conheço até preferem assim, pois podem desfrutar melhor a liberdade e a independência que só a idade e a experiência proporcionam (quando se tem saúde, claro).

Por ser também mãe e por estar constantemente ligada no relacionamento com o filhote e como melhorá-lo cada vez mais, leio muito a respeito. Tudo e mais um pouco o que psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos, pediatras, educadores divulgam de seus estudos sobre o tema. E a maioria é categórica: pai e mãe são pai e mãe; amigo é amigo. Duas situações bem distintas e que, por mais que se tente, não se fundem. Há, segundo estes especialistas, muita confusão na hora de identificar e separar bem amizade de relação filial; muita gente acaba achando que é possível ser 100% amigo dos filhos, faz um angu de caroço, e sempre dá problema.

“Pai é genitor, benfeitor, protetor, gerador, a origem. Amigo é uma pessoa a quem somos ligados por identificação, afeição. Os filhos não querem um pai-amigo, porque amigos eles já têm. São aqueles confidentes para questões do dia a dia, com quem tramam suas paqueras, suas saídas, jogam conversa fora”, explica a psicóloga Walnei Arenque. Já o psiquiatra Içami Tiba diz que “pai (ou mãe) não pode ser amigo porque não é uma função que se escolhe, e amigo se pode escolher. O filho é filho do pai e tem que honrar os compromissos estabelecidos com ele. Um filho não pode trocar de pai assim como troca de amigo, por exemplo”. E para a psicóloga Ana Cláudia Ferreira de Oliveira, “se os pais se comportam somente como amigos de seus filhos, podemos nos perguntar ‘quem estará fazendo o papel dos pais em seu lugar?’ E esse é um grande perigo, pois a criança e o jovem precisam de orientação adequada e segura, além de alguém que apenas os ouça e os aconselhe, como um amigo faria”.

Há, portanto, que haver equilíbrio nestas relações, por isso entendo perfeitamente o que aquela senhora quis dizer e o que esperava dos filhos e filhas. Queria-os mais próximos, convivendo mais intimamente, trocando conversas, confidências, intimidades. Isso não é impossível, mas mães que vêm de uma educação repressora e repetem este modelo com filhos, dificilmente conseguirão ser grandes amigas.

Quando ela se lamentou sobre a falta de amizade dos filhos e filhas, deu vontade de perguntar: “E a senhora, é amiga dos seus filhos e filhas?”. Mas não tenho liberdade para isso e apenas me limitei a ouvir. Mães desta idade podem ser extremamente dogmáticas, prisioneiras dos próprios preconceitos, inflexíveis com qualquer situação, comportamento ou opinião que não estejam de acordo com suas verdades. A cada conversa que entabulam com alguém, há sempre uma regra a ser estabelecida, um não aceito, não concordo, isto não está certo, e cobram posturas que são apenas delas, e que não poderiam ser exigidas de outrem. Enfim, um posicionamento que não faz dos filhos e filhas seus amigos. Faz, sim, filhos e filhas que, como numa escola, aprendem, obedecem as regras até o momento em que ganham o mundo e criam seus próprios costumes, sua própria cultura. Não é que não haja amor; amor por mãe é incondicional, indiscutível. Mas porque há amor deve-se respeitar as diferenças, e mães dogmáticas não costumam se dispor a abrir os horizontes.

Já os amigos respeitam as diferenças dos seus amigos. Amigos, para serem amigos, não ditam regras, ao contrário, aceitam seus amigos como são. Amigos não exigem que seus amigos hajam e pensem como eles. Amigos não fazem cobranças. Amigos não provocam intrigas entre seus amigos. Amigos são livres. Lamento muito que tal senhora sofra por tal motivo.

Sei que também cometo meus erros na educação do meu filho. Afinal, o que seria dos psicanalistas se não fossem as mães? Mas posso dizer, por outro lado, que estou de olhos bem abertos, procurando enxergar onde erro, onde acerto, onde exagero, até que ponto posso dar liberdade ou apertar com os limites. E não tento ser amiga; não no sentido de querer ter com ele a mesma relação que tem com as amigas da idade dele. Sou mãe, busco uma relação de confiança, respeito, companheirismo, intimidade e muito amor. Sem cobrança, sem jogar nada na cara, sem exigir nada em troca, permitindo que ele escolha o que quer ser, como quer ser, achando lindo que ele seja diferente de mim.



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