quinta-feira, 31 de maio de 2012

Aprenda a ser resiliente

Resiliente? 

Palavra estranha. 

Comece a decifrá-la com ajuda deste artigo do IHU:

''Resiliência'': uma palavra no poder

A resiliência é uma resistência mais específica, mais aculturada: uma resistência com mestrado.

A opinião é do jornalista e escritor italiano Stefano Bartezzaghi, professor de Semiótica do Enigma da Libera Università di Lingue e Comunicazione de Milão (IULM), em artigo publicado no jornal La Repubblica, 29-02-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Eis o texto.

Mesmo que você não saiba o que significa "resiliente", espere sê-lo. Adquira resiliência. Sempre pode lhe servir, ou, melhor, vai lhe servir, sem dúvida. Pegue um dicionário. Quanto mais recente for o dicionário, mais extenso será o verbete "resiliência". Os dicionários de alguns anos atrás se limitavam à acepção técnica: a capacidade de um material de resistir a deformações e choques sem se romper. Mas, dado que a palavra está se tornando de moda em diversos campos, acrescentam-se acepções sobre acepções.

Há a resiliência têxtil, a capacidade dos tecidos de retomar a sua forma original, no iron, nem ironias. Há a resiliência psicológica, a capacidade de absorver traumas e de enfrentar adversidades. Há a resiliência ecológica, que se refere às espécies e ao seu modo de enfrentar as catástrofes ambientais. Há a resiliência informática, a geriátrica e até uma resiliência que concerne à produção de dentaduras. Mas tudo o que tem a ver com esse conceito, aparentemente tão técnico e na moda, parece ser, no fundo, no fundo, melancólico e velho.

Talvez, seja preciso desconfiar de termos abstratos que não tem um verbo por trás: a resistência é a ação de quem resiste, a residência é a condição de quem reside, mas e a resiliência? Quem de vocês simplesmente já começou a resiliar? Julgando a partir do fim das liberalizações, os lobbies têm uma grande resiliência: depois de cada golpe (decreto ou listagens) voltam ao seu estado original com grande velocidade.

Além disso, pode ser que o resiliente tenha no seu nome ecos do rei exilado, coisas de Shakespeare e do Rei Lear, mas o fato é que ele parece ser como um dote um pouco defensivo demais, em termos futebolísticos, um pouco "retranqueiro" demais.

É verdade que a resiliência é uma resistência mais específica, mais aculturada: uma resistência com mestrado. Mas não faça a piada "Agora e sempre, resiliência". Ela definitivamente incendiou um congresso em Bolonha, convocado justamente com esse título alguns dias. Desta vez, quem deveria ser resiliente é a escola pública. Esperamos que ao menos faça alguns gols no contra-ataque.



quarta-feira, 30 de maio de 2012

A prova definitiva do aquecimento global

Ufa! Finalmente alguém consegue provar essa joça de aquecimento global de forma clara, definitiva e incontestável:





terça-feira, 29 de maio de 2012

Quadro do presidente sul-africano com bilau de fora provoca polêmica no país

Ah, se a moda pega! Parece que a tradicional poligamia zulu de Jacob Zuma, presidente da África do Sul, não agradou muito ao extrapolar o campo da política e invadir o da "arte", segundo noticia o Yahoo:

Quadro com genitais do presidente da África do Sul gera polêmica

Um quadro do artista sul-africano Brett Murray que retrata o presidente do país, Jacob Zuma, com seus genitais expostos, levou o partido governamental a exigir a retirada da obra, enquanto a galeria que a exibe insiste na liberdade de expressão e o direito à criação artística.

O quadro, intitulado "The Spear" ("A lança"), faz parte da exposição "Deus salve ao Ladrão II" e está exibido na galeria Goodman de Johanesburgo desde 10 de maio, informaram nesta sexta-feira os meios de comunicação sul-africanos.

A obra mostra ao presidente Zuma em uma simulação de um popular quadro do líder comunista soviético Vladimir Lênin, mas com a diferença que no retrato do chefe de Estado sul-africano seu órgão sexual pode ser visto.

A Presidência da África do Sul se mostrou revoltada com a pintura "grotesca" de Murray, e desaprovou o artista. "O presidente da África do Sul defenderá sempre os direitos de nossa Constituição, inclusive a liberdade artística e de expressão, mas no exercício destes direitos, os cidadãos devem entender que eles não são absolutos", ressaltou nesta sexta o gabinete do presidente Zuma em comunicado.

"Além de chefe de Estado, o presidente Zuma é um cidadão e tem direito a conservar sua dignidade. Nenhum ser humano merece ser denegrido desta maneira", disse a Presidência.

Da mesma forma, o partido governante, o Congresso Nacional Africano (CNA), anunciou em comunicado que deu início às ações legais para impedir a exibição da obra e exigir a destruição de todo o material gráfico que a reproduza. "O CNA está extremamente descontente com a maneira indecente e de mau gosto que Brett Murray e a galeria Goodman estão mostrando o presidente Zuma", afirmou o partido em nota oficial.

A exposição utiliza referências da arte comunista para mostrar a corrupção política e ideológica do CNA, um movimento de libertação de inspirado no socialismo que teve um papel fundamental na luta contra o regime racista do "apartheid", imposto pela minoria branca sul-africana.

"O retrato grosseiro e a utilização do logotipo do CNA é um abuso da liberdade artística e de expressão e uma violação de nossa Constituição, além de ser difamatório", acrescentou o partido governamental, liderado anteriormente pelo ex-presidente Nelson Mandela.

O retrato pode ser visto no site do jornal sul-africano "Citypress", apesar dos advogados do CNA reivindicarem a sua retirada ao meio de comunicação. "A reivindicação carece de base jurídica", indicou o jornal em comunicado divulgado em seu site.

A galeria Gooodman, onde está exibida a obra de Murray, também afirmou que não retirará o quadro e qualificou as intenções do CNA de "censura". Lara Koseff, porta-voz da galeria, disse nesta sexta que sempre defendeu seus artistas, inclusive durante o "apartheid".

"Quando inauguramos a exposição me lembrei do artista chinês Ai Weiwei, que foi perseguido por retratar negativamente seu Governo", explicou Koseff para o jornal sul-africano "Times".

"Pensei que nós éramos afortunados por estar em uma situação diferente, por poder ter estes diálogos artísticos. No entanto, parece que alguém quer mudar estas coisas", acrescentou Lara.



segunda-feira, 28 de maio de 2012

Marcha das Vadias fez protesto na frente da igreja universal em Florianópolis

A exemplo do ocorrido no Rio de Janeiro, a versão catarinense (ou "manezinho", como preferir) da Marcha das Vadias também fez um protesto em frente a uma igreja, no caso a universal de Floripa, mas de maneira menos agressiva, ao que tudo indica.

As fotos foram postadas na página de fotografia de Yuri Brah no facebook, e abaixo segue uma delas:




domingo, 27 de maio de 2012

Marcha das Vadias provoca tumulto em igreja católica do Rio de Janeiro



Continua fervendo o embate entre religião e os movimentos feministas.

O cenário da última batalha aconteceu no Rio de Janeiro (RJ), mais especificamente em frente à Igreja de Nossa Senhora de Copacabana, no tradicional bairro carioca de mesmo nome.

Centenas de pessoas participaram ontem, 26 de maio, da Marcha das Vadias, que foi realizada simultaneamente em 20 cidades do Brasil e do mundo, como São Paulo, Salvador, Porto Alegre e Toronto (Canadá).

Composta na sua maioria por mulheres, a Marcha das Vadias luta pelos direitos que constam da agenda feminista, em especial o direito ao próprio corpo (no caso do aborto) e combate a violência contra a mulher.

O nome da marcha tem inspiração canadense, quando um policial do país, durante uma palestra numa universidade de Toronto, disse que se as mulheres quisessem evitar assédio sexual, elas não deveriam se vestir como "vadias".

Foi este o estopim que fez nascer o movimento da Marcha das Vadias, hoje presente em vários países do mundo.

No caso carioca de ontem, alguns manifestantes tentaram entrar na igreja de Copacabana, tendo uma delas mostrado inclusive os seios no pátio do templo, o que provocou a reação de fiéis que acompanhavam a missa, que era realizada num momento especial para as crianças.

A polícia teve que intervir e utilizou gás de pimenta para dispersar os manifestantes que tumultuavam o culto religioso.

A organização da Marcha das Vadias no Rio disse que o protesto em frente à igreja aconteceu de maneira autônoma e não havia sido planejado.

Entretanto, todo cuidado é pouco para que os direitos de todos os cidadãos sejam assegurados durante manifestações deste tipo.

Não se pode pleitear um direito para si tolhendo o direito alheio de se reunir pacificamente em atividade religiosa ou de qualquer outra natureza lícita.



sábado, 26 de maio de 2012

Os popstars da fé



A revista ISTOÉ desta semana publica uma longa matéria sobre os astros da música católica e evangélica:

A rotina dos popstars da fé

Divididos entre religião e carreira, família e viagens, missas e shows, esses campeões de vendas se desdobram para equilibrar o divino e o mundano no dia a dia

João Loes e Rodrigo Cardoso

Eles detestam ser chamados de estrelas. Repetem, insistentemente, que são, na melhor das hipóteses, um mero canal para a graça de Deus. A humildade do discurso, porém, contrasta com a postura de celebridade desses ídolos cristãos e com os números que compõem este que já é o mais expressivo segmento do mercado fonográfico do País. Estima-se que, só em 2011, a produção de discos e DVDs religiosos no Brasil rendeu R$ 1,5 bilhão. Como não poderia deixar de ser, no mesmo ano, os discos e os DVDs mais vendidos, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Discos (Abpd), foram dos astros da fé padre Marcelo Rossi e padre Fábio de Melo, respectivamente.

O domínio não é só católico. Estrelas do mundo gospel têm tido cada vez mais espaço para brilhar. Pudera, hoje o Brasil tem pelo menos 38 milhões de evangélicos, segundo dados do Centro de Pesquisas Sociais da Fundação Getulio Vargas (CPS/FGV). Nomes como Aline Barros, Ana Paula Valadão e Regis Danese são verdadeiras potências capazes de arrastar centenas de milhares de pessoas a shows, cruzar barreiras religiosas e vender milhões de discos e DVDs. “E tem uma outra coisa – para os evangélicos, pirataria é roubo e roubo é pecado”, afirma o evangélico Danese. Como consequência, as perdas para a pirataria de gravadoras especializadas nesse mercado não passam de 15% do faturamento, enquanto para as outras o percentual pode chegar a até 60%.

Mas como vivem essas pessoas, divididas entre a pureza da mensagem divina e a lógica violenta do mercado? Como administram fé, carreira artística, vida religiosa, família, viagens, fãs, sucesso e dinheiro? ISTOÉ ouviu cinco dos mais importantes representantes do gênero na atualidade, além de gente do seu círculo social, para a seguir mostrar as alegrias, tristezas, paixões e dúvidas dos astros da fé.

"Gosto de roça, de bicho. Em casa tenho pouquíssimos ruídos"
Padre Fábio de Melo

Um mês atrás, padre Fábio de Melo desabafou em seu Twitter que, cansado da cidade grande, qualquer dia venderia seu iPhone e compraria um casal de gansos. Aos 42 anos, o sacerdote que nasceu em Formiga, interior de Minas Gerais, e atravessou fronteiras graças aos cerca de 30 produtos que lançou no mercado – entre CDs, DVDs e livros –, mora sozinho em um sítio numa região rural de Taubaté, interior de São Paulo. É lá, ao lado dos dois cachorros, o mastiff inglês Nathan e o bulldog francês Lucca, que ele relaxa. “Gosto de roça, de bicho. Em casa tenho pouquíssimos ruídos urbanos por perto”, afirma o sexto maior vendedor de CDs do Brasil no ano passado. No momento, o sacerdote cantor que já vendeu dois milhões de CDs e 700 mil DVDs afirma: “Estou cada vez menos urbano.”

Apesar do discurso desapegado, padre Fábio ainda não se livrou de seu smartphone. Também não abre mão de dirigir o próprio carro na ida ao supermercado. Até já arriscou uma volta em um modelo stock car, como mostra a foto acima, em 2010, um desejo antigo. Mas cavalgar, cuidar pessoalmente dos cachorros e ajudar na limpeza da casa e do jardim são seus principais passatempos quando encontra uma folga na agenda tomada – entre celebrações e um programa de rádio – por 100 shows anuais e pelo menos um lançamento de CD ou DVD por ano. “Com essa rotina, ficar em casa é sempre um luxo”, diz o sacerdote. Vestindo batina, o caçula de oito filhos explodiu como um fenômeno da música gospel no início dos anos 2000. “A vocação espiritual do Fábio era a de um padre, mas a vocação natural era a de um artista. Sendo assim, que se tornasse um padre artista”, afirma o padre João Carlos Almeida, diretor da Faculdade Dehoniana e formador espiritual, musical e universitário do sacerdote mineiro.

Padre Fábio aprendeu direitinho com seu mentor. A timidez e a melancolia do início da carreira saíram de cena e o mineiro boa-pinta de olhar triste conquistou o público se valendo de uma linguagem comum ao ambiente acadêmico – própria de quem se formou em teologia e filosofia, fez pós-graduação e lecionou em faculdades. “Fábio não é padre que faz sermão em igreja. Em qualquer lugar que ele vá seu discurso é estudado”, afirma padre Almeida. “Ele é um poeta do evangelho”, diz o pré-candidato a prefeito de São Paulo Gabriel Chalita, que publicou dois livros em parceria com o amigo religioso. Um poeta que, além da articulação das palavras, zela pela aparência. Ela, afinal, também tem o dom de cativar fãs fiéis. “Vou regularmente ao dermatologista. Já tive câncer de pele e uma paralisia facial na juventude. E procuro controlar o peso”, afirma ele. “Eu me cuido, sim. Estar bem-vestido faz parte do meu trabalho. É uma hipocrisia achar que o padre precisa andar mal-arrumado e desleixado.”

"Trocaria meu corpo por três de 18 anos"
Padre Marcelo Rossi

Padre Marcelo Rossi, 45 anos, estava pronto. Na tarde do domingo 20, de batina branca, ele rumou para a cripta que fica embaixo do enorme palco do Santuário Theotókos Mãe de Deus, em construção há oito anos. Ali, seu corpo repousará em sono eterno quando sua missão na terra acabar. O momento era de oração. Todos estavam em corrente vibrando para que a gravação do DVD “Ágape”, que começaria alguns lances de escada acima e dali a pouco mais de uma hora, corresse bem. “Dava pra sentir a energia no ar”, diz um membro da equipe musical. E que energia! Uma multidão de 45 mil fiéis já se aglomerava diante do palco do santuário para acompanhar a gravação e se fazia ouvir, através do concreto da cripta, com poderosos gritos de Jesus.

Seria ingênuo pensar que padre Marcelo já se acostumou com eventos como esse. E, mesmo que tivesse se acostumado, este certamente teria sabor diferente. O DVD “Ágape” é um desdobramento do sucesso inédito e retumbante do religioso no mercado editorial com o livro de mesmo nome lançado em 2010, que já vendeu oito milhões de cópias. “Minha vida está uma loucura, uma correria, mas uma bênção”, diz ele. Até agosto, de segunda a quarta, sua agenda está tomada por sessões de autógrafo em 12 cidades brasileiras. Em meio a esse stresse, ele faz o que pode para manter a rotina. Acorda sempre entre as três e quatro da manhã, faz uma breve oração, não toma café e mergulha nos afazeres diários, que incluem uma entrada ao vivo em rádio, obrigações com a obra no santuário e cuidados com a saúde. “Procuro fazer esteira e fisioterapia quatro vezes por semana”, diz.

Em 2010, depois que sofreu um grave acidente na mesma esteira que usa hoje, padre Marcelo chegou a celebrar missas em cadeira de rodas. A queda lhe rendeu um pé quebrado, tendões rompidos e um insistente problema no joelho que ainda teimam em incomodá-lo. Para amenizar as dores, o religioso tem alternado quatro pares de tênis do tipo esportivo, desenhado para amortecer impactos. Membros da equipe de filmagem da Rede Vida, que transmite suas missas há anos, e voluntários mais antigos que trabalham organizando a multidão nas celebrações em São Paulo dão como certa a ingestão de remédios pelo padre, tanto para dor quanto para inflamação. Isso poderia explicar, em parte, a dificuldade que ele tem tido em se mexer com agilidade e o visível inchaço de seu rosto. “Só com muita fé para fazer o que ele faz com as dores que deve sentir”, disse uma pessoa próxima, que revelou ainda que o popstar católico não pisa num supermercado, restaurante ou cinema há anos. “Não tem jeito, junta uma multidão pra ver, tocar, tirar foto e pedir bênção.”

Sobre o fervor dos fiéis, Marcelo lembra de uma história divertida. “Uma vez, uma senhora me viu dirigindo e começou a me fechar até que eu tive que subir, literalmente, na calçada e parar o carro”, diz ele. “Ela desceu, se ajoelhou e pediu uma bênção”, conta. Desde então ele não dirige mais e conta com o fiel Chicão, motorista e faz-tudo, para ajudá-lo a se deslocar. Quando questionado sobre o que espera do futuro, dá sinais de que o cansaço físico já começou a pesar. “Nos próximos cinco anos me vejo com mais experiência”, diz. “Mas trocaria meu corpo por três de 18 anos.”

"Acompanho o dever de casa do Nicolas, o levo para a escola, alimento e dou banho na Maria Catherine"
Pastora Aline Barros

Nicolas sobe as escadas de casa chorando. No andar de cima, sua mãe, a pastora, cantora e escritora Aline Barros, interrompe a conversa telefônica para acalmar o primogênito de 8 anos, que está usando aparelho nos dentes. “Deixa a mamãe ver. Onde está doendo?”, diz. Aos 35 anos, a maior expoente feminina da música gospel brasileira tem hoje os filhos mais perto de si do que os microfones com os quais se tornou fenômeno da indústria fonográfica. Sete meses atrás, Aline deu à luz Maria Catherine e, desde então, a maternidade sobrepujou a sua rotina artística. Foi só em março, após seis meses dedicados exclusivamente à filha, que a cantora retomou os compromissos no show biz. “Minhas manhãs ainda são para os meus filhos. Acompanho o dever de casa do Nicolas, o levo para a escola, alimento e dou banho na Maria Catherine”, diz a pastora da Igreja Comunidade Evangélica Internacional da Zona Sul, no Rio de Janeiro, frequentada por ela toda quarta e domingo.

Desde 1995, quando lançou o primeiro de 27 álbuns, a evangélica já vendeu cerca de seis milhões de cópias e ganhou quatro Grammys latinos (o último no ano passado). Aline foi a primeira cantora gospel do País a conquistar um Grammy, em 2004. A gravação do álbum premiado, “Fruto de Amor”, foi cercada de muita tensão. Na época, um problema nas cordas vocais provocava rouquidão na pastora e só lhe permitia gravar depois de uma longa pausa de recuperação. “Procurei uma fonoaudióloga, que me disse que eu estava com apenas 5% da voz em perfeitas condições”, lembra.

Com a voz recuperada, a pastora iria cantar para cerca de dez mil pessoas no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, no sábado 26. Onipresente em programas de tevê fora do segmento cristão e amparada por números de uma estrela, com músicas gravadas em espanhol, a carioca que cresceu no subúrbio da Vila da Penha e hoje vive no confortável bairro da Barra da Tijuca não se veste com o manto comum às celebridades. “Se deixar, a Aline passa o dia de jeans e tênis”, revela a sua mãe, Sandra Barros. “Ela é despojadona.” De fato, a pastora cantora já esteve em três programas de tevê diferentes, em uma mesma semana, calçando o mesmo sapato.

A evangélica se policia para não fazer a vida girar em torno da carreira. Seu marido, o ex-jogador de futebol Gilmar dos Santos, com quem está há 12 anos, revela um pacto feito pelo casal. “Desde que nos casamos, acertamos que não permitiríamos que a nossa vida ficasse refém de uma agenda.” Hoje, quando tem de viajar de avião para alguns dos 110 shows que faz por ano, ela carrega a filha no colo e procura embarcar em voos próximos ao horário dos shows. Inspirada pela fase materna, Aline planeja montar uma loja de roupas infantis. “Eu visto a Maria Catherine três vezes por dia, só para ficar namorando suas roupinhas”, diz.

"Hoje, meu foco é minha filha"
Regis Danese

A rotina de shows já foi mais puxada para Regis Danese, nascido João Geraldo Danese Silveira em 2 de abril de 1972, na cidade de Passos, interior de Minas Gerais. Até 2010, quando vivia o auge do sucesso da música “Faz um Milagre em Mim”, que o consagrou no mercado gospel, o pacato mineiro se desdobrava para cumprir uma agenda de shows que chegava a ter 40 apresentações em um mês. A música, de 2008, é tida pela indústria fonográfica evangélica como a responsável por romper importantes barreiras. Foi das primeiras a ser tocada livremente em rádios FM laicas, a ser gravada por padres católicos e a ganhar dezenas de versões. Foram 50 mil discos vendidos no primeiro mês de lançamento e um milhão em menos de um ano. “Graças a ela, fazíamos três shows em uma noite só”, diz Danese, que vive em Belo Horizonte.

Hoje, o ritmo de shows diminuiu, mas ainda está longe de ser tranquilo. São cerca de oito apresentações por mês. E, onde quer que esteja, Danese, como bom evangélico, está sempre com sua “Bíblia” – a mesma, aliás, desde sua conversão, em 2000. Durante os voos para os locais de show, muitas vezes em pequenos aviões particulares, ela é lida com mais fervor. O artista admite que tem um medo saudável do aparelho. “Uma vez pegamos uma tempestade em um aviãozinho de duas hélices que chacoalhava tanto que nem a Bíblia eu consegui ler, então comecei a cantar”, lembra ele.

A voz, instrumento de trabalho e de fé, é cuidada com esmero. Só não recebe mais atenção que o cabelo, sempre espetado. São pelo menos 30 minutos de preparo, com sprays e produtos para garantir o efeito conhecido pelos fãs. “Às vezes, quando não tem cabeleireiro, eu ajudo, mas não fica lá essas coisas”, brinca Evander Domingues, o Vandinho, violonista da banda de Danese e amigo dos tempos em que ambos ainda eram membros do grupo de pagode Só Pra Contrariar.

É de Vandinho, da fé inabalável e da família que Regis tem tirado forças para encarar o mais recente desafio que a vida lhe jogou: a leucemia da filha mais nova, Brenda, 3 anos. Em viagem para a Disney, nos Estados Unidos, no mês de janeiro, a menina começou a passar mal, estava anêmica, muito branca e cheia de manchas roxas pelo corpo. Em visita a um hospital de Orlando, foi internada imediatamente e teve de receber uma transfusão de emergência. “Ela estava praticamente sem sangue”, diz Kelly Danese, mulher de Regis. Hoje, o tratamento quimioterápico pelo qual a menina passa em Belo Horizonte mudou a rotina da família.

O astro gospel já não joga mais seu futebolzinho semanal e pouco se diverte. “Todo o tempo livre que ele tem passa em casa olhando para a Brenda e orando”, diz Kelly. Um DVD, que seria gravado no mês que vem pelo astro, foi cancelado. Os shows, porém, continuam. Quando está fora, ele liga mais de cinco vezes por dia para saber notícias. “Hoje, meu foco é minha filha”, diz Danese.

"Nem o sucesso da missão justifica o fracasso da família"
Ana Paula Valadão

“Vai com Deus, porque quando você cantar o ladrão não vai mais ser ladrão.” A frase dita pelo precoce Isaque Valadão, 6 anos, é o que move Ana Paula Valadão, mãe do garoto e vocalista da banda Diante do Trono, um fenômeno da música gospel que existe há 15 anos e já vendeu mais de dez milhões de discos. Quando as obrigações da carreira musical atropelam a rotina dessa mineira de Belo Horizonte, é na frase de Isaque que ela pensa. “É a garantia que tenho de que estou no caminho que Deus quer pra mim”, diz Ana, 36 anos, integrante, ao lado da família, da Igreja Batista da Lagoinha. “Ela encara a carreira e os sacrifícios exigidos como missão divina”, diz a irmã, Mariana Valadão. E espera seriedade, compromisso e abdicação semelhantes de todos de sua equipe. Atualmente, por exemplo, os 16 membros do Diante do Trono estão no que ela chama de “jejum de delícias” em preparo para a gravação do 15o disco da banda, marcada para acontecer no dia 9 de junho. Durante os 40 dias que antecedem a apresentação, cada um deve cortar do cardápio três ou quatro alimentos que come por puro prazer. “O rigor é tanto que ela chega a proibir, nos hotéis, que a equipe assista à televisão ou use a piscina antes de fazer uma apresentação”, diz o irmão, André Valadão, outra estrela do mundo gospel.

Comunicar-se com familiares, porém, está liberado. Ela está sempre em contato com os dois filhos e o marido pelo iPhone. Usando um aplicativo que permite a troca gratuita de mensagens de texto e imagens, manda e recebe notícias constantes. Na última viagem, por exemplo, o companheiro mandou fotos de Isaque e do irmão, Benjamin, 3 anos, depois do banho, vestidos com o uniforme da escola e na hora de dormir, aconchegados no canto dela da cama de casal. Já ela fotografou o quarto do hotel e a roupa que escolheu para se apresentar. “Para eles verem como a mamãe está”, diz ela. Quando volta, ela lê e assina todos os recados mandados pelas professoras sobre seus meninos e faz questão de levá-los ao colégio sempre que está em Belo Horizonte. “Nem o sucesso da missão justifica o fracasso da família”, afirma.

Paciente com os fãs, Ana Paula encara a rotina de autógrafos, fotos e conversas como parte de sua missão. “Gosto da troca com eles”, afirma. A coisa só complica quando invadem seu espaço. Certa vez, enquanto estava hospedada em um hotel-fazenda de férias, um dos camareiros a acordou de um preguiçoso sono da tarde em seu quarto, enquanto os filhos e o marido estavam na piscina. Ele queria tirar uma foto. “Achei um pouco demais”, diz ela, rindo. No fim a foto foi tirada e o rapaz ainda reclamou da imagem. Faz parte.

(entrevistas adicionais podem ser lidas no site da ISTOÉ)



A culpa é do mordomo do papa

O recente escândalo das "cartas secretas" do Vaticano continua respingando na antesala do papa Bento XVI. O seu mordomo foi preso ontem, segundo noticia o Estadão:

Mordomo do papa é preso por vazar papéis

Paolo Gabriele, do círculo próximo de Bento XVI, é apontado como maior suspeito de ter passado correspondência pessoal do papa para a imprensa

Um homem identificado por fontes vaticanas como o mordomo do papa foi preso no Vaticano depois que a polícia encontrou em sua posse "documentos reservados" da Santa Sé.

A prisão foi confirmada ontem pelo vice-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Ciro Benedittini, pouco depois que o porta-voz, Federico Lombardi, informou que agentes de polícia localizaram "uma pessoa com posse ilegal de documentos reservados". Segundo ele, o suspeito foi colocado à disposição da magistratura vaticana "para maiores averiguações".

Ainda que oficialmente o Vaticano não tenha revelado o nome do homem detido, fontes da Santa Sé asseguraram que se trata de Paolo Gabriele, de 46 anos, considerado um dos membros da chamada "família do papa" - um reduzido número de pessoas composto por seus dois secretários, os padres Georg Ganswein e Alfred Xuereb, quatro leigas italianas consagradas e uma freira alemã - que cuidam do apartamento papal -, além do próprio Gabriele.

Gabriele é um romano que trabalha no apartamento papal desde 2006, depois de estar a serviço do prefeito da Casa Pontifícia, o arcebispo James Harvey.

Bento XVI, segundo fontes vaticanas, foi informado da prisão do seu mordomo e se mostrou "muito triste" com a notícia.

Segundo as mesmas fontes, os policiais encontraram "uma grande quantidade de documentos reservados" na casa em que Gabriele vive com sua esposa e três filhos na Via de Porta Angelica, anexa ao Vaticano.

O suspeito foi colocado à disposição do promotor de Justiça do Vaticano, Nicola Picardi, que já o interrogou ontem por várias horas. A prisão teria surpreendido autoridades eclesiásticas e há quem duvide que Gabriele de fato seja o autor dos vazamentos, servindo apenas como um bode expiatório.

Se for comprovada a culpa, Gabriele pode ser condenado a até 30 anos de prisão por violação da correspondência de um chefe de Estado, um crime equivalente a um atentado contra a segurança do Estado.

A detenção ocorreu depois de investigações realizadas nos últimos dias pela polícia para esclarecer o caso dos vazamentos de documentos da Santa Sé nos meios de comunicação.

As investigações se desenvolveram segundo as instruções recebidas pela Comissão Cardinalícia, criada no mês passado por Bento XVI para investigar os vazamentos e presidida pelo cardeal espanhol Julián Herranz, ex-presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos.

A detenção ocorreu um dia depois de o Banco do Vaticano (IOR) destituir seu presidente, Ettore Gotti Tedeschi, "por não ter cumprido com as obrigações do cargo" e por despertar "preocupações" pela sua gestão.



sexta-feira, 25 de maio de 2012

Ex-deputado evangélico do mensalão de Brasília é considerado foragido pela polícia do DF

Junior Brunelli, ex-deputado distrital pego no flagra no rumoroso caso de corrupção que ficou conhecido no "mensalão de Brasília", que derrubou o governador local, José Roberto Arruda, foi considerado hoje, 25/05/12, "foragido" pela polícia do Distrito Federal.

Brunelli ficou mais conhecido ainda por ter feito a escandalosa "oração da propina" na ocasião (vídeo abaixo).

A prisão foi decretada como resultado da atual "Operação Hofni", que investiga o desvio de R$ 1,7 milhão em recursos públicos que foram destinados a uma organização comandada pelo ex-deputado, juntamente com sua família, que também dirige a Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus (ITEJ - conhecida ainda como Casa ou Catedral da Bênção), denominação pentecostal muito influente em Brasília, fundada e liderada até hoje por seu pai, o "apóstolo" Doriel de Oliveira.

Tanto o ex-deputado, como o ex-governador, pertenciam ao partido Democratas, e "Hofni", para quem não se lembra, é o nome de um dos filhos do sacerdote Eli (juntamente com Fineias, seu irmão), que desviavam as ofertas e os sacrifícios destinados à casa de Deus (1ª Samuel 2:15-17), razão pela qual pagaram com a morte pelo seu pecado (1ª Samuel 4:11).

As acusações que pesam sobre Junior Brunelli são as de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos e formação de quadrilha, da qual a polícia alega que ele seria o chefe. Três outras pessoas já foram presas.

O "apóstolo" Doriel de Oliveira é também o fundador da Associação Monte das Oliveiras, que seria a organização usada pelo seu filho ex-deputado para desviar dinheiro dos cofres do  governo distrital de Brasília.

Os advogados de Junior Brunelli disseram que ele se apresentaria à polícia ainda hoje. Mais detalhes (com imagens inclusive da vergonhosa "oração da propina") podem ser vistos na matéria do jornal DFTV da Rede Globo.






O busão do Neymar


A coluna Direto da Fonte, de Sonia Racy, publicada no Estadão de hoje, conta que:
Se Neymar vem criando uma bela imagem, seu pai... é diferente. Corre pelos corredores da VW que, depois de acertar o cachê do jogador na campanha da montadora, Neymar pai pediu um extra: 15 carros blindados para a família mais um ônibus (também blindado) para transportá-la até a igreja.
A notícia não é exatamente nova, já que alguns sites, como o EGO, já revelavam em abril a operação do ônibus blindado para a levar a mãe e suas amigas aos cultos da Igreja Batista Peniel de São Vicente (SP).

Tudo bem que a mãe de Neymar precisa de segurança contra as tentativas de sequestro e coisas parecidas, enquanto seu filho que se diz evangélico dá festinhas de arromba, mas não deixa de ser curioso o episódio.

Também não consta nas notícias já divulgadas se alguém lê o salmo 91 dentro do ônibus no caminho para a igreja, nem se descobriram alguma maneira de blindar o bom testemunho cristão.

Se bem que nesse mundinho gospel de jatinhos "apostólicos", até que um busão blindado para ir à igreja não soa tão estranho assim...



Roda Viva com Marcelo Adnet


Não, não se trata do programa "Roda Viva" da TV Cultura com o melhor humorista brasileiro da geração mais jovem, mas uma interpretação genial de Marcelo Adnet da música "Roda Viva" imortalizada por Chico Buarque de Holanda no III Festival da Música Brasileira da TV Record em 1967.

Adnet - no papel de "Chique com Arte" cantando "Indiretas Já" acompanhado do quarteto MTV4 - dispara uma saraivada de críticas à televisão e à política brasileiras, algumas explícitas, outras nem tanto assim, entre as quais estão aquelas dirigidas aos pastores evangélicos da madrugada pedindo dízimo.

As legendas do vídeo não estão bem decupadas, por isso não estranhe, mas o vídeo da Comédia MTV entra com toda pompa e honra para a galeria dos melhores momentos da televisão brasileira (e olha que são raríssimos nas últimas décadas).



Abaixo, o vídeo original de Chico Buarque acompanhado do quarteto MPB4, num momento antológico daquele tempo em que havia vida inteligente na música e na televisão do Brasil:





quinta-feira, 24 de maio de 2012

O homem que furtava livros

OK, o cara não devia nem estar preocupado com a qualidade literária do que oferecia, mas não deixa de ser curiosa essa notícia do STJ, além de lembrar um, digamos, "período romântico" da bandidagem, em que a "mão leve" prevalecia sobre o revólver.

A gente só espera que o STJ não seja nem um pouco complacente com quem rouba dinheiro público...

Homem que furtou livros é absolvido pela aplicação do princípio da insignificância

A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus a um homem que furtou e revendeu três livros avaliados em R$ 119, em São Paulo. Para o ministro relator do caso, Og Fernandes, a ação teve ofensividade mínima e cabe a aplicação do princípio da insignificância.

O réu, que estava sob liberdade condicional por outras condenações de furto, confessou que pegou três obras de uma livraria localizada numa estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Os livros foram revendidos na praça da Sé por R$ 8 cada. Entre os títulos dos livros constava uma edição da série Harry Potter.

Em primeira instância, o homem foi absolvido, mas o Ministério Público se mostrou inconformado e apelou. O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) reformou a decisão para que a ação penal pudesse continuar.

Insatisfeita, a defesa recorreu ao STJ. Pedia, por meio de habeas corpus, que a denúncia oferecida pelo MP fosse rejeitada ou o homem absolvido. Alegava atipicidade no caso e constrangimento ilegal, por não ter sido aplicado o princípio da insignificância.

Sem ofensividade

“Não há como deixar de reconhecer a mínima ofensividade do comportamento do paciente”, afirmou o ministro Og Fernandes, reconhecendo a atipicidade da conduta. Para ele, pela aplicação do princípio da insignificância justifica-se a concessão do habeas corpus.

Para enfatizar a decisão, o relator mencionou precedente de 2004 do Supremo Tribunal Federal (STF). Na decisão, foi reconhecida a aplicação do princípio da insignificância quando quem comete a ação não oferece ofensividade ou perigo social. Ou, ainda, quando o comportamento indica “o reduzidíssimo grau de reprovabilidade” e apresenta “inexpressividade da lesão jurídica provocada” (HC 84.412/STF).

De forma unânime, a Sexta Turma do STJ concedeu habeas corpus ao homem, restabelecendo assim a decisão de primeiro grau que o absolveu.



quarta-feira, 23 de maio de 2012

Cassino de Apóstoles



Calma, gente! Apóstoles (com "e" no final mesmo) é só uma pequena cidade da província de Misiones, na Argentina, com pouco mais de 22.000 habitantes, a cerca de 360km de Foz do Iguaçu.

Agora, o curioso é que a cidade tem um cassino, o "Casino de Apóstoles". Tipo assim... nada a ver com o que certos indivíduos fazem no Brasil ao se autonomearem "apóstolos", mas tão pernicioso quanto.

Esqueça, portanto, a jogatina da fé. Se bem que o perigo é eu ter dado a dica para que alguns deles se animem a ir lá só para se sentirem em casa...



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Como seria o mundo se você fosse autista

O autismo é esse estranho mistério da natureza humana que afeta tanto a vida de pessoas e famílias ao redor do mundo, indiscriminadamente.

Talvez o maior problema para se entender o autismo seja exatamente a dificuldade de comunicação daqueles que enfrentam o problema.

Parece, entretanto, que Carly Fleischmann, uma garota de 17 anos que é autista não-verbal, com a ajuda do pai, encontrou uma maneira de mostrar ao mundo o que ela vê e sente, e o resultado é emocionante, conforme você pode ver no vídeo abaixo.

Carly tem um site, o Carly's Café, onde você pode se informar um pouco mais e ter uma "experiência autista" que vai te ajudar a compreendê-los um pouco melhor. Apenas tenha paciência para esperar o download que demora um pouco, e use fones de ouvido de preferência para realçar a sensação sonora.



Dica do Update or Die


domingo, 20 de maio de 2012

Acusado de estupro quer fazer exame de próstata para provar que é inocente



O vídeo em si é um desrespeito à inteligência e à cidadania de cabo a rabo, seja pela repórter debochada que ridiculariza o acusado de estupro, seja pelo próprio que entrou nessa furada e se sujeitou ao "estupro midiático".

Vale, entretanto, para lembrar que se você for homem adulto, não se esqueça de fazer regularmente o seu exame de próstata. Deixe o preconceito de lado e seja feliz e - principalmente - saudável:





sábado, 19 de maio de 2012

As cartas secretas de Bento XVI

Se tem uma coisa que o papa não precisa ultimamente são escândalos, mas o Vaticano continua pródigo em lhe fornecer o indesejável, conforme noticia a Folha.com:

Livro publica supostas cartas secretas de Bento 16

A publicação de uma série de cartas confidenciais do papa Bento 16 sobre temas como as intrigas do Vaticano e os escândalos sexuais do padre mexicano Macial Maciel, provocou desconforto na Itália diante de um vazamento de informações sem precedentes.

Um resumo do livro, que estará à venda no sábado em toda a Itália com o título "Sua Santidade, cartas secretas do Papa", escrito por Gianluigi Nuzzi, autor do best-seller "Vaticano SA", sobre as finanças da Santa Sé, foi publicado nesta sexta-feira pelo jornal "Il Corriere della Sera".

Baseado em cartas confidenciais destinadas ao papa Bento 16 e ao seu secretário pessoal, Gerog Gaenswein, o livro descreve manobras e confabulações dentro do Vaticano e inclui relatórios internos enviados para o Papa sobre políticos italianos como Silvio Berlusconi e o presidente da República Giorgio Napolitano.

Também relata os confrontos com a chanceler alemã Angela Merkel sobre aqueles que negam o Holocausto, e as confissões do secretário do fundador da Congregação Mexicana Legionários de Cristo, Marcial Maciel, acusado de abusar de crianças e de ter uma vida dupla com duas esposas e filhos.

FONTES

Nuzzi teve acesso, possivelmente através de funcionários da Secretaria de Estado, a centenas de documentos, incluindo alguns que levam o selo "Reservado", que foram elaborados pelo mesmo secretariado.

Este é o maior vazamento de documentos na história recente do Vaticano, que até agora não se pronunciou oficialmente sobre o assunto.

Entre as informações vazadas, figuram diretrizes específicas para tratar de questões com o Estado italiano por ocasião da visita presidencial em 2009.

"Devemos evitar qualquer equivalência entre a família fundada sobre o matrimônio e outros tipos de uniões", diz o texto.

DISPUTAS

De acordo com trechos publicados pelo "Il Corriere della Sera" no suplemento especial "Sette", o secretário do papa recebeu por fax todos os detalhes do chamado "escândalo Boffo", a operação para desacreditar o editor do jornal "Avvenire", jornal da "Conferência Episcopal italiana", mediante acusações falsas de assédio homossexual e homossexualidade contra o jornalista Dino Boffo.

Tais cartas resumem o clima recente de guerra ocultada pelo poder dentro do governo central do Vaticano, a influente Cúria Romana, que minou a credibilidade da Igreja.

O nome do atual secretário de Estado, o cardeal Tarcisio Bertone, mão direita do Papa e número dois da Santa Sé, está presente em muitos dos documentos e é afetado de forma negativa, sendo possível que o livro seja uma operação midiática para atacá-lo.

O jornal italiano "Libero" também publicou comentários sobre o livro. Nuzzi chegou a comentar sobre o difícil ano vivido com os "corvos" do Vaticano, que lhe passaram os documentos entre "silêncios, longas esperas e precauções maníacas".

O jornalista confessou que não manteve mais contato com este "grupo informal" de informantes desde que o Papa nomeou uma comissão de inquérito, em março passado, para investigar os vazamentos, conhecidos como "Vatileaks".



sexta-feira, 18 de maio de 2012

Deus, igreja e ideologia

Artigo interessante de César Felício, correspondente do jornal Valor Econômico em Buenos Aires, Argentina, na edição de ontem, 17/05/12:

Tão longe de Deus, tão perto dos EUA

Por César Felício

Político que usou a internet como nenhum outro em sua eleição, o presidente dos Estados Unidos Barack Obama calculou o passo quando se tornou o primeiro governante americano a ser rotulado de "gay" e retratado com um arco-íris na cabeça pela revista "Newsweek" na semana passada. A falta de opções a oferecer na área econômica impulsiona Obama a investir em outros temas para pautar a campanha eleitoral e a defesa do casamento de pessoas do mesmo sexo é uma alternativa interessante por motivos que não se circunscrevem a um país ou à atual conjuntura.

"Obama faz uma aposta na polarização da sociedade colocando ênfase em questões de crenças e valores individuais. Para ter o voto conservador, George W. Bush fez o mesmo em sua primeira eleição, na direção oposta a do democrata. Ele tenta se consolidar no eleitorado mais aberto à tolerância, uma vez que não tem como crescer no outro público", opinou o cientista político Germán Lodola, da Universidade Torcuato di Tella, de Buenos Aires, que publicou este mês o artigo "Support for Same Sex Marriage in Latin America", pela Universidade de Vanderbilt.

Lodola é um dos acadêmicos integrado na pesquisa "Americas Barometer", que a cada dois anos realiza sondagens de opinião pública em 26 países, financiada pela agência do governo americano USAID. No universo pesquisado ocorre o fenômeno já analisado de crise da democracia representativa, em que bandeiras de interesse social, como o das reformas de interesse econômico geral, perdem espaço no debate público para temas que dizem respeito a valores e crenças individuais, como o do casamento homossexual, o aborto, a permissão da eutanásia ou orto-eutanásia e outros. Um processo alimentado por um enfraquecimento institucional que entra nas casas em que Deus, pátria e família são conceitos sob erosão. É uma constatação presente em estudos e pronunciamentos da própria cúpula da Igreja Católica e de outros e quase parte do senso comum.

Ao se debruçar sobre o resultado das pesquisas feitas em 2010, Lodola se deparou com um conjunto consistente: o apoio ao casamento entre homossexuais cresce em relação a duas variáveis básicas: a influência da Igreja Católica e o nível de bem estar social das populações. Quanto menor a influência católica ou maiores os índices de urbanização, renda e de educação da população, maior a tolerância a este tipo de união.

A maior aceitação ao casamento homossexual ocorreu no Canadá, com 63% de aceitação, país em que a modalidade é legalizada desde 2005. O segundo maior índice é o da Argentina, com 57% de adesão à tese. A Argentina acabou de se tornar o primeiro país latino-americano a não apenas legalizar o casamento homossexual como a estender a esta minoria todos os direitos civis, inclusive o de mudança de sexo em documentos públicos e os e adoção de crianças. Em se tratando de um país abençoado pela Virgem de Luján, com alto índice de população nominalmente católica, o caso argentino é aparentemente paradoxal.

"Na Argentina a Igreja Católica é uma instituição poderosa, mas que perdeu audiência política com o kirchnerismo", diz Lodola. A ofensiva de Nestor Kirchner em buscar o apoio de vítimas do regime militar expôs os vínculos da hierarquia católica com a última ditadura e desgastou a instituição. A presidente Cristina Kirchner tem sido hábil nos últimos anos em propor no Congresso temas que quebram as linhas partidárias. Faz com que o oficialismo vote unido em torno de temas como esse e divide as forças oposicionistas.

A terceira maior adesão é a do Uruguai, que autorizou uniões civis em 2008. A quarta, com 47,4% de apoio à tese, é a dos Estados Unidos. E a quinta, com 39,8% de endosso popular, é a do Brasil. Na outra ponta, a de rejeição ao casamento homossexual, estão Nicarágua e Trinidad e Tobago, com 15% de apoio; El Salvador, com 10,3%, Guiana, com 7,2% e Jamaica, país em que a homossexualidade masculina é tipificada como crime, com 3,5%. A média das três américas é de 26%.

Para Lodola, o passo da Argentina demorará a ser seguido pelo Brasil, se é que o será um dia, ainda que o tema ganhe mais adesão popular. "O PT tentou fazer o mesmo que Cristina aqui e impor uma agenda de direitos que vá além do tema social. Mas o modelo legislativo que existe no Brasil bloqueia este tipo de pauta", diz o argentino. A eleição de deputados em lista aberta proporcional, como existe no Brasil, faz com que os próprios partidos, em sua maioria, busquem um perfil heterogêneo para suas bancadas.

"Ainda que pesquisadores brasileiros como Fernando Limongi e outros tenham identificado linhas claras de comportamento partidário coerente no Congresso, isto não retira a força de grupos transversais na Câmara dos Deputados, como a bancada evangélica e a dos ruralistas, que não raramente atuam em parceria. Isto torna muito difícil pensar na aprovação de temas como esse. Não haveria impulso partidário suficiente", disse. Tem sido no Judiciário brasileiro, e não no Legislativo, que a pauta de direitos individuais se impõe, da decisão sobre o aborto de fetos anencefálicos à própria validação da união civil homossexual, que data de 2004.

Enfraquecida em seu poder de influência em relação a este tema específica, a Igreja Católica está longe de ser uma instituição irrelevante em qualquer país de formação ibérica no continente, como as defensoras do aborto na Argentina podem atestar. Recentemente, a Suprema Corte do país autorizou a realização de abortos em vítimas de estupro sem necessidade de ordem judicial. O governador de Salta, no extremo oeste argentino, anunciou que a ordem não seria cumprida em sua província. A rebeldia durou apenas três dias, mas serviu para o governante creditar pontos junto ao clero local. No Congresso do país, o tema saiu de pauta sem ser votado, na legislatura passada.



quinta-feira, 17 de maio de 2012

A última dança de Donna Summer

1948 - 2012


É, não tem jeito, nós que éramos adolescentes na década de 1970 estamos envelhecendo, e nossos ídolos de juventude estão indo embora para sempre.

Hoje - lamentavelmente - foi a vez de Donna Summer, que embalou aquela fase irresponsável chamada de "era disco" que marcou tanto a nossa história e da qual ela foi uma das divas (e das mais belas).

Não há muitos detalhes ainda, mas a imprensa noticia que Donna Summer faleceu esta madrugada, na Florida, vítima de câncer aos 63 anos de idade. Que descanse em paz. Em sua homenagem, nada mais apropriado do que ouvir "Last Dance" de novo...



Felizmente, Donna Summer deixou também o testemunho de sua conversão a Cristo, conforme se pode ver no raro vídeo abaixo, onde ela canta a música gospel "Forgive Me" ("Perdoe-me")





Ex-delegado hoje evangélico diz que engenhos de açúcar incineraram corpos de adversários da ditadura

O ex-delegado Claudio Guerra tem provocado muita polêmica com suas revelações sobre torturas e execuções sumárias no período da ditadura militar brasileira (1964-1985), das quais ele alega - pelo menos - ter tido conhecimento. Hoje ele é presbítero da Assembléia de Deus Ministério Serra em Vitória (ES), e não "pastor adventista", como escreve Frei Betto no artigo abaixo, publicado na Adital.

Entretanto, esse artigo merece destaque pelas declarações bombásticas de Guerra sobre a suposta incineração de corpos de vítimas da ditadura em uma usina de açúcar do Norte fluminense. Ainda outro dia, falando sobre o novo Código Florestal e a política de quotas raciais, publicamos aqui nossa opinião dizendo que o Brasil ainda é o país dos senhores de engenho, mas nem imaginávamos que essa loucura revelada pelo ex-delegado fosse possível.

Ainda ontem, a presidenta Dilma Roussef instalou a Comissão da Verdade que se encarregará de buscar, tanto quanto possível, extrair do esquecimento as histórias de tantos crimes e corpos desaparecidos durante a ditadura. Uma frase do seu discurso merece ser transcrita:
A palavra verdade, na tradição grega ocidental, é exatamente o contrário da palavra esquecimento. É algo tão surpreendentemente forte que não abriga nem o ressentimento, nem o ódio, nem tampouco o perdão. Ela é só e, sobretudo, o contrário do esquecimento. É memória e é história. É a capacidade humana de contar o que aconteceu.
Que o Brasil tenha coragem de passar essa história a limpo e - em benefício das novas gerações que não têm nada a ver com esse passado sombrio - siga adiante reconciliado consigo mesmo. Abaixo, o artigo de Frei Betto:

A face nazista da ditadura brasileira

A notícia é estarrecedora: militantes políticos envolvidos no combate à ditadura militar tiveram seus corpos incinerados no forno de uma usina de cana de açúcar em Campos dos Goytacazes, no norte do estado do Rio de Janeiro, entre 1970 e 1980.

O regime militar, que governou o Brasil entre 1964 e 1985, merece, agora, ser comparado ao nazismo.

A revelação é do ex-delegado do DOPS (polícia política) do Espírito Santo, Cláudio Guerra, hoje com 71 anos.

Segundo seu depoimento aos jornalistas Marcelo Netto e Rogério Medeiros, no livro "Memórias de uma guerra suja” (Topbooks), no forno da usina Cambahyba - de propriedade de Heli Ribeiro Gomes, ex-vice-governador do Rio de Janeiro entre 1967 e 1971, já falecido -, foram incinerados Davi Capistrano, o casal Ana Rosa Kucinski Silva e Wilson Silva, João Batista Rita, Joaquim Pires Cerveira, João Massena Melo, José Roman, Luiz Ignácio Maranhão Filho, Eduardo Collier Filho e Fernando Augusto Santa Cruz Oliveira.

Os militantes teriam sido retirados de órgãos de repressão de São Paulo – DEOPS e DOI-CODI – e do centro clandestino de tortura e assassinato conhecido como Casa da Morte, em Petrópolis.

Cláudio Guerra acrescenta às suas denúncias que o coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra, um dos mais notórios torturadores de São Paulo, teria participado, em 1981, do atentado no Riocentro, na capital carioca, na véspera do feriado de 1º. de Maio.

Se a bomba levada pelos oficiais do Exército não tivesse estourado no colo do sargento Guilherme Pereira do Rosário, ceifando-lhe a vida, centenas de pessoas que assistiam a um show de música popular teriam sido mortas ou feridas.

O objetivo da repressão era culpar os "terroristas” pelo hediondo crime e, assim, justificar a ação perversa da ditadura.

Guerra aponta ainda os agentes que teriam participado, em 1979, da Chacina da Lapa, na capital paulista, quando três dirigentes do PCdoB foram executados. Acrescenta que a "comunidade de informação”, como eram conhecidos os serviços secretos da ditadura, espalhou panfletos da candidatura Lula à Presidência da República no local em que ficou retido o empresário Abílio Diniz, vítima de um sequestro em 1989, em São Paulo, de modo a tentar envolver o PT.

Uma das revelações mais bombásticas de Cláudio Guerra é sobre o delegado Sérgio Paranhos Fleury, o mais impiedoso torturador e assassino da regime militar, morto em 1979 por afogamento. Tido até agora como um acidente, segundo o ex-delegado, teria sido "queima de arquivo”, crime praticado pelo CENIMAR, o serviço secreto da Marinha.

Guerra assume ter assassinado o militante Nestor Veras, em 1975, alegando que apenas deu "o tiro de misericórdia” porque ele havia sido "muito torturado e estava moribundo”.

Das notícias da repressão há sempre que desconfiar. Guerra fala a verdade ou mente? Tudo indica que o ex-delegado, agora travestido de pastor adventista, não se limitou, na prática de crimes, à repressão política. Em 1982, a Justiça o condenou a 42 anos de prisão pela morte de um bicheiro, dos quais cumpriu 10 anos. Em seguida mereceu 18 anos de condenação por assassinar sua mulher, Rosa Maria Cleto, com 19 tiros, e a cunhada, no lixão de Cariacica, em 1980.

Ele alega inocência nos três casos, embora admita que matou o tenente Odilon Carlos de Souza, a quem acusa de ter liquidado sua mulher Rosa.

Espera-se que a presidente Dilma anuncie, o quanto antes, os nomes dos sete integrantes da Comissão da Verdade, que deverá apurar crimes e criminosos da ditadura. E investigar as denúncias do policial capixaba. Infelizmente a comissão ainda não será da Verdade e da Justiça.

O Brasil é o único país da América Latina que se recusa a punir aqueles que cometeram crimes em nome do Estado, entre 1964 e 1985. O pretexto é a esdrúxula Lei da Anistia, consagrada pelo STF, que pretende tornar inimputáveis algozes do regime militar.

Ora, como anistiar quem nunca foi julgado e punido? Nós, as vítimas, sofremos prisões, torturas, exílios, banimentos, assassinatos e desaparecimentos. E os que provocaram tudo isso merecem o prêmio de uma lei injusta e permanecer imunes e impunes como se nada houvessem feito?

O nazismo foi derrotado há quase 70 anos, e ainda hoje novas revelações vêm à tona. Enganam-se os que julgam que a Lei da Anistia, o silêncio das Forças Armadas e a leniência dos três poderes da República haverão de transformar a anistia em amnésia. Como afirmou Walter Benjamin, a memória das vítimas jamais se apaga.



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