sexta-feira, 4 de maio de 2012

Gentileza é genética?

Artigo interessante da ScienceDaily traduzido por Natasha Romanzoti para o HypeScience:

Gentileza está nos genes?

Você já deve ter conhecido alguém que teve uma péssima educação, ou pais grossos ou abusivos, e mesmo assim é um amor de pessoa.

A resposta está aqui: uma nova pesquisa descobriu que pelo menos parte da razão pela qual algumas pessoas são gentis e generosas é que os seus genes as incentivam nessa direção.

O estudo foi feito por psicólogos da Universidade de Buffalo e da Universidade da Califórnia, nos EUA. Os pesquisadores observaram o comportamento dos participantes do estudo que têm versões de genes receptores de dois hormônios que outras pesquisas associaram com a gentileza.

“Estudos laboratoriais anteriores já tinham ligado os hormônios ocitocina e vasopressina ao modo como tratamos uns aos outros”, disse Michel Poulin, psicólogo da Universidade de Buffalo.

Esses hormônios podem nos tornar pessoas melhores, pelo menos em relacionamentos íntimos. A ocitocina, “hormônio do amor”, promove o comportamento materno, por exemplo, e no laboratório, indivíduos expostos a ela demonstraram maior sociabilidade.

Poulin diz que este estudo foi uma tentativa de aplicar as descobertas anteriores de comportamentos sociais em uma escala maior, para saber se essas substâncias provocam em nós outras formas de comportamento pró-social: vontade de doar para a caridade, por exemplo, ou participar de esforços cívicos como o pagamento de impostos, relatar crimes, doar sangue, etc.

Ele explica que os hormônios agem ligando-se a nossas células através de receptores que vêm em formas diferentes. Existem vários genes que controlam a função dos receptores de vasopressina e ocitocina.

Os indivíduos do estudo foram entrevistados quanto às suas atitudes em relação ao dever cívico, outras pessoas e o mundo em geral, e sobre suas atividades beneficentes.

Por exemplo, eles responderam se as pessoas têm o dever de denunciar um crime ou pagar impostos, como eles se sentem sobre o mundo, se as pessoas são basicamente boas ou se o mundo é feito mais de coisas boas que ruins, e falaram suas próprias atividades de caridade, como doar sangue, trabalhar para a caridade ou ir a reuniões de pais na escola.

Dos entrevistados, 711 indivíduos forneceram uma amostra de saliva para análise de DNA, que mostrou que forma eles tinham de receptores de ocitocina e vasopressina.

“O estudo constatou que esses genes, combinados com a percepção das pessoas do mundo como um lugar mais ou menos ameaçador, previam a generosidade”, diz Poulin. “Especificamente, os participantes do estudo que consideravam o mundo ameaçador eram menos propensos a ajudar os outros, a menos que tivessem versões dos genes geralmente associadas com gentileza”, conta.

Essas “versões” dos genes permitem que as pessoas superem os sentimentos ameaçadores do mundo e ajudem outras pessoas, apesar de seus temores.

“Não estamos dizendo que encontramos o gene da gentileza”, acrescenta Poulin. “Mas encontramos um gene que produz uma contribuição. O que eu acho interessante é o fato de que ele só fazer efeito na presença de certos sentimentos que as pessoas têm sobre o mundo em torno delas”, finaliza.



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