segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Eleição em São Paulo vira circo religioso

Não importa qual candidato você prefira, a vergonha é a mesma. Lamentavelmente, no que diz respeito a preferências partidárias e religiosas, não há palavra que defina melhor o estado atual das eleições para a Prefeitura paulistana do que "palhaçada".

Candidatos disputam a tapa o apoio das mais variadas vertentes religiosas, sem o mínimo constrangimento de ambos os lados quanto ao aspecto pragmático da, digamos, "negociação". Vale tudo!

Alguns dias atrás, a Arquidiocese de São Paulo divulgou nota assinada pelo seu cardeal, D. Odilio Scherer, atacando Marcos Pereira, bispo da igreja universal e presidente do PRB, partido do candidato Celso Russomanno, num claro sinal de que a briga religiosa só vai esquentar.

Além da óbvia inimizade histórica entre católicos e Edir Macedo, desde o episódio do "chute na santa" em 12 de outubro de 1995, o estopim da vez seria a acusação de Marcos Pereira de que os católicos estariam envolvidos no "kit gay" que o candidato do PT, Fernando Haddad, teria confeccionado quando era ministro da Educação.

Na ânsia de sair bem na foto com os católicos, Haddad, por sua vez, teve cancelado seu encontro com o padre Marcelo Rossi alguns dias atrás, porque este teria - convenientemente - quebrado o dente no dia do ágape. Aliás, a ser verídica a desculpa, ou o padre é um desastrado contumaz ou faz tempo que ele precisa se benzer, desde os episódios das mordidas dos cães e da queda na esteira ergométrica.

Por sua vez, José Serra, candidato do PSDB (e do padre Marcelo Rossi), segue seu périplo pelas igrejas evangélicas, aproveitando o apoio do atual prefeito Gilberto Kassab para dar uma ajudinha aos "irmãos", como na recente regularização pela Câmara Municipal do terreno da igreja mundial do poder de Deus, de Valdemiro Santiago.

Por sinal, como mostra a charge do Bessinha abaixo, não deve ser fácil a vida de candidato a prefeito de São Paulo, seja ele (ou ela) qual for. Não é mole ter que se sujeitar a encontro "desinteressado" e "espontâneo" com "apóstolos" suados de camisas de mangas curtas e gravatas que não conseguem ultrapassar o umbigo de suas rubicundas barrigas.



José Serra está na foto acima apenas pelo que retrata a imagem. O constrangimento dele ao participar de mais esse picadeiro é de dar dó. Podia ser qualquer outro candidato, em qualquer outra igreja, e a mensagem (ou a legenda) da foto seria a mesma.

Aliás, a profusão de "apóstolos" ultimamente é impressionante. Já tem gente se autointitulando "apóstolo" até com 2 seguidores no twitter (meninos, eu vi!). Daqui a pouco teremos mais "apóstolos" do que cristãos.

Apesar do Datafolha dizer que o voto de cabresto evangélico é mito, de qualquer ângulo (ou partido) que se analise a eleição paulistana, entretanto, tudo parece ser uma grande palhaçada. A troca desavergonhada de votos, favores e conchavos é que dá a tônica. Que se danem as convicções e as pregações, é isso o que todos eles pensam.

O evangelho de Jesus Cristo? Aquele da cruz e do sangue vertido no Calvário? Procure em outro lugar, principalmente nas cartas pois não é nas igrejas de São Paulo que você vai encontrá-lo...



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