quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Filósofo ganha bolsa de US$ 5 milhões para estudar a imortalidade

O filósofo John Martin Fischer - da University of California, Riverside - é um homem de sorte (ou com falta dela, dependendo do ponto de vista), já que ganhou uma bolsa de estudos de 5 milhões de dólares para investigar a questão da imortalidade do ponto de vista metafísico.

A Fundação John Templeton, uma organização filantrópica localizada nas cercanias de Philadelphia (EUA), tem um programa chamado The Immortality Project, em que procura investigar do ponto de vista científico uma ampla variedade de temas ligados à imortalidade, como as experiências de quase-morte, viagens astrais, lembranças de vidas passadas e o impacto - no ser humano - da crença na vida após à morte e suas variações nas diferentes culturas ao redor do mundo.

Dentre os muitos campos de pesquisa financiados pela John Templeton Foundation estão, por exemplo, questões envolvidas com a complexidade, evolução, infinitude, criatividade, o amor e o livre arbítrio. Ou seja, de tudo um pouco, e sempre com o fim de promover o diálogo entre diferentes correntes do pensamento.

John Martin Fischer, principal investigador do novo projeto, diz que "as pessoas têm pensado sobre imortalidade ao longo da história. Nós temos uma profunda necessidade humana de imaginar o que acontece conosco depois da morte".

O filósofo prossegue afirmando que "muito da discussão tem sido feita na literatura, especialmente na área de fantasia e ficção científica, e na teologia no contexto da vida após a morte, céu, inferno, purgatório e karma. Ninguém até agora trouxe um olhar abrangente e sustentável que reúna a ciência, a teologia e a filosofia" (se é que isto é possível, cá entre nós).

Engana-se quem pensa, entretanto, que Fischer nadará em dinheiro sozinho. Metade dos 5 milhões de dólares serão destinados a vários grupos e projetos de pesquisas. Outro tanto financiará duas conferências, ainda a serem realizadas, e também a tradução de obras (sobre o tema) de filósofos ingleses e americanos para o alemão, esperando contar com a ajuda de sua contraparte germânica, conhecida pela histórica genialidade filosófica.

Fischer defende o caráter estritamente científico do projeto ao dizer, por exemplo, que casos de abduções por alienígenas não serão levados em consideração, mas diálogos interdisciplinares com filósofos e teólogos das mais variadas tendências serão bem-vindos, já que essas áreas do conhecimento humano trabalham há milênios com essas questões transcendentais que só muito recentemente vêm recebendo atenção dos cientistas de outras searas que muitos imaginavam como conflitantes.

Especificamente quanto aos fenômenos de quase-morte, será investigado até que ponto eles são influenciados pelas variáveis culturais de cada região. Por exemplo, por que os norteamericanos tendem a ver túneis de luz nesses momentos enquanto os japoneses veem jardins floridos?

Seriam, portanto, essas experiências vislumbres plausíveis da vida após a morte, ou seriam, de alguma maneira, uma espécie de ilusões biologicamente induzidas?

Do ponto de vista da imortalidade, outras questões abundam. É ela potencialmente significativa ou não? Seria a vida pós-morte repetitiva ou entediante? A morte dá algum sentido à vida? Teríamos virtudes como a coragem se fôssemos imortais?

Sobre o livre-arbítrio, Fischer acrescenta que "nós pensamos que o livre-arbítrio é muito importante para nós tanto do ponto de vista teológico como filosófico. E se supõe que o paraíso na tradição judaico-cristã seja o melhor lugar. Mesmo assim, é provável que nós não tenhamos livre-arbítrio no céu. Como conseguimos combinar essas ideias discrepantes?"

Os resultados dessa ampla variedade de temas palpitantes serão reunidos em um livro que será publicado pela Oxford University Press no final do projeto, com o título "Immortality and the Meaning of Death" ("Imortalidade e o Significado da Morte").

As informações aqui repassadas vieram da própria University of California, Riverside.



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