segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

A vida é um contínuo chegar de esperanças

Já que o clichê manda dizer que o Ano Novo é um contínuo renovar de esperança, nada melhor do que fechar 2012 com o brilhante artigo abaixo, de Mariana Filgueiras (que faz recordar os melhores tempos do autêntico jornalismo), publicado n'O Globo de 25/11/12:

‘P.S. Eu te amo’

Dedicatórias e cartas encontradas em livros revelam histórias emocionantes que mexem com corações e mentes de donos de sebos do Rio

MARIANA FILGUEIRAS

RIO - Era uma noite de terça-feira insuspeita em Copacabana. No fim daquele dia, 23 de outubro, um grupo de frequentadores do sebo Baratos da Ribeiro faria exatamente o que faz há cinco anos: se espremeria entre as prateleiras abarrotadas da livraria para mais um encontro do Clube da Leitura, evento quinzenal em que leem trechos de livros e trocam impressões sobre contos próprios. Quando chegou a sua vez na roda, o dono do sebo e fundador do clube, Maurício Gouveia, tirou da gaveta um livro que guardava há dez anos escondido no acervo: um exemplar em italiano de “Nove contos”, do escritor americano J.D. Salinger.

Não tinha coragem de vendê-lo. Com as bordas amareladas e as páginas carcomidas, aquele “Nove racconti” guardava uma dedicatória em português na página de rosto que Maurício considerava mais bonita do que todo o livro do autor do clássico “O apanhador no campo de centeio”. Um homem comum — que poderia ser um médico, um vendedor de sapatos ou um trapezista de circo — declarava seu amor a uma mulher, em Milão, em 26 de dezembro de 1966. Maurício leu a dedicatória enorme, que começava com a frase “De tudo que vem de você, permanece em mim uma vontade de sorrir” e se encerrava com a oração “a vida é um contínuo chegar de esperanças”. Ao final, subiu o tom para ler o nome do santo: Sylvio Massa de Campos.

Foi quando um dos frequentadores do clube soltou um “opa!”. O jornalista George Patiño conhecia a família Massa, da qual Sylvio era o patriarca. Ele não vendia sapatos, trabalhava em circo ou morava em Milão: o matemático e escritor Sylvio Massa de Campos estava vivo, trabalhara a vida toda na Petrobras, tinha 74 anos e morava logo ali, no Leblon.

— Tem certeza? — perguntou Maurício.

— Trago ele aqui no próximo encontro — prometeu George.

Feito. No dia 6 de novembro, um senhor de cabelos brancos, sorriso fácil e porte altivo entrou no sebo acompanhado de duas filhas e três netos. Emocionado, recebeu das mãos de Maurício o livro perdido. Releu a dedicatória em voz alta, com pausas longas entre uma frase e outra, o que só aumentava o suspense na livraria, entrecortado pelo ruído dos netos inquietos. Depois de ser longamente aplaudido, contou aos novos colegas a história por trás daquela mensagem.

Em 1966, ele fazia mestrado em Matemática em Milão com uma bolsa do governo brasileiro. Lá, conheceu uma italianinha de nome Febea, que tinha concluído os estudos em Literatura em Londres, e acabava de retonar à Itália. Quando ela comentou que conhecia José Lins do Rego e João Cabral de Melo Neto, e que adoraria aprender português para ler Guimarães Rosa, Sylvio se apaixonou na hora: apesar de trabalhar com algoritmos, era na literatura que descansava seus teoremas. Prestes a terminar a pós-graduação, no entanto, logo voltaria ao Brasil. O amor foi construído à distância.

— Nosso namoro durou um ano, 136 cartas, nove livros, dois telegramas e um telefonema — contou Sylvio, para suspiro coletivo da plateia, e espanto das filhas, que não conheciam todos aqueles números. — Naquele tempo, dar um telefonema era uma fortuna. Esta dedicatória escrevi no dia do meu aniversário, já doido por ela. Eu nem sei como perdi o livro, acho que foi numa mudança nos anos 80.

Um ano depois, Febea veio morar no Brasil, e Sylvio montou um apartamento no Méier para ela. Tiveram duas filhas, Isabella e Gabriella — que a essa altura se debulhavam em lágrimas na livraria —, e viveram felizes para sempre. Até que um câncer levou Febea aos 41 anos de idade. Sylvio nunca mais se casou.

— A arte de viver é a arte de acreditar em milagres, disse o poeta italiano Cesare Pavese, e se hoje eu estou aqui é porque ele está certo. Febea foi a pessoa que eu amei mais profundamente em toda a minha vida. E ela está presente aqui, nessas cinco pessoas que fizemos, nossas duas filhas e três netos. Esse é o milagre — declarou Sylvio, lembrando, ao final, uma frase que ouvira do neto quando ele tinha 4 anos, e que levava como mantra de vida: “Vovô, nada é grave.”

Na rotina dos livreiros de sebos, dedicatórias anônimas aparecem com muita frequência. Mais até do que os exemplares usados de “O Xangô de Baker Street”, de Jô Soares, um campeão nacional em rotatividade. Os livros já chegam com cantadas, desculpas, felicitações, despedidas, malfazejos.

— O livro usado traz uma história que muitas vezes é mais interessante do que aquela que ele conta. Aqui na Baratos nós tínhamos uma caixinha para guardar os objetos encontrados dentro das páginas, como cheques, receitas médicas, ingressos de cinema, flores, contas, fotos... Daria uma exposição — comenta Maurício, que também guardou por algum tempo dois livros trocados entre amigos, com dedicatórias irônicas em que tentavam dissuadir o outro das suas convicções políticas (um era de direita; o outro, um anarquista convicto).

Mas acabou vendendo os exemplares. É da natureza da profissão: o livreiro não é um colecionador, mas um comerciante.

— Todo sebo começa do mesmo jeito, quando a pessoa precisa vender os próprios livros. Esta é a diferença de um livreiro para um colecionador. Só o livreiro tem coragem de se desapegar. Ele sabe que os livros que são de verdade voltam. Já encontrei livro que tinha sido meu em acervo que fui comprar. Todo lote sempre está cercado de histórias, seja uma morte, uma herança, uma mudança repentina de casa, de estilo de vida — explica Marcelo Lachter, que começou a vender livros usados há 14 anos e hoje é dono da Gracilianos do Ramo, um sebo virtual.

Mesmo defendendo o caráter comercial do ofício, Marcelo tem um “Nove racconti” para chamar de seu: há seis anos, guarda na gaveta um exemplar de “Recortes”, livro de ensaios de Antonio Candido publicado em 1993, na esperança de devolvê-lo à família do antigo dono. A história teve início em 2006, quando Marcelo recebeu o telefonema de uma moradora da Barra da Tijuca, interessada em se desfazer da biblioteca do marido, morto meses antes. Como era uma coleção especializada em Humanas, área com muita procura, Marcelo arrematou o lote todo. Antes de fechar negócio, no entanto, a viúva fez um pedido: caso ele encontrasse ali perdido um exemplar com uma dedicatória do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan ao marido, que devolvesse o título. Ambos tinham sido amigos de infância, perderam o contato e retomaram pouco antes de Malan tornar-se o braço forte de Fernando Henrique Cardoso.

Marcelo encontrou o livro e a dedicatória: “Meu melhor, apesar de distante, amigo. Espero que você goste deste ‘Recortes’, deste gênio literário e excepcional figura humana que é Antonio Candido. Precisamos ler coisas como estas para que não esqueçamos nunca de que há muito mais coisas na vida e no mundo que o nosso trabalho e nossas pequenas procupações cotidianas. Feliz aniversário, um abraço deste amigo e saudoso, Pedro Malan.” Mas perdeu a viúva de vista.

Outra história que aguarda um desfecho parecido é a de Nice Motta, de 46 anos, livreira há dez. Assim como Marcelo, Nice desistiu de uma loja física para se dedicar às vendas pela internet, suporte que salvou da falência milhares de livreiros no país, através do sucesso de sites como o Estante Virtual. Dona da Bola de Gude Livros, um acervo que ocupa 98% do seu apartamento na Vila da Penha, Nice é ainda mais romântica do que os colegas livreiros: ela embarga a voz cada vez que se depara com um fragmento de história perdida nos livros que compra e vende. É mais metódica também. Os objetos encontrados nos livros são reunidos numa caixa que ela guarda como um pequeno museu alheio.

Em meio aos objetos, há fotos, desenhos infantis, ingressos de espetáculos e até um passaporte para o Museu do Holocausto, na Alemanha. Há uma carta bem alegre: “Esta porra foi concebida pelo maior amigo putinho, mas com carinho. Uma beijunda e um abraçaralho deste que te escreve, com muito amor, 27/10/86, Edinho”); e uma muito triste (“À amiga Katia: cursei faculdade e não terminei, namorei cinco anos e não me casei, escrevi um livro e não publiquei. Minha vida segue em frente, sempre pela metade. Wagner, 73.”

Mas a pepita é um livro encontrado por ela em 2007: “O poder do jovem”, best-seller de autoajuda do parapsicólogo Lauro Trevisan. O exemplar tem duas dedicatórias. Uma escrita nas costas da primeira página: “Bruno, eu vi este livro e achei que você ia gostar. É coisa de mãe, fica tentando adivinhar o gosto do filho, eu queria te dar o mundo, mas é melhor você descobrir com a ajuda deste livro o seu mundo inteiro. Estou sempre aqui, filho, conte comigo, sua mãe, beijos, te amo, te amo e te amo, Rio, 15/03/02.”

Seria só uma mensagem emocionada, não houvesse a segunda, na página seguinte: “Rafael, este livro foi o último presente que eu dei para o Bruno, ele não chegou a ler. Como eu sei que ele te adorava, gostaria de dar a você, leia por ele e por você, com carinho, Clara, 15/03/06.”

— É muito emocionante pensar no amor desta mãe, que o filho morreu, e que ela teve o carinho de dividir o amor com o amigo do filho. Eu sou mãe, e sei como é inconcebível pensar na perda de um filho. Se ao menos eu pudesse repará-la em relação à perda do livro... — diz Nice, sonhando com um acaso que a coloque no caminho daquela mãe. — Trabalhar com livros é apaixonante. O livro não é só a história que o autor conta, mas a história que o antigo dono também conta.

No início deste ano, Nice encontrou outro volume de “O poder do jovem”, que ela ainda está pensando se vai para a caixinha ou não. A mensagem na folha de rosto diz o seguinte: “Para o meu querido neto Fábio conservar à sua cabeceira, e enfrentar a caminhada da vida sempre forte! E vencedor! 05/88, vovó Abigail Araújo.” Por enquanto, vai ficar lá.





domingo, 30 de dezembro de 2012

As últimas virgens da Albânia


A Albânia, apesar de - geograficamente - fazer parte da Europa, tendo fronteira terrestre com a Grécia e separada da Itália pelo Mar Adriático, é realmente um país com costumes, digamos, esquisitos, como conta Claudia Belfort em seu blog no Estadão:

As últimas virgens da Albânia

Responda em dois segundos se esse retrato é de um homem ou de uma mulher.
Responda em outros dois segundos se a pessoa fotografada parece viva ou morta.

Foto: Jill Peters


Saiba, é uma mulher e ela está morta.

A foto faz parte de um documentário que a fotógrafa norteamericana Jill Peters está desenvolvendo sobre as últimas virgens juramentadas da Albânia. Remanescentes de uma tradição quase extinta – hoje elas não chegam a 100 – essas mulheres ignoraram suas identidades para viver como homem. Não por uma afirmação de sexualidade, mas para sobreviver às rígidas restrições impostas às mulheres entre comunidades das montanhas dos Balcãs, sudeste da Europa.

Os camponeses dessa região viveram por 500 anos sob as normas do Kanum, um código de honra que vigorou até o início do século XX, e que limitava às mulheres os cuidados da casa e dos filhos. Só. Elas eram proibidas de ter uma profissão, trabalhar, dirigir, beber, fumar, não tinham direito a herança e tornavam-se propriedades do marido. Elas não podiam cantar. “Naquela época ser mulher e ser um animal era a mesma coisa”, disse uma virgem juramentadas, Pashe Keqi, numa entrevista ao The New York Times. Ela nascera em 1930.

O Kanum permitia, no entanto, que a mulher se proclamasse homem, passando consequentemente a viver sob as mesmas regras deles. A partir de então podiam podiam trabalhar e tornar-se patriarcas, sendo muitas vezes o único “homem”do clã. Essa regra do Kanum tem origem nas precárias condições de sobrevivência nas montanhas da Albânia, agravada pelos crimes de vendeta, outra tradição no país, que chegava a dizimar todos os integrantes do sexo masculino numa família. Na ausência de um herdeiro, a mulher mais velha do clã era obrigada a proclamar-se virgem para garantir o sustento e a honra dos familiares. Outras proclamavam-se homem para ter autonomia e evitar o casamento arranjado.

Para isso, elas faziam um juramento público de virgindade e celibato, cortavam os cabelos e adotavam trajes e gestos masculinos para a vida toda. Deixariam a condição de serva se também deixassem a de mulher, se renunciassem ao sexo, à maternidade e à identidade.

É, de um certo modo, um matar a si mesma.

Foto: Jill Peters




sábado, 29 de dezembro de 2012

Não confie na foto do perfil

OK, a propaganda da câmera da Samsung é de 2009 (o que a torna antiga para os padrões tecnológicos atuais), mas continuam valendo as dicas para esconder aquelas, digamos, "imperfeições" que incomodam tanto na hora de se mostrar nas redes sociais:






sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

PM confunde Bíblia com arma e mata evangélico em SP

A crise da segurança pública no Estado de São Paulo torna a insegurança uma sensação disseminada por toda a sociedade.

Enquanto a PM e o PCC "brincam" de gato e rato, aproveitando o desgoverno do Estado, quem paga o pato é a população, conforme o pequeno (e trágico) exemplo da notícia abaixo, publicada na Folha.

Muito provavelmente, não vai acontecer nada com o policial. Ele vai alegar legítima defesa putativa, que apesar do nome aparentemente feio, significa a reação de alguém que se vê - equivocadamente - ameaçado por outra pessoa.

Também não vai acontecer nada com quem deveria escolher e treinar melhor os policiais que contrata para - supostamente - servir e proteger o seu eleitorado, a não ser que este acorde e se vingue - pacificamente - nas urnas.

Senão, daqui a pouco, teremos todos que andar com os braços pra cima e as mãos vazias nas ruas das cidades paulistas.


Cabo confunde Bíblia com arma e mata gari

Evangélico, homem de 39 anos seguia para a igreja na quarta-feira quando foi abordado por policiais em Avaré

Policial militar diz ter suspeitado que Bíblia que a vítima carregava sob sua camisa seria uma arma de fogo

Um cabo da Polícia Militar atirou e matou um gari evangélico de 39 anos, em Avaré (a 262 km de São Paulo), ao confundir a Bíblia que o homem carregava sob sua camisa com uma arma de fogo.

A tragédia aconteceu por volta das 20h de anteontem no bairro Bonsucesso, quando o gari da Prefeitura de Avaré Antonio Marcos dos Santos ia para um culto religioso.

Policiais militares faziam patrulhamento na rua Félix Fagundes quando suspeitaram do gari e pediram para ele levantar as mãos.

Segundo o cabo João Samir de Oliveira, 36, que estava acompanhado do sargento Carlos Piagentino da Silva, 35, o gari não teria atendido a ordem de levantar as mãos dada sucessivas vezes e, num dado momento, tentou retirar um objeto que levava sob a camisa, que parecia ser uma arma de fogo.

Foi nesse momento que o cabo disse ter sacado a pistola e efetuado um disparo. O gari foi atingido no pescoço.

O major Maurício José Raimundo, subcomandante do 53º Batalhão do Interior, onde o cabo Oliveira trabalha, afirmou que o policial não tinha histórico de atos violentos. A reportagem não localizou seu advogado.

O policial disse que efetuou o disparo porque pensou que o canto da capa dura da Bíblia (que é de cor escura) fosse o cabo de uma arma de fogo.

Os policiais chegaram a levar Santos para um pronto-socorro, mas o gari não resistiu aos ferimentos e morreu.

O cabo Oliveira foi preso em flagrante sob suspeita de homicídio e transferido ontem mesmo para o Presídio Militar Romão Gomes, no bairro da Água Fria (zona norte de São Paulo).

Ainda de acordo com o major, o subordinado tem 11 anos e sete meses de serviços prestados à polícia.

Segundo o major, o cabo é um PM respeitado pelos colegas e não havia nada que levasse o comando a suspeitar da versão apresentada por ele sobre o caso.

O major disse ainda que familiares de Santos afirmavam que a vida do gari praticamente se limitava a trabalhar e ir à igreja.



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Antigo reino cristão emerge das areias do deserto árabe

A versão em inglês da revista alemã Spiegel anunciou, no dia 21/12/12, a descoberta das ruínas de um antigo império cristão perdido nas colinas rochosas do Iêmen, na península arábica.

Himyar era o nome do reino dos himyaritas (ou homeritas), que floresceu entre os anos 110 a.C. e 525 d.C., período em que dominou os demais povos árabes da região.

Como o calendário muçulmano começa com a Hégira (a fuga de Maomé de Meca para Medina) em 16 de julho de 622 d. C., Himyar foi engolida pelas areias do tempo pouco antes do início do Islã.

Segundo os historiadores, o redescobrimento de Himyar permite que se tenha uma ideia de como era o ambiente religioso na Arábia pouco antes do nascimento do Islã.

Os arqueólogos alemães que estão atualmente trabalhando no Iêmen escavaram o que parece ser uma comunidade cristã que ficava em Zafar, 930 quilômetros ao sul de Meca.

Ali está, por exemplo, o alto-relevo mostrado na foto acima, de um homem coroado, aparentemente cristão, de cerca de 1,70m de altura, o que não seria possível no período muçulmano, diante da proibição de imagens de escultura de qualquer tipo.

O que não falta neste trabalho arqueológico são perigos de todo tipo, dada a instabilidade política da região. Mesmo assim, a iniciativa prossegue e é promissora.

Resta saber se, antes de Maomé, havia uma igreja cristã em Meca. Tudo indica que sim, já que a influência dos himyaritas se fazia sentir sobre toda a região.

O fato é que o século V d.C. foi um período de grande confrontação religiosa, política e militar na região.

Batiam-se ali os impérios bizantino, sassânida e os vários reinos árabes, dos quais Himyar era o principal.

Aparentemente, os cristãos bizantinos (atuais ortodoxos) não eram bem vistos pelos seus correspondentes árabes, já que o nestorianismo, doutrina que tinha uma interpretação cristológica diferente de Roma e Constantinopla, imperava no Oriente Médio e na Ásia. Não se consideravam exatamente "irmãos", portanto.

O Islã triunfaria na região durante o século VII d. C., mas ainda há muita história enterrada nas areias do deserto da Arábia, que merece ser revisitada tanto quanto o delicado equilíbrio geopolítico e religioso da região permitir.





quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Chegou o kindle!

Um alerta inicial é necessário: este não é um texto publicitário, apenas o relato da experiência de alguém que comprou um kindle para se presentear neste Natal, no caso este que vos escreve, e que não está ganhando absolutamente nada para emitir a sua opinião de consumidor - no caso - satisfeito.

Como noticiamos no começo deste ano, a Amazon.com, gigante mundial de venda de livros, finalmente chegou ao Brasil.

Para todos aqueles que se interessam em livros publicados somente em outro idioma, sobretudo o inglês, ou fazem questão de ler o autor no seu idioma nativo, sempre foi uma dificuldade enorme importar os livros físicos dos Estados Unidos, dados os preços em dólar, o frete caríssimo e a exagerada demora na entrega.

Mesmo importar o e-reader exclusivo da Amazon, o kindle, era proibitivo, já que implicava em gastos excessivos em razão da tributação absurda que lhe era imposta pelo fisco brasileiro.

Tampouco compensava entrar com uma ação na Justiça apenas para garantir a isenção de impostos para livros no formato eletrônico. Era melhor esperar pelo milagre da vinda da Amazon ao Brasil. E ele aconteceu!

Agora, tudo ficou mais fácil e menos caro, já que não se pode dizer que seja barato o preço de R$ 299,00 pela versão básica do kindle, a única que - por enquanto - está sendo vendida pela Amazon brasileira.

Caso você não queira esperar a chegada das versões mais avançadas (e mais caras), com recursos como tela sensível ao toque e 3G, o kindle basicão da Amazon quebra bem o galho, devo dizer.

Além dos livros em português editados no Brasil, você tem acesso ao amplo acervo internacional da Amazon, e - ufa! - com preços em moeda nacional, os nossos benditos reais.

A experiência de leitura é surpreendentemente lúdica e agradável, com destaque para o brilho automaticamente ajustável da tela, que se adapta como que por mágica à luz externa.

O kindle é bem leve e os recursos de navegação, ainda que "analógicos" para a geração do touch screen, são práticos e amigáveis.

O leitor eletrônico chegou no dia 24, véspera de Natal, e posso dizer que foi um excelente presente que dei a mim mesmo.

A transferência do primeiro livro que comprei (no caso, "Crazy for God", do Frank Schaeffer) foi super rápida, e já estou me deliciando com a leitura, que certamente compartilharei com os leitores do blog num futuro próximo.

Detalhe importante: sincronização do kindle com outros dispositivos que contêm o aplicativo próprio da Amazon, como smartphones e tablets, também é automática.

Aprovada essa primeira experiência com o e-reader da Amazon, já estou preocupado com a conta bancária daqui pra frente.

Leitores amigos, tentemos controlar essa nossa deliciosa - mas perigosa - compulsão bibliófila!



terça-feira, 25 de dezembro de 2012

O verdadeiro Papai Noel gostava de dar tapa na cara de hereges

Mesmo que o Natal tenha se tornado essa festa mercantilista, com o Papai Noel como figura proeminente (e exótica), em substituição ao menino Jesus, é interessante pesquisar as raízes do “bom velhinho” na cultura popular.

Primeiro, é curioso ver como a nomenclatura varia de país para país, inclusive dentro do mesmo idioma, como acontece em Portugal, onde Papai Noel é conhecido como Pai Natal.

Isto se justifica pelo fato de que Noël significa Natal em francês, e a influência gaulesa se fez sentir também nos países hispânicos, que o chamam de Papá Noel, com a divertida e defasada exceção do Chile, que o chama de Viejito Pascuero (Páscoa?!).

Entretanto, é pelo idioma inglês, sobretudo americano, que o nome Santa Claus remete à origem mais remota (e cristã) do Papai Noel.

O personagem histórico que teria inspirado a criação do mito do bom velhinho foi Nicolau de Mira, também conhecido como São Nicolau de Bari, canonizado por católicos e ortodoxos, e entronizado como santo padroeiro da Rússia, da Grécia e da Noruega.

Lembre-se de que a Lapônia, terra onde habitaria o Papai Noel, é uma região ártica que engloba parte dos territórios de Suécia, Noruega, Finlândia e um pequeno trecho da Rússia.

Só que São Nicolau de Mira nasceu mais ao sul, em Patara, hoje Demre (na Turquia), supostamente na segunda metade do século III, vindo a morrer no mesmo local em 6 de dezembro de 342 d. C.

O santo continua tão popular na Europa que, depois do alegado descobrimento – em 1993 - de sua tumba na ilha turca de Gemile, o governo muçulmano da Turquia requereu formalmente à Itália, em 2009, a devolução dos restos mortais de Nicolau, que haviam sido levados a Bari em 1087, ainda na época das Cruzadas.

Em 2000, governo russo chegou a doar uma estátua de São Nicolau à cidade de Demre, mas em 2005 o prefeito da cidade trocou o pobre Nicolau de bronze por um Papai Noel de plástico (vermelho, é claro - foto abaixo), de olho nos ganhos monetários advindos do turismo.



Os protestos russos não tardaram a ser ouvidos, mas o prefeito turco foi irredutível. Deixou Papai Noel no seu pedestal e retornou São Nicolau a uma esquina próxima da igreja ortodoxa da cidade.




É difícil separar o que é lenda do que é real na vida de São Nicolau, mas o fato incontestável é que ele era muito popular no seu tempo. Conta-se, por exemplo, que ele teria ressuscitado três crianças vítimas de um macabro assassinato, além de ter convertido hereges que queriam saquear a sua igreja.

A mais famosa história que se conta a seu respeito é a de um pai muito pobre que não tinha como prover o dote para casar as três filhas. Nicolau, à noite, teria atirado três sacos de moedas de ouro e prata na casa da família, e assim salvou as moças de se tornarem prostitutas, o que fatalmente seria o seu fim caso não pudessem se casar.

Por esse dado (histórico ou não), você pode perceber de onde vem boa parte da inspiração que, associada a pitadas de mitos germânicos e escandinavos (a figura idosa e bonachona de Odin, por exemplo), resultou na “invenção” folclórica do Papai Noel.

Já que o mito suplantou em larga escala o personagem histórico, é bom voltar às origens e resgatar um pouco da humanidade e da cristandade de São Nicolau.

Ele era muito religioso desde a mais tenra idade, e após perder os pais ainda muito jovem, em decorrência de uma epidemia, foi criado pelo tio, que também se chamava Nicolau e era bispo de Patara à época.

O jovem Nicolau teria ido a Jerusalém, buscando se dedicar a uma vida eremita de oração, como era comum naqueles tempos, mas Deus conseguiria convencê-lo de que devia voltar a sua terra, onde seria mais útil ao Senhor.

Foi assim que ele subiu paulatinamente na hierarquia eclesiástica e, por ocasião do Concílio de Niceia, em 325 d.C., Nicolau de Mira foi um dos cerca de 300 bispos presentes para decidir questões cruciais que ameaçavam os rumos da ortodoxia da Igreja.

O tema mais disputado em Niceia foi a doutrina da Trindade, combatido por Ário de Alexandria e seus seguidores.

Reza a lenda que, enquanto Ário defendia sua doutrina de que Jesus, o Filho, não era nem nunca havia sido igual (ou cosubstancial) ao Pai, Nicolau ficou tão furioso que cruzou o recinto (na presença do imperador Constantino) e deu um tapa na cara do herege alexandrino.

O ato intempestivo teria causado profundo constrangimento no concílio, e Nicolau foi sumariamente despido de suas vestes episcopais e lançado na masmorra, onde Jesus e Maria teriam aparecido a ele para dizer que ele não seria punido.

Lendas à parte, o fato é que, terminado o concílio, o arianismo foi derrotado e suas ideias declaradas como anátemas, consolidando-se o dogma da Trindade, e Nicolau foi restituído à sua posição de bispo.

Talvez outra semelhança entre São Nicolau e o Papai Noel seja a dificuldade em separar o que é lendário e o que é real, mas – obviamente – é muito mais fácil acreditar que (pelo menos) algumas coisas que se contam sobre Nicolau tenham muito mais substrato fático do que sobre um bom velhinho de roupa vermelha esquisita que voa numa carruagem puxada por renas aladas.

De qualquer maneira, o tapa que São Nicolau teria dado em Ário por conta de sua heresia é uma história (ou estória) boa demais para não ser recordada.

Muito provavelmente, se vivo fosse, ele daria um tapa na cara do consumismo que impera no tal "espírito natalino" dos tempos atuais.

Feliz Natal, Nicolau!





Feliz Natal!


Em agosto de 2011, nós já divulgamos aqui - em Bob Marley para todos - o trabalho da organização chamada "Playing for Change - Songs Around the World" ("Tocando por Mudanças - Canções ao Redor do Mundo"), que reúne músicos de rua de todo o planeta.

O vídeo abaixo foi gravado no Brasil também em 2011, ao ritmo de "Feliz Navidad", e fica como nossos votos de Feliz Natal a todos os leitores do blog:





segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Comemorando o Natal em tempos de guerra


A segunda maior tragédia da história da humanidade, a Primeira Guerra Mundial (só suplantada por aquele outro horror que a seguiu), teve espaço para um dos mais belos e emocionantes Natais que o mundo já viu.

Infelizmente, durou muito pouco a trégua nas trincheiras durante o Natal de 1914, mas deixou um exemplo para a posteridade de como o mundo poderia ser se o verdadeiro significado da data festiva fosse realmente observado por todos.

O conflito havia começado em 28 de julho de 1914, e o confronto entre britânicos e franceses de um lado, e alemães do outro, já se encontrava posicionado nas trincheiras sobretudo no território da Bélgica, onde ainda havia espaço para as tropas estacionadas pensarem em alguma troca de gentilezas.

Pouco ou nenhum avanço ocorreu nos 4 anos seguintes, mas o horror da guerra, dos ratos devorando corpos empilhados e das pragas causadas pelas péssimas condições de higiene ainda não havia cobrado a fatura da humanidade, deixando espaço para que os soldados de todos os lados decidissem, ao arrepio dos seus comandantes, um cessar-fogo para o Natal de 1914.

Ainda que boa parte dos soldados professassem uma religião apenas nominal, ou cultural, esse pequeno (em duração, mas enorme em significado) incidente verdadeiro mostra o poder de transformação que o cristianismo teve (e continua tendo) no curso da história.

Tudo o que o Natal simboliza pode transformar inimigos sanguinários em irmãos por algumas horas. Imagine o poder que ele teria se houvesse no mundo muito mais gente realmente convertida e comprometida com o evangelho de Cristo.

A história real deu origem ao ótimo filme "Feliz Natal" ("Joyeux Noël" - trecho no vídeo abaixo), de 2005, e merece ser sempre relembrada para que o mundo jamais tenha que contar de novo os milhões de mortos que o ódio entre as nações pode provocar.



Abaixo, uma matéria sobre o tema publicada na revista Aventuras na História em março de 2004:

Noite feliz na terra de ninguém: Natal de 1914

No Natal de 1914, em plena Primeira Guerra Mundial, soldados ingleses e alemães deixaram as trincheiras e fizeram uma trégua. Durante seis dias, eles enterraram seus mortos, trocaram presentes e jogaram futebol

Bruno Leuzinger

Finalmente parou de chover. A noite está clara, com céu limpo, estrelado, como os soldados não viam há muito tempo. Ao contrário da chuva, porém, o frio segue sem dar trégua. Normal nesta época do ano. O que não seria normal em outros anos é o fedor no ar. Cheiro de morte, que invade as narinas e mexe com a cabeça dos vivos – alemães e britânicos, inimigos separados por 80, 100 metros no máximo. Entre eles está a “terra de ninguém”, assim chamada porque não se sobreviveria ali muito tempo. Cadáveres de combatentes de ambos os lados compõem a paisagem com cercas de arame farpado, troncos de árvores calcinadas e crateras abertas pelas explosões de granadas. O barulho delas é ensurdecedor, mas no momento não se ouve nada. Nenhuma explosão, nenhum tiro. Nenhum recruta agonizante gritando por socorro ou chamando pela mãe. Nada.

E de repente o silêncio é quebrado. Das trincheiras alemãs, ouve-se alguém cantando. Os companheiros fazem coro e logo há dezenas, talvez centenas de vozes no escuro. Cantam “Stille Nacht, Heilige Nacht”. Atônitos, os britânicos escutam a melodia sem compreender o que diz a letra. Mas nem precisam: mesmo quem jamais a tivesse escutado descobriria que a música fala de paz. Em inglês, ela é conhecida como “Silent Night”; em português, foi batizada de “Noite Feliz”. Quando a música acaba, o silêncio retorna. Por pouco tempo.

“Good, old Fritz!”, gritam os britânicos. Os “Fritz” respondem com “Merry Christmas, Englishmen!”, seguido de palavras num inglês arrastado: “We not shoot, you not shoot!”(“Nós não atiramos, vocês também não”).

Estamos em algum lugar de Flandres, na Bélgica, em 24 de dezembro de 1914. E esta história faz parte de um dos mais surpreendentes e esquecidos capítulos da Primeira Guerra Mundial: as confraternizações entre soldados inimigos no Natal daquele ano. Ao longo de toda a frente ocidental – que se estendia do mar do Norte aos Alpes suíços, cruzando a França –, soldados cessaram fogo e deixaram por alguns dias as diferenças para trás. A paz não havia sido acertada nos gabinetes dos generais; ela surgiu ali mesmo nas trincheiras, de forma espontânea. Jamais acontecera algo igual antes. É o que diz o jornalista alemão Michael Jürgs em seu livro Der Kleine Frieden im Grossen Krieg – Westfront 1914: Als Deutsche, Franzosen und Briten Gemeinsam Weihnachten Feierten (“A Pequena Paz na Grande Guerra – Frente Ocidental 1914: Quando Alemães, Franceses e Britânicos Celebraram Juntos o Natal”, inédito no Brasil).

Conhecido então como Grande Guerra (pouca gente imaginava que uma segunda como aquela seria possível), o conflito estourou após a morte do arquiduque Francisco Ferdinando. Herdeiro do trono do Império Austro-Húngaro, ele e sua esposa Sofia foram assassinados em Sarajevo, na Sérvia, no dia 28 de junho. O atentado, cometido por um estudante, fora tramado por um membro do governo sérvio. Um mês mais tarde, em 28 de julho, a Áustria-Hungria declarou guerra à Sérvia. As nações européias se dividiram. Grã-Bretanha, França e Rússia se aliaram aos sérvios; a Alemanha, aos austro-húngaros. Nas semanas seguintes, os alemães invadiram a Bélgica, que até então se mantivera neutra, e, ainda em agosto, atravessaram a fronteira com a França. Chegaram perto de tomar Paris, mas os franceses os detiveram, em setembro.

Nos primeiros meses, a propaganda militar conseguiu inflar o orgulho dos soldados – de lado a lado. O fervor patriótico crescia paralelamente ao ódio pelos inimigos. Entretanto, em dezembro o moral das tropas já despencara. A guerra se arrastava havia quase um semestre. Os britânicos haviam perdido 160 mil homens até então; Alemanha e França, 300 mil cada. Para piorar, as condições nas trincheiras eram péssimas. O odor beirava o insuportável, devido às latrinas descobertas e aos corpos em decomposição. Estirados pela terra de ninguém, cadáveres atraíam ratazanas aos milhares. Era um verdadeiro banquete. Com tanta carne, elas engordavam tanto que algumas eram confundidas com gatos. Pior que as ratazanas, só os piolhos. Milhões deles, nos cabelos, barbas, uniformes. Em toda parte.

Quando chovia forte, a água batia na altura dos joelhos. Dormia-se em buracos escavados na parede e era comum acordar assustado no meio da noite, por causa das explosões ou de uma ratazana mordiscando seu rosto. Durante o dia, quem levantasse a cabeça sobre o parapeito era um homem morto. Os franco-atiradores estavam sempre à espreita (no final da tarde, praticavam tiro ao alvo no inimigo e, quando acertavam, diziam que era um “beijo de boa-noite”). O soldado entrincheirado passava longos períodos sem ter o que fazer. Horas e horas de tédio sentado no inferno. Só restava esperar e olhar para céu – onde não havia ratazanas nem cadáveres.

O cotidiano de horrores foi minando a vontade de lutar. Uma semana antes do Natal já havia sinais disso. Foi assim em Armentières, na França, perto da fronteira com a Bélgica. Soldados alemães arremessaram um pacote para a trincheira britânica. Cuidadosamente embalado, trazia um bolo de chocolate e dentro, escondido, um bilhete. Os alemães pediam um cessar-fogo naquela noite, entre 19h30 e 20h30. Era aniversário do capitão deles e queriam surpreendê-lo com uma serenata. O bolo era uma demonstração de boa vontade. Os britânicos concordaram e, na hora da festa inimiga, sentaram no parapeito para apreciar a música. Aplaudidos pelos rivais, os alemães anunciaram o encerramento da serenata – e da trégua – com tiros para cima. Em meio à barbárie, esses pequenos gestos de cordialidade significavam muito.

Ainda assim, era difícil imaginar o que estava por vir. Na noite do dia 24, em Fleurbaix, na França, uma visão deixou os britânicos intrigados: iluminadas por velas, pequenas árvores de Natal enfeitavam as trincheiras inimigas. A surpresa aumentou quando um tenente alemão gritou em inglês perfeito: “Senhores, minha vida está em suas mãos. Estou caminhando na direção de vocês. Algum oficial poderia me encontrar no meio do caminho?” Silêncio. Seria uma armadilha? Ele prosseguiu: “Estou sozinho e desarmado. Trinta de seus homens estão mortos perto das nossas trincheiras. Gostaria de providenciar o enterro”. Dezenas de armas estavam apontadas para ele. Mas, antes que disparassem, um sargento inglês, contrariando ordens, foi ao seu encontro. Após minutos de conversa, combinaram de se reunir no dia seguinte, às 9 horas da manhã.

No dia seguinte, 25 de dezembro, ao longo de toda a frente ocidental, soldados armados apenas com pás escalaram suas trincheiras e encontraram os inimigos no meio da terra de ninguém. Era hora de enterrar os companheiros, mostrar respeito por eles – ainda que a morte ali fosse um acontecimento banal. O capelão escocês J. Esslemont Adams organizou um funeral coletivo para mais de 100 vítimas. Os corpos foram divididos por nacionalidade, mas a separação acabou aí: na hora de cavar, todos se ajudaram. O capelão abriu a cerimônia recitando o salmo 23. “O senhor é meu pastor, nada me faltará”, disse. Depois, um soldado alemão, ex-seminarista, repetiu tudo em seu idioma. No fim, acompanhado pelos soldados dos dois países, Adams rezou o pai-nosso. Outros enterros semelhantes foram realizados naquele dia, mas o de Fleurbaix foi o maior de todos.

Aquela situação por si só já era inusitada: alemães e britânicos cavando e rezando juntos. Mas o que se viu depois foi um desfile de cenas surreais. Em Wez Macquart, França, um britânico cortava os cabelos de qualquer um – aliado ou inimigo – em troca de alguns cigarros. Em Neuve Chapelle, também na França, os soldados indicavam discretamente para seus novos amigos a localização das minas subterrâneas. Em Pervize, na Bélgica, homens que na véspera tentavam se matar agora trocavam presentes: tabaco, vinho, carne enlatada, sabonete. Uns disputavam corridas de bicicleta, outros caçavam coelhos. Uma luta de boxe entre um escocês e um alemão foi interrompida antes que os dois se matassem. Alguém sugeriu um duelo de pistolas entre um alemão e um inglês, mas a idéia foi rechaçada – afinal, aquilo era um cessar-fogo.

Porém, o melhor estava por vir. Nos dias 25 e 26, foram organizadas animadas partidas de futebol. Centenas jogaram bola nos campos de batalha. “Bola” em muitos casos era força de expressão; podia ser apenas um monte de palha amarrado com arame, ou uma lata de conserva vazia. E, no lugar de traves, capacetes, tocos de madeira ou o que estivesse à mão. Foi assim em Wulvergem, na Bélgica, onde o jogo foi só pelo prazer da brincadeira, ninguém prestou atenção no resultado. Mas houve também partidas “sérias”, com direito a juiz e a troca de campo depois do intervalo. Numa delas, que se tornou lendária, os alemães derrotaram os britânicos por 3 a 2. A vitória suada foi cercada de polêmica: o terceiro gol alemão teria sido marcado em posição irregular (o atacante estava impedido) e a partida, encerrada depois que a bola – esta de verdade, feita de couro – furou ao cair no arame farpado.

A maioria das confraternizações se deu nos 50 quilômetros entre Diksmuide (Bélgica) e Neuve Chapelle. Os soldados britânicos e alemães descobriam ter mais em comum entre si que com seus superiores – instalados confortavelmente bem longe da frente de batalha. O medo da morte e a saudade de casa eram compartilhados por todos. Já franceses e belgas eram menos afeitos a tomar parte no clima festivo. Seus países haviam sido invadidos (no caso da Bélgica, 90 por cento de seu território estava ocupado), para eles era mais difícil apertar a mão do inimigo. Em Wijtschate, na Bélgica, uma pessoa em particular também ficou muito irritada com a situação. Lutando ao lado dos alemães, o jovem cabo austríaco Adolf Hitler queixava-se do fato de seus companheiros cantarem com os britânicos, em vez de atirarem neles.

Naquele tempo, Hitler ainda não apitava nada. Entretanto, os homens que davam as cartas também não estavam nem um pouco felizes. Dos quartéis-generais, os senhores da guerra mandaram ordens contra qualquer tipo de confraternização. Quem desrespeitasse se arriscava a ir à corte marcial. A ameaça fez os soldados voltarem para as trincheiras. Durante os dias seguintes, muitos ainda se recusavam a matar os adversários. Para manter as aparências, continuavam atirando, mas sempre longe do alvo. Na noite do dia 31, em La Boutillerie, na França, o fuzileiro britânico W.A. Quinton e mais dois homens transportavam sua metralhadora para um novo local, quando de repente ouviram disparos da trincheira alemã. Os três se jogaram no chão, até perceberem que os tiros eram para o alto: os alemães comemoravam a virada do ano.

A trégua velada resistiu ainda por um tempo. Até março de 1915, alemães e britânicos entrincheirados em Festubert, na França, faziam de conta que a guerra não existia – ficava cada um na sua. Mas a lembrança das confraternizações foi aos poucos cedendo espaço para o ódio. A carnificina recrudesceu, prosseguindo até a rendição da Alemanha, em novembro de 1918, arrasando a Europa e deixando cerca de 10 milhões de mortos. Talvez a matança até valesse a pena, se a profecia do escritor de ficção científica H.G. Wells tivesse dado certo. O autor de A Máquina do Tempo escrevera em um ensaio que aquela seria “a guerra que acabaria com todas as guerras”. Wells, é claro, estava enganado. Os momentos de paz, como os do Natal de 1914, seriam escassos também ao longo de todo o século 20. A Grande Guerra tinha sido só o começo.



domingo, 23 de dezembro de 2012

Guepardos em ação


A beleza da natureza no planeta Terra é algo indescritível. Difícil dizer o que é mais espetacular nos reinos animal e vegetal. Impossível, pelo menos para mim, não acreditar que existe um Criador por trás dessas obras-primas.

Entretanto, nada me chama mais a atenção do que a beleza e a agilidade dos guepardos. No concurso imaginário dos maiores espetáculos naturais, eles sempre estão em primeiro lugar na minha classificação pessoal.

Por isso é tão bom poder ver o vídeo abaixo, "Cheetahs on the Edge", produzido pela National Geographic e pelo Zoológico de Cincinnati, utilizando uma câmera Phantom que captura a incrível marca de 1.200 quadros por segundo.

Os astros do filme são 5 guepardos que chegam à velocidade espantosa de 96 km/h, mantendo o seu troféu de animais mais rápidos do mundo.

Num domingo sonolento emendado com o feriadão do Natal, delicie-se com essas belas imagens:





sábado, 22 de dezembro de 2012

Pastor de Uganda explica o sexo das frutinhas


No vídeo abaixo, disponibilizado pelo Huffington Post, o reverendo ugandense Martin Ssempa participa de um debate com uma lésbica no programa "Morning Breeze", da TV local.

Nunca é demais lembrar que - recentemente - o parlamento de Uganda quis aprovar a pena de morte a homossexuais como "presente de Natal" aos cristãos do país, o que só não ocorreu devido à enorme pressão internacional contra a iniciativa.

Entre os vários argumentos contra o movimento homossexual, o pastor lista a forte incidência de AIDS na África e, para se justificar, passa a utilizar bananas, pepinos e cenouras, demonstrando gestualmente como ele imagina ser o sexo entre os gays.

Inadvertidamente, portanto, o líder religioso de Uganda mostra que, pelo menos no caso dele, tem muito mais fetiche e humor involuntário envolvidos do que qualquer pregação bíblica que se respeite.

Outro detalhe que merece destaque é o fato de que existe um limite muito tênue (e facilmente transponível) entre o discurso fanático e o pornográfico, geralmente em debates políticos, como tivemos inclusive oportunidade de mencionar rapidamente aqui no blog.

Então, fica a dica para o Malafaia passar na feira antes do próximo debate dele sobre o tema na TV brasileira.





sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

10 profecias do fim do mundo que falharam

Profecia do fim do mundo com data marcada é um fenômeno assim meio sazonal. Mal uma é desmascarada como falsa, surge outra no seu lugar. 

É um caso cíclico de lendas e mitos divulgados por pessoas que se acham iluminadas, mas não aprendem com os erros dos "profetas" que lhes antecederam.

Na edição de 20 de maio de 2011, ainda sob o impacto do "fim do mundo" que o pastor norteamericano Harold Camping havia previsto exatamente para aquele dia, a revista Time publicou a sua lista das 10 mais famosas profecias apocalípticas que falharam.

Curiosamente, todas as profecias têm em comum o sentido de urgência. Aguarda-se o apocalipse para muito breve, e todos devem proceder com a rapidez desejada para tanto, e, cá entre nós, faz tempo que a sabedoria popular diz que a pressa é inimiga da perfeição.

Agora, diante da perspectiva de mais um dia do fim do mundo fracassado, no caso hoje, 21/12/12, nada melhor do que relembrar aquela matéria da Time, com as devidas adaptações:

1) Os milleritas

Eles tomaram esse nome em função de terem seguido o pastor William Miller, a quem a revista Time chama de "provavelmente o mais famoso falso profeta da história".

Miller começou a pregar o fim do mundo no começo da década de 1840, dizendo que Jesus retornaria à Terra e o planeta arderia em fogo em algum ponto entre 21 de março de 1843 e 21 de março de 1844.

A mensagem de Miller foi amplamente divulgada e cerca de 100.000 seguidores seus venderam tudo o que tinham e foram para as montanhas esperar o fim predito.

Entretanto, quando o período anunciado passou em brancas nuvens, Miller disse que havia cometido um "equívoco" nos cálculos, e marcou a nova data do fim do mundo para 22 de outubro de 1844. Novo fiasco.

Esse dia passou para a história americana como o "Dia da Grande Decepção", mas boa parte dos seguidores de Miller se reagrupou alguns anos depois sob o comando de Ellen G. White, vindo a formar a igreja adventista do sétimo dia, que manteve o dia 22/10/1844 como a sua peculiar doutrina do "juízo investigativo", em que Cristo teria retornado aos céus, ao Santo dos Santos, para terminar sua obra de expiação dos pecados.

2) Harold Camping, 1994 e 2011

O pastor americano é reincidente na triste função de falso profeta. Em 1992 ele já havia previsto a segunda volta de Cristo e o fim do mundo para alguma data em meados de setembro de 1994.

Depois que sua "profecia" fracassou, Harold Camping disse que estava triste mas isso não o incomodava nem um pouco.

O segundo fracasso de 2011, entretanto, parece que convenceu o frustrado pastor futurólogo a aposentar sua bola de cristal.

3) A profecia maia

Hoje, 21 de dezembro de 2012, é exatamente o dia em que o calendário maia termina, segundo algumas fontes.

Entretanto, existe uma grande controvérsia sobre se o calendário maia foi corretamente interpretado, o que não impediu que muita gente entrasse em pânico com a simples possibilidade de que ele pudesse estar certo.

De qualquer maneira, livros foram escritos, filmes foram produzidos e - como sempre - muito dinheiro se ganhou com o pânico gerado pela previsão midiática.

Sinal de que, diante do fracasso do apocalipse maia, novas profecias virão em seguida, a fim de que alguns espertalhões continuem ganhando muita grana às custas dos incautos.

4) William Branham

Também conhecido como "Irmão Branham", o pastor pentecostal estava numa de suas pregações públicas em 28/12/1963 no Estado do Arizona (EUA), quando uma "linda e misteriosa nuvem" teria deslizado pelo deserto.

William Branham então subiu à montanha Sunset, onde, segundo alegou posteriormente, teria se encontrado com sete anjos que revelaram a ele o significado dos sete selos do livro do Apocalipse.

Alguns dias depois, já no Tabernáculo Branham de Jeffersonvile (Indiana), o pastor pregou sete sermões por sete noites, explicando o significado dos selos e das sete visões que ele teria recebido, concluindo que Jesus retornaria à Terra em 1977.

Não houve tempo, entretanto, para que Branham visse sua previsão dar com os burros n'água, já que ele morreu na noite de Natal de 1965, seis dias após um motorista bêbado ter colidido seu carro com o do pastor.

5) Os anabatistas de Munster

Nos conturbados anos que se seguiram à Reforma Protestante, surgiram não só as igrejas reformadas tradicionais que conhecemos hoje em dia, mas várias seitas milenaristas e apocalípticas que incomodaram profundamente os próprios reformadores.

Entre os anabatistas não estavam somente "pessoas que batizam de novo", como a raiz grega do nome evoca, mas anarquistas e revolucionários de todo tipo que pregavam um mundo sem ordem e hierarquias enquanto aguardavam - para muito breve - o retorno de Cristo.

Na década de 1530, milhares de camponeses alemães tomaram a cidade de Munster, e ali ficaram entrincheirados numa espécie de sociedade protocomunista medieval, dizendo que Munster era a Nova Jerusalém, na qual esperavam a segunda vida de Jesus.

Entre eles estava Jan Bockelson, um alfaiate de origem holandesa, que se declarou o "messias dos últimos dias", virou polígamo, emitiu moedas que profetizavam o apocalipse urgentemente vindouro e dominou cruelmente toda a população de Munster.

O fim veio para Bockelson em 1535, quando a cidade foi tomada e a população dizimada pelas forças dos príncipes alemães. O detalhe tétrico é que há quem diga que os testículos de Bockelson foram pregados no portão de entrada de Munster.

6) Agonia do planeta de Hal Lindsey

Hal Lindsey é um pastor e escritor americano, nascido em 1929, que ficou muito conhecido nos anos 1970 por seu livro best seller "The Late, Great Planet Earth", traduzido no Brasil por "A Agonia do Grande Planeta Terra", publicado no Brasil pela Ed. Mundo Cristão.

Lindsey foi um dos grandes expoentes do dispensacionalismo (corrente teológica que divide a história do mundo em "eras" ou "dispensações" dos desígnios de Deus), e no livro em questão, tomando como base sobretudo o retorno do povo judeu a Israel algumas décadas antes, predisse que o mundo terminaria em alguma data pouco antes de 31 de dezembro de 1988.

Na esteira das previsões de Hal Lindsey, Edgar Whisenant publicou em 1988 o livro "88 Reasons Why the Rapture Will Be in 1988" ("88 Razões pelas quais o Arrebatamento Acontecerá em 1988"), que (como todo bom "fim do mundo") vendeu pra caramba, 4.500.000 de cópias, deixando seu autor envergonhado pela falsa profecia, mas com uma gordíssima conta bancária para afogar suas lágrimas de crocodilo.

Aliás, esse é outro detalhe curioso. Porque esses "profetas" gostam tanto de ganhar dinheiro com livros, vídeos, conferências e afins, se não vão ter tempo de gastá-lo?

Os ensinos de Lindsey continuam populares até hoje, já que a famosa série "Left Behind" ("Deixados para Trás"), de Tim LaHaye e Jerry Jenkins, continua vendendo muito bem, obrigado, e não é nada mais nada menos do que a oferta das mesmas ideias requentadas da agonia do planeta Terra da década de 1970.

Não vai tardar muito, portanto, para reaparecer uma "profecia do fim do mundo" nesses mesmos moldes. Dá grana!

7) O "bug" do milênio

Os mais jovens não se lembrarão disso, mas a maioria recordará o furor que tomou conta do mundo por ocasião da virada do ano 1999 para o ano 2000.

O temor de uma catástrofe mundial se baseava no fato de que a imensa maioria dos computadores de então, por uma questão de economia de equipamento, havia previsto apenas duas casas para designar o ano na data (o famoso campo Y2K).

Desta maneira, quando 1999 virasse para 2000, o risco era que, naquela meia-noite específica, os computadores de bancos, empresas aéreas, fornecedoras de serviços públicos, etc., entendessem que o mundo havia voltado a 1900 e alastrassem o caos pelo planeta.

Associe a esse dado tecnológico ao ditado popular "até 2000 chegarás, de 2000 não passarás" (que de bíblico não tem nada), e - pronto! - a confusão está estabelecida.

Apesar de todo o pânico prévio gerado pelo bug do milênio, nenhum incidente cibernético de monta foi registrado nos primeiros dias do ano 2000. Outro grande logro que também vendeu pra caramba...

8) O Ramo Davidiano

Depois de uma infância pra lá de problemática e passagens pelas igrejas batista e adventista, David Koresh (nascido oficialmente como Vernon Wayne Howell) se juntou em 1981 à seita Ramo Davidiano, um grupo dissidente dos adventistas que se formou na década de 1950.

A seita davidiana era baseada em Waco, no Estado do Texas (EUA), num rancho que eles denominaram de Monte Carmelo. Não demorou muito, entretanto, para que Koresh decidisse alçar, digamos, voos próprios.

Em 1983, ele se autoproclamou profeta, e após uma sucessão de intrigas dentro da seita, que incluíram assassinatos de líderes concorrentes, Koresh convenceu vários seguidores a se juntarem a ele no rancho em Waco para aguardar o fim do mundo.

Só que o fim do mundo, lamentavelmente, veio na forma de um cerco das autoridades americanas, que durou 50 dias e exterminou da face da Terra dezenas de seguidores de Koresh, além dele próprio e alguns policiais.

9) Testemunhas de Jeová

A seita faz de tudo para que o mundo esqueça que seu fundador, Charles Taze Russell, havia previsto o "retorno invisível" de Jesus em 1874, que "prepararia" a sua Segunda Vinda em 1914.

O início da Primeira Guerra Mundial neste ano, fez com que Russell decretasse o "fim da era dos gentios", o que se confirmou, na verdade, como mais uma previsão furada. 

Ele morreria em 1918,  deixando aos seus sucessores a difícil tarefa de explicar por que o fim não chegou no ano previsto. 

A solução destes foi apontar 1914 como aquele retorno invisível de Jesus que fora previsto para 1874 (data que seria posteriormente varrida pra debaixo do tapete). 

Afinal, a Primeira Guerra Mundial era um evento importante demais para não ser aproveitado como evidência, já que - bem ou mal - eles haviam previsto alguma coisa estranha para aquele ano.

Só que as previsões para o fim do mundo não parariam por aí. O segundo presidente da Sociedade Torre de Vigia, Joseph Franklin Rutherford, faria ainda uma previsão para 1925, quando os profetas do Antigo Testamento seriam ressuscitados. 

Para acomodá-los (fisicamente falando), ele construiu a casa conhecida como Beth Sarim ("Casa dos Príncipes"), e - já que felizmente ninguém viu Isaías e Jeremias andando por aí - depois de 1925 a "hospedaria profética" sem uso acabou se tornando sua própria residência, onde morreria em 1942.

Um novo fim do mundo seria ainda previsto para 1975. A Torre de Vigia alegava que a criação do homem completaria 6000 anos naquele ano específico. E como em uma semana cujos dias equivalem a 1000 anos (2ª Pedro 3:8), os próximos 1000 anos seriam uma espécie de "milênio sabático". 

Mais uma vez a data passou em branco, e atualmente nenhuma testemunha de Jeová conhece tal previsão.

10) O incêndio londrino de 1666

O número 666, como a maioria das pessoas desconfia, tem um significado místico-cabalístico que transcende aquele registrado como "a marca da besta" no livro de Apocalipse (cap. 13, v. 18).

As pessoas até suspeitam que o número 666 tem alguma, digamos, "maldição embutida", embora nem sempre saibam exatamente a sua origem.

Imagine agora como se sentiam os europeus às vésperas do ano 1666, sobretudo no ano 1665, quando uma praga varreu 100.000 pessoas de Londres, matando 1/5 da população local à época.

Se já havia rumores de que o fim do mundo se aproximava, a praga só os reforçou, até que no dia 2 de setembro de 1666 um incêndio aparentemente inofensivo começou numa padaria da Pudding Lane e - rapidamente - se alastrou pela cidade, queimando 13.000 edifícios e dezenas de milhares de casas durante 3 dias do mais absoluto terror.

Apesar do pânico gerado (por motivos urgentes e reais, registre-se), quando o fogo baixou e as cinzas se assentaram, pouco menos de 10 pessoas morreram, e o fim do mundo foi adiado mais uma vez, exatamente como ocorre hoje, 21 de dezembro de 2012. 

Vamos ver qual é o próximo fim do mundo na fila... urgente!



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