quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O estranho caso do aborto da filha da cantora portuguesa em Cuiabá

Portugal, Brasil, Holanda, Áustria, Índia. Como é que esses cinco lugares tão distintos conseguem se misturar num fato pra lá de esquisito ocorrido em Cuiabá?

Será que só a globalização explica essa notícia do G1?

Cantora portuguesa é indiciada em MT por filha de 14 anos fazer aborto

Mãe tentou acobertar aborto cometido pela filha em Cuiabá, diz delegado.
Adolescente estava grávida de 3 meses de um brasileiro, também indiciado.

Uma cantora portuguesa foi indiciada pela Polícia Civil de Mato Grosso por suspeita de tentar acobertar o aborto da filha, de 14 anos, cometido em Cuiabá, no dia 4 deste mês. Maria Adelaide Mengas Matafome, de 54 anos, deve prestar depoimento em Portugal e o caso será acompanhado pela Interpol.

A garota, que estava grávida de três meses, encontra-se em uma casa de internação para menores. Além da mãe portuguesa, a polícia indiciou o namorado brasileiro, de 21 anos, e a mãe dele, por também tentarem esconder o crime. A adolescente deverá cumprir medida socioeducativo pelo aborto provocado.

O caso foi descoberto na madrugada do dia 4 de janeiro quando a garota deu entrada no Hospital Universitário Júlio Müller. Ela apresentava um quadro grave de hemorragia provocado pela ingestão de quatro comprimidos contendo substância altamente abortiva. Três horas depois de tomar o medicamento, ela entrou em trabalho de parto que só foi concluído quando o feto foi expelido no vaso sanitário da unidade hospitalar.

As investigações apontaram que a adolescente comprou os remédios proibidos pela legislação brasileira por meio de um site holandês. Um médico austríaco emitiu uma receita e os 10 comprimidos remetidos pela Índia foram encaminhados à casa do namorado da adolescente, em Cuiabá, ao custo de R$ 88.

De acordo com o delegado que investiga o caso, Paulo Alberto Araújo, da Delegacia Especializada do Adolescente (DEA), a cantora foi indiciada indiretamente por tentar forjar uma falsa história em relação à gravidez da filha. "A mãe da adolescente em Portugal foi contatada por e-mail e essa ligou ainda por volta de 5h [ do dia 4] no telefone fixo da casa do rapaz falando com cada um em separado para não dizer quem era o pai e que a adolescente já veio grávida de Portugal para o Brasil”, afirmou o delegado.

A garota de 14 anos conheceu o rapaz brasileiro na região de Vila Caiscais, em Portugal. O casal passou a morar na casa da mãe da adolescente desde fevereiro de 2012 e, no dia 28 de setembro do ano passado, ambos foram a Cuiabá para a menina conhecer a família dele. Na capital, a menina descobriu que estava grávida ao fazer dois testes de farmácia.

De acordo com a gerente da Casa de Retaguarda Paulo Prado, Flávia Alessandra Guedes Silva Saldanha, a adolescente estava com passagem de retorno marcada para o mês de novembro, porém, “não retornou porque passou mal ao descobrir estar com dengue”. Em depoimento à polícia, a menina disse que tomou a decisão de abortar e, mesmo o namorado tendo se mostrado contrário à decisão dela, foi auxiliada por ele a fazer pesquisas na internet para localizar abortivos, quando resolveram adquirir o medicamento de uma organização internacional que auxilia mulheres em dificuldade para manter uma gravidez. O delegado que investiga o caso também solicitou à Justiça a proibição de veiculação do site por meio do qual a portuguesa adquiriu os medicamentos.

Internação

Em entrevista ao G1, a gerente da casa de internação informou que os primeiros dias da adolescente portuguesa no local não foram fáceis. Recolhida e indiferente, a menina “chorava o tempo todo”.

O alívio só chegou quando a adolescente confessou ter praticado o aborto em depoimento prestado à polícia. “Quando ela contou a verdade isso deu mais tranquilidade emocional, passou a se alimentar melhor e também a cantar. Ela disse quer ser cantora, como a mãe”, enfatizou.

Saldanha informou ainda que a mãe da menina mantém contato diário com ela por telefone e, inclusive, contratou uma advogada em Cuiabá para atuar em defesa dela e da filha. A escolhida foi a advogada Benedita Rosarinha Bastos, que também é presidente da Comissão da Infância e Juventude da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Mato Grosso (OAB-MT). Ela não respondeu às ligações até o fechamento da reportagem do G1.

O G1 apurou que Bastos compareceu à primeira audiência que responsabiliza a artista no caso realizada na semana passada na Vara de Infância e Juventude de Cuiabá. A Justiça também deverá decidir o futuro da portuguesa no Brasil.



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