domingo, 13 de janeiro de 2013

Quem quer curar a meningite na África? Resposta: Brasil e Cuba!


Pois é... qualquer estrela de Hollywood que se proponha a fazer uma viagem à África, seja para ajudar uma ação social, seja para adotar mais um filho, ganha enorme repercussão na imprensa brasileira e mundial.

Quando Bill Gates ou Oprah Winfrey despejam alguns milhares de dólares em uma instituição de ajuda à África, isto é saudado efusivamente pela mídia como um ato de gloriosa doação pessoal e patrimonial.

Agora, o que pouca gente sabe é que Brasil e Cuba, com todos os seus problemas que são sobejamente conhecidos, se uniram para combater a epidemia de meningite na África, que até então parecia incontrolável.

Felizmente, vem da revista norteamericana Science o reconhecimento a essa iniciativa que vai muito além das fotos e das declarações de efeito.

[atualização de 21/09/2021 - como o link para a revista Science está "quebrado", confirme a notícia clicando no portal da Fiocruz]

Conforme se pode perceber no mapa abaixo, o chamado "cinturão da meningite" se concentra na região subsaariana central do continente africano, onde vivem cerca de 430 milhões de pessoas, do Senegal (a oeste) à Etiópia (a leste).

Curiosamente, a Eritreia e a Somália, que estão localizados mais a leste da Etiópia (no "chifre da África"), são territórios minimamente afetados pela epidemia. As piores regiões estão marcadas em vermelho:



Ocorre que, em 2006, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou um apelo internacional: precisava da produção massiva, ao preço mais baixo possível, da vacina polissacarídea contra os tipos A e C da meningite, a serem aplicadas nos 23 países do cinturão africano da enfermidade.

Afinal, só uma empresa, a Sanofi Pasteur, fabricava essas vacinas, mas - já que a doença havia se retraído em outros continentes, a farmacêutica reduziu drasticamente sua produção, deixando a África à sua própria sorte.

Diante da emergência médica, a OMS praticamente implorou que laboratórios públicos e privados de todo o mundo encontrassem uma maneira de atender à demanda crescente das vacinas antimeningite da maneira mais barata possível.

Nenhuma farmacêutica se deu ao trabalho de responder ao SOS da OMS. As únicas instituições que acudiram ao apelo foram os laboratórios estatais do Brasil (Instituto Manguinhos) e de Cuba (Instituto Finlay).

Os dois órgãos governamentais estenderam as mãos, se uniram e - pelo mútuo acordo - o princípio ativo da vacina é produzido em Cuba e o processo industrial é terminado no Brasil, o que fez com que o preço final de cada dose fosse reduzido em (pasme!) 20 vezes: de 20 dólares a menos de 95 centavos de dólar.

Desde a associação entre o Manguinhos e o Finlay, 19 milhões de vacinas foram produzidas, adquiridas e distribuídas pela própria OMS, pela UNICEF, pelos Médicos Sem Fronteiras e pela Cruz Vermelha Internacional. A África agradece!

A iniciativa cubano-brasileira teve tanto sucesso que vem dos Estados Unidos, através da revista Science, o rompimento do constrangedor silêncio da grande mídia sobre essa insólita e proveitosa parceria.

É o Terceiro Mundo socorrendo o Terceiro Mundo. Suspeita-se que esta notícia você não verá no Jornal Nacional.



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