terça-feira, 9 de julho de 2013

50.000 jovens argentinos invadirão o Rio para ver o papa na JMJ

Por séculos, a rivalidade histórica entre as potências coloniais Portugal e Espanha, depois sucedidas pelos países independentes Brasil e Argentina, foi motivo de contínua tensão no continente sulamericano.

Não é por outra razão, por exemplo, que o grosso das forças militares de ambos os países estejam concentradas até hoje nas regiões limítrofes que englobam o Sul brasileiro e o Nordeste argentino.

A estratégia militar da época ditava que, para evitar uma eventual invasão de um país pelo outro, a região fronteiriça deveria permanecer o mais desabitada possível, e por isso atualmente temos tão poucas pontes e cidades que lhes sirvam de ligação.

Felizmente, a partir da formação do Mercosul, a rivalidade militar e diplomática foi dando espaço unicamente à esportiva, e hoje ninguém mais pensa numa guerra entre os dois países. Amizade e entendimento são as palavras-chave hoje em dia.

Essa mesma proximidade geográfica, econômica e cultural entre Brasil e Argentina terminou facilitando a logística para que milhares de jovens católicos do país vizinho venham ao Rio de Janeiro participar da Jornada Mundial da Juventude, que será comandada pelo papa (argentino) Francisco em sua primeira viagem ao exterior.

Já estão inscritos 22.000 argentinos para a "invasão" católica, mas os organizadores das muitas caravanas que estão sendo preparadas pelas diversas paróquias argentinas estimam que o número de peregrinos chegará a 50.000 até o fim do mês de julho, quando o Brasil e o papa os receberão no Rio de Janeiro.

Para financiar a viagem, os jovens argentinos não diferem nem um pouco de seus irmãos brasileiros e recorrem a rifas, quermesses, doações e as promoções mais diversas que lhes permitam realizar o sonho de ver o papa argentino tão perto de casa.

Mesmo antes da eleição - em março último - do então cardeal de Buenos Aires, D. Jorge Bergoglio, como sucessor de Bento XVI, já era grande o número de argentinos que se dispunha a vir ao Brasil para participar da JMJ 2013.

Com a surpreendente eleição de um argentino para o trono papal, parece não ser mais novidade para ninguém o fato de que a delegação argentina trará ao Rio de Janeiro o maior contingente estrangeiro entre os milhões de jovens católicos que estão sendo aguardados para a JMJ 2013.

Por outro lado, 4.000 jovens argentinos já estão inscritos como parte dos 60.000 voluntários (na maioria, brasileiros) que auxiliarão os participantes dos gigantescos encontros públicos que estão sendo programados, e das catequeses que serão oferecidas em 8 idiomas em 275 locais especiais para tanto, além das reuniões de oração, da feira vocacional e das mostras artísticas, que contarão com cerca de 800 pessoas entre músicos, cantores e dançarinos.

Os voos para o Rio de Janeiro nas datas próximas à JMJ já estão lotados há muito tempo, e os argentinos se valerão de todos os meios de transporte ainda disponíveis para chegar ao Brasil, com uma vantagem óbvia para os ônibus no caso daqueles que moram nas províncias fronteiriças com os Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

A inscrição para os argentinos está estipulada em 300 reais, o que inclui hospedagem em uma das 300 mil casas de família, colégios e clubes brasileiros, uma refeição diária, uma camiseta e o boné do encontro, além de guias devocionais.

Nem tudo são flores, entretanto, no caminho jovem argentino para o Brasil. Autoridades eclesiásticas do país vizinho procuram monitorar eventuais protestos que seriam feitos por argentinos em território brasileiro contra a presidenta Cristina Kirchner, que enfrenta forte oposição da igreja católica local.

Some-se a esse imbroglio dos hermanos o fato de que o câmbio de pesos argentinos por dólares é fortemente regulado pelo Banco Central argentino (o que significa, na prática, a impossibilidade de trocá-los), e o governo Kirchner recentemente abrandou as regras cambiais para atender as queixas dos peregrinos católicos do país, declarando oficialmente que a JMJ Rio 2013 é um "tema de interesse nacional".

Por sinal, além de agradar os católicos argentinos, espera-se que a própria presidenta Cristina Kirchner venha ao Rio de Janeiro participar do evento com o papa que nasceu no seu país.

As fontes das informações são os jornais Clarín e Valor Econômico.



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