segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Foi orar e perdeu a prova do ENEM


As provas do Exame Nacional do Ensino Médio, o popular ENEM, foram realizadas no último fim-de-semana, com as habituais confusões e intercorrências que, até onde se sabe, não chegaram a macular o evento.

Entretanto, uma cena na entrada de uma das escolas chamou a atenção pelo seu, digamos, "ineditismo".

Conforme você pode conferir no vídeo abaixo, uma candidata foi barrada na porta de entrada de uma das escolas que aplicava o ENEM, e fez um tremendo escândalo, chorando e gritando.

Até aí, nenhuma novidade, não é mesmo?

Aos berros, a candidata (ou a mãe dela, não dá para saber ao certo) dizia que havia "parado para orar" na frente da escola, e por isso clamava o bordão "Abre em nome de Jesus!".

Não dá para identificar a candidata no vídeo, e embora já estejam circulando informações desencontradas sobre o seu nome verdadeiro, preferimos omiti-las porque não têm qualquer serventia à reflexão que queremos propor.

Independentemente do drama pessoal de cada um, o qual nos esforçamos o máximo para compreender e ter um certo nível de empatia, o fato inusitado revela o descolamento que certos evangélicos têm em relação à realidade.

No fundo, a fé  que muitas pessoas que se dizem evangélicas têm não é propriamente a fé em Jesus e no que Ele representa para os cristãos, mas a sua fé é direcionada para um discurso religioso que guarda algumas semelhanças com o evangelho, mas de sua essência nada tem.

É a chamada "fé na fé", na definição do sociólogo austríaco Peter Berger, ou seja: "creia, porque é bom crer, e dá resultados".

A "fé de resultados", uma versão utilitária da fé muito comum no Brasil, é muito bem demonstrada no episódio aqui registrado.

Se a intenção da candidata e de sua acompanhante era orar em frente à escola, nada as impedia de terem feito isso num horário conveniente e suficientemente seguro para adentrar com tempo de sobra ao recinto onde a prova seria aplicada.

Afinal, como diz certo comentarista de arbitragem de futebol nas tardes de domingo, "a regra é clara!"



São muitas as razões que podemos aventar para o fato da jovem ter perdido o ENEM.

Diante da necessidade "evangélica" brasileira de "atos proféticos", ela pode ter sido influenciada a rodear a escola 7 vezes, por exemplo.

Alguns lunáticos chegam a "ungir" com óleo e - nos piores casos - urinar para "demarcar território" de suas supostas batalhas espirituais.

Daí não ser surpresa o fato dela pedir insistentemente "abre em nome de Jesus" como se fosse uma espécie de abracadabra gospel sem qualquer sentido que não a mandinga e a reza braba do pensamento mágico que invadiu muitas igrejas que se dizem "evangélicas" no Brasil.







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