terça-feira, 31 de dezembro de 2013

10 antigas tradições de Ano Novo


Chega ao fim o ano de 2013, ano de conquistas e derrotas, alegrias e tristezas, umas mais, outras menos, como acontece com todos os seres humanos do planeta.

Vem aí 2014! Novos planos e antigas esperanças o aguardam, e por isso cada um de nós tem uma maneira de dar-lhe as boas vindas, embora a maneira como isso ocorre esteja padronizada mundo afora, com algumas pequenas diferenças rituais e culturais.

Hoje é um dia propício, portanto, para relembrar como antigas civilizações comemoravam o Ano Novo segundo seus costumes ancestrais.

O portal Listverse cita 10 dessas antigas tradições:

O deus babilônico
Marduque
1 - AKITU BABILÔNICO

Na antiga Babilônia, a chegada do Ano Novo era comemorada com dois eventos que ocorriam na entrada de cada semestre do calendário sumério, quando se celebrava o festival Akitu, em honra do deus supremo de sua religião, Marduque.

Akitu, em antigo sumério, significava literalmente "corte da cevada", ou "semeadura da cevada", conforme o início do semestre correspondente às etapas do seu cultivo.

Conforme você percebe, o povão bebe cerveja desde priscas eras, e a festa popular em torno do Akitu durava duas semanas.

Ao rei cabia um papel mais cerimonial, indo ao templo de Nabu onde recebia dos sacerdotes um cetro real com o qual participava de vários rituais, sendo o mais importante aquele que representava a Criação segundo as tradições religiosas sumérias.

2 - FESTIVAL EGÍPCIO DA BEBEDEIRA

De novo, o álcool. Muitos beberrões atuais se identificariam com essa festa, não é mesmo?

Na antiga mitologia egípcia, o deus-com-cabeça-de-leão Sekhmet havia decidido destruir a humanidade, no que foi impedido pelo deus-sol Rá, que lhe fez beber uma quantidade gigantesca de uma cerveja de cor vermelha, como se fosse sangue humano.

Com essa bizarra inspiração, cada Ano Novo egípcio era comemorado com uma bebedeira coletiva, em que o povo agradecia a Rá pelo estratagema utilizado para o proteger de Sekhmet.

Não era um porre, digamos, "leve". Tratava-se praticamente de um coma alcoólico, já que quando mais se bebesse, mais o indivíduo, a nação e a humanidade seriam salvos da extinção decretada por Sekhmet.

Alguns poucos egípcios permaneciam sóbrios para, no dia seguinte, acudirem e acordarem os bêbados que jaziam pelas casas, ruas e praças das cidades.

3 - NORUZ DA PÉRSIA

"Noruz" (نوروز em farsi, significando literalmente "Novo Dia") é a festa de Ano Novo da antiga Pérsia, que vem sendo comemorada há milênios, e há quem diga que em 2013 foi comemorado o 5774º Noruz da História.

Perceba que, não por acaso, o calendário judaico, contado a partir da Criação, também está no ano 5774.

O Ano Novo persa ocorre no dia 21 de março, ou na data do equinócio da primavera do hemisfério Norte, que é em torno desse dia, e se tornou uma festa muito ligada ao zoroastrismo e à fé Bahá'í.

A celebração dura 13 dias, durante os quais a primavera recomeça a cobrir a terra com vegetação e flores, simbolizando um renascimento.

Até hoje, o Noruz é muito celebrado mundo afora, especialmente no Irã, onde vive boa parte dos seguidores das religiões que o festejam.

4 - FESTA DA CIRCUNCISÃO

A festa da circuncisão era uma tradição da Igreja cristã primitiva, uma espécie de continuação do Natal.

Como a lei judaica mandava circuncidar os meninos ao oitavo dia do nascimento, quando começou a tradição de se comemorar o Natal em 25 de dezembro, em seguida veio a ideia de se celebrar o dia da circuncisão do menino Jesus.

Por isso mesmo, o dia 1º de janeiro, instituído como início do Ano Novo por Júlio César em seu calendário juliano de 46 a. C., passou a ser coincidente com a festa da circuncisão, que ainda é celebrada em comunidades ortodoxas orientais, luteranas e anglicanas ao redor do mundo.

A tradição foi se perdendo na igreja católica até que, em 1974, o papa Paulo VI decretou o dia 1º de janeiro como o "Dia Mundial da Paz".

5 - HOGMANAY DA ESCÓCIA

Hogmanay é uma antiga tradição escocesa de se celebrar com fogueiras o último dia do ano e a virada para o ano seguinte.

O registro mais antigo da festa é de 1604, mas há quem diga que o Hogmanay remonta às eras pagãs da Escócia, antes do advento do cristianismo em terras britânicas.

O fogo é o grande personagem do evento, sendo conduzido em tochas e bolas pelas ruas, simbolizando o retorno do Sol, e continua a ser comemorada na Escócia.

6 - FESTA ROMANA DE JANO

Jano (ou Janus), era o deus romano de duas caras, associado às transições da vida, entre passado e futuro.

Como o próprio nome indica, o nome "janeiro" para o primeiro mês do ano deriva da palavra "Jano".

Não por acaso, portanto, o primeiro dia de janeiro era dedicado ao deus Jano.

Os antigos romanos acreditavam que tudo o que se semeava naquele dia duraria o ano todo.

Por isso mesmo, era um costume deles dar presentes e comida, abster-se de ações e pensamentos maus, e ser cordial uns para com os outros.

7 - CRIOS E IASION DA GRÉCIA

Crios e Iasion eram associados à chegada do Ano Novo na antiga Grécia.

Crios era um dos doze titãs clássicos da mitologia grega, vinculado à constelação de Áries, a primeira que aparecia no céu quando começava a primavera, o que remetia o imaginário popular à entrada em uma nova estação.

Iasion era um semideus, filho de Zeus com uma de suas muitas amantes. Iasion era amante também de Deméter, a deusa grega da agricultura e das estações do ano.

A depravação dos deuses gregos era tanta que Deméter teve uma filha com seu irmão Zeus: Perséfone. 

Isso explica porque Zeus teria matado Iasion, fazendo com que o povo passasse a celebrar a tragédia romântica de Iasion e Deméter na chegada da primavera.

8 - A LENDA CHINESA DE NIAN

Todas as grandes cidades do mundo onde há uma comunidade chinesa relevante sabem o que é celebrar o Ano Novo chinês, que segue seu calendário próprio.

Trata-se de uma festa onde a cor vermelha predomina e se celebra a lenda de Nian, que seria um monstro submarino que, todo dia de Ano Novo, vinha ao continente para devorar pessoas e animais.

Os antigos chineses então se refugiavam nas montanhas, onde esperavam estar a salvo de Nian, que em chinês significa "Ano".

Um dia, entretanto, um velhinho de barbas apareceu numa vila na noite de Ano Novo, pedindo comida e abrigo, e só uma viúva também já idosa o acolheu em meio ao caos.

Em retribuição ao gesto caridoso da viúva, o velhinho prometeu que Nian jamais voltaria e decorou a vila toda com velas e lanternas vermelhas, preparando ainda fogos de artifício para "recepcionar" o monstro quando ele aparecesse.

Todo aquele rebuliço de cores, luzes e sons fizeram com que o monstro se assustasse e sumisse, mas a tradição deveria ser repetida a cada virada de ano.

9 - NEMONTEMI E QUAHUITLEHUA DOS AZTECAS

Os antigos aztecas, povo aborígene do território onde hoje está o México, tinham duas datas específicas para marcar o último e o primeiro dia do ano.

Havia um intervalo de 5 dias entre o último e o primeiro dia do ano. Esse interstício se chamava Nemontemi, e correspondia a um período considerado peculiarmente azarado e perigoso, já que os maus espíritos varriam a terra buscando a quem tragar.

Os aztecas então se recolhiam a suas habitações, fazendo o máximo de silêncio para não atrair as assombrações.

Findo o Nemontemi, começava o primeiro mês do ano para os aztecas, chamado de Quahuitlehua, que correspondia ao final da estação seca e ao início do plantio das novas culturas.

Aí começava também um ritual bárbaro. Para assegurar o favor dos deuses da chuva, que regaria suas plantações, os aztecas sacrificavam crianças por afogamento, dentro do ritual a que chamavam Atlchualco, ou "compra da água".

Ainda bem que certos costumes foram extintos.

10 - DIA DA SENHORA NA INGLATERRA

Até 1752, o dia 25 de março marcava o início do Ano Novo na Grã-Bretanha, com exceção da Escócia, que tinha a sua própria tradição das fogueiras, acima descrita.

Também conhecido como o "Dia da Anunciação", o Dia da Senhora ("Lady Day") tinha inspiração cristã e marcava o dia em que o arcanjo Gabriel visitara Maria para avisá-la do nascimento de Jesus Cristo, exatos 9 meses depois, no Natal.

A tradição se alargou tanto que o dia passou a marcar também o "aniversário" da expulsão de Adão e Eva do paraíso, do assassinato de Abel por Caim, do "sacrifício" de Isaque por Abraão, da decapitação de João Batista e Tiago e da libertação de Pedro da prisão.

A superstição era tal envolvendo o "Lady Day" que alguns "profetas do fim-do-mundo" do século X predisseram que o mundo acabaria na data em que o Dia da Senhora coincidisse com a Sexta-Feira Santa, o que veio a acontecer no ano 970, mas o mundo continua de pé desde então.

Até hoje, 31 de dezembro de 2013. Feliz 2014!



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