quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Fuzil AK-47 e o sentimento de culpa de Kalashnikov


Mikhail Kalashnikov faleceu em dezembro de 2013, aos 94 anos de idade, com sentimento de culpa por ter criado o fuzil AK-47 (que não lhe rendeu dinheiro, ao contrário da vodka que leva seu nome), segundo matéria publicada na Folha de S. Paulo de 13/01/14:

Kalashnikov mostrou arrependimento por mortes causadas por fuzil

O russo Mikhail Kalashnikov, que criou o fuzil AK-47, enviou uma carta ao chefe da Igreja Ortodoxa da Rússia manifestando seu temor por ser o responsável por criar uma arma que matou milhões de pessoas em todo o mundo, informou nesta segunda-feira o jornal "Izvestia".

Kalashnikov morreu em 23 de dezembro aos 94 anos. Durante sua vida, ele nunca havia manifestado seu arrependimento em relação à invenção. Em diversas ocasiões, ele disse que havia inventado a arma para defender seu país e não tinha culpa se os políticos e guerrilheiros a usaram para atrocidades.

Na carta publicada pelo "Izvestia", no entanto, ele afirmou ao patriarca da Igreja Ortodoxa russa, Kirill, que sentia uma dor espiritual insuportável.

"Me faço sempre a mesma pergunta que não posso responder: 'Se meu rifle terminou com a vida de tantas pessoas, pode ser que eu seja culpado pelas mortes, ainda que fossem inimigos?'".

O documento foi enviado em maio de 2012 em papel timbrado da organização chefiada pelo criador da arma e assinada por ele, que se descreveu como "um servo de Deus, o designer Mikhail Kalashnikov".

O secretário de imprensa do Patriarca, Alexander Volkov, declarou ao "Izvestia" que o chefe da Igreja ortodoxa russa recebeu esta carta e escreveu uma resposta pessoal.

"A Igreja tem uma posição muito clara: quando as armas servem para proteger a pátria, a Igreja apoia tanto seus criadores quanto os soldados que as utilizam", disse Volkov. "Ele desenhou este fuzil para defender seu país, não para que os terroristas pudessem utilizá-lo na Arábia Saudita", acrescentou.

FUZIL

Estima-se que a arma, que desenhou em 1947, quando era oficial do Exército Vermelho e se recuperava de ferimentos sofridos durante a Segunda Guerra (1939-1945), vendeu 100 milhões de exemplares.

O fuzil logo se tornou o rifle de assalto padrão da infantaria soviética e, nos anos seguintes, passou a ser adotado por exércitos de mais de 80 países, por guerrilheiros radicais e até por terroristas como Osama bin Laden.

Ele nunca cobrou regalias ou recebeu direitos relativos à criação do fuzil AK-47. Curiosamente, a sua maior fonte de renda provinha da venda de uma vodca que também leva seu o nome.



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