sábado, 31 de maio de 2014

Receita grega para envelhecer bem


Matéria publicada no Brasil Post:

5 coisas que os gregos podem nos ensinar sobre envelhecer bem

Yagana Shah

Sem dúvida, podemos aprender muito com a cultura grega. Alguns dos maiores (e mais sábios) pensadores que já existiram eram gregos… como Sócrates, Platão e Aristóteles, só para mencionar alguns. Devemos a eles a existência da democracia, as Olimpíadas e do Teorema de Pitágoras. Ah, e não vamos esquecer das delícias culinárias, como o moussaká.

E o país em si, com suas ilhas ensolaradas, rodeadas pelas límpidas águas azuis do Mediterrâneo, onde se fazem algumas das comidas mais deliciosas do mundo – nos levam a conclusão de que é bom ser grego. Mas os gregos não estão apenas vivendo bem, eles também estão vivendo mais.

Ikaria, uma pequena ilha grega, é considerada uma "zona azul" , um dos poucos lugares no mundo onde as pessoas vivem de forma saudável e continuam ativas além dos 100 anos de idade. A porcentagem de pessoas que vivem mais do que 90 anos em Ikaria é muito maior do que a média da Europa inteira.

Uma pesquisa revelou que as pessoas que vivem nessa ilha chegam aos 90 anos três vezes mais do que os americanos, e têm a probabilidade bem menor de desenvolver o mal de Alzheimer ou depressão. Para os pesquisadores, isso não é uma mera coincidência.

O estilo de vida com pouco estresse, o nível de atividade física da população e alguns outros hábitos peculiares à cultura da ilha podem ser o segredo da longevidade dessas pessoas.

Veja cinco coisas que os gregos podem nos ensinar sobre envelhecer com sucesso:

1. Eles sabem dar uma pausa no estresse da rotina diária

Como é o costume em muitos países com climas mais quentes, as pessoas na Grécia pausam no meio do dia para tirar um rápido cochilo para recarregar as energias. Em algumas regiões do país, até as lojas e estabelecimentos comerciais fecham nesse período para que os funcionários possam descansar. O pesquisador da universidade de Harvard, Dimitrios Trichopoulos, diz que apesar do cochilo aparentemente interromper o fluxo do seu dia, ele pode até duplicar a sua produtividade, provendo a energia e aquele pique renovado para a segunda metade do seu dia. É algo que poderia trazer um enorme benefício, especialmente para o ritmo de vida frenético que a maioria de nós enfrenta.

"A maneira em que a vida está organizada na nossa realidade, começamos o dia com o estresse de chegar até o trabalho e terminamos com o estresse de voltar para casa. Então, poder desfrutar de um momento no meio do seu dia em que você pode relaxar, só pode fazer bem – mal certamente não vai fazer”, disse o pesquisador em entrevista à radio NPR.

Em sua pesquisa, Trichopoulos descobriu que os homens gregos que cochilavam apenas meia hora por dia apresentavam um risco menor de ataque cardíaco, provavelmente devido à interrupção do estresse graças à “siesta” vespertina. Opa!

2. Eles brindam à saúde

Até o café dos gregos é melhor que o nosso. O café grego fervido não falta em Ikaria e ele não serve apenas para ajudar a acordar. Pesquisadores descobriram que o café grego contém grande quantidade de polifenóis e anti-oxidantes que combatem o envelhecimento e várias doenças crônicas. Descobriram também que as pessoas que bebem sempre esse ‘ouro líquido’ têm melhor função endotelial – que protege seu sistema circulatório – comparado com pessoas que bebem outros tipos de café.

E o que eles bebem no fim do dia? Um chá das montanhas, feito de ervas nativas incluindo sálvia, hortelã e alecrim.

3. Eles foram abençoados por Afrodite

Não se engane achando que sexo é coisa só de gente jovem. Uma boa transa pode continuar sendo divertida e trazer muitos benefícios em qualquer idade, algo que os nativos de Ikaria já sabem. Em uma pesquisa realizada com homens de Ikaria com 65 a 100 anos, quatro de cada cinco homens entrevistados afirmaram que ainda faziam sexo com frequência. E mais de 25% desses homens disseram que a qualidade de seu desempenho sexual era boa, e que relação tinha uma duração considerável. Com os benefícios que o sexo oferece, como o aumento da imunidade, alívio do estresse e combate do envelhecimento, não é de se admirar que eles vivam tanto tempo.

4. Eles têm uma dieta que faz bem ao coração

Quando se fala em culinária grega, talvez você só consiga pensar no famoso churrasco grego super gorduroso, ou para quem conhece melhor as iguarias das ilhas, spanakopita ou um pedaço super doce de baklava. Mas na verdade, os gregos comem de forma bem mais saudável. A dieta deles inclui azeite de oliva bem fresquinho, uma grande variedade de verduras, muitas lentilhas e feijão e pouca carne. No café da manhã, nada de lanches tipo fast food. Eles preferem algo com alto teor de proteína, como o iogurte grego com um pouco de mel. No almoço e no jantar, a refeição sempre inclui muitas verduras, frutas e legumes frescos.

A “dieta” deles é basicamente a famosa “Dieta Mediterrânea”. Essa dieta pode ajudar a reduzir o risco de desenvolver doenças cardíacas e câncer e até mesmo o mal de Alzheimer.

5. A família é tudo

Se tudo que você conhece da cultura grega se resume ao filme "Casamento Grego"… você já tem uma boa ideia, pelo menos no que diz respeito à família. Um forte senso de vida em comunidade e fortes laços familiares são muito importantes para os gregos. É muito comum as famílias viverem juntas na Grécia, bem mais do que em outros países ocidentais.

A nossa própria Arianna Huffington lembra da sua criação em uma família muito próxima. “Eu tinha um vínculo muito forte com a minha família – a minha mãe morou comigo quando eu me casei e me ajudou a criar os meus filhos. Ela era como uma segunda mãe”, disse Huffington em uma entrevista para Into the Gloss.

Em Ikaria, a rotina comum às noites inclui visitar os vizinhos. É praticamente impossível ficar sozinho, o que é muito importante à medida que envelhecemos. “Os mais velhos ficam conosco. Existem lares para idosos, mas eles são apenas para pessoas que perderam a família. Para nós seria uma vergonha colocar uma pessoa idosa em um asilo. É por isso que vivemos tanto aqui”, disse Eleni Mazari, uma corretora de imóveis de Ikaria, ao jornal inglês The Guardian.

Estudos mostram que os idosos não só tendem a ter uma alimentação pior quando estão sozinhos, mas que a solidão na velhice pode resultar em uma saúde debilitada e uma morte antecipada.



sexta-feira, 30 de maio de 2014

Hitler e a espiritualidade contemporânea

Hitler comanda ataque nazista em caricatura soviética de 1942

Artigo de Mateus Prates Mori, a quem agradecemos por ter gentilmente autorizado sua reprodução aqui:

ESPIRITUALIDADE CONTEMPORÂNEA:
O que Hitler tem a ver com isso?

Muitos hoje baseiam qualquer tipo de espiritualidade com algo absorvido ou criado por eles mesmos. Como diz o ditado, no Mundo há tantas pessoas como religiões. Mas, o que Hitler tem a ver com tudo isso?

A grosso modo, pode-se dizer que hoje a religião imperante é uma espécie de Unismo. Como explica o Dr. Peter Jones, no Unismo acredita-se que se há um deus, ele está em todas as coisas e é todas as coisas. Em uma analogia, deus seria o conjunto dos números reais, ou seja, todos os números. Nesse bem bolado, você necessita ter olhos para ver o todo. Você faz parte do Cosmos sendo uma parte muito importante do Universo. Você deve exercitar olhar para dentro de si e achar o seu deus interior. Não é um exercício fácil e você pode e deve fazer o uso de várias técnicas, como meditação transcendental, questionamento da moralidade vigente, esvaziamento e libertação da mente em direção a um estado de harmonia com o universo, algo semelhante a um Nirvana. Seja como for, o que se deve buscar é toda a capacidade dentro de si para ser feliz e ser uma pessoa realizada, amando a si mesmo primeiro, para enfim entrar em harmonia consigo e com o universo. Só assim você entenderá o seu papel. Somente dessa forma você pode oferecer ao próximo o seu melhor. Você deve ser satisfeito sozinho e buscar a completude sem haver a necessidade de encontrar a felicidade em alguém. Você pode ser tudo o que você desejar, sendo capaz de realizar seus sonhos sempre tendo em mente que isso faz parte de um plano geral.

Tudo isso é muito bonito, muito belo e com certeza fala ao coração da humanidade. Não acredito que haja um ser humano que em sua essência natural deseja ser um fracassado. Esse discurso se assemelha bastante com a filosofia de Nietzsche destacando que "A sociedade nunca considerou a virtude outra coisa senão um meio para a força, o poder e a ordem". Em 'A vontade de poder', Nietzsche profetizou a vinda de uma raça de dominadores, "uma espécie humana particularmente forte, altamente dotada de inteligência e vontade". Quase todo tipo de ideologia mama, de alguma forma, nesse fundamento. A teologia da prosperidade que cresce no meio evangélico não é diferente. Afinal, se o Todo-Poderoso o salvou, Ele o salvou para ser um vencedor. Você é um campeão de Deus e como tal deve determinar a sua vitória sobre todas as coisas, pois se Ele prometeu nos dar todas as coisas, assim Ele fará.

De modo muito interessante esse tipo de pensamento rondava a mente de Adolf Hitler. Ouve-se, por vezes, que Hitler era cristão católico. Não era, sabemos, mas não também era abertamente anticristão. Sempre usou a Igreja como massa de manobra para impor sua ideologia e quando necessário distorcia as Escrituras. O Führer apoiou a ala da Igreja denominada de Cristãos Alemães que criaram o 'Cristianismo Positivo'. Uma similaridade que se nota com a espiritualidade atual e a doutrina propagada pelos Cristãos Alemães era o DESPREZO AO ENSINO DO PECADO E DA GRAÇA. O próprio Hitler considerava a pregação cristã de "mansidão" inútil à ideologia nacional-socialista da época, dizendo: "Temos a desgraça de que a nossa religião não nos convém.

Por que não temos a religião dos japoneses, cuja aspiração máxima é o sacrifício pela pátria? Para nós a religião maometana teria sido melhor que o cristianismo, uma religião frouxa e paciente". Em seu livro 'A cruz distorcida: o movimento cristão alemão do Terceiro Reich', a historiadora Doris Bergen escreveu que "os Cristãos Alemães pregavam um cristianismo como o polo oposto do judaísmo, Jesus como líder antissemita, e a cruz como símbolo de guerra contra os judeus". O Evangelho da cruz de Cristo era aquém e negativo demais para recuperar o orgulho e a força do povo alemão após a humilhação no Tratado de Versalhes. Admitir a derrota não é uma opção.

Se você leu até aqui, espero que você possa trazer à memória o que traz esperança. Sim, Jesus Cristo venceu todas as coisas e nos deu a salvação eterna oferecendo-se a si mesmo, de uma vez por todas, como sacrifício vicário (substitutivo) pelos nossos pecados (Hb 7.27). Porém, Cristo jamais pregou e viveu como se dele emanasse poder autogerado. Todo poder por ele exercido emanava do Pai das Luzes (Tg 1.17) e vinha como resultado da perfeita submissão do Filho ao Pai (Mt 11.27; Jo 8.28; Jo 12.49). O Evangelho de Jesus veio revelar que o homem é pecador e que não há esperança de salvação para ninguém abaixo dos céus senão por uma ação ativa de amor do Pai revelando esse favor imerecido por intermédio de Jesus (Mt 19.16-26). O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Rm 8.16). Mas apesar de sermos filhos de Deus, nós não somos deuses. "A igreja possui um único altar, o altar do Todo-Poderoso [...] perante o qual toda criatura deve se ajoelhar. Aquele que procura coisa diferente disso deve se afastar; não pode se juntar à casa de Deus [...]. A igreja possui um único púlpito, e, do púlpito, a fé em Deus (que está em Cristo Jesus) será pregada, e nenhuma outra fé, e nenhuma outra vontade que não a vontade de Deus, por mais bem-intencionada. [...] não podemos simplesmente não estar atento com o fato de que a causa de Deus nem sempre é o sucesso; nós realmente podemos ser 'malsucedidos': e, ainda assim, estar no caminho certo" (Dietrich Bonhoeffer).

Na verdadeira espiritualidade, para Deus sucesso é:

  • Humildade para o reconhecimento de sua natureza pecaminosa.
  • Arrependimento do que te leva a se distanciar de Deus (inclusive, eventualmente fazer tudo "certinho" e não dar glória a Deus pelo privilégio de ser participante de Sua Obra)
  • Submissão à vontade de Deus (que é naturalmente contrária a sua, o que inclui negar-se a si mesmo).
  • Fidelidade à promessa da Palavra de Deus de que Ele irá cumprir a transformação que começou em cada um dos crentes até o dia que encontraremos com o nosso Senhor Jesus Cristo, mesmo diante dos fracassos e derrotas que tivermos aqui nesse mundo.


Disse Jesus: "Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo" (Jo 16.33).

"Por amor de ti, somos entregues à morte o dia todo, fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Em todas estas coisas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Rm 8.36 e 37).



quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ex-executiva do Banco Mundial diz que ET's controlam a Terra


A notícia é bem non-sense, mas foi publicada pelo History Channel para alegrar os corações chegados numa teoria da conspiração:

Ex-executiva do Banco Mundial afirma: “criaturas não humanas controlam o mundo”

Segundo Karen Hudes, uma ex-executiva do Banco Mundial, alienígenas de cabeça alongada e inteligência excepcional controlam o Vaticano e a economia mundial. Muitos conhecem a típica teoria conspiratória em torno do domínio extraterrestre sobre nosso planeta, mas quando esta ideia parte de uma pessoa prestigiada, que já ocupou um cargo de importância mundial, é de se esperar uma considerável repercussão. E foi justamente isso o que aconteceu após uma recente entrevista de Hudes, que está disponível no YouTube.

“Criaturas não humanas, de cabeça alongada e com QI 150, controlam o Vaticano e os bancos do de todo o mundo”, respondeu Hudes, sem hesitar, diante da pergunta do seu interlocutor sobre quem estaria controlando o mundo.

De acordo com sua declaração, esses seres estão no poder há muito tempo. “Não são da raça humana. Eles se chamam Homo Capensis. Estiveram na Terra, ao lado da humanidade, antes da Idade do Gelo”, disse a ex-executiva, calmamente. Para fundamentar sua ideia, ela citou o caso de alguns objetos encontrados com faraós egípcios, usados em suas cabeças, e os enigmáticos crânios peruanos.

O currículo de Hudes inclui um bacharelado em Direito pela Universidade de Yale e economia pela Universidade de Amsterdã. Ela trabalhou no Export-Import Bank dos Estados Unidos e, depois, no Departamento Jurídico do Banco Mundial, onde virou uma assessora de alto escalão.

Embora suas palavras soem absurdas para muitos, o fato é que elas fazem eco com o que defende o ex-ministro da Defesa do Canadá, Paul Hellyer, que afirmou, no ano passado, durante um congresso ufológico, que existem alienígenas trabalhando no governo norte-americano.

Assista abaixo aos vídeos:

Entrevista com Karen Hudes (parte 1/2)


Entrevista com Karen Hudes (parte 2 de 2)




quarta-feira, 28 de maio de 2014

Teria uma bomba atômica caído sobre Sodoma e Gomorra?


Essa teoria da conspiração não é exatamente nova, mas muito pouco conhecida, felizmente relembrada por Carlos Orsi para a revista Galileu:

A origem da teoria das bombas atômicas pré-históricas

A ideia de que certos mitos preservam relatos de explosões nucleares provocadas por alienígenas nasceu na década de 50 na União Soviética, país que durante algum tempo abraçou a ufologia mais delirante como uma espécie de “alternativa secular” à religião. O tema foi contrabandeado para o ocidente por autores franceses, no início dos anos 60, e ganhou o mundo na obra do suíço Erich von Däniken. As bombas atômicas antigas teriam sido usadas contra Sodoma e Gomorra, as cidades bíblicas, e durante uma batalha descrita no épico indiano Mahabharata.

No caso bíblico, o relato é muito breve, e fala apenas de uma “chuva de enxofre e de fogo” sobre as cidades – algo bem diferente de uma explosão nuclear. A bola de fogo de uma bomba atômica não “chove”, expande-se. E a Bíblia não menciona a onda de pressão, uma muralha de vento que arranca tudo que encontra em seu caminho, e que é um dos efeitos mais notáveis de uma bomba nuclear.

O caso do Mahabharata é ainda mais confuso: tanto Von Däniken quanto suas fontes francesas, Louis Pauwels e Jacques Bergier, citam supostos trechos do poema que, ou não existem no original, ou foram drasticamente adulterados na tradução, tal como apresentada por esses autores.

O antropólogo Jason Colavito diz que o mais próximo do texto apresentado por Von Däniken como sinal de explosão atômica, nas traduções mais aceitas do épico indiano, é um trecho do Livro 7, descrevendo uma arma mítica que dispara flechas de fogo.

Depois de Von Däniken, outros autores, como David Hatcher Childress, também adotaram a ideia de armas nucleares antigas, embelezando-a com outros artefatos de ficção científica, como raios da morte.

Na Antiguidade, o pensador grego Evêmero defendeu que os mitos do passado na verdade não passavam de história disfarçada – os deuses do Olimpo seriam antigos reis, por exemplo. A doutrina recebeu o nome de evemerismo. A teoria da bomba atômica pré-histórica é uma espécie de evemerismo torto, que além de negar o caráter mítico ou ficcional dos textos de nossos ancestrais, ainda projeta neles as tecnologias – e fantasias – do presente.



terça-feira, 27 de maio de 2014

Por que tarda o pleno avivamento?


Artigo de Mateus Prates Mori, a quem agradecemos por ter gentilmente autorizado sua reprodução aqui:

POR QUE TARDA O PLENO AVIVAMENTO?

Não sou nenhum pastor, teólogo ou filósofo, mas acredito no sacerdócio universal do crente em Cristo Jesus, por isso esse tema tem me incomodado e me chamado atenção. Pode ser que eu esteja errado. Se for, certamente estou falando para mim mesmo. Mas, creio que há algo de errado com TODO o cristianismo contemporâneo.

O título emprestado do livro de Leonard Ravenhill denuncia o mundanismo que adentrou a Igreja de Jesus Cristo. Pior que eu já li esse livro. Milhares de cristãos leram esse livro. E, obviamente, não muita coisa mudou.

O que eu questiono são os pesos que temos dado as práticas diárias da vida cristã. Lembro-me que na última aula da escola bíblica dominical foi levantado uma questão da prática devocional e do testemunho cristão. Um irmãozão meu questionou o ritualismo morto da leitura bíblica que o levava a chegar atrasado no trabalho. Todos foram unânimes em apontar para a necessidade de cumprir o seu dever com excelência, chegando pontualmente, fazendo o seu melhor no serviço, sendo luz naquele ambiente. Aqui, estou pondo minha cara a tapa, pois tenho a certeza que serei duramente criticado (até por reconhecer meu certo "desprezo" com o meu doutorado/trabalho). Porém, estou certo no Espírito Santo de que isso pode ter cara de piedade, mas no fundo é a mais pura vaidade.

Lembro-me de várias passagens a respeito do coração de um adorador. O que dizer da mulher que "desperdiçou" aquele perfume de nardo puro na cabeça de Jesus (Mc 14.3-9)? O que dizer de Maria, enquanto Marta estava atarefada em servir a Jesus, indo lá pra cá, inquieta e impaciente com a "lerdeza e a preguiça" de Maria (Lc 10.38-42)? O que está por trás de tudo isso? O antropocentrismo da obra contra a dependência cristocêntrica da adoração. Temos vivido no desespero confortável de cumprir a nossa agenda ou até mesmo a agenda da nossa igreja, ou temos vivido no descanso amedrontador de cumprir a agenda de Deus?

Quando lembro de sermões da Palavra que os meus pastores Arival e Hernandes tem pregado, não consigo não parar para pensar em como temos respondido. Será que não está na hora de deixarmos os nossos afazeres de segunda, terça, da semana toda e ficarmos em oração, súplica, intercessão, na casa de Deus - que o Senhor afirmou que será chamada casa de oração (Is 56.7; Mt 21.13) - até que Ele nos revista do Alto com o poder do Espírito Santo, para sermos suas testemunhas? Entenda, eu não estou falando de um segundo pentecostes. Estou falando da essência de tudo que é puro e de tudo que é digno diante do Senhor. "Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus" (Sl 51.17). Está na hora de nos humilharmos. Onde estão os Neemias do nosso tempo (Nm 1)? Onde estão os Elias (1 Rs 19.9-18)? E onde está a alegria de compartilharmos dos sofrimentos de Cristo, como na Igreja Primitiva (At 5.40-41)?

"Lembra-te, Senhor, do que tem acontecido conosco; olha e vê a nossa desgraça. (..) Dos nossos corações fugiu a alegria; nossas danças se transformaram em lamentos. A coroa caiu da nossa cabeça. Ai de nós, porque temos pecado! E por esse motivo o nosso coração desfalece, e os nossos olhos perdem o brilho. (...) Por que motivo então te esquecerias de nós? Por que haverias de desamparar-nos por tanto tempo? Restaura-nos para ti, Senhor, para que voltemos; renova os nossos dias como os de antigamente" (Lm 5.1, 15-17, 20 e 21).

Antes da obra, a cruz. Antes da ressurreição, a morte. Antes da glória, a humilhação.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Vaticano em guerra


Matéria publicada no IHU:

Guerras vaticanas ao redor do papa

Basta repassar no gravador a longa fila de rostos episcopais preocupados, perplexos, tensos e às vezes irritados, que apareceram nas telas de TV enquanto o pontífice falava à Conferência Episcopal Italiana (CEI), para entender que o 19 de maio foi um dia fora do comum na história do episcopado italiano.

A reportagem é de Marco Politi, publicada no jornal Il Fatto Quotidiano, 21-05-2014. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Quem acompanhou João Paulo II, Bento XVI e Francisco nas suas viagens na Itália e no exterior conhece bem o barulho dos aplausos ensurdecedores. Na segunda-feira, não se viu nem um rastro disso na sala do Sínodo.

O aplauso final em diversos setores do hemiciclo se limitou ao mínimo. É um sinal de alerta. Muitos meios de comunicação, drogados pela campanha eleitoral italiana, explicaram em chave italiana o apelo papal a não ceder ao "catastrofismo", quase como se Bergoglio quisesse roubar espaço do jovem Renzi.

Não é assim. O Papa Francisco se referia à "emergência histórica" da miséria e do precariado crescente em todo o planeta, enfatizando a exigência de que os bispos, na fase atual, não se detenham no plano, "embora nobre", das ideias, mas saibam entrar na realidade com gestos concretos para dar uma contribuição para encontrar saídas de uma situação – global – que esmaga cada vez mais a maioria dos seres humanos.

Antes ainda do aspecto social, no entanto, a "pregação" do papa argentino se dirigiu aos bispos de carne e osso, ao seu modo de se apresentar, ao seu modo de agir, à sua atitude ou não de criar comunidade em torno de si, valorizando o papel dos leigos e a presença das mulheres e dos jovens.

É claro que o pontífice que veio "do fim do mundo" pede que das hierarquias italianas emerja uma gigantesca operação de reconversão, um esforço grandioso para abandonar toda tentação de se sentir "potentados" na sua realidade social (pequenos, médios ou grandes, não importa), a fim de se colocarem diante da humanidade contemporânea simplesmente na veste de discípulos de Cristo.

"Que o seu anúncio seja cadenciado pela eloquência dos gestos", exclamou. Reiterando logo depois: "Eu recomendo: a eloquência dos gestos". Como que dizendo que, sem o testemunho concreto de uma diversidade de vida e de ações, o anúncio da Boa Nova não chega.

Evidentemente, no ano passado, Francisco não percebeu no episcopado uma prontidão para segui-lo. No mínimo, captou uma inércia filial a lhe dizer sempre sim, permanecendo fixos nas suas próprias posições de costume. Isso explica a irritação do pontífice, que se traduziu na decisão sem precedentes de não se limitar – como faziam seus antecessores – a indicar, nos bastidores, a linha do presidente da CEI, sugerindo-lhe as ênfases a fazer ressoar na palestra introdutória, mas também a tomar a palavra logo no início da assembleia dos bispos para mostrar claramente o horizonte em que se mover.

Não foi uma operação indolor. A ausência de qualquer reconhecimento do trabalho desempenhado pela conferência episcopal, a insistente lista dos erros (as "tentações") que os bispos italianos são chamados a corrigir, são fatores destinados, por sua vez, a provocar irritação nos ambientes prelatícios. E a alimentar a surda oposição daquele setores episcopais e cardinalícios que alimentam a guerrilha antipapal do jornal Il Foglio e de uma massa de sites contrários ao papado argentino, acusado de simplismo, demagogia e pouca profundidade teológica.

Uma guerra subterrânea está em curso no Vaticano e na Igreja universal em torno do projeto de reformas de Francisco. A clara dissonância que se produziu entre o papa e uma parte da CEI representa uma novidade no panorama eclesial.

Certamente não agradável. Certamente capaz de tornar mais obstaculizado o processo de reforma. O andamento do debate irá mostrar quantos serão, concretamente, os bispos da CEI prontos para se consumir para apoiar e realizar as mudanças profundas exigidas por Francisco.

Em relação a décadas anteriores, o cardeal Bagnasco sem dúvida tentou governar a CEI de maneira menos autoritária, mas aqui é preciso – Francisco exige – um sopro de liberdade de debate e de propostas, típico da época do Concílio Vaticano II, que a atual estrutura da CEI até agora não permitiu.

Nessa terça-feira, 20, o cardeal-presidente Bagnasco tomou a palavra. Ficou perceptível que, a propósito da futura modalidade de escolha do presidente, ele já abriu uma fresta para correções ou, eventualmente, para "novas formas" em relação ao fechamento dos últimos meses.

A velha proposta previa que o presidente, depois de uma sondagem entre todos os bispos, sempre seja escolhido pelo papa. A assembleia terá a coragem de chegar a uma verdadeira eleição?



domingo, 25 de maio de 2014

Papa busca a paz com outras religiões no Oriente Médio


Matéria publicada na Agência Brasil:

Papa quer reforçar diálogo inter-religioso em visita à Terra Santa

O papa Francisco quer reforçar o diálogo inter-religioso e a reconciliação entre igrejas do Oriente, na primeira viagem à Terra Santa, e tentar ultrapassar um conflito regional que continua se agravando. Guerra civil na Síria, impasse no processo de paz israelo-palestino e fortalecimento do fundamentalismo islâmico no Médio Oriente são algumas das preocupações que dominam "a peregrinação" do papa – popular nas comunidades muçulmana, judaica e cristã – a Amã, Belém e Jerusalém, de sábado (24) a segunda-feira (26).

Além de pelo menos 14 discursos e dois banhos de multidão em Belém e Amã, o papa vai participar de cerimônias nos locais mais simbólicos: no Rio Jordão, onde segundo a tradição Cristo foi batizado, na Basílica da Natividade, em Belém, no Santo Sepulcro, Esplanada das Mesquitas, Muro das Lamentações, Memorial do Yad Vashem e no Cenáculo em Jerusalém. Francisco vai ainda se encontrar com refugiados palestinos e sírios.

Um rabino e um professor muçulmano, Abraham Skorka e Omar Abbud, amigos de longa data de Buenos Aires, acompanham Francisco na visita ao berço do cristianismo. De acordo com o papa, o diálogo inter-religioso pode aproximar campos políticos irreconciliáveis e mostrar que a religião não é um fator de ódio.

A unidade entre cristãos do Oriente (católicos e ortodoxos), enfraquecidos pelas divisões até na Ucrânia, é um dos temas em destaque na quarta viagem de um papa à Terra Santa.

Em Amã, depois de ser recebido pelo rei Abdullah II, Francisco vai presidir uma missa no estádio da capital e se encontrar com 600 deficientes e refugiados, muitos oriundos da Síria.

Em Belém, depois de ser recebido pelo presidente da Autoridade Palestinia, Mahmud Abbas, um automóvel aberto vai levar Francisco à Praça da Manjedoura, para a maior missa da viagem.

À noite, já em Jerusalém, o papa vai se encontrar com os patriarcas católicos e ortodoxos na Basílica do Santo Sepulcro, onde está, de acordo com a tradição, o túmulo de Cristo, para uma oração.

No último dia, ele visita a Esplanada das Mesquitas, Cúpula do Rochedo (Grande mesquita de Jerusalém) e o Grande Conselho dos Muçulmanos, o Muro das Lamentações, onde deixará uma mensagem e. Ao cemitério do Monte Herzl (do nome do fundador do sionismo Theodor Herzl) ele levará uma coroa de flores.

O papa vai manter breves encontros com o Presidente Shimon Peres e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, quando as negociações da concordata entre o Vaticano e Israel – acordo sobre o regime fiscal e imobiliário dos bens das congregações católicas – parecem registar algum progresso.



sábado, 24 de maio de 2014

Limites ao direito de "ser esquecido" pelo Google

Em outubro de 2013, publicamos aqui um artigo do Superior Tribunal de Justiça sobre como a jurisprudência brasileira vem acolhendo (ou não) o direito que as pessoas têm de serem esquecidas, sobretudo nesses tempos virtuais em que vivemos.

Ontem, publicamos artigo que trata da corrida de pedófilos e políticos europeus a fim de eliminar seus rastros na internet.

Interessante, portanto, ler um pequeno contraponto a essas questões, proposto por Ronaldo Lemos na Folha de S. Paulo:

'Direito de ser esquecido' é mais veneno que remédio

Em tempos de privacidade cada vez mais rara, cresce o debate sobre o "direito ao esquecimento". Na semana passada ele se materializou em uma decisão da Corte Europeia de Justiça. Por ela, qualquer site pode ser obrigado a remover da internet dados "inadequados ou que não sejam mais relevantes".

Um cidadão espanhol reclamava que, ao buscar seu nome na rede, aparecia o link de um artigo de jornal publicado há 16 anos falando sobre o leilão de uma propriedade sua para quitar dívidas. A corte entendeu que o link deveria ser tirado do ar.

Apesar da preocupação legítima, o "direito de ser esquecido" é dos temas mais espinhosos hoje. Não por acaso entidades anticensura protestaram contra a decisão. A razão é o risco de efeitos colaterais. Como é praticamente impossível definir os limites desse direito, as decisões tornam-se subjetivas. E aí os problemas são muitos.

Por exemplo, pode haver chuva de gente solicitando a revisão do que está na internet, e também em arquivos de jornais, revistas e redes de TV. É como se ficasse liberado o revisionismo histórico.

Se há qualquer dado que desagrada alguém, basta pedir para apagá-lo. Outro problema é que a informação considerada "irrelevante" hoje pode não ser mais amanhã.

Um exemplo é a queima de processos judiciais "velhos". Assim foi destruído o processo de indenização por acidente de trabalho do ex-presidente Lula. Independentemente do apreço que se tenha por ele, trata-se de documento de interesse histórico.

Por isso, o "direito ao esquecimento", sob o prisma da liberdade de expressão, é mais veneno do que remédio.



sexta-feira, 23 de maio de 2014

Políticos e pedófilos europeus querem apagar seus rastros na internet

Notícia publicada no Tecnoblog:

Os primeiros a pedir remoção de links do Google na Europa: políticos e pedófilos

A legislação que permite ser esquecido pelo Google tem objetivo nobre, mas já é utilizada para motivos bastante escusos

Jacqueline Lafloufa

Na semana passada, a European Union Court of Justice (ECJ) definiu um curioso veredicto: declarou que as pessoas têm “o direito de serem esquecidas na internet”, exigindo que buscadores como o Google ofereçam ferramentas para que os cidadãos possam solicitar a remoção de conteúdos considerados “inadequados, irrelevantes ou não mais relevantes”.

Ainda que nobre, o objetivo da corte europeia vai causar muitas discussões. Entre as primeiras pessoas a solicitarem a remoção de links indesejados estão casos como:

  • Um político que quer desaparecer com um artigo sobre seu comportamento profissional, para que ele esteja com a “ficha limpa” nas próximas eleições;
  • Um pedófilo, condenado pela posse de conteúdo explícito infantil, que quer que o Google apague links para páginas que comentam sua sentença;
  • Um “perseguidor digital” que quer dar fim nas referências a artigos sobre legislação contra cyberstalking que citam o seu nome;
  • Um médico que quer remover um link que faz resenha sobre seu atendimento;
  • Um homem que tentou assassinar sua família, que quer links sobre essa notícia removidos da busca.


Ou seja, além de permitir que cidadãos de bem não sejam para sempre digitalmente assombrados por informações do seu passado, essa nova lei tem sido utilizada por pessoas que querem ocultar dados bastante relevantes sobre seus precedentes (em alguns casos, até mesmo precedentes criminais).

Além dessa delicada questão, existe o problema de deixar a cargo do intermediário (no caso, os buscadores) a definição de critérios que devam levar à remoção de conteúdos. Podem ocorrer situações bem ambíguas – poderia um pedófilo pedir que esse dado seja ocultado da sociedade? – e que pode afetar drasticamente os resultados de busca, dependendo da região onde o pesquisador se encontra.

“As mais de 100 bilhões de buscas realizadas todos os meses, apenas no Google, poderão em teoria serem colocadas em um ‘sistema de moderação’ caracterizado por adequação e relevância, ao invés de precisão e legalidade”, comenta o advogado Mark Stephens, em artigo no The Guardian. Isso sem contar que, nesse caso, os resultados de busca na Europa acabam se tornando mais fracos ou menos completos do que os realizados em outros locais do planeta.

Esse assunto veio à tona devido a um processo movido em março de 2010 pelo espanhol Mario Costeja Gonzalez, que solicitava a remoção de links sobre um leilão da sua casa, que ainda apareciam no Google, alegando que eles causavam uma invasão de privacidade.

Do ponto de vista dos delegados da comissão europeia de justiça, a decisão judicial foi um grande passo para a proteção de informações pessoais. “A não ser que exista uma boa razão para reter os dados, um indivíduo deve ter direitos legais de solicitar a remoção dessa informação. Os dados são propriedade do indivíduo, não da empresa”, comentou Viviane Reding, uma das delegadas dessa comissão, em post no Facebook.

No meio desse tiroteio, o Google segue a legislação e promete para o fim de maio uma ferramenta específica para que os europeus possam solicitar a remoção de links da sua busca. Já existe um jeito de fazer isso, dentro das ferramentas de webmasters do Google, mas esse sistema não atende a todos os requisitos da justiça europeia.

Independentemente do desfecho imediato da situação, um ponto de reflexão importante é que tipo de consequências sociais essa nova legislação pode ter. Como determinar que informações são de interesse público – como a qualidade do atendimento de um médico, ou os antecedentes criminais de uma pessoa – e quais dados são privados? O quanto essas remoções de links poderão “desaparecer” com conteúdos que são fatos públicos? Será que esse tipo de atitude não acaba com o princípio de liberdade e transparência da internet?

Eu acabo tendendo a concordar com Mark Stephens – ainda que a decisão judicial tenha sido essa, continua sendo uma boa oportunidade para discutir uma solução mais adequada, que consiga garantir a privacidade dos cidadãos e continuar protegendo os direitos de livre expressão.



quinta-feira, 22 de maio de 2014

Freiras podem tirar foto com véu para carteira de motorista


Embora já tenha sido notícia em 2012 na Gazeta do Povo (foto acima), a informação foi novamente publicada no jornal Valor Econômico de 21/05/14:

CNH para freiras

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região confirmou sentença que permite a todas as freiras católicas da região de Cascavel (PR) retirar e renovar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com o hábito religioso completo. A decisão frisou, entretanto, que na fotografia o hábito deverá cobrir apenas a parte de trás da cabeça, deixando livres as orelhas, e que as religiosas devem comprovar ao Detran-PR que fazem parte da instituição que afirmam integrar. A ação civil pública foi movida pelo Ministério Público Federal, após o Detran-PR recusar-se a expedir a CNH de uma religiosa católica por estar com o véu do hábito na foto. Segundo o órgão, o Brasil é um Estado laico e a regulamentação proíbe item de vestuário que venha a cobrir parte do rosto ou cabeça, impedindo o reconhecimento fisionômico do motorista. Após a ação ser julgada procedente pela Justiça Federal de Cascavel, a União e o Detran-PR apelaram para o tribunal. Segundo o relator do processo, desembargador federal Fernando Quadros da Silva, a Constituição Federal garante a liberdade de crença, não podendo esta ser revogada por norma do Detran.



quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sheherazade, a metaleira

Calma, fãs da Sheherazade! Quem diz isso (e outras coisas esquisitas) é Anna Virginia Balloussier, em artigo publicado na Folha de S. Paulo

De nossa parte, só temos muita saudade da (antiga) época em que a Editora Mundo Cristão tinha o cuidado de se concentrar na pregação do evangelho e não se associava a figuras tão polêmicas:

O primeiro livro de Sheherazade

“Mulher, dona de casa, mãe de duas crianças e ainda jornalista” por autodefinição, “Sheherazeda”, “bosta falante” e “queridinha do Silvio Santos” pelo que fãs preferem creditar à intriga da oposição, Rachel Sheherazade vai virar escritora.

A apresentadora do SBT, que ontem escrevia contos infantis e hoje tem na cabeceira o filósofo Olavo de Carvalho (“O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota”), lançará seu primeiro livro pela editora Mundo Cristão.

O mínimo que você precisa saber para entender a estreia literária da mulher de Rodrigo e mãe de Clara e Gabriel, batizada na Igreja Batista e nascida há 40 anos em João Pessoa, na Paraíba: “Abordarei questões como corrupção, justiça, liberdade, cultura e valores”, diz em entrevista por e-mail (a única opção aceita).

Ainda sem título, a obra está prevista para o segundo semestre. A tiragem inicial é de 15 mil exemplares, cinco vezes a média nacional.

Adepta da “boa política, em prol da maioria” e sem descartar carreira nessa área, a autora quer publicar antes das eleições.

Fã do heavy metal de Iron Maiden, Sheherazade frequenta todos os domingos uma igreja próxima ao condomínio de luxo onde mora em Alphaville, a 23 Km de São Paulo. Diz compartilhar com a Mundo Cristão, que também distribui títulos sobre os evangélicos Marina Silva e Justin Bieber, “princípios em comum, princípios cristãos”.

Renato Fleischner, diretor de operações da editora, afirma que a proposta “não é publicar uma obra para simplesmente chocar as pessoas, mas colocar no debate sobre o atual momento da sociedade brasileira uma perspectiva que possa, em alguma medida, estar afinada com os valores nos quais acreditamos”.

Sheherazade, a âncora que faz do “SBT Brasil” uma batalha naval de opiniões polêmicas, ganhou projeção nacional em 2011. Virou hit no YouTube após criticar o Carnaval de João Pessoa, “festa dos ricos” que teria virado um aspirador de recursos públicos.

“Muitas coisas hoje me revoltam no Carnaval. Uma delas é ouvir a boa música ser calada à força por hits do momento, como o ‘Melô da Mulher Maravilha’ e similares que não ouso nem citar”, disse à época.

Foi quando o telefone tocou novamente, ela foi atender, e era um Abravanel. Leon, diretor de produção do SBT, convidava a paraibana para conhecer a rede de seu tio Silvio Santos.

Em fevereiro, com três anos de casa, a jornalista elogiou no ar “justiceiros” que tiraram a roupa e prenderam um adolescente num poste no Rio, usando tranca de bicicleta. Sugeriu a quem discordasse da ação: “Adote um bandido”.

A fala causou celeuma, e os jornalistas do canal acabaram temporariamente proibidos de emitir opinião ao vivo.

Sheherazade sabe fazer barulho, mas prefere escrever “no momento mais quieto e solitário” do seu dia: sempre à noite, entrando na madrugada, quem sabe após folhear seu Olavo de Carvalho –o título foi presente de um colunista da revista “Veja” com quem tem “grandes afinidades ideológicas”.

Abaixo, um pouco da ideologia de Rachel Sheherazade em 1.001 caracteres:

Quais é a expectativa para as eleições?
Não revelo meu voto. Mas posso dizer que sou uma adepta da renovação constante na política.

Seria candidata a algo?
Minha missão hoje é como jornalista. Somos os olhos e a voz do povo. No futuro, não descarto a possibilidade. Acho que as pessoas de bem deveriam se interessar mais por política e entrar no jogo para virar o placar em favor dos justos. A política é, também, uma nobre missão.

Você é “maiden maniacal”. Isso entra em conflito com sua fé?
Gosto do Iron Maiden pela melodia das músicas, pela profundidade das letras, que abordam temas que vão de história mundial a questionamentos sobre vida e morte. No Evangelho, aprendi que devemos examinar tudo e reter o que é bom.

Como está a relação com o SBT?
Não há polêmicas. Entre mim e o SBT há confiança recíproca. É por isso que continuamos nossa parceria de sucesso até 2018.

Já pensou em seguir vocação religiosa na igreja?
Nunca. Acho que não tenho o dom. Mas, se receber o chamado, atenderei.



terça-feira, 20 de maio de 2014

Telexfree fora do ar


Parece que Telexfree, empresa que iludiu muitos evangélicos que caíram (mais uma vez) no golpe da pirâmide, está definitivamente fora do ar, segundo noticia o Estadão:

TelexFree suspende todas as operações

Empresa é acusada de promover esquema de pirâmide financeira e entrou com pedido de recuperação judicial em abril

SÃO PAULO - A TelexFree, acusada de promover um esquema de pirâmide financeira, anunciou nesta sexta-feira, 16, a suspensão de todas as suas atividades. Em comunicado publicado em seu site, a empresa afirma que precisa solucionar pendências com a Corte de Falências norte-americana, a Securities and Exchange Commission(SEC, equivalente à CVM no Brasil) e outras agências governamentais.

Em abril, a companhia entrou com pedido de recuperação judicial no Estado norte-americano de Nevada. Especializada na venda de serviços de voz pela internet (Voip), a TelexFree teria levantado US$ 1 bilhão pelo mundo com falsas promessas de rápido enriquecimento.

Nesta última quinta-feira, um novo episódio: Katia Wanzeler, mulher do também brasileiro Carlos Wanzeler, cofundador da empresa, foi presa no Aeroporto Internacional de Nova York, segundo informou o jornal The Boston Globe.

Ela tentava fugir para o Brasil, onde o marido pode estar. A Justiça dos Estados Unidos o considera foragido.Carlos Wanzeler teria conseguido fugir para o País pelo Canadá e Katia supostamente tentava fazer o mesmo trajeto.

O americano James Merrill, outro fundador da TelexFree, foi preso no último dia 9, em Massachusetts. A empresa também é investigada no Brasil por suspeita de pirâmide.

Os participantes do esquema tinham de pagar US$ 289 por um kit de publicidade ou R$ 1.375 por cinco kits. Em troca pela publicação de anúncios publicitários em determinados sites, a companhia prometia retornos anuais de até 250%.

Os esquemas de pirâmide são conhecidos por pagar mais aos participantes para recrutar novos membros do que para vender os produtos oferecidos.



Só para lembrar os bons tempos em que o casal Wanzeler, com muito "graças a Deus", vendia sonhos aos incautos:




segunda-feira, 19 de maio de 2014

AASP promove seminário sobre liberdade religiosa


Para quem está em São Paulo (SP), começa hoje às 19 horas, 18/05/14, o seminário gratuito sobre liberdade religiosa promovido pela AASP - Associação dos Advogados de São Paulo, com os seguintes temas e palestrantes:

LIBERDADE RELIGIOSA

Coordenação
Associação dos Advogados de São Paulo (AASP)

Horário 19 h (horário de Brasília/DF)

Carga Horária
8 h

AULA PRESENCIAL

Programa
19/5 – segunda-feira.

19 h – Constituição e religião.
Min. Gilmar Mendes

20/5 – terça-feira.

9 h – Aspectos tributários e garantias da liberdade religiosa.
- Alcance da imunidade tributária sobre os templos de qualquer culto.
Dr. Roque Antonio Carrazza

10h30 – Dignidade da pessoa humana e liberdade religiosa.
Des. Francisco Giordani

12 h – Intervalo.

14 h – Religião e Justiça. - A utilização dos símbolos religiosos. O crucifixo nas salas de audiências e sessões.
- Os feriados cristãos e católicos e as festas religiosas de outras crenças.
- Os cerimoniais e o predomínio da Igreja Católica no Estado laico.
Dr. Ives Gandra da Silva Martins

15h30 – Direito das obrigações e obrigações religiosas.
- O dízimo e a sua natureza jurídica.
- Repetição de doações e validade jurídica dos atos de disposição de patrimônio em favor de igrejas.
- A violência religiosa – discriminação contra o diferente.
Dr. José Fernando Simão

17 h – Aspectos trabalhistas e previdenciários.
- Trabalho sacerdotal e emprego.
- A previdência dos ministros de confissão religiosa.
Dr. Ricardo Pereira de Freitas Guimarães

19 h – Encerramento.
Dr. Sérgio Rosenthal (presidente da AASP)

INSCRIÇÕES GRATUITAS

Local
ASSOCIAÇÃO DOS ADVOGADOS DE SÃO PAULO - AASP
R Álvares Penteado, 151 - Centro
São Paulo-SP

Mais informações na página da AASP.



domingo, 18 de maio de 2014

CNJ pode investigar juiz que decidiu que umbanda não é religião

A notícia é da Folha de S. Paulo:

CNJ deve investigar juiz que nega status de religião à umbanda

Líderes do movimento negro e parlamentares pedirão ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que investigue o juiz Eugênio Rosa de Araújo, da 17ª Vara Federal do Rio. Ele causou revolta ao afirmar que a umbanda e o candomblé não são religiões.

Em decisão do último dia 28, o magistrado considerou que as crenças afro-brasileiras "não contêm os traços necessários de uma religião". De acordo com ele, as características essenciais de uma religião seriam a existência de um texto base (como a Bíblia ou Alcorão), de uma estrutura hierárquica e de um Deus a ser venerado.

Com base nesses argumentos, o juiz rejeitou pedido do MPF (Ministério Público Federal) para obrigar o Youtube a tirar do ar uma série de vídeos com ofensas à umbanda e ao candomblé. A Procuradoria da República já recorreu da decisão.

O deputado Edson Santos (PT-RJ), ex-ministro da Igualdade Racial, acusou o juiz de estimular o preconceito contra os cultos afro-brasileiros e defendeu que ele seja alvo de representação no CNJ.

"A decisão foi absurda e lamentável, porque fere a Constituição. Na prática, o juiz pode dificultar que as religiões de origem africana tenham acesso aos mesmos direitos das outras, como o cristianismo e o judaísmo", disse.

O petista também quer que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara convide o juiz a se explicar. No Rio, entidades do movimento negro organizam um protesto contra a decisão judicial para a próxima quarta (21), em local a definir.

O babalaô Ivanir dos Santos, da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa, também afirmou que o juiz incentivou o preconceito. "Ele usou a opinião pessoal, que não é esclarecida, e fez uso de um argumento preconceituoso na negativa do nosso pedido, que era justamente combater esse crime."

Segundo Santos, o juiz federal não agiu conforme a legislação determina. "A lei visa a combater o preconceito. Ele, na decisão, fez exatamente o contrário: fomentou o preconceito", disse.

Nos vídeos publicados no YouTube, pastores evangélicos associam praticantes da umbanda a uma legião de demônios. Também fazem comparação semelhante com o culto aos orixás característico do candomblé.

PROCURADOR

"Se o juiz tivesse simplesmente negado que havia ofensa nos vídeos, já seria lamentável, mas ele foi além. Resolveu ditar o que seria ou não uma religião, o que nos pareceu um absurdo", afirmou o procurador Jaime Mitropoulos. Procurado, o juiz Eugênio Rosa de Araújo preferiu não comentar sua decisão.



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