segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Agosto é o mês dos divórcios em SP


Agosto está terminando, mas os paulistas casados ainda não podem comemorar, já que a maioria dos divórcios no Estado de São Paulo são consumados durante todo o segundo semestre de cada ano.

A informação foi publicada no Estadão de 29/08/15:

Agosto é campeão em número de divórcios

MÔNICA REOLOM

Mês concentra 10% das separações registradas em cartórios no Estado; 2° semestre do ano tem aumento de 21% nos divórcios

SÃO PAULO - Márcio Silvestre se casou há cinco anos, em maio, popularmente conhecido como o mês das noivas. Como muitos casamentos, não deu certo. Anteontem, Silvestre assinou o divórcio. O estilista não tinha como saber, mas ele e a ex-mulher escolheram se separar no mês campeão de divórcios tanto no Estado de São Paulo como no Brasil, com quase 10% do total registrado por ano nos cartórios.

E agosto, apesar de recordista, dá o pontapé para o que pode ser chamado de “período da separação”: levantamento em cartórios paulistas, entre 2007 e 2014, mostra que o índice de divórcios aumenta 21% no segundo semestre em relação ao primeiro. No País, esse índice é de 16,4%.

“A gente começou a especular e a tentar extrair uma explicação das pessoas que se divorciam. Não conseguimos obter uma resposta direta, mas percebemos recorrência na menção à questão econômica”, afirma Andrey Guimarães Duarte, diretor da seção São Paulo do Colégio Notarial do Brasil, entidade que representa os cartórios. “No início do ano, há mais encargos e impostos a pagar. Depois que isso passa, as pessoas começam a se organizar e a levar em frente o que já vinham tentando, e a decisão de se separar amadurece.”

Do ponto de vista psicológico, a justificativa pode estar nos eventos de fim de ano. “Ninguém resolve se separar de uma hora para outra. O que eu percebo é que elas (as pessoas) se dão um prazo para resolver as situações e pode ter a ver com o término do ano. A função do tempo cronológico é organizar a nossa vida”, sugere a coordenadora do Núcleo de Família e Comunidade do Programa de Psicologia Clínica da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Rosa Maria Macedo.

Esse também é o palpite de Aurélio Melo, professor de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Talvez (influenciem) as circunstâncias de fim de ano, época de Natal, em que as pessoas tendem a se deprimir um pouco mais e, ao mesmo tempo, a querer finalizar algumas coisas. O começo do ano vem com o desejo de renovar. A gente tenta pegar carona nas datas para dar força à si mesmo.”

O clima de estresse de fim de ano foi o estopim para o divórcio da corretora de imóveis Janete Marcandalli, de 43 anos. Ela ficou casada por sete anos e, em dezembro do ano passado, se separou.

“No meu caso, o negócio já vinha se arrastando fazia tempo e calhou de assinarmos em dezembro. Acho que em razão do trabalho. Nessa época, você acaba se dedicando mais, intensifica a rotina. Isso acabou criando mais problemas para nós”, conta Janete.

Ela também brincou que uma hipótese para os divórcios se intensificarem de julho a dezembro poderia ser a grande quantidade de comemorações do período. “O povo já deve querer ficar livre para curtir festa de fim de ano, carnaval, conhecer outras pessoas”, arrisca.

Agosto. Mas a que se deve o destaque das estatísticas em agosto? Psicólogos e tabeliães não têm uma explicação para esse fenômeno. Ceneide Maria de Oliveira Cerveny, professora da PUC-SP e especialista em terapia familiar, reafirma o que o brasileiro tende a acreditar desde criança. “No Brasil todo mundo diz que agosto é um mês ruim para tudo.”

Apelando para a astrologia, talvez exista um motivo para crer nesse senso comum. “Chega agosto e as bruxas ficam soltas, o mês todo é problemático”, informa o astrólogo Antonio Faciollo Neto. “Neste mês, o sol passa pela sétima casa do Brasil, e ela envolve o setor de casamentos e de associações. Se o setor não estiver bem, os problemas matrimoniais vão se intensificar”, explica.

A professora Ceneide, contudo, também leva em consideração a influência do simples acaso. “Às vezes um (no casal) se separa bem antes do outro. E aí se inicia um processo que pode durar meses e culmina no cartório em agosto”, pondera.

No caso de Márcio Silvestre, a data foi, de fato, o encerramento de um longo processo. “Agora que entramos com a papelada, por comodidade, apesar de estarmos separados há uns três anos. Não estávamos brigando, não tinha separação de bens, não temos filhos, foi amigável. Como nós dois estamos com outras pessoas, ficam cobrando isso (o divórcio) da gente”, salienta Silvestre, que, curiosamente, é estilista de vestidos de noivas e, mesmo divorciado, não deixou de ser um encorajador de casamentos.



domingo, 30 de agosto de 2015

Tadjiquistão proíbe comemorar aniversário em público

O Tadjquistão é um país de maioria muçulmana encravado na Ásia Central, fazendo fronteira com o Quirguistão e o Uzbequistão (também ex-repúblicas soviéticas) a Norte e a Oeste, além da China e do Afeganistão a Leste e ao Sul.

Pelo jeito os tajiques não são muito chegados a comemorações públicas, ainda mais se referirem à tradição cristã, como foi o caso do assassinato de um indivíduo que se vestiu de Papai Noel em 2012, que repercutimos aqui no blog.

Engana-se quem acha que, por isso, o islamismo é privilegiado ou incentivado por lá. Em 2011, preocupado com o crescente radicalismo islâmico no país, o governo tajique proibiu que menores de 18 anos frequentassem as mesquitas, como também divulgamos aqui no blog.

Agora chega daquelas estranhas paragens montanhosas perdidas na Ásia Central a notícia de que um homem foi multado por ter comemorado seu aniversário em ambiente público, no caso um café, o que é proibido por lá.

Pela draconiana lei local, se um tajique quiser cantar "parabéns pra você", vai ter que fazê-lo no recôndito do seu lar, e olhe lá...

Parece que reuniões públicas e liberdade religiosa assustam demais o governo local.

Aos tajiques, reserva-se a felicidade de estarem vivos, o que já é lucro diante da repressão oficial.

A informação é da BBC Brasil:

Homem é multado em R$ 2 mil em país que proíbe celebrar aniversário em público

Um homem no Tadjiquistão foi multado em cerca de R$ 2 mil por celebrar seu aniversário em público.

Isayev Amirbek foi "enquadrado" pelas autoridades da ex-república soviética, localizada na Ásia Central, por desrespeitar uma lei que proíbe comemorações deste tipo fora da privacidade do lar.

O país tem um dos regimes mais repressores do mundo.

Amirbek foi descoberto ao postar no Facebook fotos da comemoração, em um café. As fotos foram usadas como prova em um processo em que Amirbek foi acusado de violar o Artigo 8º de uma lei regulando costumes e tradições.

Ele alegou ter "se entusiasmado" após buscar o bolo de aniversário em uma confeitaria. E que a celebração não tinha sido planejada. Ele contou até com o depoimento de um garçom do café, que garantiu ter havido a ausência de cumprimentos a Amirbek.

Mas o juiz que analisou o caso não se sensibilizou e decidiu pela multa. A lei supostamente foi criada para evitar gastos excessivos com festas.

Segundo um site de notícias do Tadjiquistão, houve 394 violações do tipo em 2014, com base em estatísticas do Comitê Nacional de Regulamentação de Costumes e Tradições Nacionais.



sábado, 29 de agosto de 2015

Já existe tratamento para viciados em celular


A matéria foi publicada na versão brasileira do El País:

Viciados em celular

EUA, China e Espanha oferecem centros de desintoxicação tecnológica

Andrés Aguayo

“Durante os próximos quatro dias só estaremos nós e as árvores”. Esse cartaz, no meio de um bosque em Mendocino, Califórnia (EUA), delimita a divisa de Camp Grounded, um acampamento para adultos viciados em tecnologia. Assim que chegam, os participantes depositam seus celulares, tablets e computadores em uma cabana. Só são permitidas câmeras analógicas ou Polaroids. Como entretenimento, eles praticam yoga, arco e flecha, fazem pão ou participam em uma oficina de redação... com máquinas de escrever. Desde 2013 foram realizados 17 encontros que atraíram 300 pessoas em cada um. O lema deles: “Desconectar para reconectar”.

A iniciativa não é uma exclusividade dos Estados Unidos, países como a Espanha, a China e o Brasil também têm centros para tratar pessoas viciadas em internet. Depois do surgimento dos smartphones, em 2007, foi criado o termo phubbing (juntando as palavras phone e snubbing, de esnobar), que significa ignorar alguém para ficar olhando o celular. Outra palavra recém-criada é nomofobia, medo de ficar sem celular. Em média olhamos para o smartphone cerca de 150 vezes por dia. Entre os espanhóis, 87% andam com ele durante as 24 horas do dia e 80% confessam que a primeira coisa que fazem ao despertar é olhar o celular, segundo relatório da Sociedade da Informação na Espanha, da Telefônica.

“Os norte-americanos já descreveram uma síndrome de abstinência do celular”, afirma Sergi Vilardell, diretor terapêutico da Clínica Cita. “A reação fisiológica do corpo de um viciado quando não está com o celular é similar à de quem precisa das drogas ou necessita apostar num cassino: Fica nervoso, sofre de taquicardia, começa a suar”, acrescenta Vilardell, que considera que iniciativas como Camp Grounded “servem para descansar um pouco, mas não resolvem o problema completamente”.

“Se tiver necessidade de subir uma foto ao Instagram, faça um desenho. Se quiser tuitar algo, conte a quem está a seu lado”, são alguns dos conselhos dados em Camp Grounded aos participantes que dormem em barracas ou em cabanas separados por sexos, como nos acampamentos infantis. O fundador do Camp Grounded, Levi Felix, era vice-presidente de uma start-up californiana até terminar no hospital por exaustão. Tirou um tempo sabático, sem tablets ou celulares, para viajar pelo mundo com sua mulher. Durante dois anos e meio visitaram 15 países e abriram uma pousada em uma ilha do Camboja onde tiravam os celulares dos visitantes. Quando voltaram à Califórnia, montaram a Digital Detox. Atualmente ajudam 300 pessoas que pagam entre 500 e 650 dólares.

A Espanha é o país da União Europeia com maior número de smartphones (23 milhões). Só 24% dos espanhóis preferem se comunicar pessoalmente; 35% optam por mensagens instantâneas; e 33,5% ligam por telefone. Apesar disso, o movimento de desintoxicação digital não prosperou muito. Em Mallorca, Melissa del Cerro e Miguel Lluis Mestre começaram Desintoxicación-digital.com em 2014. “Hoje em dia, quando chega o fim de semana ou as férias, muitos continuam hiperconectados. A desintoxicação implica desligar-se por uns dias, recarregar as pilhas e tornar mais produtiva a volta ao mundo digital”, explicam.

Duas redes de hotéis espanhóis oferecem pacotes de desintoxicação digital nos quais é obrigatório deixar o celular trancado na recepção. No Barceló Santi Petri de Chiclana (Cádiz) existe a proposta de 7 noites de estadia: “Em geral, 90% termina sua estadia sem revisar o celular, mas 10% não aguenta e termina pedindo a chave de onde guardamos seus gadgets”, conta María Casado, empregada do hotel. Já a rede Vincci tem duas opções de desintoxicação digital em Marbella (três noites, 359 euros) e Tenerife (120 euros por noite).

Quando os programas voluntários não funcionam é possível recorrer ao modelo chinês, que combina modernas técnicas de psicoterapia com uma férrea disciplina militar. Existem cerca de 300 clínicas inspiradas no Centro de Tratamento para o Vício à Internet Daxing (China), fundada pelo psiquiatra e Coronel do Exército Vermelho Tao Ran em 2006. Cerca de 6.000 jovens já foram internados por seus pais em Daxing depois de pagar o equivalente a 83 mil reais. Durante três ou seis meses vão usar camisetas de camuflagem, não terão acesso à tecnologia, nem ao mundo exterior e deverão seguir todas as ordens dadas pelos monitores-soldados que podem incluir inumeráveis flexões e marchas sob o sol. É outra forma de se reconectar desconectando-se.




sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Ricardo Boechat e a depressão



Ontem, 27/08/15, o jornalista Ricardo Boechat deu um depoimento contundente e revelador sobre a depressão que o vitimou, na sua página no facebook:




Acho que devo uma explicação às centenas de pessoas que me escreveram nos últimos dias perguntando o que eu tinha e desejando minha pronta recuperação.

Pois bem, queridos amigos, o que eu tive foi um surto depressivo agudo. Minutos antes de começar o programa de rádio da quarta-feira retrasada eu simplesmente sofri um colapso, um apagão aqui no estúdio. Nada na minha cabeça fazia sentido. Nenhum texto era compreensível. Os pensamentos não fechavam e uma pressão insuportável dava a nítida sensação de que o peito ia explodir. Fiquei completamente desnorteado e achei melhor me refugiar no meu camarim e esperar socorro médico. Quando finalmente minha doce Veruska me levou ao doutor e eu descrevi o que estava sentindo ele foi categórico em dizer que era depressão. Que o estado de pânico, a balbúrdia mental, a insegurança e tudo mais eram sintomas clássicos do surto depressivo.

Quem cai num quadro desses perde qualquer condição de continuar ativo, de pensar as coisas mais simples. A pessoa morre ficando viva.

E eu fiquei impressionado nestes dias com a quantidade de gente que sofre do mesmo problema. Quando contei a alguns ouvintes que me ligaram o que estava acontecendo, muitos disseram já ter passado por isso, ou conhecer alguém que ainda passa ou já passou.

O Barão me mostrou um vídeo produzido pela ONU indicando que esse fenômeno é global. Uma amiga minha citou números da Organização Mundial da Saúde afirmando que a depressão é a doença que mais cresce no mundo. E o Bruno Venditti me mandou um texto muito bom do pregador Élder Holland sobre o assunto.

Tanto o vídeo da ONU quanto esse texto deixam claro que é importante não esconder a doença, não esconder a depressão. Não tratá-la na clandestinidade. É importante aceitá-la para combatê-la - e todo o silêncio, do próprio doente ou de quem está à sua volta, dificulta a recuperação. Essa necessidade de não fazer segredo, além da sinceridade que faço questão de manter na relação com os ouvintes, é a razão deste depoimento pessoal.

O texto que eu li fala do “transtorno depressivo maior” lembrando que isso não significa apenas um dia ruim, ou um contratempo, ou momentos de desânimo ou ansiedade, que são coisas que todos temos normalmente.

A depressão é muito mais que isso e muito mais séria. É uma aflição tão severa que restringe a capacidade de uma pessoa funcionar plenamente, um abismo mental tão profundo que ninguém pode achar que vai se safar apenas endireitando os ombros ou pensando coisas positivas.

Não, minha gente, essa escuridão da mente e do estado de espírito é mais do que um simples desânimo. É um desequilíbrio da química cerebral, algo tão físico quanto uma fratura óssea, ou um tumor maligno. É um fenômeno que atinge todo mundo: quem perde um ente querido, mães jovens com depressão pós-parto, estudantes ansiosos, militares veteranos, idosos de uma maneira geral e pais preocupados com o sustento da família.

A depressão não escolhe vítimas por seu grau de instrução ou situação econômica. Castiga sem piedade e da mesma forma pobres e ricos, anônimos e famosos.

Os médicos que estão me tratando disseram que eu estiquei a corda demais, que fiz mais coisas do que deveria fazer e em menos tempo do que seria razoável. Eu fui além dos limites que minha saúde permitia e ignorei todos os sinais físicos e avisos domésticos. Quantas vezes a minha doce Veruska me disse: "Você vai pifar! Você vai pifar!"...

O texto que eu li ensina que para prevenir a doença da depressão é preciso estar atento aos indicadores de estresse em sua própria vida. Assim como fazemos com nosso carro, é fundamental observar a temperatura do nosso motor interno, os limites de nossa velocidade, ou o nível de combustível que temos no tanque. Quando ocorre a “depressão por exaustão”, que foi o meu caso, é preciso fazer os ajustes necessários. A fadiga é o inimigo comum e recuperar forças passa a ser uma questão de sobrevivência.

A experiência mostra que, se não reservarmos um tempo para nos sentirmos bem, sem dúvida depois teremos que dispender tempo passando mal. E foi o que aconteceu. Mas a cura existe. Às vezes requer tratamentos demorados. Mas, como está no texto que eu li, "mentes despedaçadas também podem ser curadas, assim como corações partidos".

Eu sei que quem liga o rádio numa estação de notícias quer receber informações de interesse geral, quer saber da política, da economia, dos acidentes, do engarrafamento nosso de cada dia.

Então peço desculpas por não entregar nada disso a vocês neste papo inicial no dia de minha volta. Nada de impeachment, de renúncia, de Cunha, de Renan, de inflação, do ajuste fiscal e de tantas outras coisas que só têm feito infernizar nossas vidas mas que são as manchetes do momento.

Não falei neste bate papo nem mesmo das abobrinhas de que eu gosto tanto e que nos ajudam a cumprir a jornada diária sofrendo menos.

Este papo de hoje é sobre depressão. Um mal que afeta milhões de pessoas, milhares delas no Brasil, um mal sobre o qual é preciso estar informado e não fazer segredo.

Como eu agora me descobri fazendo parte dessa população doente, pensei muito nas noites sem dormir dos últimos dias e tomei a decisão de dividir essa experiência com vocês. Se com isso eu conseguir ajudar algum ouvinte a prevenir a depressão ou a curá-la, já me dou por satisfeito.

E toca o barco.



quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Marco Feliciano também quer liberdade de expressão só pra ele

Seguindo o exemplo de Silas Malafaia, Marco Feliciano quer liberdade de expressão só pra ele e não consegue distinguir uma piada da realidade.

A matéria é do Brasil Post:

Feliciano processa Sensacionalista por se sentir 'abalado moralmente e torturado'

Grasielle Castro

O pastor Marco Feliciano (PSC-SP) não soube lidar com as brincadeiras do site Sensacionalista e entrou na Justiça contra a página humorística. Ele pediu para não virar mais piada no site, quis danos morais pelas postagens já publicadas e ainda solicitou segredo de Justiça.

As alegações do deputado, entretanto, não foram acatadas pelo juiz Raimundo Silvino da Costa Neto, da Sétima Vara Cível de Brasília.

No despacho, o juiz argumenta que "o site em referência trata-se de atividade vinculada diretamente à imprensa humorística, retratando notícias com base em situações inusitadas e com caráter de comédia, sendo sabido que todos os leitores detêm conhecimento que suas matérias não retratam a realidade."

Ainda de acordo com Neto, a retirada imediata desse conteúdo fere o direito constitucional de livre imprensa e repúdio à censura.

De acordo com o Sensacionalista, a postagem que motivou a ação foi publicada no dia em que os Estados Unidos aprovaram o casamento gay, “Marco Feliciano cancela a remessa de Xampu comprado em Miami”.

O site explica que o deputado se sentiu ofendido, “abalado emocionalmente e torturado conscientemente, não podendo suportar a ideia de que qualquer pessoa possa acessar esse tipo de site virtual”. Procurado, o parlamentar não retornou.



quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Malafaia se engalfinha com Dilma Bolada no Twitter


Já que há um bom tempo Silas Malafaia preferiu partir para a militância política no mais baixo nível em vez de pregar o evangelho, não é surpresa que ele arranje muitas confusões no mundo virtual.

A encrenca da semana passada foi arranjada com Jeferson Monteiro, criador do perfil "Dilma Bolada" no Twitter com ramificações nas demais redes sociais.

Diante da denúncia da revista Época dando conta de que Monteiro recebe 20 mil reais por mês para manter o referido perfil ativo, Malafaia não teve dúvidas, chamou o rapaz de "bandido".

Este, por sua vez, não se fez de rogado e rebateu imediatamente a acusação, dizendo que "bandido é quem extorque em nome de Deus e com isenção fiscal".

Vai ver estão faltando esses dois versículos do capítulo 4 de Colossenses na Bíblia do Malafaia:
5 Andai em sabedoria para com os que estão de fora, usando bem cada oportunidade. 
6 A vossa palavra seja sempre com graça, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um.




terça-feira, 25 de agosto de 2015

Três tristes trens trincharam o transeunte nos trágicos trilhos do RJ


Com o perdão do péssimo trava-línguas do título acima, a vida real do brasileiro consegue ser ainda mais trágica do que a nossa vã política consegue imaginar.

Vitor Hugo Brandalise consegue sintetizar brilhantemente, no artigo abaixo publicado no Estadão de 23/08/15, os horrores a que são submetidas pessoas comuns pelas quais cruzamos na vida cotidiana.

Adilio Cabral (foto acima) era uma delas: menino pobre, abandonado na infância, ex-presidiário, tentando se recuperar como camelô e frequentando uma Assembleia de Deus, terminou sendo atropelado por três trens porque, como na canção "Construção" de Chico Buarque, estava "atrapalhando o tráfego".

Eunice, sua tia e mãe adotiva, teve que enterrar o quarto filho enquanto enfrenta uma quimioterapia para tratar de um câncer de estômago.

Esta é uma crônica tragicamente brasileira, com o depoimento - inclusive - de quem foi vítima de seu passado criminoso.

Leitura mais que obrigatória - para travar a sua respiração - a seguir:

Por cima, não: ‘acima’

Como uma questão semântica foi usada para desumanizar o ambulante Adílio Cabral, que ficou por baixo dos trens na Estação Madureira

Adílio morreu e, em vez de reza, recebeu uma ordem:

– Sai daí, ô, peste! Tá vindo o trem! – gritou um passante.

Como estava caído na linha férrea e não se mexia, o povo entendeu – “Ih, já era” –, e o caso ganhou urgência. Já tinha passado o trem modelo chinês, o diretão para a Central, o mais rápido e silencioso, que colheu o Adílio pelas costas e o jogou ao chão, com a cara na brita e o tronco desconjuntado. Pra ele pelo visto não tinha mais jeito, mas, e se vem outro trem, que fazer com o ambulante escangalhado bem no meio do ramal? Não deu tempo nem pra foto de celular, quanto mais pra um lamento, porque, de fato, lá vinha outra composição, e vinha com tudo.

– Ai, não vai dar pra parar! É um sem-serviço, tá rápido demais –, disse uma funcionária de lanchonete da Estação Madureira, onde tudo isso se deu, na zona norte do Rio. O trem vinha veloz, pois os sem-serviço só param na Estação Central, e não seria por causa de qualquer Adílio Cabral dos Santos, um homem negro de 33 anos que vendia doces na estrada de ferro, que aquela composição mudaria de planos.

Oito vagões passaram por cima dele, sempre em boa velocidade, estalando e guinchando, e o Adílio por baixo. O trem chacoalhando e soltando uns vapores, e o povo na plataforma só esperando. Foram-se os vagões e reapareceu o Adílio no dormente, ainda de bruços, com as pernas arqueadas e as mãos unidas acima da cabeça. Parecia até que descansava, não fosse a camiseta branca rasgada e ensanguentada, com umas marcas pretas de graxa. Tinha sido um presente da mãe de criação, Eunice, logo que ele deixou a cadeia, em outubro passado.

Uns três minutos se passaram, o povo estupefato desembainhou celulares e registrava o pobre-diabo, quando se percebeu a vinda de mais um trem. Foi recebido com alívio porque vinha devagar.

– Ufa! Agora é trem parador, não vai ter problema – disse a estudante Quézia Cristina de Lima, moradora da Baixada Fluminense, que assistia a tudo debruçada na cerca azul da plataforma, junto a centenas de outros passageiros. Quatro homens se aproximaram de Adílio: um guarda, dois agentes de linha e um paisano. O parador se aproximou com lentidão e estacou a dois metros do ambulante. Agora alguém filmava. Parecia que acabaria ali, mas o povo notou que o agente, vestido com o uniforme laranja da concessionária Supervia, fez sinal para o maquinista seguir adiante.

– Mas o rapaz continua na linha! – protestou Quézia, quase formando um L com o corpo, de tanto que se debruçava. Lá embaixo a máquina parecia indiferente. Era terça-feira, 28 de julho, às 16h20 – ainda fora do horário de pico. O trem voltou a se mover. Começou uma gritaria.

– Não aguento ver! Vai esmagar! – disse um rapaz, virando o rosto para o lado.

O condutor empurrou a alavanca e mais um trem, o terceiro, passou por cima do que já não era o Adílio, nem era ninguém. Quézia pensou no irmão mais velho, que para ela lembrava o homem deitado na linha. Anderson Medeiros, que vende lupas na estação, pensou no filho. “Não é um bicho, pelo amor de Deus!”, comentou o camelô, que escutou frases como “nem se fosse cachorro!” e “que sacanagem é essa?”

Um agente percebeu os ânimos do povo e interveio: “Se parar vai atravancar tudo e vai ter quebra-quebra”. Levou uma vaia, mas adivinhou o que diria seu empregador. A SuperVia alegou que 6 mil pessoas estariam em risco se os trens parassem e, por isso, teve de orientá-los a prosseguir. A concessionária informou também que só autorizou a passagem “após certificar-se de que não haveria contato com o corpo”.

Na semana passada em Madureira, no subúrbio, um lugar descrito por Lima Barreto como “refúgio dos infelizes” e por João Antônio como Rio Esquecido, Rio Abandonado e Rio Tristeza, um outro guardinha da estação resolveu com brilhantismo o dilema que atravessara o bairro.

– Por cima, não: passou “acima” – disse, em tom professoral, e prosseguiu a aula – E se o trem tivesse 3 metros, 4 metros de altura? Aí poderia? E se ele tivesse morrido embaixo de um viaduto, os carros continuariam circulando em cima, não é?

Fácil assim: trocou uma palavra e a decisão pareceu-lhe tão comum quanto a superlotação dos trens, a afobação geral nas plataformas, as 21 pessoas atropeladas nos trilhos neste ano. E assim a história de Adílio – logo ele que gostava de um samba – veio a assemelhar-se à canção de João Bosco: “Tá lá o corpo estendido no chão / Em vez de rosto uma foto de um gol / Em vez de reza uma praga de alguém / E um silêncio servindo de amém”.

Verdade que o rosto do Adílio só se viu quando a polícia divulgou um 3x4 seu, três dias depois de morto. Pouco se soube dele. Não se falou quem foi o Adílio, que nasceu em Queimados, na Região Metropolitana do Rio, e que ainda criança se mudou com a família para a Favela da Serrinha, berço da Império Serrano. Quando mais novo, ajudou a montar carro alegórico e participava de ensaios. Aprendeu a tocar bateria e teclado. Gostava de música, o Adílio, e também de futebol. Foi batizado em homenagem ao meia do Flamengo, e essa foi a única herança dos pais que receberia – aos 3 anos foi abandonado e quem o criou foi a tia Eunice, a quem chamava de mãe.

Largou a escola na sétima série, o que é um perigo para quem vive naquelas bandas – a castigada zona norte tem 650 mil pessoas vivendo em favelas, 45% da população favelada do Rio. Adílio beirou o crime até cair nele de vez. Dos pequenos furtos aos assaltos mais violentos foi um pulo e ele logo caiu em cana. Quatro vezes. Tanto fez que o irmão mais velho, Elcio, passou a repetir que o mais novo tinha “paixão pelo xadrez”.

Adílio tinha uma história, assim como os seus familiares. Ela não podia ser vista dos monitores da sala de comando lá na Central do Brasil, a 20 quilômetros de Madureira, onde um gerente decidiu deixar os trens passar. Tampouco se soube por lá que o homem nos trilhos era o quarto de seis filhos que a mãe, Eunice, enterrava. Ela também soube por uma tela, a da TV, sobre o atropelamento em Madureira – viu no telejornal da tarde e, desde o início, achou aquilo absurdo. Mas só descobriu que o borrão no vídeo era seu filho dois dias depois, quando o mesmo jornal deu o nome do atropelado.

No pátio de um hospital da zona norte, enquanto a mãe se submetia a uma sessão de quimioterapia (Eunice trata um câncer no estômago), Elcio relembrou o que sabia da trajetória do irmão.

Ao deixar a cadeia pela última vez, após cumprir nove anos por assalto à mão armada, Adílio prometera à mãe que não seria mais preso. Trocou o samba pelo gospel e voltou a tocar teclado nos cultos da Assembleia de Deus. À noite, trabalhava na lanchonete de Elcio e, até aqui, não voltara a ter problemas com o goró. Celular ele agora tinha também, comprado com recursos próprios. “Tava diferente, não ficava mais dando mole à noite”, disse o Elcio.

Vivia com a mãe e, nos nove meses entre a saída da prisão e a morte nos trilhos, conseguiu guardar “um qualquer”. Comprou um aparelho de som para animar a casa e, outro dia, foi visto dançando na cozinha no meio da tarde. Elcio o flagrou:

– Tá contente, é, malandro? Tá vendo como é melhor ter seu dinheirinho?

Adílio criara uma rotina: acordava às 7h e descia o morro até o Mercadão de Madureira, a 200 metros da estação. Ali comprava doces pra vender no pico da manhã. Depois, cometia uma transgressão: subia até a metade da escadaria lateral da estação, apoiava-se no outdoor de uma pastelaria – “Salgado & Cia, o melhor pastel do Rio” –, esquivava-se do arame farpado e caía direto na linha. Cruzava correndo e entrava no primeiro trem, para driblar os fiscais. Foi numa dessas que caiu no trilho na hora errada, justo quando o trem chinês estava para chegar.

O ambulante passava o dia no vaivém: vendia doces nos vagões até acabar a mercadoria, voltava ao Mercadão, pulava mais uma vez a cerca e tornava a se espremer no trem de subúrbio. Economizava R$ 12,80 todos os dias ao evitar as catracas. Devia tirar uns R$ 70 por dia, estimou um outro vendedor.

No pico da tarde, a Estação de Madureira inunda de gente cansada correndo pra chegar logo em casa. Nesse horário, 200 mil pessoas se acotovelam no sistema. O rumor é de passos apressados, apitar de trens e buzinas de carros. O cheiro de churrasquinho se mistura ao de pipoca doce e à fumaça dos escapamentos. Os ambulantes sabem que, nesse horário, a prioridade dos fiscais não é persegui-los. “Kit café por R$ 10”, anuncia um. “Ajuda aí, mermão, me ajuda a arrumar um troco pra escapar desse sufoco.”

Nos últimos meses, escapar do sufoco, para Adílio, significava juntar dinheiro para abrir uma barbearia. Fizera curso de cabeleireiro quando novo e, na cadeia, exercera essa função. Um dia, ao ver juntos o Elcio e a mulher, Roberta, casados há 18 anos, Adílio disse que pretendia se arranjar. “Talvez esse fosse o melhor momento da vida dele, quem sabe? Mas, num piscar de olhos, tudo muda”, disse o Elcio.

Os três atropelamentos do Adílio só ficaram conhecidos porque alguém filmou. Quem primeiro publicou foi o Guadalupe News, site que denuncia o tráfico de drogas em Guadalupe, um bairro da zona norte cercado de morros dominados pelo Comando Vermelho. “O objetivo é melhorar a cobertura da imprensa, que não tem interesse por bairros pobres e favelas. Nesse caso, foi só o pessoal da Globo mostrar para a Supervia admitir o erro”, disse o editor do site, um estudante de Administração de 21 anos que pediu anonimato, “pra não facilitar pra traficante”.

Uma página do Facebook de nome SuperVia: vergonha do povo carioca também expôs em vídeo a tragédia de Adílio no dia da ocorrência. “Foi uma decepção como os seguidores receberam. A maioria concordou que, se o trem parasse, atrapalharia o sistema”, disse Vitor Guimarães, de 27 anos, administrador do perfil. “Uma visão tão pouco solidária. E quando souberam que era ex-presidiário reagiram mal, como se fosse um ser humano menos importante.”

Comentaristas de redes sociais, sabemos como podem ser. Mas a reação ao vivo não foi bem essa. As pessoas debruçadas na cerca não sabiam que o corpo era de ex-presidiário – faria alguma diferença naquele momento? E o que poderiam dizer sobre o destino de Adílio as vítimas de alguns dos crimes que ele cometeu?

Em 1.º de abril de 2002, logo após praticar um assalto na Tijuca, Adílio e dois comparsas decidiram roubar um carro para fugir. Depararam-se com um Fiat Tipo prata e renderam o condutor, Ricardo Nunes, um motorista contratado. No banco de trás havia duas crianças, que voltavam da aula no Colégio Cruzeiro, um dos mais tradicionais da elite carioca. Rinúccia La Ruina tinha 14 anos quando isso aconteceu, e um outro menino, chamado Guilherme, tinha 10. Adílio, com a arma na mão, sentou ao lado do garoto.

Circularam por 15 minutos e Adílio se manteve calado e com a arma apontada para o chão. Os criminosos rumaram para o Morro da Mangueira. Um motorista que vinha atrás percebeu e parou uma viatura. Antes de subirem o morro, eles foram rendidos. O crime resultou em 9 anos de prisão para Adílio. Ao sair do carro, a garota de 14 anos, amparada por ambulantes, chorou.

Rinúccia, hoje aos 27 anos, é advogada, com passagens por escritórios como o do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, onde estagiou em 2011. Ela nasceu e cresceu na zona norte, bairro de Irajá, e hoje faz mestrado em Freiburg, na Alemanha. Soube do atropelamento pela internet e, sem conhecer a ligação com o sequestro relâmpago de 2002, sentiu compaixão pelo homem nos trilhos. “Podia ser um conhecido, muitos amigos usam o trem”, comentou. Ao saber quem era ele por intermédio do pai, que soube do fato por mim, Rinúccia releu a notícia. Sua opinião não mudou. “Não importa se a pessoa é um ex-presidiário, se é negro ou branco. Se cometeu um equívoco, ele pode pagar judicialmente. Não sei o que pensaria se o assalto tivesse sido pior, mas, como acabou bem, costumo lembrar disso quando falo da violência no Brasil. Agora posso adicionar um detalhe: ele sai da prisão e vira ambulante ilegal no trilho do trem. Isso é um sistema penal que capacita a pessoa?”

O pai de Rinúccia e dono do Tipo roubado, o auditor fiscal Savério La Ruina, foi três vezes candidato a deputado federal pelo Partido Popular Socialista e vive no Irajá desde os anos 1960. Suas plataformas são mobilidade urbana a todos e educação em tempo integral. “Essa pessoa teve creche, escola profissionalizante? Funciona assim: negam-se as letras, negam-se as luzes e depois eu te acuso: bandido! São tantos direitos negados que não é surpresa que, no fim, ele tenha sido tratado como um nada.” Faz lembrar o que disse o irmão de Adílio quando perguntei sua opinião sobre quem decidiu deixar o trem passar. “Se estivesse na linha um bacana de terno, será que deixariam? Por isso o nosso país está do jeito que está. Um só quer passar por cima do outro.”

O corpo de Adílio foi tirado dos trilhos às 20h50 daquela terça, após a perícia – um laudo sai em setembro. Foi enterrado no Cemitério de Irajá três dias depois. A mãe de criação adicionou um novo túmulo ao périplo dominical que faz às covas rasas dos filhos. Pensa em Adílio à tarde, quando liga o rádio que ele lhe deu. Na casa da Serrinha, ela guarda também uma caixa de sapatos que era dele. Ali ficava o dinheiro que Adílio juntou na linha do trem e que planejava usar pra tentar sair lá de baixo.



segunda-feira, 24 de agosto de 2015

No conflito entre Israel e Palestina, sobrou até para Matisyahu na Espanha

Graças a YHWH por não haver limites para a mensagem e o talento de Matisyahu.

Os leitores que acompanham o nosso blog há alguns anos já devem ter percebido que o nosso rapper preferido é Matisyahu, com sua mistura de rap, hip hop e reggae difícil de imaginar para um judeu de origem ultra-ortodoxa.

Seja cantando, seja fazendo a barba, seja estrelando filme de exorcismo judaico, Matisyahu é figurinha carimbada aqui no blog. Talento ele tem de sobra e nós somos fãs de carteirinha.

O Rototom SunSplash é um conceituado festival de reggae realizado anualmente em Benicassim, região litorânea próxima a Valencia, na Espanha, que convidou Matisyahu para se apresentar.

Sabedor disso, o grupo intitulado Boycott, Divestment, and Sanctions (BDS) se manifestou contrário à apresentação do cantor judeu nascido nos Estados Unidos, devido ao que chamou de "sua posição sionista", ou seja, pró-Israel.

A organização do festival então pediu que Matisyahu fizesse uma declaração pública repudiando a política israelense em relação aos palestinos, o que o rapper nem se deu ao trabalho de responder.

Matisyahu preferiu se manifestar na sua página no facebook, em 17/08/15, dizendo que apoiava paz e compaixão para todas as pessoas, que sua música falava por si mesma e que não mistura política com sua arte. 

Diante disso, ele foi "desconvidado" para o festival, mas a repercussão foi extremamente negativa para os organizadores. O governo espanhol e as embaixadas de Israel e dos Estados Unidos no país protestaram, e não houve outra maneira senão pedir desculpas e "reconvidar" Matisyahu para se apresentar no SunSplash, o que ele prontamente aceitou alegando que sua maior motivação para tanto era privilegiar a liberdade de expressão.

Depois do rebuliço, a própria representação local do BDS desconversou de maneira um tanto quanto truncada, dizendo que não era bem assim e que Matisyahu seria bem-vindo à Espanha.

Para felicidade dos fãs espanhóis e de todos que compreendem e espalham a mensagem pacifista do rapper judeu, o bom senso prevaleceu e ele compareceu - sim - ao festival.

O concerto de Matisyahu aconteceu no último sábado, 22/08/15, e - ao contrário do que muitos imaginavam - tudo transcorreu de maneira tranquila. 

Terminada a apresentação, ele postou no seu facebook:
Esta noite foi difícil, mas especial. Obrigado a todos que a permitiram! Qualquer chance de fazer música é uma bênção!
No vídeo abaixo, você pode ver que há várias bandeiras da Palestina no meio da multidão que acompanhou o show, mas isso não impediu Matisyahu de se apresentar e cantar seus sucessos, entre eles "Jerusalem", que é exatamente a música que ele canta para a plateia.

Inclusive há uma pessoa na audiência segurando um cartaz com a inscrição "Peace for Jerusalem" ("Paz para Jerusalém").

Neste mundo tão conturbado pela intolerância e incompreensão, a manifestação pacífica de Matisyahu precisa ser constantemente ouvida:




domingo, 23 de agosto de 2015

Após trauma do hino, Vanusa diz que "isso tudo é frescura"


Entenda o porquê na interessante entrevista que ela deu ao Estadão de 21/08/15.

Leia até o final, vale a pena:

Depois do trauma, Vanusa anuncia disco novo e tem obra relançada

Seis anos depois de ser ridicularizada por uma interpretação do Hino Nacional, a cantora comemora retorno e diz que ainda sofre da Síndrome do Pânico que desenvolveu depois do episódio

Julio Maria

Aos 2 minutos e 27 segundos do Hino Nacional, Vanusa procurou por uma palavra na folha de papel à sua frente e não encontrou. Sentia-se mal, sob o efeito de remédios, e insegura por não saber os versos de cor. Depois de “és belo, és forte” vacilou, trocou “impávido colosso” por “és risonho” e a Assembleia Legislativa que a assistia em continência petrificou. Na sequência, a cantora perdeu também o controle da melodia e seguiu um calvário por cinco minutos e meio como se caminhasse lentamente para a própria execução.

Vanusa ainda luta para se recuperar do que ela chama de um de seus maiores sofrimentos. Quando percebeu o devastador alcance de um vídeo de sua performance colocada no YouTube, decidiu não cantar nunca mais. Entrou em profunda depressão, ficou internada por seis meses com quadro de Síndrome do Pânico e, mesmo depois da alta, seguiu em fases de total reclusão, seções de terapia e muitos medicamentos.

Aos 67 anos, seis depois do episódio, ela sente que a virada está próxima. Seu primeiro disco em 20 anos, com produção de Zeca Baleiro, será lançado no próximo mês e duas caixas com oito CDs resgatados pelo selo Discobertas, do produtor Marcelo Fróes, com o que ela fez de melhor em sua carreira, entre 1967 e 1979, já estão sendo distribuídas. Vanusa abriu a porta de seu apartamento na Avenida Rio Branco para o Estado. Fumando bastante, mas tranquila, parecia desarmada de rancores e leve para concluir até mesmo que o Hino Nacional que quase a enterrou viva tem sido uma porta de entrada para que outras gerações a conheçam.

Não atrapalha o fato de verem você ainda como uma integrante da Jovem Guarda?

Pois é, me chamaram agora mesmo para uma festa dos 50 anos da Jovem Guarda. Gente, esse povo não coloca na cabeça que eu não fiz parte da história da Jovem Guarda! Havia dois grupos. O do Roberto Carlos na TV Record e o do Eduardo Araújo, Carlos Imperial e Os Incríveis na Excelsior. Eu fazia parte desse último. Um dia, recebi o convite para fazer o programa do Roberto e fui. Mas foi o último programa do Roberto. Eu não era da Jovem Guarda, não usava aquelas roupas, tinha um estilo próprio. E minhas músicas eram diferentes.

Havia muito rock and roll naqueles seus discos dos anos 70...

Olha aqui (mostra que veste uma camiseta de Janis Joplin). Eu ouvia Bob Dylan, Janis, Doors. Meu pai era técnico de eletrônica e recebia LPs de clientes que não tinham dinheiro para pagar o trabalho dele. Você já ouviu minha What To Do?

Sim.

Então, disseram até que ela foi uma cópia da música do Black Sabbath (Sabbath Bloody Sabbath), mas pedi uma pesquisa e concluíram que eles lançaram a música depois de mim (os dois álbuns saíram em 1973). Se alguém copiou alguém, então, foram eles.

A música que você fez nesta época não deveria tê-la aproximado mais da MPB?

Era essa a minha ideia, eu queria exatamente isso. Eu adorava letras, fui a primeira pessoa a gravar Zé Ramalho (Avohai).

Mas o que a impediu de fazer parte desse cenário?

O preconceito, o fato de me enxergarem como cantora de iê-iê-iê. Mas eu não dava muita bola para isso, consegui passar, subir alguns patamares, mesmo assim. Quando eu estava casada com o Antonio Marcos, ele chegou em casa dizendo que havia feito uma música linda em parceria com o Sérgio Sá para ser gravada pela Elis Regina. Eu comecei a ouvi-la e, quando acabou, eu disse: “Não, essa música não é para a Elis, essa música é minha”. Ele disse que era a chance de ser gravado pela Elis, mas eu bati o pé: “Não me interessa, essa música é minha, é a minha cara”. Ele insistiu e eu disse: “Ah é? Você vai dormir no sofá da sala enquanto não resolver”. Ele dormiu no sofá até o dia em que bateu na porta: “Tá bem, eu dou a música que você quer, mas me deixa dormir na cama”. A música era Sonhos de Um Palhaço.

Você teve algum confronto com Elis Regina?

Foi catastrófico. Uma vez fomos fazer um show no Recife, em um ginásio imenso. Eu, ela, Wanderley Cardoso e Nelson Ned. Eu, que estava prevista para cantar por último, só escutava ela gritando: “Eu não quero saber, eu quero encerrar a noite”. O empresário tentou explicar que meu show era muito para cima, que depois de mim ficaria difícil, mas ela gritou, bateu o pé. Eu chamei o empresário e disse: “Deixe ela encerrar”. E então, entramos em sequência o Nelson Ned, o Wanderley Cardoso e eu. Aí arrebentei mesmo, rolava no chão no final da música Era Um Garoto.... Depois de acabar, saímos todos, não ficamos para o último show, e quando já estávamos no carro, ouvimos o povo vaiando muito Elis. Mas o erro partiu do empresário, porque ali não estava o público dela. Imagine ela ali, só com o Baden Powell ao violão?

Pode ter sido a única vaia na vida de Elis.

Pergunte ao Wanderley Cardoso, ele deve se lembrar. Elis era muito arrogante, mas eu tenho que dizer uma coisa: quando ela cantava, eu prestava atenção. Ela era perfeita, era um instrumento.

Você nunca tentou imitá-la?

Não, pelo contrário. Quando gravei Sonhos de Um Palhaço, fui para casa ouvir e, quando acabou, liguei para o produtor e pedi para refazer a voz. Achei que estava muito parecido com a voz da Elis.

Você fala de Antonio Marcos de forma carinhosa. Foi ele o amor da sua vida? (Ela foi casada também com o diretor de TV da Globo, Augusto César Vanucci)?

(Silêncio). Sim. Eu estava na RCA e o vi na sala de espera. Nós nos olhamos e foi aquela coisa. Eu namorava o cantor Fábio na época. Saí de lá, peguei o carro e fui ver o Fábio: “Eu vim aqui terminar com você”. E ele: “Como assim, o que eu fiz?”. “Nada, mas eu conheci o homem da minha vida. Não conversamos ainda, mas eu o vi e, se ele me quiser, quero estar livre para ficar com ele.” Um mês depois, fui a uma festa na casa do Antonio Marcos e fiquei lá para sempre.

E o que pode dizer que aprendeu com ele?

A dar entrevistas, por exemplo (risos). Ele falava muito bem, e eu era tímida. Um dia, perguntei o que ele fazia? “Vanusa, o segredo é o seguinte: se você não quiser responder a alguma pergunta, desvie o assunto antes que o jornalista chegue ao fim dela.” Eu apaguei as coisas ruins e só guardei as boas. O sofrimento acontece, brigas de casal, esqueci isso tudo. Quando recebi a caixa dele (lançada também pelo selo Discobertas), eu chorei. Tenho que tirar um dia inteiro para ouvir, porque eu choro do início ao fim (Antonio Marcos morreu em 1992).

Você chegou à Globo, gravou trilha para o ‘Fantástico’, esteve no auge. O que houve para esse sucesso escapar da sua mão?

Antes mesmo de me casar com o Vanucci, eu ia ao Globo de Ouro, ao Fantástico, estava na Globo toda semana. Então nos casamos e todo mundo dizia que eu estava na Globo por causa dele. Quando ele morreu (em 1992), eles simplesmente me cortaram da emissora. A filha da Débora Duarte faz novela, a Luiza Possi (filha de Zizi Possi) canta na Globo, e canta muito bem, mas eu fui cortada. Não sei explicar como.

O episódio do ‘Hino Nacional’ enterrou sua carreira?

Foi uma maldade de quem fez, de quem retirou aquela gravação da Assembleia. Eles cortaram a parte inclusive em que eu desmaiei depois de cantar. Eu comecei a cantar e não sabia mais o que estava fazendo, e pouca gente sabe ainda que eu desmaiei. Mas olha só: com essa história do Hino Nacional, até as crianças de 5 anos passaram a me conhecer. Os pais colocam a imagem para elas darem risada de mim.

E isso não perturba você?

Meu Deus, eu tive de ser internada, não queria ver ninguém. “Como pode?”, me perguntava. Eu fiz tudo certinho, cuidei do meu trabalho, fiz os discos que fiz, e, de repente uma coisa dessas joga tudo, no chão. Eu não queria mais cantar. Fiquei seis meses internada em uma clínica e fiz terapia todos os dias. Quando voltei, o meu filho Rafael veio me dizer que uma empresa de cartões de crédito gostaria de fazer um comercial comigo. Eu comemorei até ele dizer: “Só que tem uma coisa: eles querem que você cante o Hino Nacional”. Eu fiquei p... da vida. “Será que esse Hino não vai sair da minha vida!” Ele voltou e disse: “Mãe, se não for pela grana, que é uma baita grana, tem que ser pelo menos para tirar esse Hino da cabeça da senhora antes que a senhora morra com isso”. Eu topei. Fiz o comercial e não deu outra. Nada melhor do que quando você consegue dar risada de si mesmo.

E o Hino saiu de você?

Ainda faço terapia. Eu entrei em uma depressão total por causa desse episódio e ela evoluiu para Síndrome do Pânico. Quando estava internada, o Zeca Baleiro me ligou – o único artista que me ligou foi ele. Queria saber como eu estava. Um dia, disse que queria fazer um disco meu. Eu quase desmaiei, não gravava há 20 anos. O disco está para sair.

E como está hoje?

Quando fui internada, eu só queria andar no carro se fosse deitada no banco de trás para ninguém me ver. Foi uma das coisas mais sofridas da minha vida. Quando via TV, as zoações que as pessoas faziam, eu dizia “gente, trabalhei tanto para isso?”. Mas ter ido para a clínica foi bom porque eu convivi com garotos de 14 anos que fumavam crack, meninos que tinham de tomar remédio para dormir por três dias, que tinham de vencer crises de abstinência terríveis. Eu conversava com uma garota de 25 anos que a mãe foi buscar na rua, tirar das drogas. Um senhor que era viciado em sexo pegou até a irmã da mulher dele. Até que um dia ajoelhei no meio da sala, coloquei as mãos para o céu e disse: “Senhor, me perdoa porque eu não tenho problema. Não tenho problema nenhum, Senhor. Isso tudo é frescura”.



sábado, 22 de agosto de 2015

Comer pimenta pode ser o segredo para uma vida longa


É o que diz uma pesquisa da Universidade de Harvard, que segue mais abaixo.

Restam duas dúvidas cruéis entretanto, uma real e outra imaginária, se bem que a primeira é praticamente uma certeza: quem tem hemorroida ou doença hemorroidária deve continuar passando longe de pimenta?

A dúvida imaginária é uma tentativa de se fazer humor: imagine o quanto vive aquele sujeito que você chama de "seca-pimenteira"?

Confira a matéria do Brasil Post:

Pessoas que comem pimenta têm menos risco de morrer cedo, sugere pesquisa

Ione Aguiar

Boa notícia para quem curte pimenta: pessoas que comem comida picante mais de três vezes por semana podem viver mais.

Cientistas da Harvard University analisaram os hábitos alimentares e o estado de saúde de quase 500 mil chineses ao longo de sete anos, considerando fatores como sexo, idade, estado civil, frequência de exercícios, escolaridade e outros.

A conclusão do estudo, publicado no British Medical Journal, foi a taxa de mortalidade foi 10% menor entre aqueles que comem pimenta -- principalmente a fresca-- mais de uma vez por semana, e 14% menor entre aqueles que come entre três e sete vezes por semana.

"A relação inversa entre a mortalidade e o consumo de alimentos apimentados foi mais forte até do que a diferença entre os que consumiam álcool e não consumiam", disseram os pesquisadores.

Estúdios prévios já mostraram que a capsaicina, substância que faz a pimenta arder, tem propriedades antiinflamatórias, além de ser uma espécie de "antibiótico natural".

Vale lembrar que, como em quase todo estudo desse tipo, não há como comprovar relação de causalidade entre a pimenta e a taxa de mortalidade.

O fato é que quem comeu pimenta não morreu tão cedo, mas isso pode ter várias explicações. É possível, por exemplo, que pessoas com saúde mais fraca evitem coisas picantes.

Por isso, os autores do estudo não recomendam que você passe a comer pimenta todo dia se você já não tem esse hábito, principalmente se tiver o estômago sensível.

"Basta aumentar a quantidade moderadamente. Comer de uma a duas vezes por semana tem efeito muito similar a comer de três a cinco vezes", disse Lu Qi, professor da Harvard School of Public Health e autor do estudo, à Time.



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