sábado, 30 de janeiro de 2016

Às vésperas do Oscar, ateu Leonardo DiCaprio visita o papa


A informação é do Estadão:

Papa Francisco e Leonardo DiCaprio discutem sobre meio ambiente

Ator está à frente de uma fundação que trabalha para a proteção da diversidade, a conservação dos oceanos e áreas naturais

O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira, 28, no Vaticano o ator e produtor americano Leonardo DiCaprio, que expôs seu compromisso com a defesa do meio ambiente, informou o Vaticano.

Nenhum outro detalhe foi dado sobre este encontro de natureza privada, que faz parte das centenas de audiências concedidas pelo Papa a personalidades de todos os tipos. Criado em Los Angeles, em uma família católica de origem italiana e alemã, Leonardo DiCaprio se diz ateu.

O astro de 41 anos recebeu em 22 de janeiro o prêmio Crystal Award durante o Fórum Econômico Mundial em Davos (Suíça) por seu compromisso com o meio ambiente. DiCaprio está, desde 1998, à frente de uma fundação que leva seu nome e que trabalha para a proteção da diversidade, a conservação dos oceanos e áreas naturais, lutando contra os efeitos adversos das mudanças climáticas.

O ator, que estreou no cinema em 1991, antes de experimentar a fama mundial em 1997 com Titanic, está na briga pelo Oscar de melhor ator por seu papel em O Regresso (The Revenant). Ele já foi indicado ao prêmio quatro vezes anteriormente, mas nunca ganhou a prestigiosa estatueta.

O Oscar será apresentado em Los Angeles em 28 de fevereiro pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas.



sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Para compreender a dislexia


Trecho do filme indiano "Como as Estrelas na Terra", que mostra as dificuldades que uma criança com dislexia tem que enfrentar:




quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Presidente do Irã visita o papa


A notícia é da Agência Brasil:

Papa Francisco recebe o presidente do Irã

O papa Francisco recebeu, no fim da manhã desta terça-feira (26), o presidente do Irã, Hassan Rohani. A audiência com o pontífice faz parte da primeira viagem do líder iraniano à Europa após a remoção das sanções internacionais sobre o programa nuclear de Teerã.

Ao final do encontro, Rohani pediu que o papa reze por ele. "Peço-vos que rezeis por mim. Gostei muito deste encontro e desejo-lhe bom trabalho", respondeu, em farsi (idioma mais falado no Irã, conhecido como língua persa), o presidente iraniano.

O papa Francisco pede com frequência a seus convidados que rezem por ele.

O último presidente iraniano a visitar o Vaticano foi Mohammad Khatami, que esteve em 1999 com o papa João Paulo II.

Em nota, a Sala de Imprensa da Santa Sé diz que, durante a visita, "os cordiais colóquios" entre o papa e o líder iraniano evidenciaram os valores espirituais em comum e o bom estado das relações entre a Santa Sé e a República Islâmica do Irã.

As delegações diplomáticas também abordaram a recente conclusão e aplicação do acordo nuclear, destacado o "importante papel" que o Irã foi chamado a desempenhar, junto com os outros países da região, para promover soluções políticas adequadas aos problemas que afligem o Oriente Médio, "contrastando a difusão do terrorismo e o tráfico de armas".

Os representantes do Vaticano e do Irã ressaltaram ainda "a importância do diálogo inter-religioso e a responsabilidade das comunidades religiosas na promoção da reconciliação, da tolerância e da paz".

Roma

Rohani chegou ontem (25) a Roma, sob forte esquema de segurança, mas com grandes expectativas diplomáticas e econômicas. O presidente iraniano encontrou-se o presidente italiano, Sergio Mattarella, e com o primeiro-ministro Matteo Renzi. Rohani disse que o acordo nuclear pode se tornar um exemplo a ser aplicado no Oriente Médio, na África e no sul do Mediterrâneo e pediu coesão internacional para derrotar o terrorismo.

Também Renzi destacou que o acordo nuclear pode ser o primeiro passo rumo a uma nova era de paz e prosperidade em toda a região. Segundo o primeiro-ministro, com o Irã nas mesas internacionais, será mais fácil vencer o terrorismo, um conceito que havia sido reiterado pelo presidente Mattarella.

Nas próximas horas, Itália e Irã vão assinar uma série de acordos econômicos significativos no setor de mineração. Permanecem, porém, entre os dois países, diferenças sobre os direitos humanos. "Mas demonstramos a capacidade de discutir e dialogar", afirmou Renzi.

Em Roma, Hassan Rohani iraniano visita ainda o Coliseu, antes de partir para Paris, onde é esperado pelo presidente francês, François Hollande. Na capital francesa, o presidente iraniano deverá se encontrar com dezenas de empresários.



quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Juiz defende extensão de aborto legal a casos graves de microcefalia


Matéria publicada na BBC Brasil:

Juiz defende direito a aborto em casos de microcefalia com risco comprovado de morte

Ricardo Senra

As consequências da epidemia de microcefalia, que atinge pelo menos 20 Estados brasileiros, além do Distrito Federal, vão além do cotidiano de mães, hospitais e clínicas de saúde de família, e chegam também aos tribunais.

À BBC Brasil, o juiz goiano Jesseir Coelho de Alcântara, que autorizou uma série de abortos legais em casos de anencefalia (mal que impede o desenvolvimento cerebral do feto) e outras doenças raras, disse que a interrupção da gravidez em casos de microcefalia com previsão médica de morte do bebê é "válida" e precisa ser avaliada "caso a caso".

"Se houver pedido por alguma gestante nesse caso de gravidez com microcefalia e zika, com comprovação médica de que esse bebê não vai nascer com vida, aí sim a gente autoriza o aborto", afirma o titular da 1ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida de Goiânia, que já permitiu interrupção de gestações em casos de síndromes de Edwards e de Body-Stalk, anomalias que inviabilizariam a sobrevida do bebê fora do útero.

A afirmação foi feita no momento em que Pernambuco, principal epicentro da doença no Brasil, registra aumento nas mortes de bebês com microcefalia associada ao zika vírus.

Mesmo em casos comprovados de morte do bebê, a interrupção da gravidez está longe de ser unanimidade no país e gera intenso debate entre juristas, ativistas e sociedade civil.

Formado por membros da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da Federação Espírita Brasileira (FEB), do Fórum Evangélico Nacional de Ação Social e Política (FENASP), entre outros, o Movimento Brasil Sem Aborto afirma que interrupções em gestações de fetos com microcefalia ou outras má-formações são "inaceitáveis" sob qualquer aspecto.

Na opinião do juiz, entretanto, se o aborto é permitido por lei em casos de fetos anencefálicos, "cuja vida após o nascimento é inviável", também se justifica em "gestações em que o feto comprovadamente nascerá sem vida", devido à microcefalia.

"A anencefalia e a microcefalia severa, com morte no nascimento, são casos similares", argumenta o juiz Alcântara, por telefone. Ele afirma que, para que tomar a decisão, são necessários três laudos médicos, mais parecer favorável do Ministério Público.

Procurado, o Conselho Federal de Medicina disse discordar dessa visão. Em nota, a entidade afirma que "no caso de fetos com diagnóstico de microcefalia, em princípio, não há incompatibilidade com a vida."

Pouca informação

Há poucos dados oficiais sobre mortes de fetos e recém-nascidos microcefálicos no Brasil - e os que existem estão desatualizados.

Questionado sobre o tema, o Ministério da Saúde diz que só tem informações consolidadas sobre mortes de recém-nascidos com a doença em território nacional até 2014, período anterior à epidemia. A pasta diz que depende de informações enviadas pelos Estados para obter números mais atuais.

À BBC Brasil, o Conselho Federal de Medicina afirmou que "a interrupção antecipada da gestação deve ser definida à luz do que determinam o Código Penal do Brasil e o Supremo Tribunal Federal (STF). A incompatibilidade com a vida foi a essência para a fundamentação do STF, quando se manifestou favoravelmente pelo aborto de fetos anencéfalos."

No Código Penal, são previstas duas formas legais de aborto: em casos de risco de vida para a mãe ou em gestações resultantes de estupro. Em 2012, o STF admitiu uma terceira hipótese e a interrupção de gestações de fetos anencéfalos deixou de ser considerada crime.

Eugenia?

Nas redes sociais, em blogs e páginas religiosas, críticos do aborto afirmam que a interrupção de gestações por conta da microcefalia seria uma forma de "eugenia".

O termo se refere a técnicas que visam "melhorar qualidades físicas e morais de gerações futuras", segundo o dicionário Michaelis, e frequentemente é associado a políticas de controle social adotadas por Adolf Hitler durante o regime nazista alemão.

A professora de direito da Universidade de Brasília e especialista em bioética, a antropóloga Debora Diniz, vê "eugenia" nas políticas públicas que envolvem o controle de nascimentos: "Eugenia é quando o Estado pede que mulheres não engravidem, como foi feito", disse ela à BBC Brasil.

Em localidades como Colômbia, El Salvador, Equador e Jamaica, as autoridades pediram que mulheres não engravidassem, por medo da microcefalia ligada ao zika. No Brasil, em novembro, o diretor de Vigilância de Doenças Transmissíveis do Ministério da Saúde chegou a recomendar que as mulheres adiassem seus planos de gravidez. Dias depois, voltou atrás.

"Quando o país pede que suas mulheres não engravidem, quando isso portanto é uma política pública, o estrago é muito maior que o resultado das escolhas individuais das mulheres", afirma Diniz. "Controlar liberdades da população é o pior caminho que o Estado pode seguir. A solução do problema não pode vir pelo controle dos úteros."

Forte crítica às políticas do ministério da Saúde para erradicação da doença, a antropóloga, que tem passagens como professora visitante nas universidades de Leeds (Reino Unido), Michigan (Estados Unidos), Cermes (França), entre outras, diz as mulheres não podem ser punidas pelo "ato de negligência do país em não ter controlado o mosquito Aedes aegypti", que transmite o zika vírus.

"Ou o Estado oferece as melhores condições e cuidado permanente aos recém-nascidos com microcefalia, ou permite que as mulheres possam fazer a escolha individual de interromper suas gestações", diz. "O aborto não é uma solução para esta tragédia, mas seria uma forma de proteger as mulheres vítimas da falta de políticas efetivas para erradicação da doença."



terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Pastor evangélico esfaqueia enteado drogado, que revida e o mata no interior de SP


A informação da confusa e trágica história é do i7notícias:

Pastor é morto pelo enteado após agredi-lo com facadas em Paraguaçu Paulista

O Pastor Ademar Pires Barbosa, de 42 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira, dia 25, após ser esfaqueado pelo seu enteado, Weslei Pereira, de 27 anos, na Rua Ipê, no Jardim das Oliveiras, em Paraguaçu Paulista.

A filha de Ademar Pires relatou à nossa reportagem que o seu pai desferiu facadas em seu irmão, mas Weslei conseguiu tomar a faca e matou o padrasto.

“Eles não se davam bem, só brigavam. Tudo isso ocorreu porque meu irmão bateu em mim, e meu pai tomou as minhas dores e ficou revoltado. Meu pai disse que já estava cansado de ver meu irmão me bater. [...] Meu irmão estava usando drogas, e quando ele chegou de madrugada meu pai estava esperando sentado aqui e deu facadas nas costas dele. Eles se embolaram e meu irmão tomou a faca, e quando meu pai caiu no chão, meu irmão começou a esfaquear ele”, relatou a irmã de Weslei.

A jovem disse ainda que seu pai saiu pela rua e entrou no quintal de um imóvel, onde caiu no portão. “O dono da casa acordou e chamou a ambulância, mas quando ela chegou meu pai já estava gelado”

Weslei, com ferimentos pelo corpo, foi levado ao Pronto Socorro pela Unidade de Resgate do Corpo de Bombeiros.

O corpo do Pastor Ademir foi encaminhado ao IML – Instituto Médico Legal de Assis. O horário para início do velório ainda não foi informado pela família.



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Bruxinhos brasileiros terão sua própria Hogwarts


Não é piada nem mágica não, gente. Uma legião de crianças brasileiras aprenderá a ser um "bruxo coxinha" desde a mais tenra idade, segundo noticia o HuffPost Brasil:

Hogwarts brasileira existe e está com matrículas abertas para sua 1ª turma

Luiza Belloni

Qual amante da franquia Harry Potter nunca teve vontade de, ao menos por alguns instantes, estudar na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts? Foi com este sonho que Vanessa Candida dos Santos Godoy, de 26 anos, decidiu criar a própria escola de magia e assim nasceu a EMB -- Escola de Magia e Bruxaria do Brasil.

A escola ficará em um castelo na cidade de Campos de Jordão, no estado de São Paulo. Em outubro do ano passado, foi realizado um evento teste de apenas um dia que reuniu mais de 300 fãs da saga. Agora, Vanessa abriu inscrições para um curso de quatro dias, entre 24 e 27 de junho de 2016, em um castelo de verdade.

Como em Hogwarts, os alunos vão viver e ter aulas no castelo (um hotel com mais de 6 mil metros de área construída e a 1700 metros de altitude). Ao chegarem no castelo, os alunos serão divididos pelo "chapéu seletor" online entre a Casa das Águias, Casa dos Esquilos, Casa das Serpentes e Casa dos Tigres.

"Por quatro dias, uniformizados com as típicas capas da EMB, os alunos se matricularão e frequentarão as aulas que mais forem de seu interesse. Há temas apropriados para todos os tipos de bruxos!", diz o site.

Os alunos deverão escolher oito dos 10 cursos oferecidos pela escola: Poções e Elixires, Cuidado dos Animais Mágicos, Adivinhação, Astromagia, Cultura Trouxa, Herbologia, História Mágica, Defesa Antitrevas, Feitiçaria, Voo (sim, tem uma disciplina que ensina a habilidade de voar). Eles receberão todo o material escolar para as aulas, que vão durar em torno de 40 minutos cada.

As aulas incluem recitar feitiços, jogar Quadribola (adaptação do jogo Quadribol), cuidar de "animais mágicos" e vivenciar "a rotina de uma escola de magia em um castelo de verdade."

Em entrevista ao HuffPost Brasil, a idealizadora do projeto, Vanessa, explica que toda a programação é inspirada na história de J.K. Rowling, mas com um toque brasileiro. "Fizemos algumas adaptações para o público, como a cerveja amanteigada. Aqui ela é gelada e é menos doce que a tradicional [vendida nos estúdios da Warner, em Londres]", conta.

Outra novidade é a carteirinha de estudantes bruxos. "Já temos clube de vantagens e fechei parcerias com lojas que darão descontos aos alunos que apresentarem a carteirinha na hora da compra."

Ela explica que a ideia surgiu depois de perceber que todas as feiras sobre a saga eram iguais. "Decidi criar um mundo paralelo, onde os fãs poderiam ter uma imersão completa e real do mundo da magia. O conteúdo dado em sala de aula é totalmente lúdico e voltado ao universo de Harry Potter", acrescenta.

Vanessa disse que a escola não pretende ser apenas uma cópia de Hogwarts. "Lá, as pessoas encarnam mesmo os personagens, igual a um RPG [jogo em que consiste interpretar papéis em um determinado universo fictício]. O objetivo é criar a nossa própria fanfic [narrativa fictícia escrita e divulgada por fãs]."

Estudar na Hogwarts brasileira custa, ao todo, R$ 1.850. O valor inclui a programação completa (que pode ser conferida aqui) de 24 a 27 de junho, alimentação, Copo Mágico Refil (refrigerante e chá gelado à vontade), cobertura de seguro saúde no período, transporte e o Kit Aluno -- apostilas, capa do uniforme, mapa do castelo da escola, carteirinha de estudante bruxo, medalha do torneio Taças das Casas e o diploma de conclusão do curso.



domingo, 24 de janeiro de 2016

Como era ser uma criança negra na Alemanha nazista


Matéria publicada no VICE Brasil:

A infância de um menino negro na Alemanha Nazista

Por Brais Iglesias Castro

Em 1933, o pequeno Hans J. Massaquoi estava no pátio de uma escola em Hamburgo usando uma suástica em seu suéter e cercado por crianças loiras de olhos azuis, como você vê na foto acima.

O jovem Hans, filho de uma enfermeira alemã e um diplomata da Libéria, conseguiu sobreviver ao regime nazista de Adolf Hitler. "Sobrevivi porque eu era um buraco nas leis raciais. Não estávamos em número grande o suficiente para sermos notados pelos nazistas", escreveu Massaquoi na autobiografia Destined to Witness: Growing Up Black in Nazi Germany.

A população negra da Alemanha no período nazista era praticamente desprezível – centenas, alguns milhares no máximo, vivendo entre 65 milhões de pessoas. Massaquoi era neto do cônsul da Libéria na Alemanha; assim, sua família tinha imunidade e ele pôde viver entre as crianças arianas, enquanto outros considerados de uma "raça inferior" pelos nazistas começavam a sofrer com as políticas repressivas e xenofóbicas de Hitler.

Mas a vida de Massaquoi começou a mudar no verão de 1934. "Quando fui à escola numa bela manhã de 1934, nossa professora da terceira série informou à classe que o diretor tinha instruído todos os estudantes e professores a se reunirem no pátio da escola", ele escreveu. "Lá, vestindo o uniforme nazista marrom que usávamos em ocasiões especiais, o diretor anunciou que 'o momento mais esplendoroso das nossas jovens vidas' estava para chegar, que o destino tinha nos escolhido para contemplar 'nosso amado Führer' com nossos próprios olhos. Esse era um privilégio, ele nos garantiu, que nossos filhos e os filhos dos nossos filhos invejariam no futuro. Eu tinha oito anos na época e não notei que, das quase 600 crianças reunidas no pátio, eu era o único com quem Herr Wriede não estava falando."

Os colegas de escola de Massaquoi ficaram tão impressionados com o carisma do líder nazista que, depois da visita, se juntaram à Juventude Hitlerista. Massaquoi não queria ficar de fora; então, também se inscreveu para ser um membro. Só que não foi aceito.

Alguns anos depois, as mudanças na sociedade alemã se tornaram ainda mais claras. Depois que o atleta afro-americano Jesse Owens ganhou quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1936, em Berlim, Hitler e o resto dos fanáticos nacionalistas se enfureceram com os negros. Logo depois disso, a família paterna de Hans teve de fugir do país, mas ele ficou na Alemanha com a mãe.

O pesadelo tinha apenas começado. Primeiro, um aviso colocado nos balanços do parque dizia que crianças "não arianas" não podiam brincar ali. Depois disso, seus professores de origem judaica começaram a desaparecer. No entanto, só quando o jovem Massaquoi visitou o zoológico de Hamburgo, sua ligação emocional com o nazismo foi finalmente cortada. No zoológico, numa jaula a céu aberto, entre os animais, ele viu uma família africana sendo provocada e zombada pela multidão. Massaquoi era só outra criança se aproximando cautelosamente da jaula até que alguém da multidão apontou para ele e gritou "Eles tiveram um filho". Essa foi a primeira vez que ele foi alvo de escárnio público.

Para sobreviver à destruição do país causada pela política suicida do líder nazista, Massaquoi passou por várias dificuldades. Outro episódio particular da sua vida aconteceu imediatamente depois do começo da Segunda Guerra Mundial. Massaquoi, que tinha sido rejeitado pela Juventude Hitlerista por ser "indigno de usar o uniforme alemão", quase foi recrutado pelo exército. Ele só escapou porque estava acima do peso.

O final da Segunda Guerra Mundial representou outra guinada da vida de Massaquoi. Durante o pós-guerra, ele começou a ganhar a vida como saxofonista de jazz; depois, imigrou para os EUA (passando brevemente pela Libéria, a terra do pai), onde foi recrutado pelo Tio Sam para lutar na Guerra da Coreia.

Depois de seu tempo como paraquedista no exército norte-americano, ele frequentou a Universidade de Illinois, onde se formou em jornalismo. Ele trabalhou como jornalista por mais de quatro décadas e atuou como editor da revista Ebony, uma lendária publicação afro-americana. "Tudo está bem quando acaba bem", ele escreveu. "Estou bastante satisfeito com a vida que levei. Sobrevivi para contar a história que testemunhei. Ao mesmo tempo, eu gostaria que todo mundo pudesse ter uma infância feliz dentro de uma sociedade justa. E esse certamente não foi meu caso."

Hans Massaquoi faleceu no dia 13 de janeiro de 2013 em Nova Orleans.

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Tradução do inglês por Marina Schnoor.



sábado, 23 de janeiro de 2016

Taiwan terá igreja sapatinho de cristal para atrair mulheres


Parece que a mescla entre consumismo e religiosidade anda assumindo formas mais, digamos, concretas, segundo noticia a BBC Brasil, com vídeo do Wall Street Journal mais abaixo:

Taiwan inaugura igreja em forma de sapatinho de cristal 'para atrair mulheres'

Uma igreja de 16 metros de altura feita de vidro e em forma de sapatinho de cristal foi construída em Taiwan, aparentemente para atrair mais mulheres.

A igreja fica na província litorânea de Chiayi e, com seu enorme formato de salto, parece ter sido perdida por uma Cinderela gigante em fuga.

O edifício foi feito com 320 painéis de vidro colorido azul e tem mais de dez metros de largura. O custo da construção: 23 milhões de novos dólares taiwaneses (cerca de R$ 2,7 milhões).

A igreja deve ser aberta ao público no dia 8 de fevereiro, a tempo do Ano Novo Chinês.

Imagens aéreas mostram que construção inclui um palco aberto, também em azul, com refletores.

Inspiração

A igreja em forma de sapatinho de cristal foi ideia do órgão local responsável pelo turismo.

Pan Tsuei-ping, gerente do órgão, disse à BBC que a igreja não será usada para missas de rotina, apenas sessões de fotos de casamento e as próprias cerimônias de casamento.

"Nosso plano é fazer um local feliz e romântico... Toda menina imagina como será quando se vestir de noiva", afirmou.

O sapato-igreja foi criado para homenagear uma mulher da região - e sua história não tem nada a ver com o mito de Cinderela.

Na década de 1960, Wang era uma jovem pobre de 24 anos que morava na região, ficou doente e teve as duas pernas amputadas, o que levou ao cancelamento de seu casamento. Ela continuou solteira e passou o resto da vida morando em uma igreja.

Críticas

A igreja do sapatinho de cristal não foi unanimidade nas redes sociais.

"Além de cópia , que tipo de padrão esta igreja tem?", perguntou um taiuanês no fórum da web PTT.

"Por que desta vez as pessoas não falam (que a igreja) está objetificando as mulheres?", disse uma outra usuária do fórum.

"O que as autoridades estavam pensando quando encomendaram esta construção horrível naquela área? Só é desrespeitoso", disse um usuário da rede de microblog chinesa Weibo.

Outra usuária do Weibo, Jessie Chou, afirmou: "De qualquer modo eu uso chinelo...".

No entanto, outras usuárias da rede defenderam a igreja do sapatinho de cristal.

"Se o sapato serve, porque não usar? Eu gosto, é mais bonita que a maioria das igrejas modernas", disse Lao Fu Qing.

Outra usuária, da província de Shandong, afirmou: "A maioria das meninas adoram contos de fadas, é ótimo que as autoridades queiram se concentrar nas mulheres pelo menos uma vez."








sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Livro sobre romance entre judia e palestino é censurado em Israel


Matéria publicada no G1 em 03/01/16:

Livro sobre romance entre judia e palestino causa polêmica em Israel

'Uma barreira viva', de Dorit Rabinyan, foi censurado em Israel.
Liat, israelense, e Jilmi, palestino, são os dois heróis de uma história fictícia.

A apaixonada relação de amor de uma mulher judia com um homem palestino, epicentro do romance "Uma barreira viva", da escritora Dorit Rabinyan, provocou polêmica em Israel após o Ministério da Educação do país tê-lo proibido por considerar que encoraja a "assimilação".

Liat, israelense, e Jilmi, palestino, são os dois heróis de uma história fictícia que abala os alicerces da identidade israelense, e que gerou uma onda de protesto pelas redes sociais contra o ministro da Educação, Naftali Bennett, líder do partido nacionalista religioso Lar Judaico.

"Comprei hoje vários livros. Acredito que é o livro que atualmente deve ser entregue aos alunos e alunas", escreveu em sua página do Facebook o chefe da oposição e líder trabalhista, Isaac Herzog, estimulando a população a comprá-lo.

Para Herzog, "o ato agressivo e desnecessário de censurar um livro baseando-se em uma interpretação linear de seu conteúdo é outro tijolo do muro do medo, da segregação e da cerração que está sendo erguido pelo governo (do primeiro-ministro israelense, Benjamín) Netanyahu".

Centenas de atores, publicitários, escritores e intelectuais em geral, assim como políticos e educadores, alçaram energicamente sua voz contra o boicote que o Ministério impôs ao romance de Dorit Rabinyan, escritora e roteirista de conhecida trajetória local.

"Gader Jayá" (em hebraico), traduzido ao inglês como "Borderline" e publicado há um ano e meio, é a história de uma tradutora israelense e um artista palestino que se apaixonam em Nova York e que veem como seu amor resiste a apagar-se quando ambos devem retornar a Tel Aviv e Ramala, e enfrentar a crua realidade política da região.

Ganhadora de vários prêmios locais e muito mais produtiva em sua juventude que na idade adulta, Rabinyan tinha passado quase despercebida com seu último livro até que vários professores de literatura hebraica pediram ao ministério para inclui-lo na lista de recomendados para os níveis avançados do ensino médio.

Os membros da comissão acadêmica pertinente lhe deram o selo de apto, mas dois altos funcionários do ministério consideraram que era inadequado e ordenaram que o título fosse apagado da lista, para o que contaram com o apoio de Bennett.

Um dos argumentos deste organismo é que é preciso preservar "a identidade e a herança dos estudantes em cada coletivo social", ao mesmo tempo em que reforçava que as "relações íntimas entre judeus e não judeus ameaçam a separação de identidades", de acordo com o jornal "Haaretz".

Desde então as queixas e denúncias inundaram as redes sociais, com famosos comprando o livro e tirando fotos com ele.

"Minhas felicitações ao Ministério da Educação que conseguiu fazer de 'Uma barreira viva' um livro de leitura obrigatória", disse o prefeito da liberal Tel Aviv, Ron Huldai, que classificou o romance como "fascinante".

A principal biblioteca desta cidade pendurou um cartaz no qual anuncia a disponibilidade do livro sem pagamento algum, enquanto as principais livrarias faziam pedidos públicos à editora Am Oved para que lhes forneça mais exemplares, dada a demanda gerada pela polêmica.

Rabinyan, que entre 1995 e 1999 publicou com notável sucesso seus dois primeiros romances - traduzidos cada um a oito idiomas -, tem outro título entre os recomendados do Ministério da Educação, mas estava há 15 anos sem publicar e tudo o que tinha lançado desde então era um livro infantil.

À campanha de protesto se somaram escritores de renome internacional como A.B. Yehoshua ("Me sinto ultrajado"), Hayim Beer ("Daria a Bennett o título de membro honorário da Lehavá", uma organização de extrema-direita) e Natan Zach ("O ministro da Educação é tolo e com os tolos não há nada o que fazer").

No entanto, todos concordam com a autora em que Bennett deu definitivamente um impulso comercial ao romance, agraciado este ano com um conhecido prêmio local de literatura.

"De repente me transformei em um assunto noticioso, (...) agora sou uma personalidade pública", disse a escritora, com ironia, ao serviço de notícias "Ynet".

Rabinyan comentou que seu romance não atenta contra a identidade judaica, mas unicamente "reflete a complexidade da sociedade israelense" e seus medos frente à assimilação.

"Acham que proibir o livro fará o problema desaparecer, mas o livro é só um espelho da sociedade. Sua grande força está precisamente na sensibilidade que demonstra", afirmou a escritora israelense de origem iraniana.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O intrincado arranjo político-religioso que garante a governabilidade do Líbano


Guga Chacra, em seu blog no Estadão, conta como as facções político-religiosas conseguem entrar em acordo para garantir a paz e a governabilidade do Líbano, em constante risco desde a guerra civil que devastou o país de 1975 a 1990:

Michel Aoun, maior líder cristão do Oriente Médio, deve ser presidente do Líbano

O ex-general Michel Aoun, principal líder político dos cristãos libaneses em décadas e aliado do Hezbollah, deve ser eleito presidente do Líbano, se tornando a mais importante liderança política cristã de todo o Oriente Médio, onde os demais países são governados por muçulmanos ou, no caso de Israel, um judeu.

Samir Geagea, também cristão e seu inimigo desde os tempos da Guerra Civil Libanesa (1975-90), anunciou que abandonará a sua candidatura para apoiar Aoun. Desta forma, está aberto o espaço para a eleição do ex-general. E o Líbano se consolida mais uma vez como a nação onde os cristãos possuem mais força em todo o Oriente Médio.

O presidente do Líbano, por lei, tem de ser cristão maronita, assim como o premiê precisa ser muçulmano sunita e o presidente do Parlamento, muçulmano xiita e o chefe das Forças Armadas também cristão maronita. Cabe aos parlamentares, eleitos democraticamente, o elegerem – metade do Parlamento é cristão, com subdivisões entre maronitas, ortodoxos, melquitas, armênios e outras, e metade muçulmana, com subdivisões entre sunitas, xiitas, alauítas e drusos.

O Líbano, nos últimos anos, é dividido em duas principais coalizões. A primeira, chamada 8 de Março comandada pelo partido cristão Frente Patriótica Nacional, de Michel Aoun, com o apoio de outros partidos cristãos e dos grupos xiitas Hezbollah e Amal, conta com o suporte do Irã e do regime de Bashar al Assad. A outra, chamada 14 de Março, comandada por Saad Hariri e com o apoio da Arábia Saudita, conta com os principais partidos sunitas e de alguns partidos cristãos, como o de Gegea. Os drusos mantinham neutralidade.

Há quase dois anos, os libaneses estão sem presidente, desde o fim do mandato de Michel Suleiman. Tanto Aouns quanto Geagea insistiam em ser candidatos, mas nenhum conseguia 50% porque dependiam do líder druso Walid Jumblatt.

O temor de Geagea era de um acordo para que um terceiro candidato, chamado Suleiman Frangieh e também cristão, fosse eleito. Geagea é acusado de líder operação que matou o pai, a mãe, a irmã e o cachorro de Frangieh durante a Guerra Civil e os dois se odeiam.

A escolha de Aoun, se concretizada, fortalece, primeiro, os cristãos libaneses, que terão talvez o seu presidente mais poderoso em 40 anos. Em segundo lugar, o Hezbollah, que sempre foi um aliado de Aoun. Já no caso de Assad é um pouco mais complexo. Aoun ficou 15 anos no exílio por ser contra a presença síria no Líbano. Mas se aliou ao regime quando voltou por questões políticas, não ideológicas.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

STJ absolve ex-prefeito do RJ por construir igreja com dinheiro público


A notícia foi publicada no HuffPost Brasil em 18/12/15:

César Maia e diz que construir igreja com dinheiro público não fere o Estado laico

Thiago de Araújo

Por unanimidade, a primeira turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) absolveu o ex-prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM), do crime de improbidade administrativa pelo qual ele fora condenado pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Cabe recurso da decisão, a qual segue cercada de polêmica.

Maia havia sido condenado por conta de R$ 150 mil do orçamento do Rio direcionados à construção de uma igreja em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense. Em sua decisão, o TJ-RJ apontou que a decisão do então prefeito “feriu o caráter laico do Estado brasileiro”, uma vez que beneficiava uma religião em detrimento de outras.

Ao longo do processo, a defesa de Maia alegou que “a ajuda em obras e recuperação de igrejas é adotada por vários governos” e que no caso de Santa Cruz tratava de preservação de um patrimônio histórico. O relator do caso, ministro Napoleão Nunes Maia Filho, afirmou em sua decisão que “a laicidade do Estado não pode ser confundida com antirreligiosidade”.

Maia Filho acolheu as argumentações da defesa do ex-prefeito do Rio, destacando ainda que são muitas as iniciativas públicas em favor de diversas religiões pelo País. Além disso, o ministro do STJ disse que não houve enriquecimento ilícito ou prejuízo aos cofres públicos com o financiamento da construção da igreja.

Por fim, Maia Filho disse não ter ficado comprovado no processo a ‘comprovação de dolo’ (quando há intenção de cometer crime).

Ministro já havia dado decisão a Maia em 2014

O ministro Napoleão Nunes Maia Filho já havia suspendido uma outra decisão em favor de César Maia no ano passado. Por conta da condenação pelo TJ-PR, o ex-prefeito do Rio foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Ele tentou sair candidato ao Senado, mas foi barrado inicialmente pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ). Em seu parecer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, se mostrou contrário ao registro dele nas eleições.

O ministro do STJ Maia Filho, naquela oportunidade, suspendeu a decisão que colocava restrições à candidatura do ex-prefeito, que posteriormente obteve o registro junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com 20,51% dos votos, César Maia foi derrotado por Romário (PSB), que obteve mais de 63% das intenções do eleitorado do Rio.

Entenda o caso

Em 2012, o Ministério Público do Rio (MP-RJ) denunciou César Maia, os então diretores-executivos da Empresa Municipal de Urbanização (Rio Urbe), Jorge Roberto Fortes, Lourenço Cunha Lana e Gerônimo de Oliveira Lopes, por improbidade administrativa, e a Mitra Arquiepiscopal do Rio de Janeiro por enriquecimento ilícito.

Segundo os promotores, eles violaram a moralidade administrativa ao firmarem, em 2004, o contrato com a empresa Studio G Construtora Ltda. para construção da Igreja de São Jorge, em Santa Cruz. O MP-RJ argumentou que a Constituição Federal veda o uso de dinheiro público para a construção de um templo de uma única religião. Além disso, os réus ficavam obrigados a ressarcir os cofres públicos.

Ainda em 2012, o juiz Ricardo Coimbra da Silva Starling Barcellos, da 13ª Vara de Fazenda Pública do Estado do Rio, condenou os denunciados e suspendeu os direitos políticos de Maia por cinco anos.

De acordo com o magistrado, a construção da igreja com dinheiro público não seria ilegal caso fosse “um templo ecumênico, sua construção estaria compatível com a Constituição. Entretanto, esta não admite a utilização de dinheiro público para a construção de um templo de uma única religião”.

“Apesar dos réus demonstrarem a melhor das intenções no sentido de promover o bem comum de determinada comunidade - já que todas as religiões buscam fazer o bem às pessoas no sentido de ensiná-las a viver melhor consigo mesmas e em paz e harmonia com a comunidade -, estes violaram a moralidade administrativa e praticaram ato de improbidade por violação de princípio constitucional inerente à Administração (art. 19, I, da CRFB)”, ponderou Barcellos.



terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Exorcismo virou moda na católica Polônia

Anthony Hopkins - sem querer - foi parar na capa da revista polonesa Egzorcysta

A matéria foi publicada no IHU em 15/12/15:

Polônia vive onda de exorcismos em massa


Dez anos após a morte do Papa João Paulo II, a Polônia, seu país natal, vive uma onda nacional de exorcismo. Os grandes eventos de expulsão do demônio atraem um número maior de pessoas do que as partidas de futebol — recentemente, o Estádio Nacional de Varsóvia foi palco de uma série de rituais em massa. Cada diocese tem em média três exorcistas, afirma Grzegorz Bacik, assistente da prática na Cracóvia. E a revista “Exorcismo”, a primeira da Europa sobre o assunto, conseguiu triplicar sua tiragem. 


A reportagem é de Graça Magalhães-Ruether, publicada por O Globo, 13-12-2015.


Segundo Bacik, autor de mais de cinco livros sobre ocultismo e exorcismo, houve uma explosão da demanda na Polônia nos últimos anos.

—As pessoas começaram a procurar mais o exorcismo porque são mais vítimas do demônio — diz Bacik, de Cracóvia, a cidade onde o então Karol Wojtyla foi arcebispo antes de ser eleito Papa João Paulo II.

O tema é onipresente em igrejas, lojas de santos e crucifixos ou na redação da “Exorcista Mensal” que, lançada há três anos, chega a 40 mil exemplares.

Na edição de dezembro, a revista publicou uma entrevista com o padre Andrej Kowalcyk, exorcista na cidade portuária de Gdansk, que aconselha o uso do terço como uma “arma também contra partidos políticos que foram tomados por satã”.

Depois que Francisco reconheceu, no ano passado, a Associação Mundial do Exorcismo, as igrejas europeias começaram a ampliar os seus programas. Há mais casos também na Espanha e na Itália. Mesmo na Alemanha, onde a conferência dos bispos abandonou a prática no fim dos anos 1970, houve expansão.

No último sábado, uma mulher de 44 anos foi encontrada morta no hotel Intercontinental, de Frankfurt, depois de um exorcismo praticado pelos parentes, entre eles o filho de 15 anos. Outra vítima do mesmo ritual foi resgatada pela polícia com ferimentos graves.

— Eu nunca vi algo semelhante — observou a promotora Nadja Niesen.

Já a socióloga Maria Zoltkowska afirma que a “epidemia” é resultado de sugestão, já que o assunto está constantemente na mídia:

— As pessoas acham que a culpa é do demônio porque é mais fácil culpar satã do que enfrentar os problemas.

Para atender à demanda, a igreja convida exorcistas de fora. Tendo como lema “Jesus no estádio”, o especialista em demonologia John Baptist Bashobora, de Uganda, acaba de fazer uma série de rituais de exorcismo em massa. De cada um, participaram 58 mil pessoas no Estádio Nacional de Varsóvia, mais do que nos jogos da seleção.

Especialistas do Departamento de Psiquiatria e Psicoterapia da Clínica Charité, em Berlim, afirmam que há em toda a Europa mais demanda por exorcismo em consequência do baixo oferecimento de atendimento psiquiátrico. O exorcismo seria visto como um substituto, e a possível cura resultado de um processo de sugestão. Segundo um estudo alemão, 38% dos europeus sofrem de algum tipo de distúrbio mental, mas apenas um terço dos doentes têm acesso a tratamento.



segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Papa visitou sinagoga de Roma

A informação é da Rádio Vaticano:

Papa Francisco visita a Sinagoga de Roma

Cidade do Vaticano- Francisco tornou-se, na tarde deste domingo (17/01), o terceiro Pontífice a visitar a Sinagoga de Roma. Durante a visita a Sinagoga (Templo Maior), o Papa recordou a expressão cunhada por São João Paulo II que, em 1986, disse que os judeus são os "irmãos mais velhos" dos cristãos. Francisco incentivou todos a seguirem com perseverança nos empenhos da construção do diálogo judaico-cristão e recordou os judeus romanos perseguidos deportados durante a invasão nazista.

Eis, o discurso do Santo Padre:

"Caros irmãos e irmãs,

Sinto-me feliz por estar aqui, entre vós, nesta Sinagoga. Agradeço pelas palavras cordiais do Dr. Di Segni, a senhora Durighello e o Dr. Gattegna. Agradeço a todos vós pela calorosa recepção. Tada rabbá! Obrigado!

Na minha primeira visita a esta Sinagoga, como Bispo de Roma, desejo expressa-lhes, como também a todas as Comunidades judaicas, a saudação fraterna de paz desta e de toda a Igreja católica.

As nossas relações me interessam muito. Em Buenos Aires, eu já estava acostumado a frequentar as sinagogas para encontrar as comunidades lá reunidas; seguir de perto as festividades e comemorações judaicas; dar graças ao Senhor, que nos dá a vida e nos acompanha no caminho da história.

Ao longo do tempo, criou-se uma união espiritual que favoreceu o nascimento de autênticas relações de amizade, que inspirou um empenho comum. No diálogo inter-religioso é fundamental encontrar-nos, como irmãos e irmãs, diante do nosso Criador e a Ele prestar louvor; respeitar-nos e apreciar-nos mutuamente e colaborar.

No diálogo judeu-cristão há uma ligação única e peculiar em virtude das raízes judaicas do cristianismo: judeus e cristãos devem, portanto, sentir-se irmãos, unidos pelo próprio Deus e por um rico patrimônio espiritual comum (cf. Declaração Nostra Aetate, 4) no qual basear-nos e continuar a construir o futuro.

Ao visitar esta Sinagoga, prossigo nas sendas dos meus Predecessores. O Papa João Paulo II esteve aqui há trinta anos, em 13 de abril de 198; Papa Bento XVI esteve entre vós há seis anos atrás, agora estou eu aqui.

Na sua primeira visita, João Paulo II cunhou a bela expressão “irmãos mais velhos”! De fato, vocês são os nossos irmãos e as nossas irmãs mais velhos na fé. Todos nós pertencemos a uma única família, a família de Deus; juntos, Ele nos acompanha e nos protege como seu Povo; juntos, como judeus e como católicos, somos chamados a assumir as nossas responsabilidades por esta cidade, dando a nossa contribuição, também espiritual, e favorecendo a resolução dos diversos problemas atuais.

Espero que aumentem, sempre mais, a proximidade espiritual, o conhecimento e a estima recíprocos entre as nossas duas comunidades de fé. Por isso, é significativa a minha vinda entre no vosso seio, precisamente hoje, 17 de janeiro, o dia em que a Conferência Episcopal italiana celebra o “Dia do diálogo entre Católicos e Judeus”.

Comemoramos, há pouco, o 50° aniversário da Declaração Nostra Aetate do Concílio Vaticano II, que tornou possível o diálogo sistemático entre a Igreja católica e o Judaísmo.

No passado dia 28 de outubro, na Praça São Pedro, pude saudar também um grande número de representantes judaicos, aos quais dirigi as seguintes palavras: “A verdadeira e própria transformação da relação entre Cristãos e Judeus, durante estes 50 anos, merece uma gratidão especial a Deus. A indiferença e a oposição se converteram em colaboração e em benevolência. De inimigos e estranhos, tornamo-nos amigos e irmãos”.

O Concílio, com a Declaração Nostra Aetate, traçou o caminho: “sim” à descoberta das raízes judaicas do cristianismo; “não” a toda forma de antissemitismo e condenação de toda injúria, discriminação e perseguição, que disso derivam”.

Nostra Aetate definiu, teologicamente, pela primeira vez e de maneira explícita, as relações da Igreja católica com o Judaísmo. Ela, naturalmente, não resolveu todas as questões teológicas que nos dizem respeito, mas fez uma referência encorajador, fornecendo um estímulo importantíssimo para ulteriores e necessárias reflexões.

A propósito, em 10 de dezembro de 2015, a Comissão para as Relações religiosas com o Judaísmo publicou um novo documento que aborda as questões teológicas, emergidas nos últimos decênios, após a Declaração Nostra Aetate (n. 4).

Com efeito, a dimensão teológica do diálogo judaico-católico merece ser sempre mais aprofundada. Por isso, encorajo todos aqueles que estão comprometidos com este diálogo a continuar neste caminho, com discernimento e perseverança.

Do ponto de vista teológico, aparece sempre claramente a indivisível ligação que une Cristãos e Judeus. Para se compreenderem, os cristãos não podem não fazer referência às raízes judaicas; a própria Igreja, professando a salvação, mediante a fé em Cristo, reconhece a irrevocabilidade da Antiga Aliança e o amor constante e fiél de Deus por Israel.

Por mais importante que sejam as questões teológicas, não devemos perder de vista as situações difíceis, com as quais o mundo de hoje se defronta. Os conflitos, as guerras, as violências e as injustiças causam ferimentos profundos na humanidade e nos impelem a comprometer-nos pela paz e pela justiça. A violência do homem contra o homem está em absoluta contradição com qualquer religião, digna deste nome e, em particular, com as três grandes Religiões monoteístas.

A vida é sagrada, como dom de Deus. O quinto mandamento do Decálogo, diz: “Não matar” (Ex 20,13). Deus, que é Deus da vida, quer sempre promovê-la e salvaguardá-la. E nós, criados à sua imagem e semelhança, devemos fazer o mesmo. Todo o ser humano, como criatura de Deus, é irmão, independentemente da sua origem ou da sua pertença religiosa.

Toda pessoa deve ser vista com benevolência, como faz Deus, que estende a sua mão misericordiosa a todos, independentemente da sua fé e da sua proveniência; Ele dispensa atenção particular aos que mais precisam dele: os pobres, os enfermos, os marginalizados, os indefesos.

Lá, onde a vida corre perigo, somos chamados, por isso, a promovê-la e a salvaguardá-la. Quanto mais nos sentirmos ameaçados, tanto mais deveríamos confiar em Deus, que é a nossa defesa e o nosso refúgio (cf. Sal 3,4; 32,7), procurando fazer resplandecer em nós o seu rosto de paz e de esperança, sem jamais ceder ao ódio e à vingança. A violência e a morte jamais terão a última palavra diante de Deus, que é Deus do amor e da vida!

Devemos invocá-Lo com insistência, para que nos ajude a praticar - na Europa, na Terra Santa, no Oriente Médio, na África e em qualquer outra parte do mundo, - não a lógica da guerra, da violência, da morte, mas a da paz, da reconciliação, do perdão, da vida.

O povo judaico, na sua história, teve que padecer violências e perseguições, até ao extermínio dos judeus europeus, durante o período da Shoah. Seis milhões de pessoas, apenas por pertencerem ao povo judaico, foram vítimas da barbárie mais desumana perpetrada em nome de uma ideologia, que queria substituir Deus com o homem. Em 16 de outubro de 1943, mais de mil homens, mulheres e crianças da comunidade judaica de Roma, foram deportados para Auschwitz.

Hoje, quero recordar-lhes de modo particular: os seus sofrimentos, as suas angústias, as suas lágrimas nunca devem ser esquecidas. O passado deve servir de lição par o presente e o futuro. A Shoah ensina-nos que é preciso sempre máxima vigilância, para poder intervir, tempestivamente, em defesa da dignidade humana e da paz. Queria expressar a minha solidariedade a cada testemunha da Shoah que ainda vive; saúdo, de modo particular, aqueles que hoje estão presentes aqui.

Queridos irmãos mais velhos, devemos realmente ser gratos por tudo o que foi possível realizar nos últimos cinquenta anos, porque aumentaram e aprofundaram a compreensão recíproca e a mútua confiança e amizade.

Peçamos juntos ao Senhor, a fim de que conduza o nosso caminho rumo a um futuro bom e melhor. Deus tem para nós projetos de salvação, como diz o profeta Jeremias: “Conheço os meus projetos sobre vós – oráculo do Senhor -: são projetos de felicidade e não de sofrimento, para dar-lhes um futuro e uma esperança” (Jer 29,11).

Que o Senhor nos abençoe e nos guarde. Faça resplandecer sobre nós a sua face e nos dê a sua graça. Que o Senhor dirija o seu olhar para nós e nos dê a paz (Num 6,24-26).

Shalom alechem!"



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