quinta-feira, 30 de junho de 2016

Para agradar evangélicos, escola do MS chama festa junina de "festa da colheita"


Infelizmente, o nome "evangélico" no Brasil vem adquirindo cada dia mais uma conotação ideológica do que teológica, e está associada a uma visão conservadora e defensiva do mundo, na base do "nós contra eles" do vale-tudo político, razão pela qual temo o dia em que este país seja governado por quem se traveste de religiosidade para justificar seus preconceitos, frustrações e más práticas.

Ai de quem não se enquadrar nas regrinhas gospel...

Pior do que isso, desde já estão criando uma geração de crianças e adolescentes incapazes de conviver pacificamente com as diferenças religiosas e culturais, e muito menos com a liberdade de expressão, incapazes e desestimulados que são a simplesmente pensar.

A matéria é do UOL Educação:

Escola muda festa junina para "festa da colheita" por alunos evangélicos

Thiago Varella

Ano após ano, o Instituto Educap, de Campo Grande (MS), via o número de alunos que participava da festa junina do colégio diminuir. Isso ocorria, porque esses estudantes eram de famílias evangélicas que não queriam que seus filhos celebrassem uma festa católica.

Para, enfim, integrar esses alunos, a escola decidiu mudar a festa. Em vez de festa junina, o colégio agora celebra a festa da colheita, uma celebração laica.

"Percebemos que nossa festa estava no automático. Só reproduzir a festa não vale a pena se não for algo bem reflexivo. Por isso, fizemos um resgate da colheita, da questão da alimentação na vida das pessoas. A festa da colheita tem o objetivo de celebrar os alimentos", disse Celia Tavares Rino, diretora pedagógica do Instituto Educap.

Antes da festa, os professores promovem discussões sobre almentação com os alunos. Neste ano, segunda vez em que a celebração foi feita, os alunos da educação infantil, por exemplo, estudaram a farinha. Já os estudantes do nono ano, os mais velhos do colégio, discutiram os problemas do meio rural.

"Tudo o que nós vamos fazer ele parte de um currículo vivo. A festa pela festa não tem sentido. Tem sentido sim se você faz um resgate histórico e cultural. Mostrar, por exemplo, que a cultura do campo é diferente da cultura urbana", afirmou Celia.

Além de muita comida, a festa conta com danças e uma decoração rural. Os alunos mais novinhos vão vestidos como caipiras, mas os mais velhos, segundo a diretora, não se importam com isso. No fim das contas, o objetivo de integrar os alunos não-católicos à festa foi alcançado.

"Desconstruímos a festa e agora as crianças evangélicas participam. O foco no alimento fez um leque maior de abrir", completou.



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