quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Leandro Karnal disseca a amizade

O artigo foi publicado no Estadão em 28/08/16:

Porque era ele, porque era eu

Entregar-se à relação com um amigo é observar-se num espelho pouco generoso

João deitou a cabeça no peito de Jesus. Era a confiança absoluta no Mestre durante a última ceia. Poucas horas depois, o gesto era retribuído e magnificado: Jesus entregou-lhe a guarda da pessoa mais importante. “Filho, eis aí tua mãe”. A cena sob a Cruz mostra algo sublime: a amizade tornara João parte da família.

Amizades surgem entre pessoas que se admiram. A estreita relação entre os filósofos Montaigne e Étienne de la Boétie resulta numa das mais belas frases já escritas sobre este tipo de afeto. Nos seus ensaios, o nobre tenta explicar por que amava La Boétie. Só consegue dizer que a causa central era “porque era ele, porque era eu”. O autor dos Ensaios reconhece que, na especificidade absoluta do outro, está a chave da fusão elevada a que chamamos amizade.

A cabeça pendente de João e a afirmação de Montaigne mostram que a amizade encontra um campo além da razão: algo entre a fraternidade adotada e a entrega ao mistério da afinidade afetiva. Fraternidade adotada porque o amigo torna-se um irmão por desejo recíproco. O mistério da afinidade afetiva porque, diante do amigo, torno-me, de fato, quem sou. Não existe uma racionalidade que abarque isso. A amizade é uma epifania lenta.

Há pedras no caminho. Amigos também possuem egos e as circunstâncias, por vezes, sufocam tudo. Desde que se conheceram na Paris ocupada, Sartre e Camus perceberam uma atração afetiva imediata. Já admiravam a obra um do outro. Dois homens diferentes: Sartre, burguês e bem formado; Camus de família pobre e nascido na Argélia. Também havia o fato de que o parisiense se esforçava muito para agradar às mulheres, mas era feio como uma cólica. Camus era bonito, mas sem a lábia retórica do autor de A Náusea. Havia uma admiração recíproca e uma concorrência entre ambos. Sartre apoiou a URSS mais do que Camus gostaria e as conversas foram ficando ácidas. Numa carta endereçada à revista que Sartre dirigia (Les Temps Modernes), ocorreu o afastamento definitivo. Sartre respondeu no mesmo número com um texto muito duro, duvidando até da capacidade de compreensão filosófica do ex-amigo. A trágica morte de Camus impediu uma reaproximação. Sartre escreveu um lindo obituário. A morte vencera o ego.

Vaidades e disputas afastam amigos. Alguns afirmam que ex-amigos, de fato, nunca foram amigos de verdade.

Ocorrera algo similar no Brasil. Oswald de Andrade jogou sobre Mário de Andrade duas palavras que evisceravam os pontos mais dolorosos do autor de Macunaíma: chamou-o de “boneca de pixe”. Atacando Mário como mulato e homossexual, Oswald causou uma ferida que nunca cicatrizou. Amigos se aproximam do coração e, quando isto resulta em estocada, ela quase sempre é fatal. Amigos baixam a guarda uns para os outros e este setor não defendido, ao ser flechado, magoa como poucas coisas.

Talvez a amizade seja sempre um desafio. Entregar-se à relação com um amigo é observar-se num espelho pouco generoso. Os amigos nos conhecem e, para eles, as cenografias sociais são inúteis. Sim, nossos amigos nos amam, e nos conhecem, e nunca saberemos se nos amam por nos conhecer ou apesar de nos conhecer. Mas a entrega à amizade intensa é uma entrega a uma jornada de intimidade e apoio.

O olhar do amigo não tem a doçura absoluta do materno e escapa do tom acre e ressentido do inimigo. Assim, longe do mel estrutural e do fel defensivo, é um olhar de sinceridade. Para ter um amigo, preciso de condições específicas. Eu identificaria três fundamentais.

A primeira é a capacidade de se observar e continuar em frente. Uma conversa genuína com um amigo é uma dissecação anatômica da minha alma. Nem todos conseguem isso. Não é fácil atender ao preceito socrático: conhece a ti mesmo. Na minha experiência, conhecer aos outros é infinitamente mais fácil do que conhecer a si. Se os filósofos já garantiram que homens maus não possuem amigos, mas apenas cúmplices, eu acrescentaria que pessoas superficiais possuem apenas colegas e conhecidos, mesmo que os denominem amigos.

A segunda é o tempo. Não se criam amigos de um dia para o outro. Amigos demandam história, repertório de casos, vivências em conjunto. Amigos precisam viajar juntos. Assim, os afetos integram as vidas das respectivas famílias. Amigos acompanham nossos sucessos e fracassos amorosos, choram e riem com nossa biografia. Quem adicionei ontem na minha rede social é um fantasma, um fóton, jamais um amigo. Amigos precisam de cultivo constante. Todo amigo é, dialeticamente, um frágil bonsai e frondoso carvalho.

A terceira é o controle do próprio orgulho. A mais espaçosa dama da alma é a vaidade. Quando ela preenche o ambiente, sobram poucos assentos livres. Pessoas vaidosas são frágeis e temem a entrega da amizade. O amor é privilégio de maduros, dizia Carlos Drummond. Talvez a amizade também o seja. Talvez não seja apenas para maduros, mas, com certeza, é um privilégio. Encerro com o conselho sábio dado por um tolo. Polônio prescreve ao filho Laertes (peça Hamlet): “Os amigos que tens por verdadeiros, agarra-os a tu’alma em fios de aço; mas não procures distração ou festa com qualquer camarada sem critério”. O cortesão infeliz sintetiza tudo o que tentei escrever aqui. Já falou com seu amigo hoje? Um bom domingo a todos vocês!



terça-feira, 30 de agosto de 2016

Itália inaugura museu em homenagem ao primeiro papa João Paulo

A notícia é da Rádio Vaticano:

Museu em memória do Papa João Paulo I em Belluno, Itália

Cidade do Vaticano – O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, preside a Eucaristia na tarde desta sexta-feira (26/8), em Canale D’Agordo, diocese de Belluno, no Vêneto, por ocasião da inauguração do Museu dedicado ao Papa João Paulo I.

Não se trata somente de uma exposição de documentos e objetos do Papa Luciani, que conduziu os destinos da Igreja por apenas 33 dias, mas o objetivo é poder manter um encontro mais próximo com a pessoa e o mundo da cultura do “Papa do Sorriso”, como era carinhosamente chamado.

Filmes, áudios e fotografias farão parte de um percurso instalado num prédio do século XV, situado ao lado da igreja paroquial de São João Batista. O objetivo é levar o visitante a mergulhar na trajetória humana e espiritual do Papa Albino Luciani, desde o seu nascimento até à sua eleição como Sucessor de Pedro.

São dados destaques à formação e o ensinamento do Papa Luciani, a sua profunda preparação cultural e pastoral, a sua atenção particular para com os necessitados, a sua simplicidade, a humildade, a transparência e a sua grande sensibilidade como Pastor”.

O visitante poderá assim conhecer os detalhes sobre os 20 anos de vida pastoral do Papa João Paulo I, os 11 anos de episcopado na Diocese de Vittorio Veneto, a sua experiência no Concílio Vaticano II e os 9 anos transcorridos como Patriarca de Veneza.

Ao visitar o Museu, o Cardeal Pietro Parolin disse que “as virtudes de João Paulo I podem servir de modelo para todos os cristãos. O reconhecimento da sua santidade será um benefício para toda a Igreja. Não podemos fazer previsões sobre uma sua eventual Beatificação. Um homem humilde e simples como Albino Luciani não tem pressa de ser declarado santo”, disse o Cardeal Parolin.

Albino Luciani nasceu em Canale d'Agordo, diocese de Belluno, no Veneto, a 17 de Outubro de 1912. Era Patriarca de Veneza quando foi eleito Papa no dia 26 de Agosto de 1978, governando a Igreja por apenas 33 dias. Recebeu o apelido de "Papa do Sorriso", pela sua afabilidade, alegria e simplicidade.

Foi o primeiro Papa, desde Clemente V, a recusar uma coroação formal, cerimónia que ainda não foi oficialmente abolida. Não quis ser carregado na Cadeira gestatória, tal como acontecia com outros Papas, devido à sua humildade. Papa Luciani foi o pioneiro a adoptar um nome duplo, João Paulo I, em homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII. (JE/MT)



segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Pesquisa do IBGE mostra que 4% dos adolescentes sofreram abuso sexual

Foto: Fábio Motta / Estadão

Os dados assustadores foram publicados no Estadão:

4% dos adolescentes entre 13 e 15 anos sofreram abuso sexual, diz IBGE

Entre os jovens forçados a ter relações, 11% disseram que o agressor foi pai, mãe, padrasto ou madrasta; 26,6% afirmaram que foi namorado, namorada ou amigo

Luciana Nunes Leal

RIO - Pela primeira vez, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), investigou casos de jovens que tiveram relação sexual forçada, violência que atingiu 4%, ou 105,2 mil alunos.

A pesquisa foi realizada em todo País entre abril e setembro de 2015, com 102.301 alunos do 9º ano do ensino fundamental, de um universo de 2,630 milhões de estudantes desta série. Entre os entrevistados, 88% tinham de 13 a 15 anos - 51% tinham 14 anos, idade adequada para este nível de ensino.

RIO - Pela primeira vez, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), investigou casos de jovens que tiveram relação sexual forçada, violência que atingiu 4%, ou 105,2 mil alunos.

A pesquisa foi realizada em todo País entre abril e setembro de 2015, com 102.301 alunos do 9º ano do ensino fundamental, de um universo de 2,630 milhões de estudantes desta série. Entre os entrevistados, 88% tinham de 13 a 15 anos - 51% tinham 14 anos, idade adequada para este nível de ensino.

Entre os meninos, 3,7% relataram ter sofrido abuso e entre as meninas, 4,3%. Os casos são mais frequentes nas escolas públicas (4,4%) do que particulares (2%).

Entre os forçados a ter relações sexuais, 11% disseram que o agressor foi pai, mãe, padrasto ou madrasta e 19% responderam ter sido outros parentes. A maior parte dos alunos (26,6%) disse ter sido obrigada a transar com namorados ou namoradas e com amigos (21,8%).

Entre os jovens, 14,5% (381,3 mil) disseram ter sido agredidos fisicamente por algum parente nos trinta dias anteriores à pesquisa. Houve pequena diferença entre escolas públicas (14,8%) e privadas (13%).



domingo, 28 de agosto de 2016

Quem diria, a mulher de Goebbels era judia...

Três monstros em sua monstruosa mediocridade

Magda Goebbels, a melhor pior definição de "mãe-monstro", esposa de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda e "faz-tudo" de Adolf Hitler, justo ela que - antes de se suicidar juntamente com o marido no bunker de Berlim - matou os seis filhos porque suas "crianças arianas" não teriam futuro num mundo sem o nazismo, tinha sangue judeu, segundo recentes descobertas publicadas pelo El País:

Magda Goebbels, a mãe-modelo do Terceiro Reich, era judia

Documento encontrado por historiador revela que seu pai biológico morreu no campo de Buchenwald

ENRIQUE MULLER - Berlim

Quando Magda Goebbels, a esposa do fanático ministro de Propaganda de Adolf Hitler, nasceu em 11 de novembro de 1901, foi registrada como Johanna Maria Magdalena e com o sobrenome de solteira de sua mãe, Behrendt. Essa circunstância não chamou a atenção de ninguém, mas, quando sua mãe se casou novamente neste mesmo ano com o industrial alemão Oskar Ritschel, a menina ainda manteve o sobrenome materno, porque seu padrasto se recusou a adotá-la, algo incomum nos costumes da época. Ficaram casados por apenas quatro anos, até 1905, quando se divorciaram.

O pai biológico de Magda era o comerciante judeu Richard Friedländer, que se casou com sua mãe em 1908, nove anos após o início do relacionamento em Berlim e do qual, provavelmente, nasceu Magda. Mas, agora, graças a uma descoberta fortuita do historiador Oliver Hilmes nos arquivos de Berlim, a Alemanha soube que Friedländer, o pai da esposa de um dos mais importantes líderes nazistas do Terceiro Reich, era judeu.

Durante anos, a imprensa alemã suspeitou que, aquela que se tornou a esposa de Joseph Goebbels, havia escondido durante toda vida um segredo que a teria condenado à morte no país da bandeira da suástica. Há 15 anos, a revista Der Spiegel alimentou rumores e sugeriu que, pelas veias da mulher que no seu auge foi apelidada de “mãe-modelo do Terceiro Reich”, corria sangue judeu.

Antes de Goebbels, Magda esteve casada com Herbert Quandt, um dos industriais mais poderosos na Alemanha, e cuja família ficou rica quando Hitler chegou ao poder. O casal teve um filho, Harald.

Agora, a nova biografia de Magda é confirmada com a descoberta de Hilmes, que foi publicada no jornal Bild. Magda Goebbels ficou casada com o líder nazista entre janeiro de 1932 e 30 de abril de 1945, quando ela envenenou os seis filhos do casal e depois se suicidou com o marido no bunker que possuíam em Berlim.

Já o pai de Magda foi preso em Bruxelas e enviado para o campo de concentração de Buchenwald, onde morreu em 1938. A filha, que tinha os meios para livrá-lo da morte, nunca tentou. O segredo de Magda Goebbels foi mencionado por seu marido em diários. Em 1934, Goebbels escreveu que a esposa havia descoberto algo “horrível” relacionado à sua biografia, um comentário surpreendente para um líder do nazismo. No entanto, não se soube mais nada além daquilo. Até hoje.

Será que Joseph Goebbels realmente sabia do segredo da esposa? A pergunta não tem resposta, mas as revelações sobre a paternidade de Magda tornam ridícula, com várias décadas de atraso, a poderosa propaganda nazista que idealizou o casal Goebbels como a “família ariana ideal” e Magda como um modelo a ser imitado por mulheres de seu país.



sábado, 27 de agosto de 2016

Colômbia finalmente encontra a paz


O futuro dirá se o título deste artigo é realidade ou mais um desejo que se evaporou nas brumas das florestas sulamericanas.

Esperamos que a paz prevaleça, pois das grandes alegrias que tive na vida, uma delas foi ter visitado a Colômbia e conhecido seu povo maravilhoso, muito além dos estereótipos do tráfico e da guerrilha.

Que país lindo, que pessoas dignas, que gente especial!

Por isso festejamos aqui o acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC, encerrando uma guerra civil que durava décadas e tem suas origens remotas no Bogotazo de 1948.

Por sinal, guardadas as devidas proporções, o Brasil passa por um momento de fratura político-social que assusta e lembra o triste destino que imergiu a Colômbia no caos e na violência.

Que não copiemos nem renovemos a tragédia que morou ao lado e hoje se encerra!

A matéria é do Opera Mundi:

Santos entrega texto do acordo de paz com FARC ao Congresso e ordena cessar-fogo definitivo

Presidente colombiano pretende realizar 'plebiscito pela paz' no dia 2 de outubro, quando população do país deverá referendar o acordo para que entre em vigor

O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, entregou nesta quinta-feira (25/08) ao Congresso Nacional o texto final do acordo de paz do governo com as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), assinado na quarta-feira (24/08) em Havana, Cuba, após quatro anos de negociações.

Durante o ato de entrega do texto ao presidente do Congresso, Mauricio Lizcano, Santos anunciou que a partir da próxima segunda-feira (29/08) estão suspensas as ações militares ofensivas e defensivas contra a guerrilha.

“Como comandante-chefe das Forças Militares da Colômbia, ordeno o cessar-fogo definitivo com as FARC a partir das 00:00 do dia 29 de agosto”, declarou o presidente. “Termina assim o conflito armado com as FARC.”

Além do texto final do acordo de paz, Santos entregou também uma carta em que informa o Congresso que deseja realizar o “plebiscito pela paz” no dia 2 de outubro, quando a população do país deverá referendar o acordo para que ele entre em vigor. Os legisladores colombianos devem analisar e aprovar o texto do acordo de paz e autorizar a convocação do plebiscito.

Santos afirmou que o acordo “deve ser referendado pelo povo para que tenha mais legitimidade”. “Sou consciente de que não tinha essa obrigação legal, mas sim a obrigação moral, porque sou um democrata e porque creio que o povo deve ter a última palavra”, disse.

A assinatura do acordo final de paz foi feita na quarta-feira (24/08) em Havana, capital de Cuba, onde desde novembro de 2012 se desenrolavam os diálogos de paz.

Humberto de La Calle, representante do governo da Colômbia, e Ivan Marquez, representante das FARC, assinaram o texto do acordo final, assim como os representantes dos governos de Cuba e Noruega, países fiadores do processo de paz.

Os dois lados assinaram um cessar-fogo bilateral em junho, um dos pontos mais complexos do acordo e que abriu caminho para a conclusão das negociações. As condições sobre como será a anistia aos guerrilheiros, sua futura participação política e reincorporação à vida civil foram os últimos temas a serem acordados.

Segundo o acordo de paz, as FARC irão pôr fim à luta armada e buscar seus objetivos políticos por meio da atuação partidária na democracia representativa colombiana.

Espera-se que, com a vitória do “sim” ao fim do conflito segundo o texto do acordo no referendo popular em outubro, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder das FARC, Timoleon Jimenez, assinem o texto final até o fim deste ano, o que colocaria em vigor o acordo de paz.

Para além destes passos, a verificação e o respeito aos pontos da agenda discutida nos últimos quatro anos em Havana são as garantias para a paz duradoura na Colômbia. Em janeiro, os dois lados concordaram na participação da ONU como monitora do cessar-fogo e da resolução das eventuais disputas que possam surgir da desmobilização de pelo menos 7 mil guerrilheiros armados.

Em agosto, foram anunciados os critérios para escolha dos juízes que atuarão na Jurisdição Especial para a Paz, um tribunal estabelecido no processo de diálogo entre as partes e que julgará delitos cometidos durante o conflito entre a guerrilha e as forças colombianas.

O conflito entre diversas guerrilhas, entre elas as FARC, e o governo colombiano já deixou mais de 220 mil mortos e pelo menos um milhão de pessoas desalojadas desde 1964. O governo Santos e as FARC estão desde 2012 negociando um acordo de paz que dê fim ao conflito entre as duas partes e trate de justiça e reparação para as vítimas e de reinserir as pessoas envolvidas na guerrilha na sociedade civil.





quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Santos FC recebeu garotos judeus e árabes durante Olimpíada

Foto: Pedro Ernesto Guerra Azevedo/Santos FC

A boa notícia vem da página do próprio Santos FC:

Santos FC recebe visita da ONG Gol da Igualdade, que trabalha com crianças judias e árabes


O Santos FC segue provando a cada dia que é um dos clubes mais admirados do planeta. Nesta sexta-feira, o Peixe e o Museu Pelé receberam a visita da ONG (Organização não governamental) Gol da Igualdade, que além de desenvolver habilidades no futebol, promove encontros educacionais e trabalha o respeito, tolerância e a convivência de entre judeus e árabes, de diversas religiões, em Israel.


Na Vila Belmiro, os jovens atletas de 9 a 14 anos visitaram o Memorial das Conquistas, a sala de imprensa e o vestiário profissional, comparticipação dos Ídolos Eternos Dorval, Mengálvio, Coutinho, Lima e Juary. Após esta visita, a delegação visitante almoçou no refeitório do Estádio Urbano Caldeira, mesmo local onde se alimentam, diariamente, os atletas da base do Peixe.

“Estamos com 22 crianças aqui no Brasil, 11 judias e 11 árabes. A CBF nos convidou para vir conhecer um pouco da cultura e paixão do brasileiro pelo futebol. Este foi o sexto dia de viagem e, a cada dia, é uma nova emoção. É uma boa experiência conhecer cada história do futebol brasileiro, não só a de Neymar e Robinho, mas também aprender sobre o Mengálvio, por exemplo”, disse Gabriel Holzhackr, brasileiro e vice-diretor da ONG.

Presente no evento para um bate papo com as crianças no Memorial das Conquistas, o Ídolo Eterno Lima se emocionou com a interação com as crianças da ONG.

“Sinceramente, é emocionante ver isso. Nunca imaginei que 30, 40 anos depois nós encontraríamos com pessoas de lá (Oriente Médio). Fomos para Israel em 1963 com o Santos FC e a Seleção Brasileira e, de lá para cá, esta já é a segunda ou terceira geração que conhece a história do Santos FC. Isso representa muito, não só para os santistas, mas para o brasileiro que gosta de futebol. Com certeza o Santos FC é o maior representante do futebol brasileiro até hoje”, comentou o coringa da Vila.

Feliz pelo encontro com os garotos, a esposa do presidente Modesto Roma Júnior, Sílvia Roma, demonstrou uma grande alegria na recepção dos visitantes.

“Para nós é sempre uma alegria receber as crianças. Não importa de qual parte do mundo elas sejam, mas estas, que vem com difíceis histórias de vida nos fazem mais feliz pelo contato. Eu tenho a impressão que quando temos uma ação dessas, nós ficamos mais felizes do que eles por causa da recepção amorosa”, ressaltou.

Após o passeio pela Vila Belmiro, as crianças se dirigiram para o Museu Pelé, onde aprenderam um pouco mais sobre a rica história do Rei do Futebol.






quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Cada um com os seus 100% ...








terça-feira, 23 de agosto de 2016

Europa não quer ver mulheres vestindo burcas

A notícia é da Agência Brasil:

Burca é obstáculo à integração, diz Angela Merkel

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, colocou mais lenha na fogueira do debate sobre restrições a trajes islâmicos na Europa e disse nessa quinta-feira (18) que a burca, roupa que cobre todo o rosto da mulher, inclusive os olhos, é um "obstáculo à integração".

Além disso, ela deu pleno apoio para o ministro do Interior, Thomas de Maizière, estabelecer possíveis "proibições parciais" da peça. "No meu ponto de vista, uma mulher totalmente coberta tem poucas possibilidades de se integrar", declarou Merkel.

O partido da chanceler deve apresentar ainda nesta semana um documento pedindo o veto à burca e ao niqab, que deixa apenas os olhos à mostra, em edifícios públicos, em manifestações e ao volante de automóveis.

Recentemente, a cidade de Cannes, na França, proibiu o uso de "burkini" (junção das palavras burca e biquíni) em suas praias e recebeu o apoio do primeiro-ministro Manuel Valls, que disse ser a favor de uma lei nacional contra o traje de banho islâmico.

Setores conservadores também têm pressionado o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, para vetar o uso da burca no país.



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Conclusões olímpicas


Sim, meus queridos amigos, é triste ter que admitir isso mas a Olimpíada brasileira, mais especificamente carioca, acabou...

A grande notícia é que ela transcorreu sem maiores problemas, sobretudo quanto a violência e terrorismo, embora ainda tenhamos que passar pelas Paralimpíadas para podermos comemorar dois eventos pacíficos em seguida.

Quanto aos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, foram duas semanas bastante divertidas, em que o brasileiro mostrou ao mundo o seu jeito estabanado de ser, meio confuso, espalhafatoso e contraditório, mas espontâneo e bem-humorado tanto quanto possível.

As cerimônias de abertura e de encerramento agradaram por sua simplicidade e baixo custo, mostrando ao mundo a cultura e a criatividade brasileiras em seu estado de pura arte, sem querer concorrer com festas e sedes antigas, até porque, cá entre nós, ainda que os mais jovens não entendam o que isso significa, nada vai superar o painel humano do ursinho Misha derramando uma lágrima na despedida de Moscou 1980.

Só quem viu esta cena pela televisão 36 anos atrás pode tentar descrever a emoção que sentiu naquele contexto histórico em que a tecnologia ainda perdia de 10 x 0 para a ideologia.

Depois disso, tudo virou mais do mesmo, inclusive a grandiosidade de Pequim 2008, que mostrou ao globo o despropósito de uma China faraônica, logo uma cultura milenar que tem tantas coisas lindas e simples para compartilhar.

Portanto, o Rio de Janeiro acertou em cheio ao fazer cerimônias relativamente simples, muito mais ligadas à emoção do que à ostentação, mostrando o que o Brasil tem de melhor, sua música, sua gente, sua malemolência, seu bom humor.

Claro que este rumo foi ditado, em larga parte, pelas limitações orçamentárias, mas que bom que foi assim, pois serviu de antítese ao negócio bilionário que são os jogos patrocinados pelo Comitê Olímpico Internacional.

Sim, no fim tudo se limita a isso, um negócio. Vivemos num mundo onde a economia impera, e o espírito olímpico é só uma desculpa para que grandes contratos sejam assinados à sombra dos seus arcos.

Tenebrosa é a coincidência a que permitiu que o Brasil encerrasse sua Olimpíada na mesma semana em que vai decidir o impeachment de sua primeira mulher que chegou à Presidência.

De novo, engana-se quem acha que é a lei ou os políticos que vão decidir o destino de Dilma Rousseff. Não, caros amigos, quem parece que já decidiu pela sua defenestração é a economia, mediante aqueles famosos tentáculos invisíveis do mercado, que são afinal quem decide o destino de cidades olímpicas e presidentes.

Era este o cenário em 2009, quando o Rio de Janeiro foi escolhido como sede olímpica para 2016, e o Brasil era muito mais interessante do ponto de vista econômico do que político ou esportivo.

Cabalísticos sete anos depois, tudo mudou.

Parece que o Brasil se despediu não só dos seus Jogos mas também de uma era, e - seja no esporte ou na política - não há boas perspectivas no horizonte.

Tentemos, então, perpetuar (enquanto pudermos) este sentimento gostoso e anestésico de duas semanas em que o mundo nos visitou e interagimos com o diferente.

Foi bom enquanto durou...



domingo, 21 de agosto de 2016

Cuidados simples poderiam reduzir mortalidade infantil em mais de 50% no Brasil


A matéria é da Agência Brasil:

Mais da metade das mortes de crianças de até 4 anos poderiam ser evitadas

Camila Boehm

O número de mortes de crianças de 0 a 4 anos atribuídas às chamadas “causas evitáveis” corresponde a mais da metade de todos os óbitos nessa faixa etária em todas as capitais do país. O maior percentual foi registrado em Maceió (74,7%) e o menor em Campo Grande (51,1%). Na capital paulista, o total de mortes evitáveis de crianças pequenas chega a 63,8%, segundo dados do Ministério da Saúde organizados pela Fundação Abrinq.

O ministério considera evitáveis as mortes que poderiam ser reduzidas por ações de imunização, pela atenção à mulher na gestação, pela adequada atenção à mulher no parto; por ações, diagnóstico e tratamento adequado; e por ações de promoção à saúde vinculadas à atenção primária. As mortes consideradas inevitáveis são aquelas que ocorrem independentemente dos cuidados, como as causadas por malformações ou problemas congênitos.

“Temos ainda um número muito grande de óbitos de crianças de 0 a 4 anos que poderiam ser evitados com cuidados básicos de saúde à gestante, ao nascimento e ao bebê recém-nascido”, disse a administradora executiva da Fundação Abrinq, Heloisa Oliveira.

“Durante a gestação, a mãe pode, se não tiver um pré-natal adequado, desenvolver hipertensão. A hipertensão pode levar à morte do bebê. Então, uma morte de um bebê que foi decorrente da hipertensão da mãe é uma causa que seria evitada se a mãe tivesse sido tratada”, citou.

A Fundação Abrinq é responsável pelo site Observatório da Criança, que reúne dados de diversas fontes, incluindo os ministérios da Saúde e da Educação, que estejam relacionado à infância e adolescência. Hoje (16), foram divulgados os dados sobre mortes evitáveis em nível municipal, reunidos e organizados pela entidade.

Outras causas

A carência nutricional da mãe durante a gravidez, que pode levar à morte do bebê, e a ausência de acompanhamento médico pré-natal também são consideradas causas evitáveis de óbitos de crianças. Na lista também estão as doenças respiratórias durante o primeiro mês de vida da criança que, se não tiverem o cuidado adequado, acabam levando à morte por pneumonia ou outra complicação.

O fato de essas mortes não terem sido evitadas, segundo Heloisa Oliveira, “demonstra a fragilidade do nosso sistema de atendimento de saúde pública”. A executiva destacou a importância de políticas públicas de saúde e de educação para as famílias.

“É muito importante que essas duas coisas estejam disponíveis para as famílias, para as mães, nessa fase tão importante da vida, porque as pessoas mais afetadas pela ausência da oferta do serviço público, tanto de saúde quanto de educação, são exatamente as camadas mais vulneráveis da população, que são 100% dependentes do serviço público de atendimento. É nessas camadas em que ocorre o mais número desses óbitos.”

Ainda na área da saúde, a especialista em questões da infância e da adolescência chamou atenção para o crescimento da obesidade infantil no país. “Vivemos um período de atenção ao combate à fome e agora estamos vivenciando um crescimento da obesidade entre crianças de 0 a 5 anos. Isso chega a quase a 8% na média nacional, mas você tem por exemplo, no Recife, 17% da população de 0 a 5 anos já é obesa”, destacou.

“A nutrição tem que ser olhada sob o ponto de vista tanto da carência quanto da má alimentação, ou seja, da lógica da segurança nutricional e alimentar”, disse.

Educação infantil

Dados organizados pela fundação também revelam que o Brasil tem em torno de 27% de taxa de cobertura em creches, isso significa que de 100 crianças de 0 a 3 anos, 27 tem acesso à creche, seja pública ou privada. No entanto, a média nacional acaba escondendo realidades muito diferentes, segundo Heloisa.

“Para chegar a essa média de 27%, você tem regiões com taxa de cobertura próximas ao cumprimento da meta do PNE [Plano Nacional de Educação], que seria de 50%. Algumas [cidades], olhadas isoladamente, até passaram de 50%”, citou. No entanto, capitais como Macapá e Manaus têm taxas baixíssimas: Macapá atende 4,2% da população de 0 a 3 anos, o que significa de que cada 100 crianças, só quatro tem acesso à creche. Em Manaus, esse número é de 7,3%.

“São números assustadores se você pensar que o Plano Nacional de Educação assumiu como meta atender 50% da população de zero a três anos disponibilizando vaga em creche. Essas localidades estão puxando muito essa meta para baixo e essas crianças, o que é pior, elas estão muito mais expostas a violência porque estão desprotegidas”, avaliou a especialista.

Com a grande inserção das mulheres no mercado de trabalho, algumas acabam usando soluções provisórias quando não encontram vagas em creches, como deixar a criança com alguém conhecido ou deixar com o filho mais velho, o que, segundo a executiva da Fundação Abrinq, são situações que propiciam a violação de direitos dessa criança.

“É muito comum ter violência contra a criança na primeira idade por ter a ausência do espaço protegido em que essa criança esteja enquanto a mãe trabalha, por exemplo. São diferentes recortes dos desafios que nós ainda temos que enfrentar no país para resolver as questões, para chegar perto do que diz o Artigo 227 da Constituição, que diz que é dever da família, da sociedade e do Estado garantir como prioridade absoluta a proteção para a criança, o direito à vida.”

Eleições municipais

Diante da proximidade das eleições de outubro, a representante da fundação defendeu a importância de se discutir questões relacionadas à infância e à adolescência no âmbito municipal, “Precisamos ter esse olhar e pensar que as políticas, embora grande aconteçam no âmbito nacional, se materializam de fato nos municípios, que é o ente federativo a quem cabe a responsabilidade da maioria das políticas básicas de atendimento à criança e ao adolescente”, destacou.

Na área de saúde, segundo Heloisa, os dados de mortes por causas evitáveis e de obesidade “mostram fenômenos que precisam ser tratados dentro das propostas que os gestores públicos municipais, os candidatos, vão trazer como proposta de soluções para as questões relacionadas à infância nos seus municípios”.

Os dados do Observatório da Criança, de acordo com a executiva, permitem o controle social e análise crítica das propostas para a infância e adolescência que serão apresentadas pelos candidatos.

Edição: Luana Lourenço



sábado, 20 de agosto de 2016

Sociólogo americano vê imperialismo cultural em críticas à torcida brasileira


A matéria é da BBC Brasil:

Impedir barulho e vaias da torcida é imperialismo cultural, diz sociólogo americano

Fernando Duarte

Assim como muitos observadores internacionais acompanhando os Jogos Olímpicos do Rio, o sociólogo americano Peter Kaufman ficou espantado com o episódio das vaias ao atleta francês do salto com vara Renaud Lavillenie. No caso do acadêmico, porém, o que pareceu incomodá-lo mais foi a reação contrária ao comportamento da torcida.

Para o professor da Universidade Estadual de Nova York, que escreve sobre sociologia do esporte e estudou as reações do público ao comportamento de atletas, houve exagero na condenação das manifestações, sobretudo depois do "pito" público dado nos brasileiros pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach.

Após as vaias a Lavillenie no pódio, Bach usou a conta do COI no Twitter para dizer que o comportamento do público foi "chocante" e "inaceitável nas Olimpíadas".

O COI certamente tem questões bem mais importantes para lidar do que vaias de torcedores", disse Kaufman, em conversa com a BBC Brasil, por telefone.

Veja abaixo, trechos da entrevista:

BBC Brasil - O senhor acompanhou a polêmica das vaias no Brasil?

Peter Kaufman - Sim, porque houve um repercussão considerável de alguns incidentes envolvendo o público na Olimpíada do Rio. O comportamento de torcedores é algo interessante, porque estão em jogo fatores culturais.

Cada cultura tem seus próprios valores: em algumas, é apropriado beijar em vez de apertar a mão quando se é apresentado a alguém, por exemplo. Em outras, é muito aceitável vaiar, assim como em certos países aplausos efusivos podem ser vistos como algo rude.

BBC Brasil - Por que as pessoas vaiam?

Kaufman - É uma questão de expressão, uma forma de interação social e participação. E isso varia de lugar para lugar. Se um alienígena chegasse aqui hoje e fosse assistir a uma competição esportiva, possivelmente teria outra maneira de se comportar de acordo com sua realidade. E, óbvio, sabemos que não é apenas esporte. As Olimpíadas têm um significado muito maior. O público brasileiro pode estar vaiando em desafio às autoridades, ao governo brasileiro e até mesmo ao dinheiro gasto na Olimpíada.

BBC Brasil - É injusto com os atletas?

Kaufman - Alvos de vaias podem se sentir ofendidos, tristes e até ameaçados por uma torcida mais ruidosas. Não os culpo por pensarem apenas na qualidade de seu desempenho em vez de analisar aspectos culturais ou políticos. É perfeitamente compreensível que o atleta francês tenha ficado bastante chateado com as vaias que recebeu até no pódio. Mas ele estava competindo contra um atleta brasileiro e em casa. Pelo que tenho lido sobre a torcida brasileira, era inevitável que ele fosse alvo dessas manifestações.

BBC Brasil - Renaud Lavillenie não foi a primeira "vítima" e não deverá ser a última, mas o comportamento da torcida no Estádio Olímpico, em especial durante provas em que normalmente o silêncio do público é uma questão de etiqueta, como o tênis e a esgrima, irritou até o presidente do COI, Thomas Bach. Como achar um meio termo?

Kaufman - Olha, é irônico que sentimentos de nacionalismo e tribalismo surjam na Olimpíada, uma competição concebida em sua forma moderna para promover a paz e a união ente os povos. Mas o esporte é passional e excitante. As pessoas querem vaiar seu adversário para tentar afetar o resultado de uma partida. E, como costuma ser o caso por causa das rivalidades locais, os brasileiros "pegaram no pé dos argentinos". Também vimos o público vaiando atletas russos por causa da controvérsia envolvendo o doping. As vaias, por sinal, são o menor dos problemas que o COI tem para resolver.

BBC Brasil - Mas Lavillenie não teria razão ao reclamar do barulho durante o momento de seus saltos? Não seria preciso criar uma cultura de torcida mais apropriada para o esporte olímpico?

Kaufman - Isso seria uma atitude de imperialismo cultural. Por que a maneira do brasileiro torcer é errada? A realidade que conhecemos é criada pelo ambiente em que crescemos. Você mencionou o tênis anteriormente: será que não vale a pena discutirmos a razão para o silêncio durante o saque no tênis enquanto no futebol a torcida pode urrar nos ouvidos de um atacante que vai bater um pênalti? A diferença é que o tênis é um esporte muito mais elitizado.

BBC Brasil: O senhor defende o comportamento da torcida, então?

Kaufman: De certa maneira, sim, apesar de que os esportes têm regras para lidar com isso. Acho fascinante o fato de que as normas de comportamento podem ser diferentes. Fica a impressão de que o COI foi pego de surpresa pela passionalidade do torcedor brasileiro. Mas lembremos da Copa do Mundo de 2010, em que as vuvuzelas do torcedor sul-africano criaram um problema até para quem viu os jogos pela TV. Mas ter proibido seu uso teria amputado um componente cultural.

Vaiar é uma expressão de crenças e valores. É tão "errado" quanto torcer.



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Muçulmanos de NY culpam retórica de Trump por morte de imã

A informação é da Agência Brasil:

Muçulmanos culpam Trump por morte de imã em Nova York

A comunidade muçulmana da mesquita de Ozone Park, no distrito do Queens, em Nova York, culpa a retórica anti-islã do candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo assassinato do imã Maulama Akomjee e de seu assistente, ocorrido ontem (13). O imã é um líder espiritual ou clérigo profissional para a maioria dos muçulmanos.

Os dois foram executados com tiros na cabeça disparados por um homem que se aproximou por trás e não disse sequer uma palavra. De acordo com os fiéis que frequentam a mesquita, os homicídios estão ligados a um "crime de ódio".

Para eles, Trump e sua retórica deram gás à "islamofobia" no país, permitindo esse tipo de ataque. Em diversas ocasiões, o republicano - ra combater o terrorismo - chegou até a prometer a proibição da entrada de muçulmanos nos Estados Unidos.

Akomjee, 55 anos e pai de três filhos, era um respeitado líder religioso desde sua chegada a Nova York, em 2014, proveniente de Bangladesh. Horas depois do assassinato, fiéis realizaram uma vigília em homenagem ao imã e que contou com a presença de uma representante do prefeito Bill de Blasio.

A polícia divulgou um retrato falado que mostra o suposto atirador com óculos, barba e estatura média.



quarta-feira, 17 de agosto de 2016

TJSC pede laudo psicológico para atiradora desportista de 10 anos de idade

(foto meramente ilustrativa)

Promessa olímpica deve passar por laudo psicológico antes de treinar tiro esportivo

Em Santa Catarina o sonho olímpico também começa cedo. A 1ª Câmara de Direito Civil do TJ determinou que, antes de receber autorização para participar de campeonatos de tiro esportivo no Vale do Itajaí, uma menina de dez anos deve passar por laudo psicológico e estudo social como forma de avaliação de sua maturidade para manusear a carabina - arma de fogo usada nos jogos Rio 2016.

Representada pelos genitores, a garota afirmou que é necessário começar cedo a prática desportiva para chegar às Olimpíadas. O pai, instrutor de tiro credenciado pela Polícia Federal e pelo Exército, já a acompanha em competições de tiro prático e diz que ela permanecerá sob supervisão. O Ministério Público, por sua vez, alegou que a capacidade física e mental da infante para o esporte deve ser analisada antes que se expeça o alvará judicial. O procurador de justiça, ainda, trouxe à memória o caso da morte acidental de instrutor nos EUA em 2014, quando menina de nove anos atirou nele sem querer ao manusear submetralhadora.

Para o desembargador Saul Steil, relator da matéria, a análise do caso merece cautela pela tenra idade da menina, com necessidade de orientação de profissionais da área da psicologia para o prosseguimento da ação em 1º grau. "Assiste razão ao Ministério Público sobre a necessidade de dilação probatória, com a realização de estudo social e laudo psicológico, já que se trata de criança, frise-se, de apenas dez anos de idade, que está lidando com armas e munição, mesmo que seja como esporte", consignou o magistrado. A decisão foi unânime.

Responsável: Ângelo Medeiros - Reg. Prof.: SC00445(JP)
Textos: Américo Wisbeck, Ângelo Medeiros, Daniela Pacheco Costa e Sandra de Araujo



terça-feira, 16 de agosto de 2016

Brasileiro supostamente ligado ao Estado Islâmico tem liberdade negada por juiz

A informação é da Agência Brasil:

Juiz nega liberdade a investigado suspeito de envolvimento com Estado Islâmico

Daniel Isaia

A Justiça Federal negou pedido de liberdade apresentado pela defesa de Oziris Moris Lundi dos Santos de Azevedo, um dos 14 presos na Operação Hashtag. A decisão é do juiz Marcos Josegrei da Silva, titular da 14ª Vara Federal de Curitiba.

O homem de 27 anos foi preso em Manaus no dia 21 de julho, por suspeita de envolvimento com o grupo terrorista Estado Islâmico (EI) para planejar atentados durante a Olimpíada do Rio de Janeiro.

No pedido de revogação da prisão, os advogados alegaram que Oziris é jovem, tem emprego lícito e é o único provedor da família. Além disso, a defesa sustentou que a investigação não conseguiu identificar, nas conversas telefônicas interceptadas, elementos que comprovassem o envolvimento do acusado com o Estado Islâmico.

A decisão judicial destacou que Oziris foi identificado como fundador do grupo secreto do Facebook intitulado Defensores da sharia. O juiz Marcos Josegrei definiu o acusado como “um dos mais atuantes e radicais em suas postagens de apoio às atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico em nome de sua concepção deturpada e violenta do Alcorão e da fé islâmica”.

Na decisão, o magistrado lembrou que, durante as investigações, foram interceptadas mensagens eletrônicas trocadas entre o acusado e uma pessoa identificada como Leonid.

Segundo Marcos Josegrei, nas mensagens Oziris discute detalhes sobre o financiamento de uma célula do Estado Islâmico no Brasil, além de responder positivamente ao chamado para treinamento de artes marciais e manejo de armas em um sítio na Bolívia.

“Os indícios de engajamento à causa terrorista patrocinada pelo Estado Islâmico que justificaram a decretação de prisão temporária do investigado não apenas eram eloquentes o bastante para fundamentá-la e agora restaram mais robustecidos ainda”, concluiu o juiz no indeferimento do pedido da defesa.

Edição: Armando Cardoso



segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Trump chama Obama e Hillary de "fundadores" do Estado Islâmico


A informação é da Agência Brasil:

Trump radicaliza e acusa Obama e Hillary de serem fundadores do Estado Islâmico

José Romildo

O candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou hoje (11) o tom das críticas ao presidente Barack Obama e à adversária democrata Hillary Clinton. Em entrevista por telefone ao programa Box Squawk, da rede de televisão a cabo CNBC, Trump acusou Obama de ser o fundador do Estado Islâmico e Hillary, de "cofundadora".

Para justificar a acusação, Trump disse que o Estado Islâmico nasceu e se desenvolveu com a retirada das tropas americanas do Iraque, em 2011, no governo Obama. O presidente Obama opôs-se à guerra no Iraque e, na campanha para a Casa Branca, em 2008, prometeu acabar com ela. O Estado Islâmico, tanto no Iraque quanto na Síria, tomou o lugar da Al Qaeda, um movimento islâmico de oposição, surgido após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003.

Na entrevista, Trump disse ainda que quer ganhar as eleições com o estilo que tem mostrado ao longo da campanha: franco e sem censura. "Eu sou um contador da verdade, tudo o que faço é dizer a verdade", acrescentou o candidato republicano que, nas últimas semanas, tem perdido pontos nas pesquisas eleitorais.No próprio Partido Republicano, são crescentes as crítica de parlamentares à forma descortês, ou até mesmo desrespeitosa, com que Trump se refere aos muçulmanos e aos imigrantes, principalmente os de origem latina.

Na entrevista desta quinta-feira, Trump lembrou que tem sido bem-sucedido até agora na campanha presidencial, na condição de "forasteiro" da política, em uma referência ao fato de ter vindo de fora dos quadros partidários e, mesmo assim, ter obtido apoio para ser o candidato republicani. Trump disse que, se seu comportamento lhe custar as eleições, "que assim seja". E acrescentou: "Há algo de errado em dizer isso? As pessoas estão reclamando que eu disse que ele [presidente Obama] foi o fundador do Estado Islâmico."

O candidato afastou a possibilidade de atenuar as críticas diante da possibilidade de perder as eleições. "Se, no final de 90 dias [tempo aproximado que falta para as eleições, marcadas para novembro] eu cair - [isso ocorreria] porque eu sou um pouco politicamente incorreto." Trump disse ainda que, caso isso ocorra, "está tudo bem" e que, em tal hipótese, voltará "para uma boa forma de vida". Donald Trump é um bem-sucedido empresário e investidor norte-americano, com projeção também na mídia local.

Os ataques de Trump ao presidente Obama começaram em um comício em Sunrise, no estado da Flórida. Foi nesse comício que Trump insinuou, pela primeira vez, a acusação de que Obama e Hillary seriam "fundadores do Estado Islâmico". Devido à gravidade da acusação, que implica admitir – sem nenhuma evidência – que o próprio presidente dos Estados Unidos estaria por trás de um movimento que assassina cidadãos norte-americanos, líderes políticos esperavam que Trump recuasse, o que não ocorreu.

Na semana passada, Trump já tinha dado sinais de que iria radicalizar as declarações com os oponentes do Partido Democrata, quando disse, também na Flórida, que Hillary Clinton "deve receber um prêmio como fundadora do Estado Islâmico".

Edição: Maria Claudia



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